O escandaloso Eduardo Cunha está manobrando para não investigar a roubalheira do futebol no Brasil, com o mesmo jeitinho que aprovou o financiamento das campanhas políticas por empresas multinacionais. Eduardo Cunha e os “sabidos” sempre lavam vantagem em tudo.
O pedido de criação da CPI na Câmara foi feito pelo deputado João Derly (PCdoB-RS).
A CPI do Senado, proposta pelo senador Romário não teve, até agora, nenhuma cunha. O requerimento já foi lido em plenário e a CPI aguarda apenas a nomeação dos integrantes pelos líderes partidários para ser instalada.
Romário se reuniu nesta segunda-feira com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e obteve dele o compromisso de cooperar com a CPI.
“Janot está alinhado em pensamento com o que propõe a CPI do Futebol, que é a hora de fazer uma limpeza, de moralizar o esporte. Por isso, ele colocou o órgão à inteira disposição da comissão de inquérito”, disse Romário.
Tem muita safadeza para descobrir. Existem muitas histórias escabrosas, e muito dinheiro que termina lá longe nos paraísos fiscais. Sobra ladrão no futebol. E traficante. Sempre existiu a ligação de cartolas com o tráfico internacional de drogas.
Três processos, uma pergunta sem resposta: cadê o DARF, Globo?
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Por Pedro Galindo
Em janeiro de 2013, a servidora pública Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro a quatro anos e onze meses de prisão. Entre outros crimes, ela foi a responsável pelo extravio, em janeiro de 2007, de um auto de infração que tramitava na Receita Federal desde outubro de 2006. No documento, um escândalo: R$ 183 milhões sonegados. Somando a multa e os juros, um total de R$ 615 milhões – quase R$ 1 bilhão, em valores atualizados pelo IGP-M. A ré? Globo Comunicação e Participações.
Em plenas férias, Cristina foi ao escritório da Receita em que trabalhava e simplesmente subtraiu o processo. Além dele, a ex-servidora também levou em sua bolsa a Representação Fiscal para Fins Penais anexada ao processo. O extravio foi confirmado pelas câmeras de segurança e pelo testemunho dos seus próprios colegas de trabalho.
Cristina Meinick, a servidora condenada pelo extravio do processo da Globopar.
(Você pode ler a íntegra da sentença no Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha)
Mesmo com tantas provas – e tantas condenações, em diversas instâncias –, Cristina se mantém em liberdade. Sua situação estava complicada até seus advogados entrarem com um recurso junto ao STF. Lá, o relator sorteado para o processo foi o Ministro Gilmar Mendes, que se encarregou de lhe conceber um providencial habeas corpus. No entanto, Cristina não é mais do que uma coadjuvante quase irrelevante dentro de uma história que começou há mais de uma década.
Enquanto isso, na Suíça…
Havelange e Teixeira: réus condenados na Suíça, blindados no Brasil.
O ano agora é 1998. Antes mesmo do início do Mundial da França ter início, a FIFA já planejava a realização das duas edições subsequentes. Era maio, e enquanto as seleções classificadas se preparavam para estrear nos gramados franceses, João Havelange, então presidente da Federação, negociava a venda dos direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006.
No dia 26, a FIFA fecha com a “Empresa 1” um contrato para transmissão dos Mundiais em rádio e TV para todo o mundo, exceto Estados Unidos e Europa, mediante uma compensação de US$ 650 milhões para o Mundial de Japão e Coreia, e de US$ 750 milhões para a Copa da Alemanha. Posteriormente, nos autos, a identidade real dessa empresa é revelada: trata-se da ISMM X1 AG, do grupo ISL, que opera na área do marketing esportivo e já foi parceiro de alguns clubes brasileiros.
Pouco mais de um mês depois, em 29 de junho, a tal “Empresa 1” assinou um sublicenciamento com a “Empresa 2” e a “Empresa 3” para a transmissão dos eventos no Brasil, no valor de US$ 220,5 milhões. O pagamento ficou acordado para o dia 17 de dezembro do mesmo ano. Nesta mesma data, nasceu a “Fundação 1”, que era composta por membros da diretoria da ISL e alguns outros. Na verdade, ela não passava de uma unidade de negócios da ISL em Liechtenstein, conhecido paraíso fiscal. Havia ainda uma “Empresa 4”, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas (outro refúgio fiscal), que em 8 de fevereiro de 1999 teve seu patrimônio integralmente vendido, exatamente para a fundação em questão.
Essas informações não constam em documentos apócrifos ou “vazados” clandestinamente: estão presentes nos autos da investigação criminal que a Justiça suíça move contra Ricardo Teixeira e João Havelange, e foram tornadas públicas por ordem do próprio Poder Judiciário do país helvético (o blog Tijolaço disponibilizou o arquivo). Não é novidade para ninguém que as batatas de Teixeira e Havelange vêm assando há bastante tempo, assim como é amplamente sabido que a Justiça suíça já os condenou por suborno – este, intermediado justamente pelo grupo ISL. No entanto, os documentos revelam algumas novidades e, principalmente, novas personagens de uma novela que, apesar de pouco noticiada, já vive seus últimos capítulos.
Abaixo, você pode ler os autos do processo contra Havelange e Teixeira na Justiça suíça.
De volta ao Rio
Roberto Marinho ainda estava à frente da Globo em 1999, quando a FIFA negociou os direitos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006.
Pouco menos de oito anos após a “Empresa 2” e a “Empresa 3” realizarem seus pagamentos à ISMM X1 AG para assegurar os direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006 no Brasil, o auditor fiscal Alberto Sodré Zile protocolou o auto de infração contra a Globo Comunicação e Participações. Segundo o documento, a Globopar teria disfarçado a compra dos direitos dos Mundiais, que sofreria tributação, “transformando-a” em investimentos em participações societárias no exterior. A grande curiosidade é que o dinheiro da Globopar foi investido numa empresa denominada Empire (“império”, em inglês) – coincidentemente, nas Ilhas Virgens britânicas, onde a ISL também opera.
Ora, já se sabe que as propinas comprovadamente recebidas por Teixeira e Havelange são frutos exatamente dos contratos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006. E no Brasil, só uma emissora foi autorizada a televisionar tais eventos: a mesma que constituiu a empresa Empire nas Ilhas Virgens e, por isso, responde a um processo de sonegação fiscal – que mesmo extraviado, ainda está tramitando. Apesar da emissora já ter publicado nota alegando ter quitado os créditos fiscais em questão (assumindo, automaticamente, ter praticado o ilícito), a Receita continua declarando em seu sistema que o processo está “em trânsito”. Mas mesmo que os mais de R$ 900 milhões tivessem, de fato, sido pagos (ou melhor, devolvidos aos cofres públicos), isso não eximiria essa tal empresa do crime praticado contra o Fisco.
A única forma de esclarecer tudo, portanto, é mostrando aquele boleto extremamente familiar a todo brasileiro pagador de impostos: o Documento de Arrecadação de Receitas Federais, mais conhecido como DARF. Ao exibi-lo, no entanto, a emissora se colocará numa enorme sinuca de bico – mais precisamente, no epicentro de três processos que têm potencial para arranhar irreversivelmente sua credibilidade, já profundamente abalada por tantos episódios de desrespeito ao Brasil e ao seu povo. Enquanto ela mesma prefere fingir que nada está acontecendo e boa parte dos maiores veículos de mídia seguem a toada, os brasileiros seguem ganhando as ruas. E uma perguntinha singela, mas que não quer calar, preenche todos os requisitos necessários para entrar definitivamente na pauta dos tantos protestos espalhados pelo país: cadê o DARF, Globo?
José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, na Copa do Mundo do Brasil. / RICARDO STUCKERT/FOTOS PÚBLICAS/CBF
Os dirigentes da CBF, acostumados a uma marcação frouxa das autoridades brasileiras, agora enfrentaram os beques carniceiros do FBI. Jogo bruto.
O futebol no Brasil já foi tão importante ao ponto do nosso principal cronista, Nelson Rodrigues, ter definido a seleção nacional como a “Pátria em chuteiras”.
Para o estrangeiro ou desavisado conterrâneo da “Pátria Educadora” que ainda desconhece o tio Nelson, deixo uma comparação bem à maneira da pegada hiperbólica rodrigueana: este monstruoso escritor nascido no Recife e criado no Rio de Janeiro é o Shakespeare dos trópicos. No mínimo.
Muita gente se aproveitou do mote do cronista nos últimos 50 anos. Generais da Ditadura Militar, o governo federal do PT/aliados durante a Copa 2014 e, óbvio, a oposição chefiada pelo tucano Aécio Neves e seus célebres amigos futebolistas, como Ronaldo e o seu então agenciado e subalterno Neymar Jr.
A camisa amarela do escrete também virou fardamento oficial das recentes manifestações que clamavam aos céus pelo impeachment da presidenta Dilma, pediam o golpe dos milicos e o fim da corrupção. Por cima daqueles corações exaltados, em uma espécie de taquicardia cívica e moral, havia o escudo da CBF, a Casa Bandida do Futebol, para usar a sigla na versão do jornalista Juca Kfouri (Folha de S. Paulo e ESPN), um Quixote pioneiro nas denúncias das tenebrosas transações da tal confederação.
Em todos os casos de uso e abuso da “Pátria em chuteiras”, vale a versão verde e amarela do filósofo carioca Millôr Fernandes para uma frase famosa do velho mr. Johnson: “O patriotismo é o último refúgio do canalha. No Brasil, é o primeiro”.
Ricardo Teixeira passa a bola para José Maria Marin, que mata no peito patriótico —o do lado do bolso e do coração— e solta a pelota para Marco Polo Del Nero… Eis o trio de atacantes das últimas três décadas na presidência da CBF. Acostumados a uma marcação frouxa e relaxada por parte das autoridades brasileiras, agora enfrentaram os beques carniceiros do FBI. Jogo bruto. Marin está preso na Suíça, Teixeira e Del Nero, os boas vidas, são citados, nas figuras de “co-conspiradores”, no relatório da investigação americana. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos do seriado.
A certeza absoluta da impunidade foi definida por essa turma da pesada em todos os modos possíveis. Principalmente no “estou cagando e andando” de Teixeira, como disse na histórica entrevista à repórter Daniela Pinheiro (revista Piauí, 2011). Falava sobre as denúncias, as mesmíssimas de hoje, que já borravam a sua ficha corrida. “Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional”, desdenhou. E saiu na noite de ontem, vamos ver os desdobramentos. “Deu até no New York Times”, como a gente costuma se expressar na língua provinciana da taba Tupi desde os tempos do Henfil.
Dinheiro e fase anal
O “cagando e andando”, segundo a teoria da fase anal de Sigmund Freud, significa esbanjamento de grana. Simbolicamente, se meu freudianismo de botequim estiver em dia, Teixeira esnobava sem economizar no verbo ou na gastança, sem qualquer contenção (enfezamento), o seu pecado capital sem origem muito bem resolvida. A merda ou o dinheiro, mesmo de maneira simbólica, sempre deixam rastros. Siga o cacau, digo, a grana, reza o manual do cão farejador de mutretas.
Em crise de qualidade técnica e de moral, o mais correto, caríssimo Nelson Rodrigues, seria dizer que estamos em uma fase da Pátria em sandálias da humildade. Descemos do salto alto. Como repetem por aqui: 7×1 foi pouco. Infelizmente não consigo pensar assim de forma tão fria. Aquela tarde-noite do Mineirão ainda me humilha profundamente. Por mais que eu politize a minha dor, minha dor não cai no conto. Algumas dores dos homens, mesmo as mais bestas, são à prova de analgésicos ideológicos. A dor do futebol principalmente.
Falar neste imoral placar de 7×1, mal o José Maria Marin foi para o xilindró “padrão Fifa” de Zurique e o pipoqueiro cearense aqui da esquina da Miguel Lemos com Nossa Senhora de Copacabana já possuía sua teoria da conspiração mais do que fundamentada: a CBF vendeu a Copa. Tudo armação ilimitada. Pego o metrô Cantagalo/Uruguaiana e o papo é o mesmo. No táxi do flamenguista, idem. No bar Papillon, naturalmente.
No Galeto Sat’s, uns amigos do PSOL, ligados na TV Câmera, vibravam com aquele primeiro gol contra do Eduardo Cunha, na derrota do mafioso peemedebista na votação do chamado voto distritão. No dia seguinte, o mesmo 7×1 de sempre contra uma possível ideia de reforma política, como já previa, distraída no ambiente luxuoso, a nada enigmática Valquíria, a mais cool das damas da noite carioca: “Sou puta velha, entregue às evidências, o contrário de qualquer dissimulada Capitu de araque”.
Capitu, para o amigo que não teve chance ou sede de leitura na “Pátria Educadora”, vem a ser um personagem machadiano sobre quem pairavam algumas dúvidas de conduta amorosa. Deixo o Marechal, meu amigo Álvaro Costa e Silva, em colóquio ilustrado com Valquíria, e sigo no jogo sujo e enigmático da existência até a porta de casa.
“O Brasil vendeu a Copa, hein, seu Xico!”, diz o porteiro Juju, outro nobre cearense. “Será?”, indago. “Quando eu tenho certeza né pouca certeza não”, diz ele, convicto. “É certo como boca de padre, justo como boca de bode”, manda o mantra nordestino.
(…) E coube a este noctívago cronista ficar esperando, agora, a chegada do presidente da CBF, Del Nero, até essa hora da madruga, 05h e alguma coisa. Como sabemos, ele fugiu do Congresso da FIFA, em Zurique, e chegaria hoje ao Brasil. Crente em uma prisão espetacular do folgado cartola, algemas assim que soltar o cinto de segurança, aqui aguardo, dedos coçando sobre a máquina de escrever, para concluir essa crônica…
Quem sabe, né?
Esperei, esperei…
Vixe, ilusões perdidas, como naquele velho e lindo romance francês. Esperei até a chegada de Del Nero no aeroporto de Guarulhos.
Xico Sá, escritor e jornalista, é comentarista esportivo dos programas “Redação SporTv” e “Extra-Ordinários”. Leia outros artigos de Xico Sá no jornal El País, Espanha
Carla Dauden, cidadã brasileira residente nos EUA, garante que não vai ao Mundial de futebol nem aos Jogos Olímpicos no Brasil, em em 2014 e 2016, respectivamente. Num vídeo que publicou ontem no YouTube, e que já reuniu mais de meio milhão de visualizações, explica porquê. “O mundo tem que saber o que realmente está acontecendo” num país que vai gastar milhões a organizar estes eventos desportivos.
Carla é directora de fotografia nos EUA e decidiu gravar um vídeo como resposta a todos aqueles que pensam que o Brasil é só “samba”, “mulheres”, “festas” e “futebol”. Todos lhe dizem que querem ir ao Mundial-2014.
“Mas é aqui que a coisa fica séria”. A jovem brasileira foi buscar os números e quis mostrá-los ao mundo. O Mundial de futebol pode custar ao Estado quase 12 milhões de euros – “mais do que os três últimos mundiais juntos” – e tudo num país que ocupa o 85º posto no ranking de desenvolvimento humano, onde “13 milhões de pessoas passam fome”, onde o “analfabetismo pode atingir os 21%” e “onde muitas pessoas morrem à espera de tratamento médico”.
“Esse país precisa de estádios?”, pergunta.
Enquanto nas ruas brasileiras continuam os protestos, o vídeo que ontem publicou já chegou a mais de meio milhão de pessoas. No Twitter, a directora de fotografia já agradeceu o apoio e a divulgação e promete continuar a luta pela mudança no Brasil. (Jornal Sol, Portugal)
Fez bem o deputado Romário ao propor a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a Confederação Brasileira de Futebol. Romário é do ramo, ou seja, conhece muito bem os bastidores da entidade, agora presidida por José Maria Marin, que sucedeu nada mais nada menos que Ricardo Teixeira. Convenhamos, depois de Teixeira vir Marin é dose cavalar para o esporte mais popular do país. E Teixeira, queimado depois de mais de 20 anos de gestão, indicou Marin.
Teixeira é acusado de várias falcatruas. Numa CPI terá todo o direito de defesa. Já o seu substituto também não pode ser considerado exemplo para o esporte ou para o País, muito pelo contrário. Aliás, o Brasil é useiro e vezeiro de passar por cima de sua memória histórica, como se fatos do passado não interessassem.
Agora, graças ao jornalista Juca Kfouri, foi lembrado em seu blog quem é Marin, como ingressou na política e o seu comportamento (sórdido) durante a ditadura civil militar que assolou o país durante 21 anos a partir de abril de 1964.
Pois bem, José Maria Marin ingressou na política antes de 64 elegendo-se vereador por São Paulo nas fileiras do integralismo, que tinha o nome de Partido de Representação Popular (PRP), capitaneado pelo fascista tupiniquim Plínio Salgado.
DISCURSOS REVELADORES
Depois do golpe de 64, Marin conseguiu se eleger deputado estadual paulista na legenda do partido da ditadura, a Arena, que por sinal está sendo revivida no século XXI , justamente contando com a falta de memória dos brasileiros.
O atual presidente da CBF bateu o recorde em matéria de meu passado me condena, como lembrou Kfouri. No triste momento do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-CODI, Marin teve participação vestindo a camisa da linha dura. Está nos anais da Assembleia Legislativa de São Paulo o discurso que fez poucos dias antes do assassinato do jornalista. Em tom extremista, fazendo eco com a linha dura do regime ditatorial, Marin, em setembro de 1975, pedia maior rigor no combate aos “comunistas da TV Cultura”, e o “retorno da tranquilidade aos lares de São Paulo”. Em seguida, Herzog foi intimado a comparecer na boca do lobo e teve o fim que sabemos.
Mas quem pensa que o apoiador da ditadura José Maria Marin ficou só nisso em matéria de extremismo, engana-se. É de autoria do atual presidente da CBF discurso elogiando a atuação de Sérgio Paranhos Fleury, o hediondo delegado do DEOPS paulista, responsável pela tortura e morte de centenas de opositores da ditadura.
Sempre vinculado ao que havia de pior no mundo político brasileira. Marin foi vice de Paulo Maluf e acabou governando São Paulo por um tempo, sendo posteriormente substituído por governadores eleitos.
Na verdade, uma figura como Marin jamais poderia ter sido galgado à presidência da CBF, porque tal fato depõe contra a imagem do Brasil. Esporte é vida e confraternização. Marin não é nada disso, muito pelo contrário.
No Rio Janeiro uma das melhores escolas da cidade vai ser demolida em virtude das obras da copa do mundo: A Escola Municipal Friedenreich. O impacto desta decisão vem mobilizando parte da sociedade civil que se pergunta quais os critérios para se pensar no desenvolvimento de um município. Uma aluna de 11 anos escreveu uma carta que reproduzo a seguir:
” Meu nome é Beatriz Ehlers, tenho onze anos, e quando crescer eu quero ser arquiteta. Eu estudo na Escola Municipal Friedenreich, que é a quarta melhor escola do Rio. Mas o Governo quer demolir ela e construir uma quadra para o Maracanã. Eu amo a minha escola e todos os alunos, professores e pais também amam ela! Foi aqui que eu aprendi a ler, escrever, usar computador, filmar e editar vídeos e principalmente a respeitar as outras pessoas. Nossa escola é diferente, é um exemplo! Nós pedimos a todos os cariocas e todas as escolas do Rio que assinem a carta de apoio e nos ajudem a impedir que a nossa escola seja demolida. Meus pais, eu e outros alunos vamos entregar essa carta para o governo do Rio:
Bia é uma das melhores alunas da Escola Municipal Friedenreich. Infelizmente o Governo planeja botar a escola da Bia abaixo, interrompendo um projeto pedagógico que vem sendo aprimorado há mais de 20 anos, e erguer uma quadra antes de entregar o complexo Maracanã para ser administrado pela iniciativa privada. Felizmente, ainda dá tempo de alterar o edital de concessão do Maracanã e evitar que a escola seja demolida. Para isso, precisamos convencer o Secretário da Casa Civil, Regis Fichtner, a fazer as mudanças. Não será tarefa fácil, mas com organização e participação de milhares de cariocas, vamos conseguir: a nosso favor, temos o fato da Secretária Municipal de Educação já ter declarado publicamente que é completamente contra a demolição da escola. Além disso, muitos se opõem ao bota-abaixo porque
a escola foi recentemente reformada, a um custo de mais de 270 mil reais.
Fichtner estará presente em uma audiência pública, justamente para discutir a política de concessão do Maracanã. Os alunos, pais e professores da Escola Municipal Friedenreich estarão presentes. Eles estão muito unidos, mas ainda estão desamparados e precisam de toda a ajuda dos cariocas. Não vamos deixar que eles fiquem sozinhos! Pra juntar a sua voz à deles, assine a carta de apoio AQUI
“Seu” Cabral contra as crianças
Governador Sérgio Cabral derruba escola pública para ajudar os ricos da Copa do Mundo na ex-Cidade Maravilhosa, a abandonada Rio de Janeiro, capital do rock e dos gordos gabirus de colarinho branco
De facto, as Olimpíadas do Rio parecem dispostas a aumentar a desigualdade numa cidade já conhecida por essa característica. Em julho, a UNESCO atribuiu a uma parte substancial da cidade do Rio de Janeiro o estatuto de Património Mundial da Humanidade. É uma área que inclui algumas das favelas e morros em que vivem mais de 1,4 milhões dos seus seis milhões de habitantes. Nenhuma favela pode reivindicar maior importância histórica do que a primeira a surgir no Rio, a do Morro da Providência. No entanto, os projetos de construção olímpica estão a ameaçar precisamente o futuro dessa área.
A favela Providência começou a formar-se em 1897, quando veteranos da sangrenta Guerra de Canudos, no nordeste do Brasil, receberam a promessa de concessão de terras no Rio de Janeiro, que na época era capital federal. Ao chegarem, descobriram que não havia terras disponíveis. Depois de acamparem em frente ao Ministério da Guerra, os soldados foram removidos para um morro das proximidades, que pertencia a um coronel, mas não receberam os títulos de propriedade da terra. Originalmente batizada de “Morro da Favela”, nome da planta espinhosa típica das colinas de Canudos, onde haviam passado inúmeras noites, a Providência cresceu ao longo do começo do século XX, à medida que escravos libertos se juntavam aos antigos combatentes. Grupos de novos migrantes europeus também se estabeleceram por lá; esse era o único modo acessível de viver perto dos empregos no centro da cidade e no porto.
Com vista para o local por onde centenas de milhares de escravos africanos entraram no Brasil pela primeira vez, a Providência é parte de um dos sítios culturais mais importantes da história afro-brasileira, berço da criação dos primeiros sambas comerciais, onde floresceram tradições afro-brasileiras como a capoeira e o candomblé e onde se fundou o Quilombo Pedra do Sal. Hoje, 60% dos moradores da área continuam sendo afro-brasileiros.
um terço da comunidade já foi marcada para remoção e as únicas “reuniões públicas” organizadas visavam apenas informar aos moradores qual seria seu destino. Durante o dia, as iniciais da Secretaria Municipal de Habitação e um número são pintados nas paredes das casas com tinta-spray. Moradores voltam para casa e descobrem que suas casas serão demolidas, mas não recebem nenhuma orientação sobre o que vai acontecer com eles e nem quando será.
Um passeio rápido pela comunidade revela a assustadora situação de insegurança em que os habitantes estão vivendo: no topo da colina, aproximadamente 70% das casas estão marcadas para despejo: uma área que a princípio deverá ser favorecida pelos investimentos que estão a ser realizados em transporte. Mas o teleférico de luxo vai transportar entre mil e três mil pessoas por hora durante os Jogos Olímpicos. Portanto, não serão os moradores os beneficiados, e sim os investidores.
Os habitantes da Providência estão temerosos. Apenas 36% deles possuem documentos a comprovar os seus direitos de propriedade, em comparação com 70 a 95% na mesma situação em outras favelas. Mais do que em outras comunidades pobres, esses moradores estão muito desinformados sobre os seus direitos e apavorados diante da possibilidade de perderem as suas casas. Some-se a isso a abordagem da prefeitura de “dividir para reinar”, — os residentes são confrontados individualmente para assinar o reassentamento e não se permitem negociações comunitárias — e a resistência é silenciada de modo efetivo.
A pressão exercida pelos grupos de direitos humanos e pelos media internacional tem ajudado. Mas os despejos brutais continuam e surgem formas de remoção novas, mais subtis. Leia mais
Antingamente se fazia piada com os portugueses. Mas está provado, pesquisa mostra que Minas tem 200 mil casas sem banheiro
Mapeamento da Sedese revela que, em 71 cidades do Estado, 20% das residências não têm água encanada
Narra Rosildo Mendes: “O baixo nível de escolaridade, a falta de acesso à água potável e a falta de banheiros com sanitários são problemas graves e que afligem pelo menos 200 mil residências, em Minas Gerais. É perverso, mas o fato é que um mapeamento divulgado nesta semana pelo Projeto Porta a Porta, coordenado, pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), feito em 71 municípios mineiros, mostrou que há muitas famílias que vivem em total situação de pobreza e semianalfabetismo. Cerca de R$ 38 milhões serão liberados pelo governo do Estado para serem depositados nas contas das prefeituras das cidades apontadas no estudo, desde que os prefeitos apresentem um projeto que ajude a mudar essa realidade.
De acordo com o documento, os questionários apontaram que em 72% das casas visitadas, pelo menos uma pessoa, com mais de 15 anos, tem menos de cinco anos de estudo. O diagnóstico apontou ainda que 23% dos domicílios são carentes de sanitário (não têm pia, chuveiro ou vaso sanitário) e 20% não tem acesso à água encanada. As visitas foram realizadas entre março e abril deste ano e o mapeamento vai continuar”.
Mais revelações de um desconhecido ou escondido País da Geral vão aparecer. Mas não será a pobre realidade de um povo que vai desanimar as autoridades. A gastança continuará para que a Copa do Mundo aconteça no luxo e na riqueza.
No País que não se faz nada que preste para o povo. E tudo de maléfico. O que espanta é a resignação do povo. A indiferença das igrejas. A apatia dos jovens.
Leonardo Boff
Segundo a Transparência Internacional, o Brasil comparece como um dos países mais corruptos do mundo. Sobre 91 analisados, ocupa o 69% lugar. Aqui ela é histórica, foi naturalizada, vale dizer, considerada com um dado natural, é atacada só posteriormente quando já ocorreu e tiver atingido muitos milhões de reais e goza de ampla impunidade. Os dados são estarrecedores: segundo a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), anualmente, ela representa 84.5 bilhões de reais.
Se esse montante fosse aplicado na saúde subiriam em 89% o número de leitos nos hospitais; se na educação, poder-se-iam abrir 16 milhões de novas vagas nas escolas; se na construção civil, poder-se-iam construir 1,5 milhões de casas.Só estes dados denunciam a gravidade do crime contra a sociedade que a corrupção representa. Se vivessem na China muitos corruptos acabariam na forca por crime contra a economia popular.
Todos os dias, mais e mais fatos são denunciados como agora com o contraventor Carlinhos Cachoeira que para garantir seus negócios infiltrou-se corrompendo gente do mundo político, policial e até governamental. Mas não adianta rir nem chorar.Importa compreender este perverso processo criminoso.Leia mais
O Brasil tem 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola, conforme dados divulgados pelo movimento Todos Pela Educação (TPE).
“Esses 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola excede a população do Uruguai. É uma população mais difícil de incluir porque são aqueles que estão no campo, em favelas, bairros muito pobres”, comentou a diretora executiva do TPE, Priscila Cruz.
O Estado que menos atende, com 85%, é o Acre. Em seguida vêm o Amazonas (85,5%), Roraima (86,9%), Pará (88,7%), Amapá (88,9%), Rio Grande do Sul (89,1%) e Goiás (89,9%). O País também não atingiu a meta do TPE de toda criança estar alfabetizada até os 8 anos de idade, que, para 2010, era de 80% do aprendizado esperado até o final do 3º ano. Conforme dados da ProvaABC, aplicada em 2011, em escrita a média nacional foi de 53,3%, em matemática 42,8% e em leitura 56,1%.
Uma vergonha que o Rio Grande do Sul faça parte de tão cruel estatística.
A Federação Brasileira de Hospitais destacou o comentário do ex-jogador Romário, agora deputado federal, que declarou, ao contrário do que se propala, a Copa do Mundo custará para os cofres públicos a importância de mais de R$ 100 bilhões.
Todas as estimativas de custos para a Copa do Mundo já foram superadas, nada do que foi calculado é exato, tudo custará muito mais caro do que foi orçado.
Com 20% do que os cofres públicos vão gastar com a Copa do Mundo, poderíamos solucionar todos os problemas de saúde brasileiros.
Como é que um país de tantas lacunas no seu sistema de saúde e com 76% das suas estradas esburacadas, sem esgotos para a maioria de seu povo, pode se dar ao luxo de instalar uma Copa do Mundo?
Calça de veludo e bumbum de fora.
Esse dinheiro que será miseravelmente desperdiçado na Copa do Mundo, sem falar no superfaturamento lógico e fatal, pertence ao povo brasileiro. O povo brasileiro tinha de designar o seu fim. E certamente não seria para a frivolidade de uma Copa do Mundo.
Não sei onde é que vamos parar com essa loucura social.
Tínhamos que empregar todas as nossas verbas para solucionar os nossos mais dramáticos problemas e mudamos de assunto: inventamos a realização de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada que a nada nos levam, que tinham de ser levadas a efeito em países ricos, jamais num Brasil que não dispõe de leitos hospitalares para seus filhos nem presídios minimamente decentes para seus delinquentes.
Isto é um deboche. Um escárnio.
Mas muita gente respeitável apoia. (Jornal Zero Hora)
Temos assim corrupção + esbanjamento de dinheiro com coisas desnecessárias, fúteis, ostentação gaiata de ser a sexta ou a quinta potência do mundo.
Quantos brasileiros morrem, diariamente, por falta de socorro médico, nas capitais, que centenas e centenas de cidades interioranas não possuem nenhum leito hospitalar?
Cem milhões de indivíduos têm um rendimento mensal máximo de 270 reais, que não passam dos 130 dólares para os menos miseráveis. Quem se preocupa como reside e o que come essas manadas de bichos – metade da população – que chamamos de brasileiros?
Para realizar a Copa do Mundo em 1950, o Brasil construiu o Maracanã, era presidente do Brasil o general Gaspar Dutra. O Maracanã hoje é propriedade de Eike Batista, que comprou por alguns tostões. Quanto custa o Maracanã, que vai ganhar um imenso terreno para estacionamento, considerando apenas o terreno?
Não esquecer que em 1950 havia estabilidade no emprego, cassada em 1964 pelo marechal Castelo Branco. Hoje não existe mais emprego fixo.
Que vai acontecer com o Brasil depois de 2014? O que padece hoje a África do Sul para pagar as dívidas da Copa do Mundo.
O que vai acontecer com o Brasil depois da Olimpíada de 2016? A crise que atormenta hoje a Grécia. Uma crise que tem efeito dominó aqui. E olha que a Olimpíada da Grécia aconteceu em 2004.