O jornal francês Le Monde divulgou um perfil do juiz paranaense Sérgio Moro, que ganhou notoriedade internacional com o julgamento dos réus da operação Lava Jato. Moro é comparado pela correspondente Claire Gatinois com o controverso personagem Eliot Ness, da série americana “Os Intocáveis”.
Com sua equipe de agentes federais e milicianos, Ness desmascarou a máfia que contrabandeava bebibas durante a Lei Seca americana e impunha o terror na década de 30, em Chicago. “Esse juiz do interior do Paraná, com cara de policial de filmes B, provoca calafrios nos caciques políticos em Brasília e empresários de São Paulo”, diz o texto.
Moro age como qualquer miliciano, ora fora, ora dentro da lei. Criou uma fábrica de delações premiadas. Quem delata sai solto, e perdoado. Quem não quer contar estórias do agrado de Moro vai preso. O blogue O Antogon!sta denunciou:
“Delator diz que mentiu porque foi ameaçado
O JN mostrou agora vídeo de novo depoimento de Fernando Moura em que ele alega que mentiu para Sérgio Moro porque se sentiu ameaçado por um homem que encontrou na rua.
O homem, um desconhecido, esbarrou nele e perguntou como estavam seus netos no sul do País.
Um juiz fora de controle
The Sunday Times, em artigo assinado pelo editor-executivo Ian Dey sobre o trabalho do Juiz Moro, compara o magistrado brasileiro ao agente do Tesouro dos EUA, Elliot Ness, que levou Al Capone à Justiça e cuja história deu origem ao filme “Os Intocáveis”.
Diz o título:
“Eliot Ness brasileiro está fora de controle”
Segundo o texto, na própria Inglaterra há críticas à postura de “intocável” do juiz Sérgio Moro, que vem sendo acusado por entidades internacionais de “desrespeitar a Constituição Federal brasileira e também tratados de defesa dos direitos humanos em seus mandados de prisão”.
Em alguns casos, acrescenta Dey, há dúvidas se o princípio da inocência está sendo respeitado.
Para o Times, a atitude de Moro levanta suspeitas de que ele estaria se preparando para uma candidatura à Presidência da República nas próximas eleições, “especialmente em um momento de forte pressão pela saída de Dilma Rousseff”.
Menciona, ainda, que o CEO do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho sem julgamento porque não assinou acordo de delação premiada.
Esses acordos, inclusive, também são alvo de questionamento por especialistas, conclui o texto.