Dinheiro da reeleição de FHC vinha de jatinho e só era liberado com senha, diz ex-deputado

Antes da publicação desta matéria de Joaquim Carvalho, que é parte de seu projeto de crowdfunding sobre a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, quero salientar o papel delegado ao deputado Michel Temer, um parlamentar sem votos, da bancada da bala (foi três vezes nomeado secretário de Segurança de São Paulo) e do baixo clero. Temer saiu do limbo para presidir a Câmara dos Deputados, por indicação de FHC, para propiciar e facilitar os trâmites da emenda da reeleição. Correu muito dinheiro para eleger Temer. Idem na aprovação da emenda, e na campanha eleitoral do segundo governo de Fernando Henrique (T.A.)

 

por Joaquim de Carvalho

Repousa desde os primeiros dias de março no gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, o termo da delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, que foi presidente nacional do PP e está preso em Curitiba, condenado por crimes apurados na Operação Lava Jato e no processo do Mensalão.

A delação de Pedro Corrêa cita políticos com foro privilegiado, como Aécio Neves, o ministro do TCU Augusto Nardes (o das “pedaladas fiscais”), Fernando Henrique Cardoso, o governador Fernando Pimentel, Lula e Dilma.

Sobre Lula, Pedro Corrêa diz que chantageou o governo, ao conseguir nomear o diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa em troca de destravar a pauta no Congresso Nacional.

“Pedro Corrêa entregou políticos de um lado e de outro, para mostrar que pau que bate em Chico bate também em Francisco”, afirma uma das pessoas que participaram das negociações que resultaram no termo da delação.

Uma das condições para que colaborasse com a investigação foi que seus filhos, especialmente a ex-deputada Aline Corrêa, fossem poupados. O filho e a nora já foram inocentados. A denúncia contra a filha saiu da Vara de Sérgio Moro e foi para Brasília, mas para a primeira instância, não o Supremo. A denúncia contra Aline ainda não foi recebida.

Médico formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Pedro Corrêa se elegeu deputado federal em 1978, pela Arena, partido que dava sustentação à ditadura militar. Sempre foi governista. Da Arena, renomeada PDS, foi para o PFL, apoiando Sarney, voltou para o PDS, renomeado PPB, e permaneceu no partido quando passou a se chamar PP.

Além dos militares e Sarney, apoiou Fernando Henrique Cardoso e Lula. Foram 40 anos de intimidade com o poder. Ele conhece tudo por dentro, especialmente o Congresso Nacional e é por isso que sua delação pode ser considerada um memorial da corrupção, um documento que registra os porões da política, a outra face das líderes partidários.

A delação foi dividida em setenta tópicos, chamados de anexos, cada um sobre um tema ou um político. Um deles trata de Augusto Nardes, hoje ministro do TCU, em 2003 deputado federal do PP, quando Pedro Corrêa presidia o partido.

Segundo Pedro Corrêa, Nardes recebia propina mensal e havia um recibo para comprovar o repasse. Quando Nardes foi indicado para o TCU, houve uma operação para apagar os registros da propina.

Outro tópico, o de Aécio Neves, cita Andrea, irmã do senador, entre os operadores de esquemas de corrupção, ao lado de Marcos Valério. Ela integra uma lista de pessoas que arrecadavam dinheiro e repassavam a políticos.

Na época da aprovação da emenda da reeleição, Pedro Corrêa era deputado federal e conta que os grandes empresários se uniram para bancar a compra de votos.

Na delação dele, aparece o então presidente do Banco Itaú, Olavo Setúbal, entregando bilhetes para os parlamentares que votaram a favor da emenda retirarem dinheiro com um doleiro em Brasília.

O esquema bancado por Setúbal se encaixa nas versões já tornadas públicas sobre como a emenda foi aprovada. O senador Pedro Simon diz que mais de 150 parlamentares venderam o voto, e ouviu relatos até de deputados do PSDB.

Um dos deputados do Acre citados no escândalo da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição é Osmir Lima, na época filiado ao PFL. Seu nome surgiu na gravação de Narciso Mendes, o Senhor X, com o então deputado João Maia, em que este confessa ter vendido o voto e diz que “parece” que Osmir Lima também havia recebido dinheiro.

“Eu nunca recebi dinheiro, e nem precisaria para aprovar essa proposta. Eu tinha sido chefe de gabinete do governador Orleir Cameli, que estava empenhado na aprovação da emenda. Meu voto ele tinha de graça”, diz o hoje ex-deputado, em sua casa em Rio Branco, onde me recebeu.

Orleir foi funcionário de carreira do Banco do Brasil e chegou a presidir o Banco do Estado do Acre.

Filiado ao PMDB, elegeu-se deputado constituinte e se notabilizou por uma proposta polêmica: a independência do Acre. Na eleição seguinte, em 1990, tentou o governo do Estado, mas não se elegeu. Em 1994, tentou voltar à Câmara dos Deputados e ficou na primeira suplência. Era chefe de gabinete do governador do Estado e, para que ele assumisse a vaga na Câmara, o governador Cameli nomeou um deputado federal para o Tribunal de Contas do Acre e abriu a vaga para Osmir Lima.

Como homem de confiança do governador, Osmir disse que participou da reunião em que o governador prometeu pagar um mensalinho de R$ 30 mil (em valores da época) aos deputados em troca de apoio no Congresso Nacional.

O governador queria a liberação de verbas para a pavimentação das estradas federais que cortam o Acre e, para isso, precisava que os parlamentares votassem a favor do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Como o governador era de família proprietária de construtoras, a liberação de verbas para pavimentação atendia a dois interesses seus: como empreiteiro, por negociar contratos, e como político, pois estradas asfaltadas, num Estado em as chuvas isolam municípios, melhoram muito a popularidade do governante.

Para tratar da liberação de verbas para pavimentação da BR 364, Fernando Henrique Cardoso recebeu o governador e a bancada de deputados no Palácio do Planalto. O ex-presidente registra o encontro no primeiro volume de seu livro de memórias e se refere a Cameli de maneira elogiosa.

Fernando Henrique diz que havia recebido informações negativas sobre o governador, mas escreve que, no encontro, teve impressão positiva. Fernando Henrique o define como homem de fronteira, lutando para defender os interesses do Estado.

Em nome do governador do Acre, o então deputado Osmir voltou a tratar da liberação de verbas com o governo federal e foi direcionado ao ministro Sérgio Motta. “A verba foi liberada”, conta Osmir. Mas o curioso na história é que o assunto de alçada do Ministério dos Transportes foi resolvido pelo titular do Ministério das Comunicações.

Por que o senhor procurou o Sérgio Motta?

“Porque ele era amigo, sócio e confidente do presidente. Com ele, a chance de resolver era maior”, diz o ex-deputado.

Na hora de votar a reeleição, o governador do Acre acionou sua bancada. Cameli procurou os deputados, mas no primeiro momento teve dificuldade. “A ajuda de custo prometida pelo governador não estava em dia”, conta o ex-deputado. “E muitos achavam que a reeleição era uma coisa à parte”, acrescenta.

Na gravação feita por Narciso Mendes, os deputados Ronivon Santiago e João Maia contam que o comandante de toda operação era Sérgio Motta, “o amigo, sócio e confidente” de Fernando Henrique, o mesmo que, sendo ministro das Comunicações, liberava verbas da pasta de Transportes.

Pedro Corrêa cita os bilhetinhos de Olavo Setúbal como garantidores da propina. No caso da bancada do Acre, os deputados foram alcançados por cheques dados pelo irmão do governador Cameli, com a condição de não serem descontados até a confirmação do voto.

Depois da votação, segundo as confissões gravadas pelo Senhor X Narciso Mendes, os cheques foram trocados por dinheiro vivo, entregue em sacos de papel, numa sala da própria Câmara dos Deputados.

Osmir diz que votos foram comprados tanto para aprovar a reeleição quanto para rejeitar, nesse caso em ação capitaneada pelo então presidente do PPB, Paulo Maluf, que queria disputar a Presidência.

“Eu e a deputada Zila (Zila Bezerra, também do Acre) estivemos numa reunião no apartamento de outro deputado. Lá havia mais seis ou sete deputados e eles ofereceram R$ 300 mil (valores da época) para votarmos pela rejeição da emenda. Nós já tínhamos compromisso para aprovar a emenda e recusamos. Soube que o dinheiro viria aquela noite num jatinho de São Paulo e um deles iria buscar o dinheiro. Para pegar a quantia, tinha que dizer uma senha a quem estava com o piloto”, conta, mas se recusa a contar o nome do deputado dono do apartamento.

“Houve compra de votos nos dois lados, esta é a realidade. E soube até de deputado que vendeu o voto para rejeitar a emenda e depois votou a favor. Aí descobriram que ele tinha recebido dos dois lados. À noite, foram até o apartamento dele, para pegar o dinheiro de volta mas ele tinha viajado”, afirma. “A reeleição foi uma grande oportunidade para aqueles que estão no Congresso para fazer negócio”, acrescenta.

Osmir Lima conhece muito da história do Acre e participa de debates num programa de TV local, mas não quer mais se candidatar. “Com menos de dois milhões de reais, ninguém se elege deputado federal no Acre. E onde é que você vai buscar esse dinheiro? O sistema é corrupto e corruptor”, comenta.

Ele disse que se arrepende de ter votado a favor da reeleição. “Perverteu a política. O governante se elege já pensando na reeleição. Ele tem que fazer grandes esquemas e ser populista, não fazer a coisa certa, para poder continuar no poder. A reeleição foi uma tragédia”, afirma.

Sobre a declaração do ex-deputado Pedro Corrêa de que empresários financiaram a compra de votos no Congresso Nacional, para aprovação da emenda da reeleição, Osmir diz que soube de muitas histórias na época, mas não esta especificamente.

“O Pedro Corrêa era do PPB e o PPB estava fechado com o Maluf. Talvez ele esteja entregando os podres dos adversários (vitoriosos), mas não os do seu grupo”, afirmou.

Fernando Henrique já tratou da questão da emenda da reeleição algumas vezes — em entrevistas, no livro A Arte da Política e, agora, no segundo volume de suas memórias. Ele não é direto. No livro A Arte da Política, isenta Sérgio Motta, procura transferir a responsabilidade para os governadores e se refere aos políticos do Acre como “pessoal lá do Norte. Um bando de gente realmente perigosa”.

Na versão do ex-presidente, pode até ter havido compra de votos, mas por iniciativa dos governadores. No caso do Acre, é uma versão insustentável. O governador Orleir Cameli, já falecido, a quem Fernando Henrique elogia num livro e relaciona a “um bando de gente realmente perigosa” em outro, ajudou na compra de votos, mas nem se candidatou à reeleição.

A bancada do Acre, à exceção de dois deputados malufistas, era fechada com o governo federal, por empenho de Cameli (vide mensalinho), interessado nas verbas para estradas.

Para fazer esta série, pedi entrevista ao ex-presidente. A chefe de gabinete dele, Helena Maria Gasparian, chegou a falar comigo por telefone, ficou de agendar a entrevista, mas até agora não marcou data.

A assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal informa que o ministro Teori Zavascki não tem prazo para homologar a delação premiada do deputado Pedro Corrêa. Mas, como já está com ele há dois meses, a expectativa é que faça isso nos próximos dias. Será interessante para comparar o conteúdo da delação premiada com o das memórias do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no que diz respeito ao tema reeleição. Um deles é ficção.

O que a nova conversa revela sobre Lewandowski e o STF, Otávio Frias e a Lava Jato, Aécio e o golpe — e Dilma

por Paulo Nogueira

E o golpe vai sendo brutalmente exposto: Renan
O grande mérito da publicação das conversas gravadas é tornar brutalmente claro aquilo que as pessoas mais informadas já sabiam e que era negado pela mídia liderada pela Globo.

Foi golpe. E foi um golpe imundo, em que homens e instituições moralmente putrefatos se uniram para derrubar uma mulher honesta que levou a investigação da corrupção a patamares jamais vistos.

A gravação de Renan, publicada hoje pela Folha, ajuda a compreender ainda melhor o que ocorreu.

Mais uma vez, o STF aparece com destaque na trama golpista. E isto é desesperador: você pode cassar políticos. Mas como lidar com um poder que julga a si mesmo?

Num mundo menos imperfeito, o STF seria imediatamente dissolvido, tais as acusações e as suspeitas que recaem sobre seus integrantes.

Mas como fazer isso?

Escrevi ontem e repito agora: o STF era o grande argumento pelo qual a Globo, em nome da plutocracia, atacava como “alucinação” e “conto da carochinha” a tese do golpe.

Na conversa agora divulgada, Renan diz que todos os eminentes juízes do Supremo estavam “putos” com Dilma.

O motivo não poderia ser mais canalha: dinheiro.

Renan relata uma visita que fez a Dilma. Ela conta que recebeu Lewandowski para o que imaginou que fosse ser um encontro de alto nível sobre a dramática situação política do país.

Mas.

Mas Lewandowski “só veio falar em dinheiro”, disse Dilma. “Isso é uma coisa inacreditável.”

Há muitas coisas inacreditáveis em relação ao STF, a rigor. A demora de quatro meses de Teori para acolher o pedido de afastamento de Eduardo Cunha é uma delas. As atitudes sistematicamente indecentes e partidárias de Gilmar Mendes e seu mascote Toffoli são outra delas.

O interlocutor de Renan na conversa, o mesmo Sérgio Machado de Jucá, produziu a melhor definição do STF destes tempos. “Nunca vi um Supremo tão merda.”

Outros personagens destacados do golpe aparecem neste diálogo vazado. A Folha, por exemplo, se bateu intensamente pela queda de Dilma. Mais especificamente, seu dono e editor, Otávio Frias Filho.

Ele é citado por Renan como tendo reconhecido exageros na cobertura da Lava Jato.

Ora, ora, ora.

Se reconheceu o caráter maligno do circo da Lava Jato, por que ele não fez nada? Ele era apenas o ombudsman do jornal, ou o porteiro do prédio?

Bastaria uma palavra sua para retirar o exagero da cobertura. Se não a pronunciou, é porque era conivente ou inepto como diretor.

Faça sua escolha.

Aécio surge acoelhado. Tinha medo da Lava Jato, diz Renan. Sabemos agora que Aécio não é apenas demagogo, hipócrita e corrupto.

É também covarde.

E é neste campo que, sem saber que era gravado, Renan presta um extraordinário tributo a Dilma. “Ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável.”

Os colunistas da imprensa, nestes dias, diziam freneticamente que Dilma estava abatida. Era gripe, informa Renan. “Ela está gripada, muito gripada.”

Se existe algum tipo de decência no Brasil – de justiça não dá para falar, dado o STF – Dilma tem que receber um formidável pedido de desculpas dos brasileiros e ser reconduzida ao posto do qual canalhas golpistas a retiraram.

 

 

Na campanha presidencial Dilma previu a conspiração do Tio Sam

Reveja o debate com o golpista Aécio Neves, e porquê os Estados Unidos apóiam a derrubada de Dilma.

Idem o histórico da espionagem da CIA e os motivos de Moro chamar o FBI para atuar na Lava Jato

Golpistas e prostitutas sempre têm um programa agendado

O Golpe já foi dado. Porque a ilegitimidade não está apenas na ausência de razões legais, mas principalmente porque os principais atores padecem da mais elementar condição ética, moral ou legal

por Gilmar Crestani

O golpe já foi dado. Quando um aparato regido pela Rede Goebbels pôs na rua antes mesmo que a reeleição da Presidente Dilma fosse anunciada pelo TSE, o lema vazado no Escândalo da Parabólica, “o que ruim a gente mostra, o que é bom a gente esconde”, o clima para quebrar já estava no ar. Na verdade, o golpe começou bem antes. A partir do momento que deu certo em Honduras, que depois no Paraguai, com a ênfase tucana, mais precisamente da dupla paranaense Álvaro Dias & Fernando Francischini, já estava desenhado os rumos que os golpistas tomariam. O script estava pronto, os atores ensaiados. Só faltava a publicidade institucional. E a instituição com mais participações em golpes estava logo ali na esquina, à espreita. A Rede Globo, com participação em golpes desferidos e nem sempre bem sucedidos, admitia em editorial, o erro, mas jamais pediria perdão. A Folha, que entende que ditadura é ditabranda, porque os estupros foram nos outros, também provou a fábula da rã e do escorpião. O DNA de sua natureza fala mais alta. Os finanCIAmentos clandestinos, ou, a partir da Lista Odebrecht, nem tanto assim, estão sendo desovados.

O Golpe já foi dado. Porque a ilegitimidade não está apenas na ausência de razões legais, mas principalmente porque os principais atores padecem da mais elementar condição ética, moral ou legal. Todos os principais condutores do golpe têm contra si não só suspeitas, mas provas materiais, senão vejamos:

1) Rede Globo – a égua madrinha que conduz os midiotas, tem contas a acertas com o fisco devido às sonegações das Copas de 2002 e 2006. Além, é claro, de sua longa tradição em golpes, pequenos, como o da Proconsult, e grandes, como o de 1964;

2) Michel Temer – desde sempre enrolado no Porto de Santos. As repetidas vezes em que seu nome aparece nas delações premiadas é, para os golpistas, isso mesmo, um PRÊMIO que o qualifica a ficar com o botim do golpe!

3) Eduardo CUnha – dispensa explicações ou provas. É tão longeva sua participação quanto sua contínua beatificação pelos golpistas. Fez escola com PC Farias, aperfeiçoou na Telerj mas conta mesmo com o compadrio da Rede Globo, onde conheceu sua esposa e parceira. A Suíça já mandou toneladas de provas. O que só prova que ele também detém todas as qualificações exigidas para um bom golpe.

4) Aécio Neves – apesar de octa deletado, é o único inocente, porque tem a seu favor atenuantes, como o de insanidade mental. Ninguém que não esteja no bom uso de suas faculdades mentais pode ser julgado. Alguém que nunca praticou alguma atividade produtiva, como prova o ranking da Veja, mas aos 17 anos, mesmo estudando no Rio de Janeiro já tinha cargo em Brasília, que acertou, aos 25 anos, na Vice-Presidência da Caixa, que não tem amigos (viu Zezé Perrella!!), que utiliza bem do estado (avião) para fazer favor a amigos, que constrói, com dinheiro público, aeroportos em terras de familiares (Cláudio e Montezuma). Só um Napoleão de Hospício, em total Síndrome de Abstinência, comemoraria uma eleição, apesar de FHC com Janio Quadros, antes do término da contagem de votos.

5) Gilmar Mendes – é figurinha carimbada do Golpe Paraguaio. Sem ele, não teria graça e a previsão do Dalmo Dalllari teria mais dificuldades para se concretizar. O convescote de Lisboa é apenas a cereja do bolo. Gilmar Mendes conseguiu ser piada de português. Pensando bem, o Golpe Paraguaio é a verdadeira piada de português.

O Golpe Paraguaio também é entendido, não só pela sua aparência de legalidade, mas pela ausência de povo. Os golpistas são classe média alta, e seus aspiradores, em todos os sentidos, essencialmente branca, que usa camisas Padrão FIFA com o escudo da CBF. Como sabemos duas instituições mundialmente reconhecidas pela elevada moral que desfrutam junto aos corruptos de sempre. Sabe porque José Maria Marin, o ladrão de medalhas, preso nos EUA, tem a cara dos golpistas? Por que se estivesse no Brasil estaria solto, combatendo a corrupção junto às passeatas golpistas.

Os porto-alegrenses entendem bem isso. A reunião dos golpistas é sempre no Parcão, onde as madames, todas brancas, encontram com os poodles brancos de outras madames brancas e as babás ficam com os filhos. Este tipo de encontro é impossível em locais menos escravocratas, como o IAPI, Bom Jesus, Partenon ou Restinga. Nestes lugares estão as verdadeiras vítimas do golpe paraguaio, que o Estadão deste domingo dá como favas contadas, inclusive revelando o “programa de governo”.

Golpistas, como prostitutas, sempre têm um programa agendado.

Os ladrões do erário na Igreja da Conspiração

PADRE MORO

por Eduardo de Paula Barreto

Era dia de confissão
E os ladrões do erário
Na igreja da Conspiração
Entraram no confessionário
FHC contou ao Padre Moro:
‘Eu pequei com muito gosto
Quando fui Presidente
Assumo aqueles 100 milhões
E os roubos das privatizações’
Moro o perdoou imediatamente.

Aécio abrindo logo o jogo
Assumiu a paternidade
Daquele famigerado aeroporto
Que deu ao tio por caridade
E confessou: ‘Desviei o que pude
Daquelas verbas da Saúde
E Furnas me manteve abastado
Com as mesadas cujo dinheiro
Eu misturava ao do mensalão Mineiro’
E Moro perdoou os seus pecados.

Quando chegou a vez de Alckmin
Ele deixou o Padre Moro cansado
Por apresentar uma lista sem fim
Dos crimes que havia praticado
Confessou sobre o Trensalão
Gestão hídrica e a gratuita agressão
Aos alunos e professores
Admitiu que toda a sua legenda
Se beneficiava da Máfia da Merenda
E Moro o perdoou com louvores.

Todos os pecadores de direita
Confessaram os atos de corrupção
E apesar das maracutaias feitas
Todos receberam o perdão
E saíram da igreja
Se sentindo a cereja
Do bolo da criminalidade
E reassumiram os seus postos
Para roubarem de novo
Certos da impunidade.

Já era fim de tarde
Quando pessoas de bem
Se aproximando do Padre
Se confessaram também:
‘Nós éramos miseráveis
Como seres descartáveis
Numa sociedade cega
Mas hoje somos cidadãos
Graças à implantação
Dos ideais de esquerda’.

Então o Padre perguntou:
‘Mas quem promoveu a cura
Da sociedade que os flagelou?’
E todos gritaram: ‘Lula’
Foi quando num salto súbito
O Padre subiu ao púlpito
E rasgando a Bíblia do Supremo
Anunciou a sentença vingativa:
‘Sr. Luiz Inácio Lula da Silva
Pelo bem que fez, eu o condeno.’

Moro para ser eleito presidente tem que eliminar os adversários Lula e Aécio

Nos protestos deste domingo (13), o juiz federal Sergio Moro foi lançado candidato a presidente do Brasil nas eleições de 2018. Ele disse que ficou “tocado” com o apoio dos manifestantes. Fica implícito que aceitou a candidatura, e tem como principais adversários Lula da Silva e Aécio Neves, figuras que ele deve eliminar da disputa. São os únicos nomes que, nas urnas, podem derrotá-lo.

Partidarismo

Moro vem sendo acusado de partidarizar a Lava Jato. Inclusive mandou sequetrar Lula, para depor debaixo de vara. Fez vazar depoimentos em que Aécio aparece como acusado de receber propina. Que Aécio se cuide, vai chegar a vez dele…

Moro afirmou em nota que as “autoridades eleitas e os partidos” devem ouvir a “voz das ruas” e se comprometer com o combate à corrupção, “cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle”. Isto é, iniciativa dele.

O juiz foi lembrado nos protestos em faixas, bonecos, camisetas e recebeu uma série de homenagens.

Íntegra da nota

“Neste dia 13, o povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado.

Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário.

Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como país.
13/3/2016, Sergio Fernando Moro”

Moro debocha da deficiência física e Gilmar Mendes chama Lula de bêbado

Quando o ministro Gilmar Mendes chama Lula de bêbado, e seu partidário juiz Sergio Moro prefere o epíteto de aleijado, ficam escancarados o sectarismo, o fanatismo e o ódio dos dois polêmicos e exibicionistas magistrados, que deveriam alegar suspeição para julgar os petistas.

Hoje a imprensa noticia que o pai “de Sérgio Moro foi um dos fundadores do PSDB em Maringá Paraná e egresso dos quadros da ARENA, partido político que apoiava a Ditadura”.

Acrescenta Paulo Muzell: Sergio Moro, “religioso ao extremo, mãe carola. Idolatrava o pai, falecido em 2005, um professor muito respeitado, homem conservador, apoiador da ditadura, fundador e militante do PSDB de Maringá, que foi formado majoritariamente por quadros egressos da ARENA. O próprio Moro recentemente prestigiou um evento promovido pelo PSDB em companhia de João Dória. Sua esposa trabalhou como assessora jurídica do gabinete do governador José Richa (PSDB do Paraná)”.

Publica o portal Brasil 247:

Segundo o jornalista Ricardo Noblat, o juiz Sergio Moro se refere ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ‘Nine’, numa alusão a seus ‘nove dedos’; qualificar alguém em razão de uma deficiência física, como fez Ronaldo Caiado, com a camisa ‘Basta’, nas manifestações de março e abril deste ano, é uma atitude fascista; segundo Noblat, Moro ‘tem a esperanca’ de pegar o ex-presidente Lula; delatado por Alberto Youssef como dono de uma diretoria em Furnas que pagava mensalão de US$ 100 mil/mês a parlamentares no governo FHC, o senador Aécio Neves não foi atingido pela Lava Jato; Lula está na mira

 

Não é de hoje que os críticos mais rasos do ex-presidente Lula recorrem ao fato de ele ter um dedo a menos na mão esquerda (em decorrência de um acidente quando era torneiro mecânico) para tentar diminuir sua capacidade. A atitude, de caráter nitidamente preconceituoso, estaria sendo replicada pelo juiz Sérgio Moro (segundo o jornalista Ricardo Noblat), responsável pela operação Lava Jato, que investiga a corrupção em contratos de empreiteiras com a Petrobras. De acordo com Noblat, em seu Twitter, Moro se refere ao petista como “Nine” – nove em inglês -, quando está entre amigos. “Tem esperança de pegá-lo”, afirma o colunista de O Globo, em referência à fase mais recente da operação, que prendeu Marcelo Odebrecht, empreiteiro próximo de Lula.

Caso a afirmação de Noblat não seja rapidamente desmentida por Moro, ficará escancarada a intenção política do magistrado que comanda os rumos da Lava Jato. Neste fim de semana, todos os veículos da imprensa familiar – Folha, Veja e afins – dão como certo que o próximo passo da operação é tentar criar uma vinculação com Lula, para assim prendê-lo, o que traria consequências político-eleitorais muito negativas para ele e para o seu partido, o PT. Mas como esperar correção, imparcialidade e respeito nas investigações e decisões de um juiz que se refere a um ex-presidente da República não pelo nome, mas por uma vocativo fascista?

Ao chamar Lula de “Nine”, Moro se aproxima de políticos da extrema-direita brasileira, como Ronaldo Caiado, do DEM, que, nos protestos do início deste ano, vestiu uma camisa que trazia uma mão com quatro dedos sujas de petróleo acompanhadas da expressão “Basta”. A atitude reprovável de Caiado, que foi duramente criticado por tal indecência, não pode ser repetida por um magistrado responsável pelo julgamento de um processo que envolve políticos e empresários.

A forma pejorativa como faria referência ao ex-presidente guarda ainda outros significados. Além de demonstrar a posição adversa ao político e ao partido que ele lidera, tal atitude reforça a informação de Moro ignorou realmente trecho da delação do doleiro Alberto Youssef, que acusou o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB e candidato derrotado a presidente no ano passado) como dono de uma diretoria em Furnas que pagava mensalão de US$ 100 mil/mês a parlamentares no governo tucano de FHC.

 

 

A JUSTIÇA BRASILEIRA E O CARNAVAL DA SELETIVIDADE

FALSOS MORALISTAS E PALADINOS DA ÉTICA VÃO PULAR O CARNAVAL LONGE DOS HOLOFOTES DA MÍDIA E DAS GARRAS DA JUSTIÇA. NO BRASIL É SEMPRE ASSIM. OS INTERESSES ESCUSOS SUFOCAM OS INTERESSES COLETIVOS

por Mailson Ramos

Num país onde Cunha perambula livremente nos corredores da Câmara dos Deputados e com honrarias de Chefe de Estado, a justiça já se decompôs há muito tempo. Desintegrou-se a capacidade que as instituições do judiciário tinham de demonstrar a sua força.

Na Suíça já o teriam afastado há meses. Isso se não fosse encarcerado e mantido longe da presidência do parlamento.

Mas como aqui é o Brasil, não somente o Cunha usufrui das liberdades concedidas por uma esta justiça seletiva.

Exemplos se podem citar aos borbotões.

Nos últimos dias a mídia sentiu sua boca adoçar com boatarias que se sobrepõe ao ofício jornalístico. Um barco de latão, um sítio e um tríplex no Guarujá construíram a mais burlesca das crônicas neste início de 2016.

A novela tem como personagens principais o ex-presidente Lula e sua esposa, D. Marisa Leticia. Deflagrou-se uma operação narrativa, de cunho midiático, para oferecer aos detratores do Lula dezenas de factoides a mais.

A ojeriza coletiva antilulista se abastece dia após dia, sem interrupções nos meios de comunicação tradicionais. E não vai aqui nenhum caráter de vitimismo porque o ex-presidente tem apresentado provas cabais de sua inocência, embora todas elas rechaçadas antes da verificação. Assim agem os extremistas.

Tal intransigência não se vê em São Paulo com os desvios da Máfia da Merenda. Passa ilesa a informação de que um corruptor enviou orientações desde o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Não se fala na quantidade de dinheiro desviado, não se sabe quem são os envolvidos e quais são os desdobramentos da operação policial (Alba Branca) que deflagrou o esquema de corrupção. Tudo na “moita”.

Da mesma maneira não se repercute sobre os R$ 300 mil do Aécio, afinal de contas, o ilibadíssimo juiz Sérgio Moro concedeu liberdade ao Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará.

A delação sobre a chatice de Aécio Neves ao esperar a propina não deveria sequer ter vindo a público. E que não se deixe de considerar o tempo de determinados vazamentos.

E começam a aparecer delações de outubro passado. Quando convém a Lava Jato não vaza a jato. É o que se pode confirmar hoje, em O Globo, sobre a delação de Luciano Araújo de Oliveira, tesoureiro do Solidariedade, partido do Paulinho da Força.

Ele esmiuçou o esquema de recebimento de propinas junto a UTC. Revelou também como o Thiago Cedraz, seu primo e filho de Aroldo Cedraz, presidente do TCU, vendia informações sigilosas do tribunal ao Ricardo pessoa (UTC).

Lamaçal para ninguém botar defeito. E onde está a justiça?

A justiça corrobora a expressão de Paulinho da Força quando disse que iria até o fim com Cunha para derrubar a Dilma. Aliás, foi ele quem puxou as vaias à presidenta na volta do recesso, no plenário da Câmara.

Também foi ele quem mandou soltar ratos na CPI da Petrobras. O achincalhe é geral e só acabará com o grito das ruas. O verdadeiro grito das ruas. Nada se resolve enquanto a justiça, olhando por baixo da venda, se disser cega.

Família Neves descende de deuses gregos. De Tântalo e Niobe

O nióbio é mais precioso do que o ouro. Qualquer novo invento do Terceiro Milênio precisa ter nióbio. Só para lembrar, não haveria conquista espacial sem nióbio. E mais, o Brasil possui 98 (noventa e oito) por cento das jazidas de nióbio. Os restantes 2 (dois) por cento estão no Canadá, e sem a qualidade e pureza do nióbio brasileiro. A safadeza é tanta que o Brasil nunca foi o maior exportador de nióbio do mundo. O trilionário tráfico de nióbio corre solto, e ninguém investiga.

Alice Ruiz exorta: “Começando a investigar já”. O juiz Carlos Alberto Saraiva denuncia:

Nióbio entregue

O Nióbio, riqueza que poderia significar a redenção da economia mineira e nacional, foi entregue, através de operação bilionária e ilegal, a empresa estatal japonesa, Japan Oil, Gas and Metals National Corporation, em parceria com um fundo de investimento coreano que representa os interesses da China. Este é o final de um ruidoso conflito instalado no centro do Poder de Minas Gerais”.

Para facilitar o tráfico, o nióbio também é chamado de tântalo.

Escreve Saraiva:

Aécio e a Codemig

Desde 2002 o então governador e atual senador Aécio Neves entregou a condução das principais decisões e atividades econômicas do Estado de Minas a Oswaldo Borges da Costa, que assumiu a função estratégica de presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG). Criou um governo paralelo, onde as principais decisões sobre obras e investimentos das estatais CEMIG, COPASA, DER/MG, DEOP e das autarquias de MG ficaram a cargo de “Oswaldinho”.

Palácio da Liberdade e os milionários

Para sede da CODEMIG, caminharam nos últimos 10 anos INVESTIDORES internacionais que tinham interesse no Estado. O Palácio da Liberdade transformou-se apenas em cartão postal e símbolo de marketing publicitário de milionárias campanhas veiculadas na mídia. Por trás deste cenário artificial operou um esquema de corrupção, que contou com a cumplicidade até mesmo da Procuradoria Geral de Justiça, que impedia a atuação do Ministério Público Estadual.

Disputa entre família Neves fortuna duvidosa

Foi necessária esta longa introdução, uma vez que à imprensa mineira jamais foi permitido tocar neste assunto para que se entenda o que agora, uma década depois, está ocorrendo.

Após a morte do banqueiro Gilberto Faria, casado em segunda núpcias com Inês Maria, mãe de Aécio, iniciou uma disputa entre a família Faria e a mãe de Aécio, sob a divisão do patrimônio deixado. Oswaldo Borges da Costa, casado com uma das herdeiras de Gilberto Faria, passou a comandar inclusive judicialmente esta disputa.

Diante deste quadro beligerante, as relações entre Aécio Neves e Oswaldo Borges da Costa acabaram, o que seria natural, pois Aécio fatalmente ficaria solidário com sua mãe. Mais entre Aécio Neves e Oswaldo Borges da Costa é público que existia muito mais, desta forma deu-se início a divisão do que avaliam ser uma fortuna incalculável.

Origem da fortuna…

No meio desta divisão estaria “a renda” conseguida e a conseguir através da diferença entre a venda subfaturada e o valor real no exterior do Nióbio. Peça chave neste esquema, a CBMM pertencente ao Grupo Moreira Salles, que sem qualquer licitação ou custo renovou o contrato de arrendamento para exploração da mina de Nióbio de Araxá pertencente ao Governo de Minas Gerais por mais 30 anos.

INVESTIDORES não identificáveis?

Leia mais e conheça a pirataria

Tântalo (do grego “Tântalo”, pai de “Níobe” na mitologia grega)

Tântalo era filho de Zeus, e por ser ladrão – tinha que ser ladrão – foi castigado. Certa vez, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, num vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água esta escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular “Tão perto e, ainda assim, tão longe”.

Aécio tem tudo. Mas, nem pelo voto, nem pelo golpe será presidente do Brasil.

 

Documentos mostram ligação de corrupção entre o governo de Aécio Neves e a mineradora Samarco

Por Joaquim de Carvalho, no DCM

O lobista Nílton Monteiro pronúncia “craro” quando quer dizer “claro” e sua imagem é a de uma pessoa de quem não se compraria um carro. O delegado de polícia Márcio Nabak, por sua vez, tem a imagem de um burocrata bem sucedido e em fotos da internet aparece sempre alinhado.
O caminho dos dois se cruzou no escândalo da Lista de Furnas e aí as imagens se invertem. Com seu jeito desalinhado e vocabulário simples, Nílton prova o que diz. Já o homem da lei Nabak diz – e até prende com base no que diz -, mas não conseguiu provar suas acusações.

Em 2005, a Samarco Mineradora S.A., uma das empresas que aparecem como doadoras de recursos ilícitos para campanhas de políticos do PSDB e de seus aliados, acusou Nílton Monteiro de falsificar documentos que a incriminavam. Eram casos de corrupção, todos no Espírito Santo, mas a empresa formalizou a acusação em Belo Horizonte, onde fica sua sede da Samarco.

Em resumo, Nílton teria inventado contratos para cobrar indevidamente comissão pela venda de créditos de ICMS da Samarco para a empresa de energia do Espírito Santo (Escelsa). Segundo a acusação, teria também forjado recibos para comprovar que seu antigo advogado, Joaquim Engler Filho, havia se vendido para a Samarco.

O inquérito até hoje não terminou. Mas em 2010, cinco anos depois da acusação da Samarco, o delegado João Octacílio Silva Neto, que assumiu o inquérito no curso da investigação, descobriu, com base em perícias, que as provas de Nílton não eram falsas.

O delegado chamou Joaquim Engler para depor e este, que já respondia a uma acusação no Tribunal de Ética da OAB, confessou que recebeu R$ 1,1 milhão da Samarco para prejudicar o cliente e repassar propina para diretores da Samarco, um juiz de direito da comarca de Anchieta, no Espírito Santo, um ministro do STJ e um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, todos que haviam decidido favoravelmente à empresa.

Joaquim Engler confirma que gravou conversas com autoridades de Minas Gerais, na época do governo Aécio Neves, e cita algumas das descobertas, como uma conta do senador Zezé Perrella no exterior, com um secretário de Aécio Neves.

Esse depoimento daria um novo rumo às investigações, mas, no dia seguinte, quando o advogado pediu numa cópia da íntegra de seu interrogatório, a Polícia Civil transferiu o delegado João Octacílio para um município do interior do Estado, e nomeou para seu posto, na chefia de um departamento policial, Márcio Nabak.

Depois disso, o inquérito desapareceu e o cerco a Nílton Monteiro se fechou. Ele acabou preso e hoje acusa a equipe de Márcio Nabak de tê-lo torturado. O advogado Joaquim Engler cedeu partes do inquérito que tinha com ele, para remontagem do processo, mas nesse conjunto não estão as páginas de seu depoimento.

Márcio Nabak indiciou Nílton por falsificação, mas Nílton não foi condenado, por falta de provas. A acusação foi parar na imprensa e Nílton, apresentado como falsário que negociava até títulos falsos da dívida pública. Também não houve comprovação.

Não escaparam do cerco policial o advogado de Nílton, Dino Miraglia, que teve a casa invadida, o dono do site que divulgava as denúncias de Nílton foi preso e o jornalista que editava as reportagem, Geraldo Elísio, teve o mesmo destino do advogado: a polícia revirou sua casa.

O depoimento bombástico do advogado Joaquim Engler reapareceu de forma oficial há cerca de um mês, quando, por decisão judicial, o delegado João Octacílio prestou depoimento e confirmou que ouviu o advogado formalmente, como parte do inquérito.

Procurei o advogado Joaquim Engler. Ele diz que o depoimento atribuído a ele é falso. Teria sido forjado pelo escrivão Nélson Silva. Mas, se era falso, por que o inquérito parou depois que desapareceu? Se esse depoimento é falso, cadê o verdadeiro?

Ao ser ouvido por carta precatória há cerca de um mês, o delegado João Octacílio afirmou também que, além de ouvir Joaquim Engler, tinha lembrança de que, embora Nílton Monteiro fosse acusado de falsificação, ele “sempre colaborava com as investigações apresentando documentos e provas das alegações”. A íntegra do depoimento do delegado também acompanha esta reportagem.

Tanto o depoimento de João Octacílio como o antigo depoimento do advogado foram juntados num processo judicial em que o advogado Dino Miraglia se defende da acusação de ter sido cúmplice de Nílton Monteiro no crime de falsificação de documentos. Pelo que se está demonstrando, nem houve falsificação. Se não houve, haveria cumplicidade?

Lendo o inquérito que agora ressurge na íntegra, tem-se a imagem do desastre de Mariana. Num primeiro momento, a lama fica contida, mas, depois, por uma falha da segurança, a barreira se rompe e a lama escorre além das divisas de Minas Gerais.

O inquérito começa como uma tentativa de isolar o lobista Nílton (segurar a lama), que havia provocado um estrago enorme na política do Espírito Santo, com as denúncias de corrupção na venda dos créditos a Escelsa.

Mas, por razões ainda não muito claras, o advogado que o acusava de falsificação mudou de lado (outra vez), assumiu crimes e fez outras acusações. A lama se espalhou, mas evitou-se o desastre (político) com a troca do delegado que poderia seguir o rastro da sujeira e a prisão do lobista, do empresário, do jornalista e do advogado.

Numa das muitas manifestações judiciais que fez contra o abuso de poder da polícia civil no governo de Aécio Neves/Antônio Anastasia, o advogado Dino Miraglia usou uma frase de Martin Luther King, líder do movimento negro pelos direitos civis nos Estados Unidos, na década de 60: “Devemos construir diques da coragem para conter a correnteza do medo.”

Em Minas Gerais, alguma coisa mudou. Márcio Nabak deixou postos de comando na Polícia Civil, e o inquérito em que a Samarco passou de acusadora a acusada pode, enfim, ser retomado, com a recuperação do depoimento do advogado Joaquim Engler Filho. Quem acredita? No caso no caso da Lista de Furnas e do mensalão mineiro, as provas gritam, mas as autoridades silenciam.