Preconceito, racismo, homofobia, abusos morais e violência sexual na Faculdade de Medicina da USP

universidade USP

Sou Fernanda Luccas, doutoranda em Ciência Ambiental na USP e diretora da APG USP Capital.

A Associação de Pós-Graduandos Helenira ‘Preta’ Rezende, que representa os pós-graduandos do campus capital da USP, lançou no último dia 18/11, terça-feira, durante a 962a sessão do Conselho Universitário da USP, carta denúncia sobre os casos de estupro e discriminações de gênero, sexualidade, etnia e assédio moral, tanto na Faculdade de Medicina como em toda a universidade. Na visão da entidade, a instituição tem sido negligente e lenta em dar respostas à comunidade.

Venho aqui portanto, para pedir a divulgação desta carta e também, caso seja interessante, oportunamente gostaríamos de pedir um espaço para falarmos de nosso programa, pois entendemos que a pós graduação no Brasil tem muito a contribuir com a politização sobre diversos assuntos em pauta no Brasil. Muito Obrigada!

CARTA DENÚNCIA

Um jornal que defende a política de Alckmin na USP
Um jornal que defende a política de Alckmin na USP

 

Exmo Srs. Membros do Conselho Universitário (CO) da Universidade de São Paulo.

É com imensa preocupação que observamos nos últimos dias o nome de nossa universidade estampado nos jornais de maiores alcances regional e nacional de nosso país.

As notícias não são boas, associam o nome da Faculdade de Medicina da USP ao descaso e à completa falta de apoio frente a denúncias de preconceito, racismo, homofobia, abusos morais e violência sexual, resultando muitas vezes na perseguição das vítimas.

Isto ocorre frente à lentidão e ausência de posicionamento institucional no trato dos casos denunciados nas instâncias internas da faculdade, culminando no afastamento do Prof. Dr. Paulo Saldiva da Universidade de São Paulo, obrigando portanto, as vítimas a buscarem justiça em instâncias externas à Universidade.

Há aproximadamente dois meses o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou à Faculdade de Medicina da USP informações sobre casos de trotes violentos e violação de direitos humanos em festas.

Somente sob os holofotes e atenção da grande mídia, o diretor da FMUSP se pronunciou, afirmando que até a próxima semana seriam tomadas todas medidas necessárias para evitar a repetição de tais violações, bem como, enviados os documentos que relatam os incidentes questionados pelo MPE.

Se não fosse o suficiente, no dia 14/11/14 (sexta feira) foi publicado pela Rede Brasil Atual a denúncia de que o mesmo diretor da FMUSP, pressionou os Deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo para não realizarem a audiência pública das denúncias de abusos, tentando exaustivamente por telefone, realizar uma manobra para inviabilizá­-la por falta de quórum.

A Universidade de São Paulo têm colecionado e protagonizado, ao longo de pelo menos os últimos 5 anos, denúncias de múltiplas formas de violência e desrespeito, afetando especialmente as categorias menos prestigiadas da universidade, como alunos de graduação, pós graduação e funcionários.

Denúncias relatando violência moral, como por exemplo, o constante e velado assédio moral por parte de professores aos seus alunos graduandos e pós graduandos, sobretudo ao gênero feminino e à comunidade LGBT, como também a violência sexual, moral e de cunho preconceituoso, praticada entre alunos em festas e trotes universitários, têm sido parte da rotina desta universidade.

Aqui colocamos uma reflexão: se os próprios diretores, professores, alunos e sociedade civil concordam que qualquer tipo de violência não pode ser naturalizada e deve ser punida, então essa rotina de violência mais velada ou mais extrema, porém causadora de danos humanos profundos, deveria ser investigada, punida e prevenida.

Contudo, o discurso por parte dos gestores da USP observado na mídia está diametralmente distante da prática que encontramos em nosso cotidiano, como demonstrou a recente tentativa de esvaziamento da audiência da ALESP.

Este fato configura uma absoluta negligência de quem deveria, por obrigação, dar o melhor exemplo, seja investigando e punindo com o rigor da lei os responsáveis pelos abusos, seja pela criação de instrumentos, orgãos e políticas educacionais que evitem a ocorrência de novos casos.

Esta negligência demonstra também, os valores ultrapassados, machistas, sexistas, despotistas e antidemocráticos praticados e afirmados nesta instituição e portanto, torna seus gestores co­responsáveis e co­autores de todos os casos e práticas violentas em vigor na universidade.

O mais grave e mais estarrecedor é que, em sendo a USP uma universidade pública, sustentada pelos impostos de toda a população paulista, dos mais pobres aos mais ricos, ela têm por obrigação moral servir à sociedade e estar sempre na posição vanguarda em tudo, não apenas em sua produção acadêmica ou nos títulos de seus professores que embelezam as paredes da instituição.

Essa rotina violenta quase enraizada, institucionalizada pela negligência de seus gestores, se tornou uma importante força motriz do declínio da qualidade do ensino e de formação humanística oferecida ao corpo discente como também, do conhecimento que ultrapassa os muros da instituição e chega para a sociedade.

A negligência e porque não, a negação de todas as formas de violência moral e sexual existentes na USP é outrossim, uma faceta pouco palatável à opinião pública, de um projeto violento e segregador que vem sendo construído pelos gestores e governo do estado de São Paulo, que a cada dia torna a universidade menos pública.

Isto ocorre na medida em que se dificulta o acesso do público em geral aos acervos nas bibliotecas e de todos os espaços que poderiam ser utilizadas coletivamente, mas não o são em função das catracas, câmeras de vigilância e PM dentro de campus ­ que supostamente protegeriam o patrimônio estrutural e a integridade física das pessoas que utilizam tais espaços, o que também não procede, considerando os dados divulgados na mídia, que mostram o crescente aumento de roubos e outras formas de violência desde a instauração da PM dentro do campus.

Muitas das vezes em que vítimas denunciam os erros ocorridos no interior desta instituição, imediatamente são colocadas na posição de agentes que visam depreciar a imagem da universidade, têm suas denúncias dissolvidas sob a alegação de exagero ou pouco discernimento político, passando portanto por um processo de silenciamento e responsabilização por todos os malfeitos.

Desta forma, aqueles que violentam ou permitem a violência na instituição, sentem­-se protegidos e tudo continua como sempre, em prol de uma moral e um nome a ser zelado diante da opinião pública.

Portanto, os diretores, a reitoria, o governo do estado de São Paulo e todos os que têm vetado as investigações é que são o cerne da violência observada nesta universidade e isto precisa ser revisto, investigado, modificado e retirado.

Que se retire o cerne do mal pela raiz.

Neste contexto, viemos por meio desta carta, a denunciar a violência e negligência alertando que todas estas situações são de integral responsabilidade da instituição e que, se queremos zelar pelo nome, pela qualidade e pela credibilidade dela, investigar e punir com rigor e transparência, doa a quem doer, sendo exemplo no combate e prevenção do racismo, sexismo, machismo e homofobia é a atitude que se espera dos gestores daquela que foi por muito tempo, uma das mais importantes, conceituadas e arrojadas universidades do país.

Respeitosamente, Associação dos Pós Graduandos Helenira “Preta” Rezende (APG USP Capital)

 

estupro belgica

Chile. “Facção criminosa estudantil” contra privatização do ensino

Para os velhos coronéis da PM, na USP existe uma “facção criminosa”. O governador Alckmin trava um heróico combate. Rodas de estudantes são expulsos da universidade, e presos no campus e nas ruas. Veja link USP. Quando os estudantes são tratados como se fossem bandidos, sinal de que persiste a ditadura de 64.

O mesmo acontece na Espanha de Franco. No Chile de Pinochet. Apresento “a facção criminosa dos estudantes do Chile”, que luta contra a positivista “ordem e progresso” desde os tempos de Pinochet. Um direitista advertia: “Nas marchas estudantis eles usam meninas bonitas para atrair o povo. Parecem xucretes”. Na aparência física, não vou negar, lembram as adolescentes de Xuxa, douradas princesas que nem a Branca de Neve, que seguiam à moda Barbie, a boneca da ditadura brasileira. Joffre Dumazedier, meu professor no Ciespal, dizia que as chilenas são as mulheres mais bonitas da América do Sul.

O Brasil era feliz e nem sabia do que acontecia nas favelas e senzalas e porões do DOI-Codi.

CUANDO EL LUCRO ESTÁ EN EL REGLAMENTO

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Año 2013 y el movimiento estudiantil sufre los embates de haber tenido su máximo auge hace dos años. Lejos de ser negativo, las organizaciones que han conformado la movilización han buscado y encontrado formas de agruparse en torno a ejes comunes y objetivos claros. Es así como las universidades privadas han logrado organizarse dentro de este nuevo panorama, aunque con ciertos obstáculos. Originalmente publicada en el número 59 de la RBP.

por Ricardo Pérez, Francisco Solís y Ángel Martin

Daniela López, ex presidenta FEUCEN
Daniela López, ex presidenta FEUCEN

Cuando ya se cumplen dos años de las históricas movilizaciones de 2011, los estudiantes de las universidades privadas se encuentran mejor articulados que nunca. No obstante, aún deben sortear algunas dificultades como el rechazo rotundo de ciertas instituciones a que los alumnos discutan, o puedan organizarse en centros de estudiantes. También hay que considerar la firma de un contrato de matrícula, en donde se acepta un reglamento que remite al estudiante solamente a su pupitre. Así, se convierte lo más rápido posible en capital humano para la injusta sociedad que queremos cambiar.

El Movimiento de Estudiantes de Educación Superior Privada, MESUP, nació en el contexto del movimiento estudiantil durante 2011. Está conformado por distintas formas organizativas del estudiantado (asambleas, coordinadoras, federaciones, estudiantes de base), y se plantea como objetivo principal el “levantamiento político-organizacional de los estudiantes de educación superior privada”.

Camila Vallejo, ex presidenta da Fech
Camila Vallejo, ex presidenta da Fech

Utilizando las virtudes de las redes sociales, y descubriendo a Facebook como una de las tantas formas de hacer entrevistas, pillamos a Manuel Erazo, estudiante de la Universidad ARCIS y vocero del Mesup. Manuel nos ayudó a entender mejor la situación de los compañeros con respecto a sus posibilidades de organización.

“Por acreditación no se les debe prohibir a los estudiantes tener federaciones o centros de estudiantes, ya que ésta es una de las condiciones para que la universidad sea acreditada. Pero en la U. de las Américas, por ejemplo, se les prohíbe a sus alumnos organizarse”, explica.

Indignado, Manuel nos manda el link de los estatutos internos de la U. Andrés Bello, casa de estudios que hoy cuenta con el mayor número de estudiantes matriculados. En su artículo 7 indica las infracciones graves: “repartir panfletos o dar a conocer públicamente información no oficial que dañe la imagen de la Universidad. Incitar, promover o participar en la suspensión arbitraria de las actividades académicas, o en paros estudiantiles”. Y las gravísimas: “participar o inducir a la toma de alguna dependencia de la Universidad, en cualquiera de sus campus”.

Las sanciones van desde amonestaciones hasta la expulsión de la institución. “Esto ocurre también en el DuocUC, el INACAP y en el Instituto Profesional de Chile”, denuncia Manuel.

La labor ha sido compleja, pero de todas formas los estudiantes del Mesup han encontrado la forma de seguir sumando compañeros a partir de la solidaridad y el apoyo mutuo. “Nuestro aporte como Mesup se basa en ayudar a sus alumnos, asesorarlos en cómo pueden levantar sus organizaciones, sin correr riesgo de suspensión. También nosotros vamos a aquellas universidades para entregar panfletos, dado que si lo hacen sus propios estudiantes quedan automáticamente sancionados”.

Desde la organización, en este momento apuntan a las instituciones y a los decretos que les niegan la libre asociación. Asimismo, apelan a una democratización interna que les permita trabajar junto a sus académicos y funcionarios.

chile educ indignados

El negocio millonario que los estudiantes de la U. Central supieron cuestionar

Mientras a comienzos de 2011, en las universidades pertenecientes al CONFECH, los estudiantes discutían cuáles eran las mejores formas de movilización para hacer del conflicto por la educación, un tema de debate público; los estudiantes de la U. Central vivían las contradicciones del mercado de manera mucho más explícita. Se trataba de la compra de su casa de estudios, en 35 mil millones de pesos, por parte de la sociedad de inversiones Norte Sur, estrechamente ligada a la Democracia Cristiana.

“Esto generaría un negocio redondo, y a la vez se lucraría con el esfuerzo de nuestras familias que se endeudan continuamente. La clase política actual y el empresariado nuevamente se saldrían con la suya, si no fuera por la organización estudiantil y el empoderamiento al derecho a ser estudiante” señala Daniela López, presidenta de la Federación de Estudiantes (Feucen) entre 2011 y 2012. La suspensión de la venta sería a la larga una de las pocas victorias del movimiento el 2011.

“Si bien ha existido una autocrítica al cómo participamos como universidad en el movimiento estudiantil, y qué pasó con los estudiantes luego de siete meses entre paros y tomas, debemos tener la sabiduría de entender que nada ha acabado. Todavía debemos cuestionarnos muchas prácticas existentes al interior de nuestra universidad. Seremos vitales para el proceso de constitución y organización de nuevos actores políticos en las luchas sociales” afirma.

Hoy, los compañeros de la Universidad Central se encuentran en pleno proceso de elección de su federación. El fortalecimiento de la organización estudiantil se ve reflejado en la madurez de un proceso democrático, que se propone como tarea constituir un actor en el mundo de las privadas que concibe un modelo de educación distinto. “Porque creemos en una sociedad de derechos, en donde las relaciones humanas no están mediadas por el dinero” señala Daniela.

Entre la crisis y la indiferencia: El caso SEK

En lo más alto de Peñalolén, donde sólo se llega en un bus de acercamiento y los árboles reinan sobre los edificios, se encuentra el campus Parque Arrieta de la Universidad Internacional SEK. En el lugar, declarado Monumento Histórico Nacional, se imparten las carreras de Arqueología, Historia del Arte y Conservación.

“Es todo súper raro, nunca hemos tenido estatutos que permitan la organización estudiantil” afirma Amparo Barros, estudiante de Conservación y Restauración, y actual presidenta del centro de alumnos de su carrera. Los estudiantes no cuentan con ninguna base jurídica para organizarse, por lo que la realización de elecciones es muy difusa. “Para las elecciones votó como un cuarto de la carrera, fue súper poco serio y eso nos hace poco representativos”, agrega. Además, la reglamentación de la universidad, a pesar de permitir que los estudiantes tengan representantes, no les confiere voz ni voto.

Lo anterior es preocupante, particularmente ahora que el rector de dicha universidad, Alejandro Ormeño, será formalizado por posible soborno en la entrega de la acreditación. En caso de que la situación llegue a un extremo, los estudiantes no tienen ningún estamento para defenderse. Sin embargo, Barros advierte que “la gente que viene acá sólo se interesa por ir a clases. Citamos a asambleas y llegan diez personas, nadie se preocupa de lo que pueda pasar”.

¿Y qué van a hacer si pasa lo peor, si cierran la universidad? La estudiante mira preocupada. “No podemos hacer nada, no tenemos una estructura que nos represente, que nos defienda”. Como universidad, tampoco cuentan con una federación, y los consejos en los que participan representantes de las carreras, no son periódicos ni constructivos. Según Barros “nos juntamos, conversamos, pero nunca llegamos a ninguna conclusión”. ¿Y qué haría ella? Concluye certera: “Yo me iría a Buenos Aires”.

Existe, sin duda, una curiosa paradoja. Mientras algunos estudiantes se enfrentan a sus rectores e instituciones por su derecho a la organización, hay muchos otros que simplemente se enajenan del conflicto, aun siendo una de las partes más afectadas.(Revista Bello Público)

estudantes chile

educ chile 17 nov

Prisão de jornalista. Quem no Brasil acredita na versão da polícia?

A bandidagem solta e a polícia de Alckmin competente demais para predner estudantes e jornalistas
SÀO PAULO A CIDADE MAIS VIOLENTA DO BRASIL. A bandidagem solta e a polícia de Alckmin competente demais para prender estudantes e jornalistas

 

 

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um jornalista do site Portal Aprendiz, parceiro do UOL, sendo agredido e preso por policiais militares durante o protesto contra o aumento do preço das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo, nesta terça-feira (11).

Um cinegrafista amador flagrou o momento em que policiais começam a bater no repórter. A jovem Johanna Jaumont assistiu às imagens e não tem dúvidas que se trata do seu namorado, Pedro Ribeiro Nogueira, 27.

Ela lembra que estava junto com ele e outras duas amigas na região da avenida Paulista, área central da capital, quando viram policiais militares jogando bombas de efeito moral.

“Corremos com medo. Quando entramos na rua São Carlos do Pinhal, nos deparamos com mais policiais. Uma das minha amigas começou a passar mal e paramos para socorrê-la. Foi quando os policiais foram pra cima dele”, conta.

De acordo com a namorada do jornalista, sete PMs agrediram o jovem. “Bateram muito nele. Ele está com ferimentos no rosto, nas costas”, fala.

O jornalista foi detido e levado para o 78º DP (Jardins), onde foi autuado em flagrante por formação de quadrilha, por provocar incêndio e por dano contra o patrimônio. Ele não teve direito a pagar fiança. Na manhã desta quarta-feira (12), ele foi transferido para o 2º DP (Bom Retiro).

“Isso é um absurdo. Ele estava exercendo a função dele [como jornalista] e tentava nos proteger para que não levássemos cassetada. É injusto”, desabafa a jovem.

Por meio de nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o delegado que indiciou o jornalista considerou que ele teve participação nos “atos de vandalismo”.
“A convicção jurídica do delegado se baseia em depoimentos de policiais que avistaram o rapaz danificando uma viatura e uma guarita policial”, diz a nota. A SSP esclareceu que cabe agora à Justiça decidir se ele deve ou não ser colocado em liberdade.

Portal Aprendiz repudia prisão

O Portal Aprendiz condenou nesta quarta-feira a prisão de seu repórter Pedro Ribeiro Nogueira durante os protestos na área central de São Paulo.

Em nota, a Associação Cidade Escola Aprendiz, responsável pelo site, explica que o jornalista fazia a cobertura do acontecimento para o portal quando foi agredido e detido. “O que vimos foi uma ação policial baseada na truculência e na violência, o que constituiu um abuso contra as liberdades democráticas e um ataque violento à liberdade de imprensa”, diz o comunicado.

A violência da polícia de São Paulo elegeu a máfia da bala

O Estado de São Paulo tem bancadas da bala na Assembléia Legislativa e Câmara Municipal da Capital.

Quem elege essas almas sebosas com as mãos manchadas de sangue?

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O governador Geraldo Alckmin reconheceu na sexta-feira, dia 26, que os números da violência em São Paulo continuam elevados na comparação com 2012, mas destacou que o percentual de aumento vem diminuindo desde o fim do ano passado.

“O pior foi em outubro, com crescimento de 30% dos homicídios, comparado com 2011. Em novembro, veio para pouco mais de 20%, ainda crescente, mas menor”, declarou, após evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, onde foi anunciada parceria com a prefeitura para ampliação do programa de combate ao crack.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em todo o estado de São Paulo, foram registrados 1.189 homicídios dolosos (com intenção de matar) no primeiro trimestre deste ano, com 403 casos apenas em março.
No ano passado, no mesmo período, aconteceram 1.078 homicídios dolosos. O número de vítimas de homicídios dolosos cresceu em todo o estado no mesmo período, passando de 1.142 no primeiro trimestre do ano passado para 1.276 em igual período deste ano.

Alckmin governou São Paulo de 6 de março de 2001 a 30 de março de 2006. E começou o atual governo em 1 de janeiro de 2011. É candidato à reeleição.

Comanda a polícia mais violenta do Brasil.

alckmin fardado

O estado policial faz parte da história de um povo que, em 1990, elegeu um policial, ex-secretário da Segurança de Orestes Quércia, Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB).

Fleuru ordenou a chacina impune do Carandiru. E governou São Paulo de 15 de março de 1991 a 1 de janeiro de 1995.

Democracia à brasileira: André Caramante começou o Ano 13 no exílio

Herzog
Herzog

Quando o cerco apertava só havia duas opções: ficar e morrer ou ir para o exterior. Também a mesma polícia que matou Herzog está por trás das ameaças a André Caramante. O Brasil, de 64 para 2013, não mudou nada.

Na encomenda da morte de um jornalista sempre tem, pelo menos, um policial.

Escreve a BBC:

Após escrever uma reportagem em julho relatando que o ex-comandante da Rota (a controversa unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo) e vereador eleito Paulo Telhada usava sua página no Facebook para pregar a violência, o repórter André Caramante, do jornal Folha de S.Paulo, passou a ser alvo de ameaças que o levaram a deixar o país com a família.

Com os filhos fora da escola regular e longe dos amigos e da profissão, o jornalista espera providências das autoridades, que ainda não identificaram os autores de ameaças como: “Quero deixar um recado para o André Caramante. Para ele deixar a polícia trabalhar em paz ou os filhos dele vão estudar no tacho do inferno”, feita por telefone a um funcionário da Folha de S.Paulo, segundo o Ministério Público.

Herzog torturado. Desconheço a autoria deste excelente quadro que ilustra o cartaz do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog
Herzog torturado. Desconheço a autoria deste excelente quadro que ilustra o cartaz do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog

BBC Brasil – Como se sente nesta situação?

Caramante – Essa tentativa de intimidação contra a liberdade de imprensa não é nova e não se restringe apenas a mim. No México, por exemplo, as pressões contra a imprensa livre são exercidas pelo narcotráfico. No Brasil, mesmo após o fim da ditadura militar, há quase 30 anos, as indicações são de que setores das forças de segurança tentam impedir a divulgação de informações.

Posso citar dois exemplos, cada um com seu grau de intensidade, mas ainda assim semelhantes por terem PMs como alvo de denúncia: o do jornalista Caco Barcellos, autor do livro-reportagem Rota 66 – A História da Polícia que Mata, ameaçado de morte e obrigado a deixar o país nos anos 1990 por mostrar a política de extermínio da tropa especial da PM de São Paulo.

E também o do jornalista Renato Santana que, em 2011, após denunciar grupos de extermínio na região do litoral paulista, passou a ser ameaçado e teve de pedir demissão do jornal para o qual trabalhava e se mudar.

BBC  – O governo estadual poderia ter feito alguma coisa para evitar essa situação, ou pode tomar alguma atitude agora?

Caramante – Depois de a notícia sobre minha mudança temporária de localização ter sido tornada pública, o governador Geraldo Alckmin propôs me colocar, ao lado de minha família, no programa estadual de proteção a vítimas e testemunhas. Mas isso não atendeu a minha expectativa, porque faria com que eu tivesse de abrir mão de minha atividade profissional, do direito de informar.

(O programa) faz com que um jornalista tenha de deixar de exercer seu trabalho, rompa laços de amizade, mude de casa ou até mesmo de nome, mas não diz nada sobre como responder à ameaça contra a liberdade de imprensa que a minha situação expôs.

No fim de julho, o secretário da Segurança Pública do governador Alckmin já havia afirmado que iria determinar uma investigação na Corregedoria da PM contra o coronel reformado sobre as atitudes dele contra mim no Facebook. Até hoje não fui informado sobre o resultado dessa investigação. Somente dois meses depois dessa afirmação, a Corregedoria da PM, sabendo que eu já estava fora do país, enviou um ofício ao jornal para me ouvir. Fica muito difícil acreditar em resultados. Afinal, havia uma investigação em curso no fim de julho?

BBC – Qual é a sua opinião sobre o posicionamento do governo Alckmin?

Caramante – Se tivéssemos uma política de segurança pública transparente em São Paulo, o governo manteria de forma explícita, por exemplo, uma lista completa com todos os dados das vítimas dessa onda de violência em andamento. Em São Paulo, jornalistas não têm acesso a documentos públicos sobre esses crimes. A desculpa é a de que a revelação sobre quem morreu “atrapalharia as investigações”.

 [Coronel Telhada acaba de tomar posse na bancada da bala da Câmara Municipal de São Paulo. É policial da máxima confiança de Alckmin, e foi eleito vereador pelo partido tucano do governador.]
Coronel Telhada, um político tucano
Coronel Telhada, um político tucano

La tortura sexual de Atenco, cuenta pendiente del presidente Peña Nieto

En 2006, 47 mujeres sufrieron violencia y/o tortura sexual a manos de un operativo policial en Atenco ordenado por el recién investido presidente de México, Enrique Peña Nieto

La fotógrafa Liliana Zaragoza ha realizado un proyecto fotográfico con las once mujeres torturadas que han puesto una demanda ante la Corte Interamericana de Derechos Humanos y con la española Cristina Valls, también superviviente de aquellos hechos, en los que nos sostienen la mirada como forma de resistencia frente a un presidente que simplemente argumentó como defensa que las mujeres violadas no lo cuentan por vergüenza.

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El 3 y 4 de mayo de 2006, 700 miembros de la Policía Federal Preventiva y 1815 agentes municipales y estatales de México irrumpieron en los municipios de Atenco y Texcoco para atajar una protesta del Frente de Pueblos en Defensa de la Tierra, afín al movimiento zapatista, que en aquel entonces lideraba la oposición a la expropiación de tierras para la construcción de otro aeropuerto internacional para México DF. Durante dos días los policías golpearon, asesinaron a Francisco Javier Cortés Santiago, de 14 años, por disparo de arma de fuego y a Ollín Alexis Benhumea Hernández, de 20 años, un mes después por las lesiones provocadas por un proyectil de gas lacrimógeno; amenazaron y detuvieron a 217 personas de entre 14 y 65 años -diez de ellas menores de edad-, algunas manifestantes pero también otras personas que fueron sacadas de sus hogares, que trabajaban en puestos callejeros en la zona donde se celebraban las protestas o que simplemente pasaban por allí. De hecho, según el informe de la Comisión Nacional de Derechos Humanos de México (CNDHM), 145 de estas detenciones fueron realizadas por allanamiento de hogares. Los agarraron y amontonaron en camiones, sangrando, asfixiándose los unos por el peso de los otros mientras les seguían golpeando e insultando, según los testimonios y las investigaciones de organizaciones de derechos humanos como Amnistía Internacional o la CNDHM [pdf].

Pero a las mujeres detenidas no sólo les esperaba la tortura física, el terror de saber que nadie sabía a dónde les llevaban en esos camiones, los insultos misóginos (“Esto os pasa por no estar haciendo tortillas en casa”, relatan algunas de ellas). La violencia sexual fue empleada contra las 47 mujeres detenidas por los distintos cuerpos policiales implicados en el operativo. Veintisiete de ellas sufrieron tortura sexual. Tiradas sobre el resto de los detenidos en los camiones, buscando a sus hijos o compañeros sentimentales para que fueran testigos, las mujeres relatan cómo sus golpes de cebaron especialmente con sus pechos, genitales y nalgas, cómo les practicaban penetraciones con los dedos, les obligaban a realizar sexo oral a los policías o a contarles chistes mientras para que no golpearan a sus hijos.

Os trotes universitários e a liberdade do corpo

Os estudantes hoje nos quatros cantos do mundo civilizado
Os estudantes hoje nos quatro cantos do mundo civilizado

Os estudantes universitários brasileiros apenas pensam naquilo…

Os trotes sempre foram para protestos sociais e políticos. Viraram uma parada sadomasoquista.  Os veteranos realizam as mais diferentes práticas de assédio moral e de assédio sexual & outras desumanas violências. Na Universidade Federal de Juiz de Fora, em abril último, uma caloura, de menor, terminou currada. Isso no campus, onde estão sendo construídos prédios à Delta, inclusive um hospital super, super faturado. Na Funec, em Santa Fé do Sul, em São Paulo, outra aluna teve que abandonar a faculdade, pelas queimaduras que lhe marcaram o corpo e a alma. Veja vídeo 

Não é de estranhar que os estudantes realizem as mesmas sessões de tortura dos porões da ditadura militar, práticas que as polícias dos governadores e os guardas municipais dos prefeitos realizam diariamente contra o povo. Idem a justiça nos despejos contra os sem terra e os sem teto. Aconteceu com a justiça de São Paulo no massacre nazista do Pinheirinho, em São José dos Campos. Acontece com a justiça dos novos e modernos prédios com rachaduras do Rio de Janeiro, na desapropriação de 400 fazendas doadas pelo governador Sérgio Cabral para a construção, com dinheiro & outras facilidades públicas, da  Eikelândia, um complexo portuário industrial, que vai destruir matas, bosques, verdes vales, lagoas, praias, e poluir o ar, rios e mares. É um projeto que desmoraliza a Rio+20. Contra a economia verde e a economia azul, defendidas pela Cúpula dos Povos por Justiça Social, conferência mundial que também será realizada no Rio, neste mês de junho.

Passeata estudantil pela permanência da polícia no campus da USP
Passeata estudantil pela permanência da polícia no campus da USP
Estudante indignado brasileiro
Estudante indignado brasileiro
Polícia não precisa de infiltrados nos movimentos estudantis
Polícia não precisa de infiltrados nos movimentos estudantis

 “E o teu futuro espelha essa grandeza…” Os trotes universários retratam um Brasil (d0) real. Nosso comportamento, nossos costumes 

Trote inspirado no educativo programa BBBrazil
Trote inspirado no educativo programa BBBrazil
Trote que lembra os heróis de Bial
Trote que lembra os heróis de Bial
Trote que lembra os programas do Faustão, o grande educador das massas
Trote que lembra os programas do Faustão, o grande educador das massas

OS TROTES TAMBÉM REPETEM AS CENAS DOS PORÕES DA DITADURA.  São realizados por anormais. E explicam porque os estudantes não estão engajados na campanha de punição para os sequestradores e torturadores do regime militar. A tortura do afogamento era assim. Realizada com água doce ou salgada. Os universitários usam cachaça

 

OUTRO TIPO DE TORTURA: QUEIMAR O CORPO DO PRESO. Com fios condutores de eletricidade, chama de isqueiro, de cigarro, com ácido e outras substâncias. Duas fotos de trote

Fi-lo porque qui-lo, defendeu um torturador estudantil. Outra frase repetida: O corpo é meu, faço com ele o que quero. Certamente que sim. Depois da faculdade, o corpo pode ser sujeitado a todo tipo de trabalho. “Que ser livre é fácil. Difícil é viver em liberdade”, ensina Gide. Aprenda (vídeo)

Aprende a cantar. Defende a Cultura brasileira. Diz não ao Rock in Rio, que mata o samba, o frevo, a música popular brasileira.

Tirania de Alckmin. Por que algemar uma estudante da USP grávida? Sobre partos com gestantes algemadas

Revivem os tempos da ditadura.  É assim mesmo. Mostrei aqui que a polícia estuprou uma universitária da USP e uma menor no “episódio do Pinheirinho”. Alckmin nem aí. Que tudo teve a aprovação do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Desalojar estudantes de suas moradias, prender e expulsar estudantes, isso acontece adoidado nestes tempos de retorno das ameaças dos clubes militares.

Eis outra barbaridade. Aconteceu na madrugada do domingo de carnaval, na ocupação militar do prédio residencial dos alunos da USP. Veja vídeo da estudante grávida carregada, na marra, pela polícia de Alckmin. O nome da jovem: Paula, 21 anos. Ordem de despejo dos estudantes do Conjunto Residencial da USP, o Crusp, foi de outra Paula, juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins, da 4ª Vara de Fazenda Pública.

Mais denúncias: as meninas obrigadas a ficar nuas no IML, para exame do corpo de delito por um médico tarado.

Nota pública dos Juízes para a Democracia:

Sobre Partos com Gestantes Algemadas

30/11/2011 – 11h14

A AJD – ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA, entidade não governamental, sem fins corporativos, que tem dentre seus objetivos estatutários o respeito absoluto e incondicional aos valores próprios do Estado Democrático de Direito e a defesa dos Direitos Humanos, tendo em vista a confirmação das notícias de realização de partos com o uso de algemas em gestantes sujeitas ao cumprimento de penas, vem a público manifestar o seguinte:

(1) algemar mulheres durante o parto constitui, inquestionavelmente, atentado à dignidade humana (art. 1º da Constituição Federal), desrespeito à integridade moral das mulheres (art. 5º XLIX, da Constituição Federal) e ofensa à especial proteção à maternidade e à infância, instituída como direito social (art. 6º da Constituição Federal),

(2) constitui descumprimento da garantia à mulher de assistência apropriada em relação ao parto, instituída no art. 12, § 2º da Convenção da ONU relativa aos direitos políticos da mulher (1952),

(3) submete também o recém-nascido a discriminação em razão do parentesco, com violação das garantias e direitos constitucionais de proteção à infância (art. 227 da Constituição Federal),

(4) subverte a lógica constitucional de acesso universal e igualitário aos serviços de saúde (art. 196 da Constituição Federal),

(5) representa flagrante descumprimento do dever de atendimento individualizado e tratamento diferenciado a que fazem jus as gestantes nos termos da Lei Federal nº 10.048/00 e, ainda,

(6) desvela evidente violação do artigo 143 da Constituição de São Paulo, que determina que a política penitenciária estadual deve observar as regras da ONU para o tratamento de presos, dentre as quais se destaca a regra nº 11 das “Regras de Bangcoc”, segundo a qual a presença de pessoal penitenciário e de segurança, durante o atendimento médico, observará a dignidade da presa.

Além de tudo isso, em face da absoluta desnecessidade dessa providência desumana e cruel, está ocorrendo também flagrante violação à Súmula Vinculante nº 11 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, a qual estabelece que o uso de algemas somente é lícito em casos absolutamente excepcionais e determina a aplicação de penalidades nos casos de abuso e constrangimento físico e moral dos presos ou presas.

 Assim, como o procedimento em menção constitui prática ilegal, repugnante, covarde e imoral, além  de violadora da dignidade humana, a  AJD  EXIGE que Governo do Estado determine a imediata abstenção dessa prática, bem como promova de forma efetiva a responsabilização de Secretários de Estado e Servidores, por suas respectivas condutas, de ação ou omissão, na forma da Lei.

USP. Grávida entre 12 estudantes presos no domingo de Carnaval

A polícia de Alckmin continua a prender estudantes. O diabo que tudo é conforme a lei.

por Alceu Luís Castilho, do Blog Outro Brasil

Uma estudante grávida está entre as seis mulheres e seis homens presos na manhã deste domingo, na Cidade Universitária, durante reintegração de posse de parte do bloco G, no Conjunto Residencial da USP (Crusp). O prédio estava ocupado pelos alunos desde maio de 2010.

A estudante de cursinho vestibular está no quinto mês de gravidez. Ela já tinha sido retirada durante o despejo de ocupantes do antigo espaço do DCE-Livre, em janeiro. Na época os estudantes divulgaram uma foto de um portão sobre seus ombros. Ela foi levada carregada – em uma cadeira, por quatro policiais- para o ônibus.

O major Marcel Lacerda Soffner, porta-voz da Polícia Militar, disse inicialmente que “provavelmente” ela não era estudante da USP. Depois foi mais categórico: afirmou que ela não estuda na universidade. De fato, ela não estuda – é companheira de um ocupante da Moradia Retomada, estudante de Física.

Segundo Soffner, 3 entre os 12 estudantes detidos não são estudantes da USP. Uma jovem de 16 anos foi presa – sem que alguém percebesse que ela tinha direitos específicos. O blog também apurou que pelo menos uma das pessoas presas, do Sul, estava de passagem exatamente nestes dias, durante o carnaval, hospedada no apartamento do amigo – também preso.
“Antes de amanhecer o dia, em pleno domingo de carnaval, juridicamente não se pode nem final de semana, muito menos feriado”, afirmou um estudante.
Os estudantes que moram no bloco vizinho protestaram contra a reintegração e fizeram imagens do cerco da polícia.Segundo os alunos, os PMs dispararam balas de borracha que atingiram os vidros da cozinha do bloco F. Estudantes revidaram jogando lixo.

Adolescente de 16 anos estava entre doze presos na USP

A Polícia Militar não percebeu. Conselheiro Tutelar, não havia – apesar de determinação da juíza nesse sentido. A Polícia Civil também não percebeu, inicialmente. Depois, deixou-a numa cela comum por mais de três horas. Mas uma entre os 12 presos na Cidade Universitária, na manhã deste domingo, tem apenas 16 anos.

Seus direitos, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, foram ignorados sucessivas vezes, durante reintegração de posse no bloco G do Conjunto Residencial da USP.

O blog Outro Brasil conversou na tarde deste domingo, com exclusividade, com a estudante, moradora de Nova Odessa. Durante uma hora de entrevista ela se mostrou calma, sem se considerar assustada. (O ECA não permite a divulgação de seu nome, nem das iniciais.)

A jovem chegou ontem à tarde em São Paulo, com uma amiga, maior de idade, que veio declarar interesse na espera da quarta chamada da Fuvest. Passou somente uma noite na Moradia Retomada, em um quarto – a amiga havia saído quando os policias chegaram. Acordou por volta das 6 horas, com barulho de rojão – utilizado pela Polícia Militar como sinalização, durante a desocupação – e, da janela, logo viu a Tropa de Choque.

Dois ou três minutos depois, enquanto ainda arrumava suas coisas, um policial (e não um oficial de justiça) da Tropa de Choque entrou no quarto e perguntou se ela era moradora. Ela respondeu que não. Foi informada que era para descer, que seria liberada. Mas foi encaminhada para uma sala, junto com os demais 11 ocupantes do bloco. Lá, todos forneceram o RG. Nenhum policial e nenhum assistente social – entre os destacados pela USP para acompanhar o caso viu que ela nasceu em setembro de 1995.

O mandado judicial previa a presença de um Conselheiro Tutelar. Mas não havia. “Deverá a Universidade de São Paulo providenciar a presença de integrante do Conselho Tutelar para acompanhar a diligência da remoção coercitiva”, escreveu a juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins encaminhado para oficiais de justiça e para o comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Da sala, em vez de serem liberados, como fora sinalizado, todos seguiram para um ônibus. De lá, para o 14º Distrito Policial, em Pinheiros. Lá, foi encaminhada para uma cela comum, junto com os demais. Foi quando ela falou para uma carcereira, antes de ser revistada, que era menor de idade. A resposta foi que ela não poderia ficar na mesma cela – mas ficaria em outra, separada. E lá ficou, por mais de três horas.

– Era muito suja. Tinha cerca de 2 metros por 1 metro e pouco. Estava inteira escrita. A privada era muito nojenta, tinha merda ali. Na parede algo que me pareceu ser sangue.Recebeu um pão com refrigerante, sem queijo – ela é vegan. Provavelmente enviado pelas pessoas que, do lado de fora da delegacia, esperavam os doze presos.Por volta de 12h30 ela foi falar com o delegado. Não lembra o nome dele. O delegado de plantão, Noel Rodrigues, não quis dar entrevista, nem de manhã, ainda na Cidade Universitária, nem à tarde. Respondeu a uma bateria de perguntas – sem a presença de assistente social, Conselheiro Tutelar, alguém que defendesse especificamente direitos de uma adolescente. Apenas a advogada dos estudantes da USP – ligada à Conlutas.
Entre as perguntas, quem ela conhecia entre os estudantes, por que estava ali. Uma das afirmações, conta ela, era na linha “jogar verde para colher maduro”:– Fiquei sabendo que um deles é namoradinho seu – disse o delegado.

Ela negou prontamente. Eram 12h40 quando deixou a delegacia. A advogada responsabilizou-se por sua saída.

BALANÇO DO DIA

Acima, o relato. Mas o que a estudante achou de tudo o que vivenciou? Primeiro, ela diz que deveriam ter percebido logo que ela tem 16 anos:

– Eu não deveria ter ficado na cela, é muito ridículo. E estranho. Ficaram com o documento desde quando estávamos na sala, tiraram xerox, fizeram não sei o quê, e não perceberam que eu era menor?

Ela considera que, a partir do momento em que foi falar com o delegado, sentiu que queriam se livrar logo dela. O caso quase não foi mencionado pela grande imprensa – apenas uma rápida menção no portal G1, sem detalhes.

A estudante não conseguiu ver as identificações dos policiais. “O que entrou no meu quarto estava com aquele negócio pendurado, não deu para ver o nome”. Ela observa que havia três pessoas gravando ou tirando fotos – mas não o oficial de justiça, um conselheiro tutelar ou assistente social.

Sobre a reintegração de posse, a estudante diz que não era necessário nada daquilo.

– O pessoal precisa morar em algum lugar, eles não têm condição, não têm para onde ir. Totalmente desnecessário ter 150, 200 policiais. Tem outras coisas que eles poderiam fazer.

“Informes” levaram juíza a decidir pela desocupação no feriado

A juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins escreve, no mandado de reintegração de posse datado do dia 17 de fevereiro, que “novos informes” motivaram o prosseguimento da reintegração de posse na Moradia Retomada, no bloco G do Conjunto Residencial da USP, neste domingo de carnaval.

Há alguns dias, estudantes montaram barricadas para impedir a reintegração. Mas a reitoria informou que ela não estava prevista. E, de fato, uma consulta ao processo mostrava que não havia ainda mandado judicial – expedido na sexta-feira por Ana Paula.

Uma cópia do documento foi entregue pelo porta-voz da PM aos jornalistas. Ele mostra que a juíza mantinha-se informada sobre o que acontecia no Crusp, e que o esvaziamento durante o carnaval foi motivo para a reintegração de posse.

Veja o principal trecho do mandado:

“Novos informes referentes à ocupação da área em que anteriormente estava estabelecida a Coordenadoria de Assistência Social da USP (Bloco G do Crusp) chegaram a essa unidade.
Segundo as notícias ora veiculadas, a situação começou a se acalmar, tendo sido retirados os obstáculos anteriormente utilizados como barreiras de acesso ao interior do imóvel.
Esse novo panorama está a sugerir a possibilidade de prosseguimento da diligência de reintegração sem maiores riscos à incolumidade dos ocupantes da área em litígio, dos agentes do Poder Público envolvidos na operação e de todos os estudantes, professores e funcionários da Universidade.
Determino, pois, sejam designados Oficiais de Justiça dessa unidade para cumprimento da ordem reintegratória”.

Em seguida a juíza determina à USP que providencie os meios necessários para embalar os pertences dos ocupantes. Discorre sobre o destino dos móveis, cabendo também à universidade disponibilizar caminhões e carregadores “de forma célere”.

Ana Paula determina a presença de assistente social da própria USP – que, segundo alguns estudantes, foi hostilizado ao chegar ao local. Ela também diz que poderiam existir menores no local, e que por isso a USP deveria providenciar a presença de integrante do Conselho Tutelar para acompanhar a “remoção coercitiva”.

“No cumprimento do ato, ficam autorizados, se necessário, o arrombamento e o reforço policial, observada, em sua utilização, a máxima cautela”, escreve a juíza. “A ordem de arrombamento estende-se a todos os acessos internos ou externos existentes na área ocupada, bem como compartimentos trancados do mobiliário ali existente”.O estudante William Santana Santos, porta-voz dos moradores do Crusp, disse que os professores Jorge Souto Maior, da Faculdade de Direito da USP, e Luiz Renato Martins, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), fizeram um inventário da Moradia Retomada, para mostrar que ela era, de fato, utilizada para moradia.

Abuso sexual: aluna da USP é estuprada por PM. Veja vídeo. Aconteceu o mesmo em Pinheirinho. Até quando tais barbaridades continuarão a acontecer. Sempre. Sempre. São crimes que ficam impunes.

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