O desastre socioambiental causado pela mineradora Samarco (Vale, antes ‘Vale do Rio Doce’ e BHP Billiton) com o rompimento de suas barragens de rejeitos de minério no município de Mariana, em Minas Gerais, é um dos maiores na história do país. A área afetada ultrapassa os 600 Km, chegando inclusive ao Oceano Atlântico.
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A lama é resultado de décadas de exploração mineradora da região, e além do poder destrutivo da avalanche e inundações de lama, há controvérsias sobre o nível de toxicidade desse material. A Samarco, para ganhar tempo, afirma que a lama não é tóxica, mas há inúmeras suspeitas e indícios de que há uma grande quantidade de metais pesados altamente tóxicos no material, que contaminariam toda essa enorme extensão atingida pela lama, o que inclui o solo, inúmeras bacias hidrográficas, e a população.
Centenas de pessoas estão desabrigadas e ao redor de 30 pessoas morreram por conta do desastre, incluindo idosos e crianças, sendo que a grande maioria segue desaparecida. Não havia nenhum sistema de alarme para evacuação da população caso um acidente ocorresse. Já os números de mortes de animais e da natureza que foi destruída é incalculável. Incontáveis animais domesticados como cachorros, gatos, galinhas, patos, cavalos, etc, morreram. As matas da região foram atingidas, matando assim grande parte da fauna e flora dessas áreas. O ecossistema aquático foi com certeza o mais afetado, causando a morte de milhões de peixes e de praticamente toda a vida das bacias hidrográficas atingidas, sendo por asfixia ou contaminação. A imagem da tartaruga morta é do Parque Estadual do Rio Doce, a maior área de Mata Atlântica de Minas Gerais e terceira maior área alagada do Brasil (depois da Amazônia e Pantanal), localizado a mais de 150 km das barragens, o que demonstra o poder destrutivo e mortal do material liberado.
O ferro extraído dessas minas é transportado por minerodutos para os portos no litoral, utilizando uma quantidade absurda de água, ao mesmo tempo em que a população sofre com a falta d’água e é obrigada a economizar. O minério segue então para o exterior, o que deixa claro que o saque das riquezas naturais do Brasil continua a todo vapor, com pouco ou nenhum retorno para o país, e o meio ambiente não é sequer considerado como sujeito de direito. Tudo isso para beneficiar os acionistas das empresas em questão, que lavam as mãos e seguem anônimos, comprando e vendendo as ações das empresas conforme lhes convém, sem consideração nenhuma com a ética, mas sim com o lucro, simples e frio. Não há compensação possível para esse ecocídio, dinheiro nenhum vale as vidas de tantos seres vivos e da saúde da própria terra.
A informação é uma de nossas maiores armas nesse momento. É imperativo refletirmos sobre esse modelo explorador e ganancioso que é imposto sobre as populações. Que esse desastre seja a gota d’água para sairmos desse mar de lama e pararmos essa máquina de destruição e morte.
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No passado, era comum e quase unânime a postura desrespeitosa – e até cruel – dos jornais diários de Belo Horizonte em relação à ação de ativistas políticos de esquerda.
Na noite de 30 de dezembro de 1952, intelectuais, empresários e sindicalistas, entre eles Armando Ziller, Luís Bicalho, Sebastião Nery, coronel Olímpio, Aluísio Ordones, reuniram-se num prédio da rua Carijós, em BH, para criar o Movimento Mundial da Paz. A polícia chegou de surpresa e escrachou todo mundo. No dia seguinte, os jornais publicavam manchetes execrando os ativistas:
“Desmantelada pela polícia uma reunião comunista. Efetuadas numerosas prisões e apreendido farto material de propaganda vermelha” (Estado de Minas)
“Comunistas surpreendidos quando tramavam planos de ação” (Diário de Minas)
“Autoridades prendem e autuam 40 elementos da malta comunista em ação” (Diário da Tarde)
“Preso ontem em BH um redator do Diário (católico) entre os subversivos do credo vermelho” (Tribuna de Minas)
O redator do Diário preso era Sebastião Nery, 20 anos, ex-seminarista, implacavelmente perseguido pelo jornal Tribuna de Minas, dirigido pelo empresário misto de jornalista Alexandre Konder, que cultivava atitudes nazi-fascista, e também não dava trégua ao líder católico José Mendonça, redator-chefe do Diário e presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.
“Confirmam-se as acusações da Tribuna de Minas sobre as ligações do sr. José Mendonça com elementos comunistas. Um dos presos é o jornalista Sebastião Nery, redator do jornal católico, que carregava um cartaz com o retrato de Prestes”, denunciava a TM.
“Konder só deixou de hostilizar jornal católico quando voltou ao Rio de Janeiro para morrer de câncer, internando no Hospital do Exercido,” disse o prof. Mendonça
Na reunião abafada pelos agentes policiais havia pessoas de várias classes, até um militar, Olímpio, coronel reformado do Exercito brasileiro, que havia desaparecido na confusão com a chegada da polícia.
Dias depois, já solto, o jornalista Sebastião Nery encontra-se com o militar em outra reunião:
– O senhor foi lesto, o único que conseguiu fugir.
E o coronel:
– Meu filho, não repita isto. Não fugi. Um oficial do Exército não foge. Bate em retirada.
Quantos morreram por falta de médicos, de enfermeiros, de medicamentos, nos sucateados hospitais de Minas Gerais?
Ou será que os bilhões desviados não fizeram falta na hora de socorrer os enfermos?
Ministério Público protocolou nesta sexta-feira (17) ação contra Minas Gerais por fraude orçamentária na saúde durante a gestão Aécio Neves. Promotores pedem ressarcimento aos cofres públicos de mais de R$ 5 bilhões.
Carta aberta de um pai que teve o filho de dez anos assassinado pelos traficantes de órgãos em Minas Gerais
Bom dia caro Senador Aécio Neves,
Meu nome é Paulo Pavesi, e tenho certeza que já deve ter ouvido falar. Temos um amigo em comum, Carlos Mosconi.
Atualmente eu estou asilado na Europa, após sofrer diversas ameaças por parte do poder político de Minas Gerais. A Itália me concedeu asilo por unanimidade após analisar a documentação que apresentei.
O crime que eu cometi? Denunciei um grupo de traficantes de órgãos, da qual meu filho com apenas 10 anos de idade foi vítima.
Fiquei emocionado ao ver a sua preocupação com os presos políticos na Venezuela, que hoje vive um momento de ditadura.
Por isto estou escrevendo este e-mail. Gostaria de convidá-lo para me visitar aqui em Londres, onde moro atualmente, e saber um pouco da minha história. Afinal, em pleno século 21, mais especificamente em 2008, eu precisei deixar o país – BRASIL – por denunciar um grupo de bandidos marginais assassinos, comandados por Carlos Mosconi, seu ex-assessor especial no governo de Minas Gerais. Na época foi instalada uma CPI e Mosconi não permitiu ser ouvido. O senhor o nomeou superintendente da FHEMIG e a primeira medida foi abraçar toda a rede de transplantes de Minas Gerais (com a sua ajuda é claro) e logo em seguida um escândalo estourou por causa de fraudes na fila de espera (que também não deu em nada).
Tenho vários fatos para narrar sobre a pressão que fizeram contra mim e contra a minha família, e ainda hoje fazem. Ahhh… O processo do meu filho já dura 15 anos, e com frequência o julgamento é adiado a pedido de Mosconi.
Tenho certeza que o sr. como defensor dos direitos humanos vai criar uma comitiva para me visitar não é mesmo?
Nós temos pão de queijo aqui esperando por vocês.
Ah… não poderia esquecer de lhe fazer uma pergunta. Eu estou sendo processado por um desembargador (amigo seu e de Mosconi), só porque ele está tentando afastar o juiz que condenou os sócios de Mosconi à prisão. Como eu tenho visto que o sr. e Mosconi parecem ser blindados, gostaria de saber qual o advogado que vocês contratam. Estou precisando de um. Sabe como é né? Se não for muito caro, quem sabe? A esperança é a última que morre.
Paulo Pavesi
Assassinado pela máfia de tráfico de órgãos de Poços de Caldas. Hoje estaria com 25 anos.
Transcrevi trechos da carta publicada no blogue Tráfico de Órgãos no Brasil. Leia mais. Conheça as autoridades corruptas, os traficantes, as vítimas. Para entender o exílio de um pai, a mordaça da imprensa mineira, a grana que corre nos hospitais, na justiça, na política, não esqueça os nobres nomes dos que têm a coragem de enfrentar uma máfia assassina
Caracas/ Ciudad CCS – La Delegación de la República Federativa de Brasil de visita en Venezuela rechaza las pretensiones injerencistas e intervencionistas de senadores brasileños que arribaron ayer al país con intenciones de visitar al dirigente de la ultraderecha Leopoldo López.
La referida comisión está conformada por el profesor de Derecho de la Universidad de Minas Gerais, Brasil, José Luiz Quadros Magalhaes; el presidente del Sindicato de Periodistas de Minas Gerais, Kerison Lopes, y el periodista bloguero, Miguel Rosario, quienes llegaron a la Patria para alzar su voz y traer la verdad sobre la visita, no solicitada, de quien encabeza el grupo de senadores, Aécio Neves.
“Verdaderamente es una injerencia, una intervención indebida de la comisión de senadores de la derecha brasilera en asuntos internos de Venezuela”, opinó Lopes durante una entrevista concedida a Ciudad CCS.
Reflexionó cuál sería la postura del Gobierno de Estados Unidos si de injerencismo se trata, en caso de que una delegación extrajera llegase a visitar el centro de detención de Guantánamo.Calificó de ilegal la visita de Neves, convidada por la derecha venezolana.
Lopes aseveró que Neves, quien fue gobernador de Minas de Gerais en Brasil “no tiene moral para hablar de libertad”, dijo que cuando ejerció su cargo censuró a periodistas contra la libertad de expresión.
Al respecto, el profesor Quadros coincidió en que la acción del grupo de senadores es una injerencia porque “Venezuela es un estado que tiene instituciones que funcionan muy bien; modernas y democráticas”.
Además, lamentó que las intenciones de ese señor apuntan a un “oportunismo político” y que el escenario actual se basa en una ofensiva de la derecha en el mundo.
Comentó que la oposición de América Latina pretende orquestar golpes de Estado contra sus gobiernos locales. Dijo que actualmente se presentan acciones desestabilizadoras en Ecuador, Bolivia, Argentina y Brasil. “El objetivo es un ataque brutal y sistemático contra los gobiernos de izquierda a través de guerras psicológicas”.
Instó a los pueblos del mundo a comprender que estas acciones imperiales son contra países en pleno desarrollo.
NEVES NO REPRESENTA A BRASIL
En ese sentido, el periodista Miguel Rosario apuntó que es evidente que un senador de derecha quiera venir al país a pretender apoyar a sectores de oposición. “Un senador de oposición no representa el Gobierno de Brasil” y menos a un país hermano de Venezuela.
Indicó que Neves no posee las funciones constitucionales de hacer política externa.
Rechazó que el presidente del Senado Federal de Brasil, Renan Calheiros, intercediera para que el gobierno local le prestara un avión para trasladar la comitiva hasta Venezuela. Aseguró que Aécio Neves “dijo que era un viaje de derechos humanos, acciones humanitarias”.
La delegación está de acuerdo en que la llegada de Neves “es una payasada, su actitud es de injerencia no tan intervencionista porque representan un sector de Brasil”.
UN TEATRO MEDIÁTICO
Con respecto a la situación ocurrida en la autopista Caracas-La Guaira a la llegada de Neves, tergiversada por la derecha, Quadros señaló que se trata de una acción de “teatro, es una matriz de opinión”.
Rosario dijo que “si se tratase de una manifestación” el Gobierno Bolivariano no intercedería por ser un Estado democrático y que sería una concentración de paz que busca exigir respeto ante agresiones de la derecha internacional.
Ante esto, Rosario convocó al pueblo venezolano y a los del mundo a “estar en la obligación de defender las conquistas revolucionarias mediante la movilización”.
Lopes reiteró que, en nombre de la delegación brasilera, exigen respeto para la Patria y para los países de América Latina.
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Por otra parte, calificaron de excelente la reciente visita, a ese país, del presidente de la Asamblea Nacional, Diosdado Cabello. Dijo que eso es la continuidad del legado del Comandante Hugo Chávez.
Aécio Neves esqueceu o preso político Marco Aurélio Flores Carone no Brasil, e vai visitar os oposicionistas de Maduro na Venezuela.
Carone, proprietário do Novo Jornal, foi encarcerado pela polícia de Minas Gerais para parar de denunciar os crimes de corrupção de Aécio Neves. Uma detenção que durou toda a campanha presidencial.
De Carone, a revelação de que Aécio era viciado em cocaína, e esteve internado, quando governador, vítima de uma overdose.
A tendenciosa justiça mineira também participou dessa conspiração contra a Liberdade de Imprensa, e contra a Democracia.
Além de legalizar a mordaça de Carone, trancado em um cela de um presídio de segurança máxima, a justiça tucana ordenou o apagão do Novo Jornal.
Cartazete da Campanha pela libertação de Carone
Relembre os principais crimes denunciados. Leia reportagem sobre a hipocrisia de um direitista visitar conspiradores venezuelanos:
Aécio Neves vai visitar presos políticos venezuelanos
Bandeira da Unasul. Aécio é contra a União dos Países da América do Sul
por Felipe Gozález
O senador Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado à presidência nas eleições de outubro, viajará para Caracas no dia 17 de junho como líder de uma comissão externa do Senado para “averiguar a situação” dos dois principais oposicionistas venezuelanos presos em Caracas, Leopoldo López e Antonio Ledezma, segundo afirmou o jornal Folha de S. Paulo. “Vamos suprir a vergonhosa omissão do Governo da presidente Dilma (Rousseff) frente à escalada autoritária na Venezuela”, disse Aécio.
O líder do PSDB sempre se mostrou crítico em relação ao Governo brasileiro por sua aproximação política com Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Nos últimos meses, repreendeu o Executivo por sua “omissão” em relação à situação de López e Ledesma (e dos mais de 90 presos políticos venezuelanos).
As esposas de ambos, Lilian Tintori e Mitzy Ledezma, estiveram no Brasil em maio para chamar a atenção sobre a situação política venezuelana. “Sabemos que a presidenta [Dilma Rousseff] é sensível à questão dos direitos humanos, à tortura e à prisão injusta… [São assuntos] que ela conhece muito bem”, disse Tintori na ocasião, referindo-se ao fato de que Dilma foi torturada durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).
Ambas estiveram com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que também prometeu juntar-se à iniciativa do ex-presidente espanhol Felipe González para defender os presos políticos venezuelanos; depois, ambas foram ao Senado para relatar as dificuldades políticas de seus maridos.
No Brasil, o PT sempre apoiou o governo chavista. Não é assim com o Ministério das Relações Exteriores e o Governo, que sempre foram mais cautelosos e fizeram críticas veladas. Tanto o Governo como o Ministério das Relações Exteriores sempre insistiram, porém, que a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) deveria mediar o conflito venezuelano. Em uma entrevista prévia, concedida antes da última Cúpula das Américas, que aconteceu em abril, Dilma disse, referindo-se à Venezuela: “Não pensamos que a melhor maneira de se relacionar com a oposição seja prendendo alguém”.
A vida de Evany José Metzker, torturado e decapitado enquanto investigava traficantes e pedófilos na região mais pobre de Minas Gerais
CENA DO CRIME A carteira de identidade do jornalista Evany José Metzker. Ela foi lançada numa área rural do município de Padre Paraíso, onde seu corpo foi achado (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
por FLÁVIA TAVARES| DE PADRE PARAÍSO, MINAS GERAIS Revista Época
Na manhã do dia 13 de junho último, uma quarta-feira, o jornalista Evany José Metzker, também conhecido como Coruja, levantou-se, tomou café com um pedaço de bolo, que não dispensava, e avisou Cristiane, a filha da dona da pousada Elis, que precisava ir a uma cidade próxima. Metzker havia se comprometido a dar uma palestra naquela tarde no colégio da garota. Prometeu dar notícias se não conseguisse voltar a tempo. A viagem de Padre Paraíso a Teófilo Otoni, a 100 quilômetros dali, tomou-lhe quase o dia todo. A palestra que ele daria, sobre exploração do trabalho infantil, ficaria para a próxima semana. Metzker retornou à pousada, se desculpou com a pupila, saiu para jantar com o amigo Valseque e, no fim do Jornal Nacional, voltou ao hotelzinho de beira de estrada. Pediu que sua conta de três meses fosse encerrada. Disse que iria a Brasília no dia seguinte e, na volta, pagaria os R$ 2.700 que devia. Saiu novamente, deixando o ventilador e a luz do quarto ligados. “Eu vou ali e volto”, avisou. Metzker não voltou.
Na segunda-feira passada, dia 18, a Polícia Militar de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais, recebeu um telefonema. Moradores da roça haviam visto o que parecia ser um corpo na margem de uma estrada de chão batido, a 20 quilômetros do centro. Uma viatura foi ao local. Dois policiais encontraram um corpo sem a cabeça, que fora decepada já quase na altura dos ombros. As mãos da vítima estavam amarradas sobre a barriga, numa corda alaranjada – a direita sobre a esquerda. O homem estava seminu. Vestia apenas jaqueta, camiseta e meias pretas. Mais adiante, avistavam-se um pé do sapato social e uma calça preta. A armação dos óculos e uma lente estavam em outro ponto. O cadáver se decompunha rapidamente. Estava muito inchado – sobretudo os testículos. O perito apontou, mais tarde, que havia indícios de sangramento anal e hematomas na genitália. O crânio foi encontrado a 100 metros do corpo. Possivelmente fora arrastado por cachorros, que devoraram a pele e os olhos do homem. O maxilar estava quebrado, descolado da cabeça. A cena de horror não continha uma gota de sangue. O corpo fora arrastado até ali e o rastro ainda estava lá. O autor da monstruosidade não se preocupou em ocultar o crime ou a identidade de sua vítima. Deixou o cadáver na lateral da pista, a poucos metros de um barranco profundo. A seu redor, os documentos espalhados: um título de eleitor, um RG, um CPF, três folhas de cheque, dois cartões da Caixa Econômica e uma carteira funcional do jornal Atuação. Todos em nome de Evany José Metzker, de 67 anos. A camiseta preta ainda trazia do lado direito do peito uma coruja amarela, marca do blog de Metzker, Coruja do Vale. Nas costas, em letras maiúsculas, estava escrito: IMPRENSA.
Metzker tinha profundo orgulho de ostentar o título de repórter. Dizia para o colega Valseque Bomfim, também blogueiro de Padre Paraíso: “Nós somos jornalistas. Investigativos. Temos de investigar”. Valseque resistia em firmar com Metzker uma parceria entre os blogs, como propunha o forasteiro com insistência. Metzker chegara à cidade havia pouco tempo. Valseque passou, então, a frequentar o quarto dele na pousada. “O Metzker não me contava sobre as apurações que estava fazendo. Só falava que queria ajuda, que queria trabalhar junto”, conta Valseque. Metzker havia montado uma pequena redação em seu quarto. Pediu a Elizete, dona do hotel, um roteador exclusivo, para ter acesso estável à internet. Dispôs três mesas no pequeno cômodo, onde instalou uma impressora, seu notebook e por onde espalhava muitos papéis. Fumava incessantemente seus Hiltons e Hollywoods. O cheiro de tabaco impregnou paredes, colchão e travesseiro, talvez de forma irreversível. Elizete teme nunca mais conseguir alugar o quarto. “Eu chamava ele de Paulo Coelho”, diz Elizete. “Ele tinha cavanhaque, era caladão. Só escrevia, trabalhava e fumava. Nunca chegava depois das 10 da noite e jamais trouxe mulher para cá.” Nos poucos momentos em que se descontraía, Metzker dava conselhos às filhas de Elizete. Inclusive a Cristiane, que queria ser jornalista e para quem ele fez uma carteirinha de repórter aprendiz. Repetia que elas precisavam estudar e levar uma vida regrada, como a dele. Metzker não falava muito do passado, nem com a própria mulher, Ilma. Mas contou às meninas que fora desenhista da polícia. Fazia retratos falados. De fato, desenhava muito bem. Também dizia que fora militar, sem entrar em detalhes. Só vestia roupas sociais e gostava de tingir o cavanhaque, que alternava com um espesso bigode.
Metzker iniciou a carreira de repórter em 2004 e tinha orgulho de se apresentar como jornalista
A profissão de jornalista foi construída a partir de 2004. No ano anterior, Metzker conhecera Ilma. Ele era de Belo Horizonte, mas trabalhava em Montes Claros, dando suporte de informática em um hospital. Ilma estava ali acompanhando o primeiro marido, que tinha câncer. Meses depois da morte do marido, Ilma retomou contato com Metzker. Numa tarde de dezembro de 2003, Metzker foi visitá-la em Medina, uma cidade pequena e charmosa do interior de Minas. Ficou. Lá, montou o jornal Atuação, que imprimia numa gráfica de Montes Claros. Fazia denúncias sobre a administração da cidade, sobre ruas esburacadas e sobre a falta de atendimento nos postos de saúde. Queria mais. Dez anos depois de dar início a sua carreira de repórter, sentia que não era reconhecido por seu trabalho. Em 2014, então, passou a viajar pela região, buscando notícias mais quentes. Mantinha bom relacionamento com policiais, militares e civis, de todas as cidades por onde passava. Seu blog, que lhe rendeu o apelido de Coruja, noticiava muitas ocorrências policiais. Percorreu quase todo o nordeste de Minas, passando por Almenara, Divisa Alegre, Itinga, Araçuaí, Itaobim… Hospedava-se em uma dessas cidadezinhas e, nos finais de semana, voltava a Medina, para ficar com Ilma e com os três filhos dela, que criou como seus. Quando os pequenos anúncios no blog escasseavam, fazia bico bolando logotipos para empresinhas das cidades. Vivia com pouco. Queria construir uma reputação, ser referência. “Aos poucos, as pessoas começaram a procurar ele para contar o descaso das autoridades”, diz Ilma, que nunca viu um diploma de jornalista do companheiro. Metzker lhe garantia que havia estudado. “Ele era muito responsável, só publicava se tivesse certeza, documento.”
Seguindo sua turnê investigativa, no dia 13 de fevereiro deste ano Metzker encontrou morada em Padre Paraíso. Na entrada da cidade, um letreiro enuncia que este é o “Portal do Vale do Jequitinhonha”. É a chegada à região com os piores índices de desenvolvimento de Minas Gerais – a área representa menos de 2% do PIB do Estado. Não há político em campanha que não prometa uma salvação para o infame “vale da miséria”. Padre Paraíso se espalha por dois morros, rasgada ao meio pela BR-116, a estrada que liga o Ceará ao Rio Grande do Sul. São quase 5.000 quilômetros, trafegados pesadamente por caminhões. Padre Paraíso, com seus pouco menos de 20 mil habitantes, é aquele tipo de cidade que nasceu em torno de um posto de gasolina. Casebres ladeados de borracharias e botecos margeiam a estrada. Há um pequeno centro comercial, movimentado e bem popular. A tradicional igreja na pracinha está oprimida pelas dezenas de templos evangélicos que a cercam. A casa mais bonita da cidade é a da prefeita Dulcineia Duarte, do PT. Cabeleireira, ela assumiu a candidatura do marido, Saulo Pinto, impugnada pela Justiça Eleitoral.
A VIÚVA Ilma Chaves Silva Borges, mulher de Metzker. Os dois se conheceram num hospital de Montes Claros, onde ele trabalhara na área de suporte de informática (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
É uma cidade de passagem. Caminhoneiros estacionam nos postos para descansar, beber, farrear. Numa rua paralela à rodovia, um pequeno bar de madeira abriga as negociações entre os motoristas e os aliciadores de menores para prostituição. “Este é um dos problemas mais graves que temos aqui”, diz o tenente Sandro da Costa, da Polícia Militar. “Já flagramos uma criança de 10 anos fazendo sexo oral em um mendigo por R$ 5.” Não há descrição mais bem acabada da miséria. “Muitos pais vendem os filhos para a prostituição, é a fonte de renda da família”, completa o tenente. À noite, algumas garotas se exibem na margem da BR-116, e, numa nova modalidade de crime, quando o caminhoneiro desce para negociar o programa, garotos o abordam, assaltam e agridem. Metzker se interessava pelo assunto. Começou a investigar a rede de prostituição infantil nas cidades da região. Seria o tema de sua palestra na escola da aprendiz de repórter. Não se sabe quanto ele avançou na apuração.
Padre Paraíso tem um pequeno destacamento da Polícia Militar, com 13 homens e duas viaturas. Uma está com os pneus carecas; a outra, sem freio. A caminhonete, que alcançava as áreas rurais mais longínquas, ficou destruída num acidente em 2013. Não foi reposta. A propósito, o acidente aconteceu porque o soldado que a dirigia adormeceu. Como a delegacia de Padre Paraíso fecha às 18 horas e nos finais de semana, qualquer ocorrência nos intervalos tem de ser registrada em Pedra Azul, a mais de 150 quilômetros dali. Os PMs levam o criminoso na viatura, frequentemente sentado ao lado da vítima, que vai depor. Dirigem por horas, prestam esclarecimentos e voltam sonolentos pela BR. É em Pedra Azul também que a delegada de Padre Paraíso, Fabrícia Nunes Noronha, dá seus plantões semanais – ela manteve a rotina mesmo depois de o corpo de Metzker ter sido encontrado. Padre Paraíso não tem comarca, juiz. A lei está longe.
Com tão pouca vigilância, o crime prospera. Em 2014, foram seis vítimas de assassinato. Neste ano, já foram cinco. Dois dos crimes mais recentes são bárbaros, como o que matou Metzker. Um deles foi uma chacina, que vitimou três idosos e uma criança de 7 anos. No outro, um casal de caseiros foi morto a marteladas. “O ranço de violência da cidade vem dos tempos dos garimpos”, diz o tenente Costa. “A cultura é de resolver tudo na bala, na morte.” O tráfico de drogas foi substituindo, aos poucos, o lucro com as pedras águas-marinhas que rendiam fortunas. O crack se espalhou. Metzker tentava mapear as estradas vicinais, de terra, que serviam de rota de fuga de traficantes – e seu corpo foi encontrado justamente numa delas. Ele passou a se interessar também por outros dois esquemas criminosos na área: a compra e venda de motos roubadas, que são depois usadas como mototáxi, e o aterro de terrenos protegidos pelas leis ambientais. Se já estão livres das investigações policiais, os bandidos certamente não querem um jornalista fuçando em seus negócios. Fazer jornalismo em regiões como o Vale do Jequitinhonha é mais do que profissão, do que um diploma que autorize alguém. É um ato de coragem, de enfrentamento da falta de estrutura mínima de segurança, da miséria humana explorada por criminosos.
Não está claro se Metzker estava no faro de algo certeiro. Em seu blog, ele publicou apenas histórias menos ameaçadoras, como a do uso de carros públicos para fins particulares ou a de um garoto que tinha sérios problemas bucais e estava sem atendimento. Elizete, a dona da pousada, provocava Metzker: “Tô achando o senhor muito fraquinho. Essas historinhas aí não estão com nada”. O jornalista replicava, pacientemente. “Calma, menina. Muita coisa ainda vai mudar nesta cidade.” A polícia recolheu o notebook e as anotações de Metzker para tentar identificar alguma pista. A delegada Fabrícia, primeira a comandar a investigação, insiste que há a possibilidade de um crime passional. Ilma, a mulher de Metzker, nega com firmeza. “Ele me dava notícia de cada passo que dava. A gente trocava recado sem parar. Ele nunca tinha ido a Brasília antes, a história não fecha.” Na noite em que desapareceu, Metzker enviou a última mensagem pelo WhatsApp para a mulher, dizendo que ia jantar e que eles se falariam mais tarde. “Nunca vou esquecer o que aparece no celular: ‘Metzker, visto pela última vez às 19h03’”, Ilma chora.
A morte brutal de Metzker não mobilizou as forças policiais do Estado de Minas Gerais imediatamente. Depois que o corpo foi liberado do IML e seguiu para Medina, três investigadores de Padre Paraíso começaram lentamente as diligências. A delegada Fabrícia viajou na noite de terça-feira para seu plantão rotineiro em Pedra Azul. Um dos investigadores avisou logo que só atenderia a reportagem na quarta-feira se fosse até as 16h30, quando ele iria para a faculdade. Apesar da barbárie, o silêncio foi absoluto. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, não disse palavra sobre o caso. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também não. Nem mesmo o secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, pronunciou-se. Todas essas autoridades, mesmo provocadas por ÉPOCA, permaneceram caladas. (Na tarde da sexta-feira, Pepe finalmente falou. Disse que o caso é grave e vai acompanhá-lo.)
Após ÉPOCA noticiar em seu site a falta de empenho nas investigações, o governo de Minas se mexeu. Uma equipe de Belo Horizonte chegou a Pedro Paraíso na noite de quarta-feira: um delegado, quatro investigadores e uma escrivã. Na quinta-feira pela manhã, eles estavam no local onde o corpo foi encontrado. De lá, seguiram para a delegacia, onde pediram o material apurado até ali pelos policiais da cidade. Antes do meio-dia, o acesso ao inquérito já estava bloqueado para os investigadores locais. Não havia nenhuma pista de quem decapitou o jornalista Metzker.
TESTEMUNHA O blogueiro Valseque Bomfim, que publica notícias policiais. Ele ouviu dizer que “pegaram o homem errado” (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
Emerson Morais, o delegado de Belo Horizonte que assumiu o caso, comandou as investigações, em 2013, do assassinato de Rodrigo Neto, jornalista de Ipatinga, no Vale do Aço de Minas. Rodrigo denunciava a atuação de policiais corruptos e homicidas da região. Um mês depois, o fotógrafo Walgney Carvalho também foi morto, depois de ter dito pela cidade que sabia quem havia assassinado Rodrigo. Um policial civil foi condenado pela morte de Rodrigo. Um outro rapaz, conhecido como Pitote, ainda será julgado por envolvimento nos dois crimes. O delegado Morais foi procurado pelo blogueiro Valseque, o amigo de Metzker. Valseque contou que fora ameaçado. Um amigo disse a ele que um homem havia perguntado por Valseque num bar. Quando soube que Valseque estava na cidade, comentou que “pegaram o homem errado”. Seu blog, Lente do Vale, publica o mesmo tipo de matérias que o de Coruja.
Metzker não pôde ser velado – o cheiro do corpo decomposto extravasava mesmo com a urna lacrada. Não houve flores. A filha mais velha, Sara, não teve tempo de chegar de Belo Horizonte para se despedir do pai. À meia-noite de segunda-feira, dez parentes e amigos acompanharam o corpo até o cemitério de Medina. O caixão de Metzker ainda não foi coberto com terra ou cimento. Aguarda a documentação para o sepultamento completo. O caso segue aberto, assim como a sepultura de Metzker.
Em 30 anos, a partir de 1979, os professores estaduais mineiros fizeram 15 greves, somando 640 dias parados na luta por salários menos injustos. Não faltou empenho dos trabalhadores no ensino público, mas os resultados foram pífios. Minas continuou sendo um dos Estados que pagavam salários mais baixos a seus professores. Em 2010, ocupava o 18º lugar, embora fosse o terceiro Estado em arrecadação de tributos e em Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil.
Foi preciso o PT assumir o poder para que o Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino de Minas Gerais visse luz no fim do túnel. Conforme ESTE artigo assinado pela coordenadora-geral, Beatriz Cerqueira, o Sind-UTE MG só via trevas, até assinar um acordo com o governo Fernando Pimentel.
“E o que assinamos no dia 15 de maio não foi por bondade de governo, foi resultado de anos de luta”, escreveu Beatriz Cerqueira. “E continuamos mobilizados! Este documento foi o começo da recuperação do que perdemos na última década. Aqui em Minas a pauta da educação se transformou na pauta dos movimentos sociais! Não lutamos sozinhos. E isso causa ainda mais medo na casa grande!”, conclui.
Entre outras conquistas, o acordo prevê o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional aos professores para uma carga horária de 24 horas semanais. Ao longo de dois anos, será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, ficando assegurado o pagamento daquele piso salarial. O reajuste será feito em três parcelas, durante dois anos, e o valor ficará incorporado ao salário, para fins de aposentadoria.
A primeira das três parcelas, a ser paga a partir do próximo mês de junho, é de apenas R$ 190, o que corresponde a um aumento de 13,06% para o Professor de Educação Básica. O que dá bem a ideia de quanto ganha pouco esse professor. E explica porque minha irmã mais velha, a Maria Afonsa, quando se aposentou como professora num grupo escolar da cidade onde morava (Bom Despacho), passou a costurar camisas em casa, para vender.
Ela teria ficado feliz, se não tivesse morrido antes desse generoso aumento salarial, por tantos anos esperado. “Conquistamos as mesmas condições para trabalhadores e aposentados”, disse Beatriz Cerqueira, ao comentar o acordo na assembleia dos professores. E prosseguiu:
“Nós acabamos com o subsídio como forma de remuneração, mantivemos os níveis de percentuais da carreira, de promoção e progressão, conquistamos a garantia de reajustes anuais para todas as carreiras, não apenas os profissionais de magistério, 60 mil novas nomeações de concurso público, aprovação de perícia médica para aposentadoria de trabalhadores da lei 100, ou para os que estão em ajustamento funcional.”
O acordo foi elogiado por políticos petistas, como o deputado estadual Rogério Correia, que fez questão de comparar com episódios recentes envolvendo governos tucanos: “É importante ressaltar a diferença do que está acontecendo, no Paraná, com professores espancados, pela PM, a mando do governo do PSDB, a greve que já dura 60 dias em São Paulo, a greve no Pará e em Goiás, com exemplos que não devem ser seguidos”, enfatizou ele em sua página na Internet.
Depende ainda dos deputados estaduais mineiros transformar em lei o acordo, para que ele passe a vigorar. O governo prometeu enviá-lo à Assembleia Legislativa para apreciação em regime de urgência. Rogério Correia é líder do Bloco do Governo e espera a aprovação da proposta já no início de junho. Como Pimentel tem folgada maioria na Assembleia, é possível que Minas, finalmente, passe a ocupar um lugar menos vergonhoso no ranking estadual dos salários dos professores. Décimo oitavo lugar, nunca mais!
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Salário dos professores
São Paulo paga pior, por exemplo, que Nairobi (Quênia), Lima (Peru), Mumbai (Índia) e Cairo (Egito). Em praticamente toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores aos do professor do Ensino Fundamental em São Paulo.
Magistrado aposentado recebeu a comenda há 33 anos do Governo de Minas Gerais e se indignou com a homenagem ao líder do MST.
A reportagem esqueceu de informar: Tinha que ser um juiz da ditatura. Aliás, recebeu a medalha pelos serviços prestados à Polícia Militar de Minas Gerais. No governo de Francelino Pereira (1979-1983). Na presidência de João Figueiredo (1979-1985).
Juiz Hamilton devolveu pelo correio sua medalha após saber que o Governo concedeu a comenda ao líder do MST. Foto dos tempos de chumbo
Reportagem de Denis Farias
Direto de Porto Velho (RO)
juiz aposentado, Mozart Hamilton Bueno, 74 anos, devolveu esta semana, pelo correio, a Medalha da Inconfidência que recebeu do Governo de Minas Gerais no ano de 1982. Em uma carta aberta, o magistrado conta que o motivo que o levou enviar o presente de volta foi a homenagem feita igualmente a João Pedro Stédile, líder do Movimento Sem Terra (MST) na última terça-feira (21) pelo governador mineiro Fernando Pimentel.
O Terra entrou em contato com o magistrado que vive hoje em Brasília. Por telefone, ele disse que “dói ter que devolver a comenda, mas mais dolorido seria permanecer com ela”. Ele contou também que a própria lei que criou a medalha concorda que, para merecê-la, o homenageado deve ter prestado relevante serviço ao estado de Minas Gerais ou ao Brasil. “Eu te pergunto, esse cidadão Stédile fez o que por Minas? E pelo Brasil?”, questionou.
O juiz foi diretor do Colégio Tiradentes da Polícia Militar em Barbacena-MG durante sete anos, período em que conseguiu transformar a instituição em modelo para o restante do estado. Só dentro da própria Polícia Militar somou 28 anos de trabalho, tempo interrompido apenas quando foi aprovado no concurso para magistratura em Rondônia em 1985. No estado atuou por dez anos, até se aposentar e se mudar para a capital federal.