Entrevista de Dilma proibida por Temer: A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar a lembrança desse governo golpista

Michel Temer ordenou que a EBC não colocasse no ar a entrevista de Dilma Rousseff concedida ao jornalista Luis Nassif. A TV Globo, porta-voz do governo golpista, tomou as dores do pequeno ditador e reclamou.

Lembra Nassif, respondendo às críticas da televisão dos irmãos Marinho: “Quem assistiu a entrevista viu uma primeira parte, em que questionei Dilma sobre todos seus erros. E uma segunda em que a deixei à vontade para falar.

Aliás, a ideia de que toda entrevista é um embate entre entrevistador e entrevistado, uma luta de boxe, é um tic típico de um certo jornalismo espetáculo. É colocar o entrevistador como personagem principal, e não o entrevistado. A maior das entrevistadoras brasileiras, Marilia Gabriela, torna-se quase uma confidente do entrevistado. Porque o que interessa é obter o maior número de revelações. E a entrevista de pugilato não busca a informação, mas transformar o entrevistado em escada para o entrevistador.

Todos os jornais deram uma cobertura decente para a entrevista e, lá no pé, deram o devido crédito ao entrevistador.

Menos os veículos da Globo“.

 

Governo Temer é a síntese do que pensa Eduardo Cunha

por Patricia Faermann

Em entrevista exclusiva a Luis Nassif, a presidente afastada expôs o papel de Eduardo Cunha, Michel Temer, Aécio Neves e a Lava Jato no seu impeachment

Jornal GGN – “O governo Temer é a síntese do que pensa o Eduardo Cunha”, disse a presidente afastada Dilma Rousseff sobre o desfecho do processo de derrubada do cargo mais importante da República, que começou com o PSDB em 2014, concluindo-se no movimento de centro-direita na ascensão do poderio de Cunha. Dilma também revela o papel da Operação Lava Jato, em entrevista exclusiva concedida a Luis Nassif, na TV Brasil.

Dilma Rousseff retorna dois anos atrás para explicar como Aécio Neves (PSDB-SP), a Lava Jato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Michel Temer conectam-se nesse processo de tentativa de destituí-la do poder.

A primeira das empreitadas partiu do candidato derrotado, Aécio Neves (MG), nas eleições presidenciais de 2014. “A reação foi bastante atípica em relação ao que vinha ocorrendo no Brasil. Ninguém nunca pediu recontagem de votos, ele pediu. Ninguém nunca pediu para fazer auditoria nas urnas eletrônicas, que são tidas no Brasil como uma das grandes e positivas ações que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizou nesse país”, lembrou, citando duas medidas tomadas pelo PSDB, ainda naquele ano, na insistência de não garantir à Dilma a conquista das urnas.

“Eu tinha de ser diplomada no início de dezembro. Mas em dezembro, eles entram no TSE alegando que a minha campanha tinha problemas e eu não podia ser diplomada”, também mencionou, completando que a tentativa foi fracassada, porque o Tribunal aprovou as contas da presidente Dilma, realizando a sua diplomação no dia 18 de dezembro. Apesar da aprovação do Judiciário, o partido de Aécio não desiste e entra com outro pedido, no mesmo dia, de cassação da candidatura da chapa vencedora.

Paralelamente às tentativas da oposição, Dilma relata que toma rigidez um movimento do PMDB à direita, sob o comando explícito do deputado Eduardo Cunha (RJ). Essa mudança atingiu o seu sucesso na ascensão de Cunha à presidência da Câmara. Mas o início dessa mobilização, relembra a presidente, foi estruturada em anos anteriores.

“Começa o que eu reputo ter sido extremamente grave. Já no final do meu governo, nos dois últimos anos, você via uma movimentação muito atípica para a direita dentro do centro. O centro começa a, no início bem lenta, mas muito clara, a convergir para a direita”, disse.

Citou a dificuldade enfrentada para aprovar dois projetos que trariam grandes benefícios ao Brasil: o Marco Civil da Internet e o Marco Regulatório dos Portos – este último, ainda, com grandes interesses do próprio peemedebista Eduardo Cunha.

“O que era a Lei de Portos? Tratava-se de abrir os portos para investimentos privados e renovar as concessões, através de processos públicos, do que havia de concessão extremamente antiga nos chamados portos públicos. Para aprovar isso, nós tivemos uma imensa dificuldade”, disse a presidente, concordando que, por outro lado, Cunha tinha um papel de lobby muito forte na aprovação.

“Enquanto [Eduardo Cunha] era líder do PMDB, porque ele ocupa uma liderança da direita dentro do centro, ele leva o centro para a direita, uma parte expressiva do PMDB e dos partidos que orbitam no centro. Este processo culmina com a eleição dele [na Presidência da Câmara]. Nós tivemos uma derrota ali”, afirmou.

Questionada se era viável abrir espaço de composição com Eduardo Cunha, como forma de garantir certa governabilidade, Dilma respondeu: “Sabe qual é o grande problema de compor com Eduardo Cunha? É simples. Ele tem pauta própria”, negando.

“[O PMDB] adota uma das pautas dos polos. Isso ocorreu no governo do Fernando Henrique Cardoso e nos governos do PT. No momento em que o centro passa a ter pauta própria e é uma pauta conservadora e de negócios, fica muito difícil a relação com o centro”, analisou Dilma.

E é nesse momento em que o então presidente da Câmara se vê em uma posição de domínio e controle sobre as pautas de seu interesse, diante do recuo do governo federal em negociar com o Legislativo, que Cunha passa a ser alvo de uma única obstrução ao seu avanço: torna-se investigado da Operação Lava Jato.

Para a presidente Dilma Rousseff, as investigações sobre os esquemas de corrupção da Petrobras a afetaram não diretamente, como analisam alguns jornais e especialistas: mas por colocar em risco políticos do Congresso, esses partidos tentaram negociar com o Planalto a impunidade como moeda de troca para salvar o seu mandato.

“Tem o efeito da Lava Jato, mas eu não acho que o efeito da Lava Jato seria o mesmo se o controle do centro estivesse em outras mãos”, defendeu Dilma Rousseff. Para a presidente afastada, foram dois movimentos que indicam a sua tese: a revelação recente de que caciques do PMDB tentaram se evadir das investigações, conforme mostraram as gravações do ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, e a chantagem explícita de Eduardo Cunha em seu processo de cassação na Câmara.

“Isso fica claro no processo de aceitação do impeachment. Porque tem muita gente que defende que nós teríamos que abrir uma negociação [com o PMDB de Eduardo Cunha], como se fosse algo da má vontade do governo, inclusive atribuía-se a mim não ter conversado com parlamentares, não querer negociar”, respondeu a presidente.

“Não tem negociação possível com certo tipo de prática!”, defendeu Dilma.

Expondo a chantagem feita por Eduardo Cunha, a presidente afastada conta que com o avanço das investigações da Procuradoria-Geral da República sobre o peemedebista, a reação do deputado foi: “‘Ou vocês me dão três votos, ou eu aceito a questão que o Miguel Reale e a dr. Janaína entram naquele pedido de impeachment'”, contou.

“Ora, [Cunha] faz isso de forma pública. Toda a imprensa relata. No dia em que [o governo] não aceita os três votos, o próprio Miguel Reale, ex-ministro da Justiça do sr. Fernando Henrique Cardoso, diz: ‘trata-se de uma chantagem explícita'”, completa.

Dilma, contudo, mantém cautela e não generaliza a atuação do deputado a todo o partido. “Eu não acho que o mesmo tipo de política você poderia considerar entre o PMDB do Senado, acho que ele é qualitativamente diferente. Eu não quero entrar em um personograma, mas é diferente. Não tem a mesma pauta, tem uma pauta mais progressista e tem um nível de discussão de outro patamar”, afirmou.

Sobre o desfecho desse cenário de tratativas, iniciadas pelo PSDB logo após o resultado das urnas, em 2014, e seguidas pelo PMDB de Eduardo Cunha, o resultado visível, para Dilma, é o governo de Eduardo Cunha personificado na gestão do interino, Michel Temer.

“Está claro. O governo Temer é a síntese do que pensa o Eduardo Cunha. O governo Temer expressa claramente a pauta do Eduardo Cunha”, afirmou, completando que pauta de interesses próprios “é do Eduardo Cunha, porque ele hegemoniza este grupo que constitui o governo Temer”.

Em um dos exemplos de que o processo de impeachment foi a porta encontrada pelo interino Michel Temer para materializar a sequência do 3º turno, iniciada em 2014, Dilma citou um dos trechos em que é alvo do processo no Congresso:

“O plano Safra chega a ser ridículo, sequer eu assinei uma vírgula, porque não é o presidente que executa o Plano Safra. Ademais, eles dizem: ‘a presidenta conversava muito com a pessoa, o secretário que geria o Tesouro e o plano’. E esse secretário era, segundo eles, o Arno Augustin. Ocorre que, em 2015, o secretário do Planejamento não era o senhor Augustin, mas era o atual Secretário Executivo em exercício do Planejamento, Dyogo [de Oliveira]”, disse. “Um dos executores do Plano Safra é hoje ministro do Planejamento”, rebateu Dilma Rousseff, com a conclusão: “Obviamente, neste processo, eles estão absolutamente conscientes que não tem base para impeachment”.

 

Dilma faz o diagnóstico invisível da sua gestão econômica

por Patricia Faermann
Com colaboração de Tatiane Correia

A presidente afastada Dilma Rousseff apresentou um diagnóstico das medidas econômicas tomadas na metade de seu primeiro mandato e no segundo. Em entrevista exclusiva a Luis Nassif, na TV Brasil, explicou que as condições iam muito além das análises de mercado vistas de fora. Como obstáculos, Dilma apontou como fatores decisivos para as ações de sua equipe econômica a financeirização da economia brasileira, a grande pressão do Banco Central sobre a inflação, o fim do superciclo das commodities e, visto como um fator subestimado por olhares de fora, o cenário de seca não previsto que afetou a produção das hidrelétricas de 2012 até 2015.

Entre os motivos já visíveis, Dilma lembrou do cenário de política de controle da taxa de câmbio, taxas de juros, redução dos custos do trabalho e contribuições sobre a folha de pagamento. “Nós viemos a partir de um diagnóstico que a crise, mais cedo ou mais tarde, chegaria aos países emergentes. (…) E começa uma política, que eu diria que é uma política de controle da taxa de câmbio por parte dos países envolvidos, para criar condições para eles fazerem o superávit comercial. Diante disso, vimos que eles iriam diminuir aceleradamente e verticalmente a taxa de juros, o custo do capital, do ponto de vista da economia internacional e também o custo do trabalho”, relembrou.

A presidente lembra que a estratégia, à época, era investir em uma política anticíclica de combate à crise, que teve início no final do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2009 e 2010, e que foi intensificada na gestão da sucessora. “Nesse processo, nós buscamos de forma sistemática essas duas questões: reduzir o custo do trabalho e, por isso, reduzimos todas as contribuições sobre a folha de pagamento – deu algo em torno de uns R$ 28 bilhões”, contou, sobre as medidas adotadas já em seu segundo mandato, mas que afirmou já estar previsto desde a sua primeira gestão no Executivo. Entre as tomadas, Dilma também destacou a preocupação de seu governo na política de conteúdo nacional, como forma de evitar o “efeito violento da taxa de câmbio” sob a a competitividade, que fazia com que o país importava quase 35% dos automóveis, por exemplo.

“Todas essas políticas, junto também com o barateamento pelas condições internacionais da taxa de juros, foi possível reduzir as taxas de juros”, afirmou. O problema, ressaltou Dilma, foi a “sistemática crítica a esse processo” sofrida pelo governo, o que provocou um “efeito sob as expectativas”. “Tanto é que, com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cobrando taxas de juros do programa de sustentação de investimento de 2,5%, você não consegue recuperar o investimento”, lembrou.

O jornalista Luis Nassif questionou, então, o fator da taxa Selic, que atingia 7,5% na ocasião, gerando uma expectativa nos fundos de pensão e fundos familiares de que o cenário se estenderia a longo prazo. A presidente admitiu que houve uma grande pressão do Banco Central sobre a taxa de inflação, além dos diversos interesses na rentabilidade financeira. “Ali, a política tradicional do Banco Central começa uma pressão, uma pressão sob a taxa da inflação. Tanto que nós tentamos uma série de medidas para impedir que houvesse uma explosão, principalmente, dos preços administrados”, contou.

“Tem um grau de financeirização na economia brasileira, em que todos os setores têm interesses. Havia, e acho que isso ficou patente, uma grande resistência à queda da taxa de juros. Não era algo trivial. Inclusive, porque diziam que estavam afetando o valor das ações na bolsa. Havia, então, uma situação que era bastante diversa para, não só aqueles que atuam especificamente no setor financeiro, mas também na indústria em geral e no setor serviços”, completou.

Entretanto, a presidente afastada defendeu que, apesar das pressões, a sua equipe econômica apostava no cenário de “virada”. “E percebemos que estava virando”, disse, completando que o momento em que a retomada passou a ocorrer é que não ajudou. “Vira em um momento muito estranho, porque se combina também com as manifestações de junho de 2013. Que são estranhíssimas naquele quadro em que se tinha uma taxa de juros caindo, uma taxa de investimento tentando ser alavancada, você tinha uma redução grande dos impostos”, analisou. Além disso, dentro da gestão econômica, Dilma ressaltou que o Orçamento, sobretudo em momento de crise econômica em que os riscos sofrem ainda mais pressões de interesses, entra para uma batalha “de disputa política”.

Em um momento de grande pressão sobre as taxas, que a presidente situa na metade de 2013, ela acredita ter ocorrido uma recuperação no fim daquele ano, quando as pressões estariam “palpáveis”, embora o governo não tenha conseguido “segurar”. “Mas nós ainda fizemos um esforço. Aí começa algo que vamos sentir aos poucos, não se tem noção disso de imediato, que é o fim do superciclo das commodities”, lembra Dilma, ao comentar sobre o segundo grande obstáculo em sua gestão. “O fim do superciclo das commodities começa lentamente, lá pelo início de 2014, o petróleo ainda está no patamar dos 80, 100 dólares o barril. A China ainda não tem uma aterrisagem mais profunda. Ela ainda está crescendo entre 8% e 9%. Não há uma indicação muito clara disso”, conta a presidente.

O terceiro fator – e que, em sua visão, foi subestimado pelo país – foi a seca vivida em 2012 e 2013, que teve uma expectativa de redução para o ano seguinte. Contudo, além da seca não ter se reduzido, o problema acabou se prolongando para 2015. “A expectativa é que ela tinha de ser mais suave. E os primeiros indícios, pelo final do ano (2013), dava a entender que ela não ia ser tão forte”, relembra. “Em 2015, nós temos uma intensificação violenta da seca, a ponto de chegar a 8% o reservatório de Furnas, que é o maior do país, já no final de 2014 e é muito forte no início de 2015”, contou.

Na época, o governo ainda sofreu pressão de diversos setores de que se deveria optar pelo racionamento, para evitar um colapso. “Não era necessário, porque tinha uma estrutura de térmicas”, disse, ressaltando o custo a ser pago: “Mas isso significava uma pressão muito forte na inflação. Muito forte. E nós tivemos uma alteração de preços relativo ali violenta”.

Para analisar e criar toda a estratégia econômica de seu governo, Dilma Rousseff disse que o responsável foi o então ministro da Fazenda Guido Mantega (que esteve no cargo até novembro de 2014) e sua equipe econômica. Revelou que, mesmo após a saída do ministro, foi o seu “delinear” deixado na equipe que formou as medidas de “ajuste rápido”, para recuperar a economia, logo no início de seu segundo mandato. “E se coloca a necessidade de duas coisas: da CPMF e da mudança dos juros sob o capital, a partir da discussão sobre dividendos e sobre heranças. Na nossa avaliação, nós teríamos de fazer um ajuste rápido, que teria como fundamento um corte de despesas, mantendo os programas sociais, e teríamos de iniciar, imediatamente, um processo para ampliar a receita. Primeiro, reduzindo as próprias desonerações que nós tínhamos dado. Segundo, ampliando os impostos”, disse.

Ao ser questionada sobre a visão de que, em um processo de crise, o ajuste fiscal pró-cíclico aprofunda a recessão, Dilma respondeu: “Nós temos clareza absoluta disso”. Entretanto, explicou que o limite do Orçamento não absorvia mais investimentos. “Se você absorve de forma contínua no Orçamento, no ajuste, naquelas condições que nós estávamos absorvendo, com a inflação saindo do controle, por uma pressão clara, e, ao mesmo tempo, se você embute no Orçamento toda uma política anticíclica, você não suporta”, disse. “Como você diminui a ‘pró-ciclidade’, vamos dizer assim, da política? Ao mesmo tempo que você corta despesas, refaz, porque nesse momento de crise fiscal você pode fazer alguns ajustes”.

 

Confira a íntegra da entrevista com a presidenta afastada Dilma Rousseff na TV Brasil

 

Luis Nassif entrevista Dilma Rousseff. Veja vídeo aqui

Temer censura e pretende evitar que Dilma fale com o povo

O interino Michel Temer vem fechando o cerco para amordaçar e evitar qualquer contato de Dilma Rousseff com as multidões.

A decisão ditatorial começa pela proibição de usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a outros Estados do Brasil. Ficou permitido apenas deslocamentos a Porto Alegre, onde tem residência.

O avião presidencial agora é de uso restrito do casal Michel e Marcela e familiares e amigos íntimos.

Os meios de comunicação de massa também foram avisados: quem ousar noticiar manifestações contra o golpe terá a publicidade do governo da União cortada, e a determinação vale para todos os ministérios, bancos oficiais e empresas estatais. Uma circular secreta foi enviada aos governadores estaduais e prefeitos das capitais que apóiam a cassação de Dilma.

A lei da mordaça para a presidenta do Brasil vale inclusive para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Michel Temer (PMDB) colocou um pau mandado para assumir a estatal que tem como dever jornalístico divulgar a verdade, e abrir espaço para notícias de diferentes fontes.

Temer exonerou Ricardo Melo, mesmo tendo um mandato de quatro anos ainda por cumprir, e nomeou um testa de ferro, burocrata e fanático golpista Laerte Rimoli.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a diferença entre o perfil dos dois comunicadores é notável. Rimoli já ocupou cargos públicos e ligados a partidos políticos, como assessor de imprensa do Ministério da Comunicação durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e coordenador de campanha de Aécio Neves (PSDB) durante a última corrida presidencial.

Em dezembro de 2015, aceitou o convite de Eduardo Cunha (PMDB) e assumiu o cargo de diretor de comunicação da Câmara dos Deputados. Além disso, o novo comandante da EBC coleciona publicações contra Dilma e Lula em redes sociais, como “Dilma não tem vergonha de ser ridícula” e “Xô PT. Xô Dilma. Xô Lula”. Tão farsante que apagou a conta no Twitter após ser indicado para comandar a empresa estatal.

A ilegal, execrável, absurda nomeação do títere Rimoli foi derrubada pela Justiça. Volta Ricardo Melo, que divulga uma entrevista proibida com Dilma. Desgostoso e contrariado, o pequeno ditador Michel pede a saída de Ricardo Melo.

Transcrevo do Clik Política: A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação da decisão do ministro Dias Toffoli que permitiu o retorno ao cargo do diretor-presidente exonerado da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Melo.

Na petição enviada ontem (9) ao ministro, a AGU alegou “desvio de finalidade” na decisão da presidenta afastada, Dilma Rousseff, que nomeou Melo para o cargo.

“É fato notório que a nomeação do Sr. Ricardo Pereira de Melo para o cargo de diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação foi feita nas vésperas do inevitável afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Ora, a nomeação feita de forma apressada ocorreu unicamente para impedir que o futuro presidente [hoje em exercício] pudesse realizar a nomeação de acordo com critérios legítimos”, diz a petição.

Na manifestação, a AGU também afirma que “outros elementos caracterizadores desse desvio estão estampados pela linha editorial da EBC”. A alegação é a de que, sob o comando de Ricardo Melo, a empresa “assumiu, sem qualquer tipo de disfarce, a defesa indireta desta última [Dilma], contrariando os princípios e diretrizes estabelecidos pela Lei 11.652/08 [lei que criou a EBC], notadamente a não vinculação ideológica da empresa”.

Não há previsão sobre nova decisão do ministro Dias Toffoli sobre caso. A liminar garante Ricardo Melo no cargo até a decisão de mérito do mandado de segurança, ainda sem data para ocorrer.

Melo foi nomeado diretor-presidente da EBC por Dilma, no dia 3 de maio, uma semana antes de o Senado afastá-la temporariamente do cargo. Ao assumir interinamente a Presidência, Michel Temer nomeou para a presidência da EBC o jornalista Laerte Rimoli. Após a nomeação de Rimoli, Melo recorreu ao Supremo, e a liminar foi concedida pelo ministro Dias Toffoli no dia 1º de junho.

Ao recorrer da decisão presidencial, Melo argumentou que a lei que cria a EBC estabelece que os mandatos do diretor-presidente e do diretor-geral da empresa têm quatro anos e que seus ocupantes só podem ser destituídos por decisão do Conselho Curador da EBC (órgão composto por representantes da sociedade civil e do governo) ou por razões legais.

O argumento usado pela defesa de Melo foi que a exoneração “viola um ato jurídico perfeito, princípio fundamental do Estado de Direito, bem como um dos princípios específicos da radiodifusão pública, relacionado com sua autonomia em relação ao governo federal”.

Na decisão proferida no dia 1º de junho, o ministro Dias Toffoli entendeu que a obrigatoriedade de preservar o mandato de quatro anos para cargo de presidente da EBC, previsto na lei que criou a empresa, serve para assegurar autonomia à gestão da empresa.

“Parece-me que a intenção do legislador foi exatamente a de garantir certa autonomia ao corpo diretivo da EBC, o que se apresenta, em meu juízo precário, consentâneo com a posição da Empresa Brasileira de Comunicação, que tem por finalidade a prestação de serviços de radiodifusão pública, sob determinados princípios, dos quais destaco autonomia em relação ao Governo Federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”, disse o ministro na decisão.

Em nota divulgada após a decisão de Dias Toffoli, o Conselho Curador da EBC elogiou a decisão do ministro. O conselho já havia se posicionado, anteriormente, contrário à exoneração de Ricardo Melo.

O golpista Cássio Cunha Lima

O retrato de um golpista, Cássio tucano corrupto que conspirou o golpe para cassar Dilma e entregar a presidência do Brasil a Temer do PMDB de Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e outros ladrões.

Cássio tem como companheiros de partido os senadores Anastasia de Furnas, Aloysio Nunes Cabo Anselmo, Aécio Neves o rei do Nióbio, o entreguista do Pré-Sal José Serra, FHC do Proer dos Bancos e da privataria, o merendeiro Alckmin, o nazista Richa e outras almas sebosas protegidas do juiz Sergio Moro e dos ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes.

In Pragmatismo Político: Cunha Lima, hoje um dos principais porta-vozes do impeachment de Dilma Rousseff e conhecido pelas suas falas inflamadas de combate à corrupção, se sente à vontade para vociferar em nome da ética e da moralidade sem ser questionado.

Em 2008, o então governador Cássio Cunha Lima foi cassado por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por uso indevido de dinheiro público. Seu vice, José Lacerda Neto (DEM), também foi obrigado pela Justiça a deixar o cargo.
O jornalista Paulo Nogueira, do DCM, enxerga com estranheza a blindagem de que goza Cunha Lima na mídia.

“Por conta da campanha que faz contra o governo de Dilma, Cunha Lima tem sido entrevistado com frequência pela mídia nacional. Mas ninguém toca em seu passado. Livre de explicações, ele acabou se convertendo em mais uma amostra da blindagem de que gozam tucanos perante a mídia”, afirma o jornalista.

Embora já reconhecido como Ficha Suja em 2010, Cunha Lima venceu e concorreu a eleição para senador valendo-se da decisão do STF de só aplicar a nova Lei da Ficha Limpa a partir das eleições de 2012. Se a aplicabilidade da lei já estivesse em vigência em 2010, o atual senador sequer poderia candidatar-se a um cargo eletivo.

Dinheiro voador

Além da ação pela qual teve o seu mandato cassado, Cunha Lima enfrenta outros graves entraves na Justiça.

Há mais de dois anos a ação criminal que investiga esquemas de desvios de recursos e lavagem de dinheiro em sua campanha eleitoral de 2006 está parada aguardando a substituição do juiz pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.
O líder do PSDB é réu na Operação Concord, da Polícia Federal, que apura esquemas de desvios de recursos e lavagem de dinheiro.

A operação é conhecida por ter provocado, literalmente, uma chuva de dinheiro na capital paraibana, João Pessoa. Isso porque para não ser pego em flagrante pela Polícia Federal, um operador da política local, Olavo Lira, conhecido como Olavinho, teria jogado R$ 400 mil do alto do edifício Concord.

Ministra pede providências a Sergio Moro

À frente da Operação Lava Jato, o juiz federal Sergio Moro também já atuou de forma ativa em outro caso (bastante conhecido dos paraibanos): o ‘Escândalo do Dinheiro Voador’ ou ‘Caso Concord’, em que Cássio Cunha Lima é acusado de distribuição de dinheiro para compra de votos.

A investigação ainda tramita em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF), tendo como relatora a ministra Rosa Weber.
Recentemente, Rosa Weber pediu providências ao juiz Sergio Moro para dar celeridade ao processo.

“Atribuo ao Juiz Federal Sergio Fernando Moro, magistrado instrutor, os poderes previstos no referido dispositivo, para doravante praticar os atos ali previstos e ordinatórios quanto ao trâmite deste inquérito”, disse Rosa Weber.
Veja aqui o despacho de Rosa Weber.

Diferentemente da “celeridade” que pauta a Lava Jato, Moro não dispensou a mesma conduta e o processo contra Cássio está parado

Emprego para a namorada e supersalário

Em 2013, o senador Cássio foi denunciado por empregar a namorada e a sogra na prefeitura e na Câmara Municipal de Campina Grande, sua cidade natal. Jackson Azevedo, seu cunhado, também ganhou um cargo de supervisor da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade (relembre aqui).

Derrotado na eleição do ano passado, quando tentava mais uma vez ser governador do Paraíba, Cássio Cunha Lima confessou, em um debate entre candidatos, receber um supersalário R$ 52 mil. A remuneração do parlamentar tucano ultrapassa o teto constitucional brasileiro de R$ 29.462,25, valor pago mensalmente a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os grampos de Machado detonaram a versão de Moro para a corrupção no Brasil

por Kiko Nogueira

Tudo indica que o vazador das conversas de Sérgio Machado é o próprio Sérgio Machado.

Machado acabou, com isso, causando um curto circuito na Lava Jato. O primeiro a se manifestar foi o delegado Igor Romário de Paula. “O que nos preocupa somente é que isso (os áudios) venha a público dessa forma, sem que uma apuração efetiva tenha sido feita antes”, afirmou ele, segundo o Globo.

Igor está dizendo que há vazamentos bons e ruins. Os primeiros são os que são feitos pela própria PF. Dias depois, foi Sergio Moro quem deu detalhe.

Apresentou-se num simpósio de direito constitucional em Curitiba e criticou os projetos de lei sobre a delação premiada em tramitação no Congresso — os dois, sintomaticamente, de autoria do deputado petista Wadih Damous.

“Eu fico me indagando se não estamos vendo alguns sinais de uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos”, falou Moro.

Moro, de acordo com o Estadão, achou “coincidência” que o autor seja do PT. “A corrupção existe em qualquer lugar do mundo. Mas é a corrupção sistêmica não é algo assim tão comum.”

Nem uma palavra sobre as tentativas explícitas de gente como Jucá e Sarney barrarem as investigações através de um impeachment. Nem um mísero muxoxo sobre o que foi revelado nos papos de Machado.

O fato é que os áudios de Sérgio Machado quebraram as pernas da história oficial do time de Moro. Até ele surgir na Folha, toda a narrativa da LJ estava nas mãos dos delegados, que vazavam para a imprensa o que a mídia desejava — ou seja, a criminalização do governo Dilma e do projeto petista de corrupção sistêmica.

Não custa lembrar o que Moro escreveu em seu ensaio sobre a Mãos Limpas. “Os responsáveis pela operação mani palite ainda fizeram largo uso da imprensa”, ele registra. “Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no ‘L’Expresso’, no ‘La Republica’ e outros jornais e revistas simpatizantes.”

Sérgio Machado quer atrelar o caso dele aos de Renan Calheiros e de Romero Jucá e ficar no STF. No caminho, tirou de Moro o manto de dono da verdade. A rapinagem, os acordos, os corruptos são suprapartidários. A questão é mais complexa.

Ele não é qualquer um. Machado foi um cardeal do PSDB, líder do partido no Senado, braço direito de Tasso Jereissati e próximo de FHC.

Foi companheiro do Tasso no CIC (Centro Industrial do Ceará), que pariu o pensamento do jovem empresariado cearense e em 1986 derrotou os coronéis e promoveu uma mudança no estado.

Orgulhava-se de ter sido o mais longevo presidente da Transpetro, o braço logístico da Petrobras. Foi tucano por dez anos, até migrar para o PMDB. “Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan”, afirmou.

Por isso, Aécio, por exemplo, sabe que está frito. Não só ele, evidentemente.

Machado implodiu o conto de terror que Moro e seus agentes estavam tocando com sucesso. O controle foi perdido para sempre. Os mocinhos continuam em falta, mas o número de bandidos ficou do tamanho do Brasil.

De tabela, ajudou a destruir o governo do interino pelos intestinos — a pá de cal, já que Michel e seus capangas são garantia de tiro no pé todos os dias.

O que a nova conversa revela sobre Lewandowski e o STF, Otávio Frias e a Lava Jato, Aécio e o golpe — e Dilma

por Paulo Nogueira

E o golpe vai sendo brutalmente exposto: Renan
O grande mérito da publicação das conversas gravadas é tornar brutalmente claro aquilo que as pessoas mais informadas já sabiam e que era negado pela mídia liderada pela Globo.

Foi golpe. E foi um golpe imundo, em que homens e instituições moralmente putrefatos se uniram para derrubar uma mulher honesta que levou a investigação da corrupção a patamares jamais vistos.

A gravação de Renan, publicada hoje pela Folha, ajuda a compreender ainda melhor o que ocorreu.

Mais uma vez, o STF aparece com destaque na trama golpista. E isto é desesperador: você pode cassar políticos. Mas como lidar com um poder que julga a si mesmo?

Num mundo menos imperfeito, o STF seria imediatamente dissolvido, tais as acusações e as suspeitas que recaem sobre seus integrantes.

Mas como fazer isso?

Escrevi ontem e repito agora: o STF era o grande argumento pelo qual a Globo, em nome da plutocracia, atacava como “alucinação” e “conto da carochinha” a tese do golpe.

Na conversa agora divulgada, Renan diz que todos os eminentes juízes do Supremo estavam “putos” com Dilma.

O motivo não poderia ser mais canalha: dinheiro.

Renan relata uma visita que fez a Dilma. Ela conta que recebeu Lewandowski para o que imaginou que fosse ser um encontro de alto nível sobre a dramática situação política do país.

Mas.

Mas Lewandowski “só veio falar em dinheiro”, disse Dilma. “Isso é uma coisa inacreditável.”

Há muitas coisas inacreditáveis em relação ao STF, a rigor. A demora de quatro meses de Teori para acolher o pedido de afastamento de Eduardo Cunha é uma delas. As atitudes sistematicamente indecentes e partidárias de Gilmar Mendes e seu mascote Toffoli são outra delas.

O interlocutor de Renan na conversa, o mesmo Sérgio Machado de Jucá, produziu a melhor definição do STF destes tempos. “Nunca vi um Supremo tão merda.”

Outros personagens destacados do golpe aparecem neste diálogo vazado. A Folha, por exemplo, se bateu intensamente pela queda de Dilma. Mais especificamente, seu dono e editor, Otávio Frias Filho.

Ele é citado por Renan como tendo reconhecido exageros na cobertura da Lava Jato.

Ora, ora, ora.

Se reconheceu o caráter maligno do circo da Lava Jato, por que ele não fez nada? Ele era apenas o ombudsman do jornal, ou o porteiro do prédio?

Bastaria uma palavra sua para retirar o exagero da cobertura. Se não a pronunciou, é porque era conivente ou inepto como diretor.

Faça sua escolha.

Aécio surge acoelhado. Tinha medo da Lava Jato, diz Renan. Sabemos agora que Aécio não é apenas demagogo, hipócrita e corrupto.

É também covarde.

E é neste campo que, sem saber que era gravado, Renan presta um extraordinário tributo a Dilma. “Ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável.”

Os colunistas da imprensa, nestes dias, diziam freneticamente que Dilma estava abatida. Era gripe, informa Renan. “Ela está gripada, muito gripada.”

Se existe algum tipo de decência no Brasil – de justiça não dá para falar, dado o STF – Dilma tem que receber um formidável pedido de desculpas dos brasileiros e ser reconduzida ao posto do qual canalhas golpistas a retiraram.

 

 

DILMA: GRAVAÇÃO DE JUCÁ ESCANCARA O GOLPE

247 – A presidente Dilma Rousseff comentou, na noite desta segunda-feira (23), durante o 4º Congresso Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores da Agricultura Familiar, em Brasília, a divulgação do áudio da conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, no qual eles afirmam que o impeachment poderá abafar a operação Lava Jato.

“Se alguém ainda não tinha certeza de que há um golpe em curso, baseado no desvio de poder, na fraude, as declarações fortemente incriminadoras do Jucá sobre os reais motivos do impeachment e sobre quem está por trás dele eliminam qualquer dúvida. Repito: a gravação escancara o desvio de poder, a fraude e a conspiração do processo de impeachment promovido contra uma pessoa inocente, sem nenhum crime de responsabilidade”, afirmou ela.

Dilma ainda diz ter certeza que derrubará o golpe. “Tenho a certeza de que juntos vamos derrubar esse golpe, vamos derrotar os golpistas, vamos juntos fortalecer a democracia nesse país. Nós vamos voltar, de uma forma ou de outra“, disse.

Dilma: Os golpistas “carregam com eles a promessa de retrocesso”

“Eu carrego comigo a força das mulheres e também dos homens que se tornaram protagonistas de seus direitos, sujeitos dos seus direitos, nesses últimos 13 anos”, disse Dilma Rousseff na 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília. “Carrego comigo os 63 milhões de brasileiros e de brasileiras que não tinham atendimento médico e, agora, têm pelo Mais Médicos. Carrego os 9 milhões e 500 mil do Pronatec. […] Carrego em mim a força de vida dos 36 milhões de brasileiros e brasileiras que saíram da pobreza. Eu carrego comigo os 11 milhões que moram em casa própria do Minha Casa Minha Vida, em que mulheres são a maioria. Carrego também todos os mais de 4 milhões que fizeram ProUni, que fizeram Fies, que entraram na universidade. E carrego todos aqueles filhos de pedreiros que viraram doutores”.

Com apoio das participantes da conferência — que entoaram gritos como “não vai ter golpe, vai ter luta” e “fica, querida” –, Dilma destacou o legado dos governos do ex-presidente Lula e do seu para concluir que o processo de mudança pelo qual o país passa desde 2003 é irreversível.

“Quando as pessoas contam que o filho do pedreiro vai virar doutor, que o filho da doméstica vai se transformar em médico, este é o caminho pela qual lutamos nos últimos treze anos. É esta a nossa proposta, a mudança radical em relação às oportunidades (…) E quando se mostra que é possível mudar a realidade, ninguém vai deixar de garantir que ela continue mudando”.

A presidenta também foi enfática sobre a participação do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do vice-presidente Michel Temer na tentativa de tirá-la do cargo, apesar dela ter sido democraticamente eleita com mais de 54 milhões de votos. “Eu quero dizer a vocês que eu não estou cansada de lutar, eu estou cansado é dos desleais e dos traidores. E tenho certeza que o Brasil também está cansado dos desleais e dos traidores. E é esse cansaço dos desleais e dos traidores que impulsiona a mim a lutar cada dia mais”,

Dilma ressaltou, mais uma vez, que não cometeu nenhum crime de responsabilidade, o que seria necessário para deflagar um processo de impeachment. E demonstrou preocupação com a agenda de “retrocessos” do grupo que pretende assumir a Presidência, caso ela seja afastada.

“Quero dizer a vocês que os golpistas carregam outro tipo de promessa com eles mesmos. Eles carregam promessas que nós não votamos nelas. Elas foram derrotados nas urnas em 2014. Eles carregam com eles a promessa de retrocesso. Prometem eliminar a obrigatoriedade dos gastos em saúde e educação. Prometem desvincular os benefícios do salário mínimo, principalmente os previdenciários. Prometem privatizar tudo que for possível. Prometem acabar com o pré-sal. E é isso que nos diferencia. Eu não fui eleita para isso.”

Le Monde: Congresso brasileiro virou “selva onde reina a lei do cada um por si”

Impeachment uma peça de vaudeville

O jornal francês Le Monde publicou nesta quarta-feira (11) uma reportagem intitulada “O impeachment virou uma peça de vaudeville”, em referência ao gênero de teatro cômico tipicamente francês.

A reportagem se refere à decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, de anular a votação do impeachment.

A reviravolta, destaca o Le Monde, demonstra a que ponto chegou a Câmara dos Deputados “uma selva, onde reina a lei do cada um por si”, em um cenário político que se mostra, cada vez mais, “devastado”.

O texto lembra que Maranhão tinha avisado que “haveria surpresas” com ele no cargo, e surpresa é o mínimo que se pode dizer da decisão de cancelar a votação dos deputados, ocorrida em 17 de abril.

O texto do jornal francês indica que Maranhão até poderia ter sido o herói dos apoiadores da presidente Dilma Rousseff e dos defensores da tese do golpe de Estado em curso no país e acrescenta que Maranhão, dono de “uma obscura reputação”, fracassou na sua tentativa, e, com isso, conseguiu denegrir ainda mais a imagem da política brasileira.

O impasse levou o país para mais algumas horas de caos político, com direito à reação negativa e imediata dos mercados financeiros, finaliza o Le Monde.

Transcrito do Jornal do Brasil. Para ler matéria original, clique aqui: Le Monde

Com a votação do golpe no Congresso, o terceiro turno de Aécio Neves (PSDB) está de volta, para a entrega de todo poder ao PMDB.

Com Michel Temer presidente, um tira da bancada da bala que, para se eleger deputado, precisou ser nomeado três vezes secretário de Segurança de São de Paulo, comandando as polícias civil e militar. E que conseguiu ser presidente da Câmara dos Deputados, por indicação do presidente Fernando Henrique, como moeda de troca por conchavar a emenda da reeleição.

Temer presidente significa um grande (as) salto para quem nunca teve votos, e se elegeu vice por indicação e votos de Dilma. Um traidor por instinto. Não faz o sucessor e, para se manter no poder, pode apelar para o retorno da ditadura. Para tanto, basta o bigodinho de Hitler (T.A.)

EL País: O Brasil não pode se permitir semelhante espetáculo

O mail lido jornal da Espanha, El País, escreve um duro editorial contra o golpe conspirado pela ambição de todo o poder ao PMDB, o vingativo terceiro turno de Aécio Neves, o Rei do Nióbio, as leis escravocratas da bancada do boi, a teocracia da bancada da Bíblia, e o retorno da ditadura proposto por Bolsonaro & comparsas da bancada da bala.

 

Um processo irregular

 

A maneira pela qual se tenta destituir Dilma Rousseff não nega suas graves acusações contra a oposição brasileira

 

El País
Editorial

 

O caos institucional que o Brasil está afundado, cuja máxima expressão é o irregular processo de impeachment contra sua presidenta, Dilma Rousseff, está colocando o país nas últimas horas em uma incerteza inconcebível na maior democracia sul-americana. E não contribui precisamente para negar as graves acusações feitas por Rousseff e seus colaboradores mais próximos, que culpam a oposição de ter forçado até além do aceitável em uma democracia os limites do Estado para afastar do poder a presidenta em uma espécie de golpe constitucional.

Na quarta-feira estava prevista uma votação no Senado –por decisão pessoal de seu presidente– para ratificar o impeachment contra Rousseff, mas o Governo entrou com um recurso na terça-feira. Trata-se do toque final na confusão gerada desde que Waldir Maranhão, acusado de corrupção e desde quinta-feira presidente da Câmara dos Deputados –onde, sob outro presidente, afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal, já se havia votado a favor da destituição–, ordenou na segunda-feira anular todo o processo. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros, recusou-se a obedecê-lo e prometeu seguir em frente com a votação. Horas mais tarde, Maranhão se retratou e deixou o caminho livre à votação.

Enquanto o Brasil afunda na recessão, a oposição usou o Congresso para transformar uma acusação de caráter político –uma má gestão do orçamento– num processo previsto para casos penais. As sucessivas investigações não conseguiram provar a participação da presidenta na corrupção que afeta o seu partido, mas o abandono de vários de seus parceiros de Governo a colocaram numa situação muito difícil.

Essa crise institucional coloca dúvidas mais do que razoáveis sobre a legitimidade que teria um novo presidente depois de um processo tão pouco habitual. O Brasil não pode se permitir semelhante espetáculo. O dano causado é incalculável.

Eduardo Cunha ameaça Temer: “Eu posso ser o início do fim de um governo que nem começou”

Pelo desabafo de Eduardo Cunha, parte dos ministros do STF conspira o golpe, como moleques de Michel Temer, testemunha de defesa do torturador e assassino coronel Brilhante Ustra, e três vezes secretário de Segurança de São Paulo, inclusive para acoitar os mandantes do Massacre do Carandiru.

Anthony Garotinho, em seu Blog: Ontem conversei por telefone com um deputado federal do PR amigo íntimo de Eduardo Cunha. Ele tinha estado com Cunha minutos antes em sua residência oficial. Fez algumas afirmações que são de arrepiar os cabelos. Talvez não seja próprio revelar todas, mas uma, com certeza, já deve ter chegado a Michel Temer. Eduardo Cunha disse em alto e bom som a seguinte frase: “Se eu for abandonado não vou sozinho para o sacrifício. É bom que alguém diga a Michel (Temer) e a (Romero) Jucá que eu posso ser o início do fim de um governo que nem começou”. O amigo de Cunha me revelou que nunca tinha visto Eduardo no estado que o encontrou nessa visita. Cunha estava abatido, ansioso e com espírito de vingança.

Em um certo momento da conversa ele deixou transparecer que, na sua opinião, o Supremo não tomaria a decisão que tomou sem uma sondagem prévia ao presidente do Senado, Renan Calheiros e ao próprio Michel Temer. Cunha desconfia de traição embora Temer tenha sido um dos primeiros a ligar para ele assim que o ministro Teori Zavascki concedeu a liminar para suspender o mandato e afastá-lo da presidência da Câmara. Uma das afirmações que chamou a atenção do deputado do PR amigo de Eduardo Cunha foi a seguinte: “Não sou bobo. Tem gente que manda matar e depois vai chorar no velório ao lado da viúva. Se estão pensando que vou aceitar solidariedade sem uma solução concreta estão enganados”. Disse também que sabia que uma parte da assessoria próxima de Michel, referindo-se a Moreira Franco, estava dando graças a Deus pela sua situação. Demonstrou ainda grande irritação com Leonardo Picciani, que resistiu, segundo informações que chegaram a ele, a assinar uma nota de solidariedade pelo momento que estava vivendo. Eduardo também reafirmava que não renunciaria chegando a dizer que seu substituto, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) é uma espécie de Severino Cavacanti (ex-presidente da Câmara) melhorado e que não duraria nem 15 dias no cargo.

Foram feitas outras afirmações que prefiro não revelar porque, afinal de contas, são quase que uma chantagem a ministros do STF a quem Eduardo Cunha afirma categoricamente que lhe devem muitos favores.

Como a fonte é altamente confiável é bom Michel Temer se preparar para dias nervosos, afinal Eduardo Cunha como amigo é um perigo, e como inimigo é mais perigoso ainda. Imaginem na situação de ex-amigo. Eu não sei porque sou casado com Rosinha há 34 anos e nunca tive outra esposa. Mas dizem que os piores estragos que podem ser feitos na vida de um homem são por ex-mulheres e ex-amigos.