Dois modelos esgotados

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Editorial Correio da Cidadania

Cortes draconianos em direitos como seguro-desemprego, aposentadoria, saúde, educação; um orçamento comprometido com o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública; um governo fragilizado, sem base social após promover grosseiro estelionato eleitoral e entregar a cada dia um anel para o capital financeiro e o PMDB, a fim de afastar as ameaças de um impeachment; um Congresso Nacional cada vez mais distante dos anseios da maioria da população, manipulado por um mestre da pequena e corrupta política, condutor da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia), a dar o tom de um fundamentalismo conservador inédito desde a redemocratização.

Ivan
Ivan

Mas esta crise, que tem nomes como Dilma Rousseff e Eduardo Cunha entre seus protagonistas, não é um episódio conjuntural. Estamos diante de uma crise de natureza estrutural, produto de uma soma ou mesmo convergência de crises.

Em linhas gerais, testemunhamos o esgotamento de dois “modelos”.

O primeiro refere-se ao padrão de “desenvolvimento” do lulismo, isto é, a condução de políticas públicas com moderada intervenção do Estado e valorização do salário mínimo. Ancorado numa conjuntura comercial externa favorável às commodities, esse modelo permitiu aos seguidos governos petistas dinamizar o mercado interno e conter ou retardar por essa via os efeitos mais devastadores da crise econômico-financeira internacional.

O “problema” deste modelo é que ele nunca, em momento algum, rompeu com a dependência e subordinação do orçamento do país ao capital financeiro. Religiosamente, juros foram pagos em nome da impagável “dívida pública”. Sequer a longa era do lulopetismo no poder cogitou realizar uma auditoria da dívida. A data de validade deste modelo um dia chegaria.

Bastaram a desaceleração deste cenário externo antes muito favorável, a débâcle econômico-financeira do sul da Europa, a pressão do capital financeiro e da especulação por juros mais altos e o compromisso com ajustes e cortes sociais e trabalhistas, para fazer ruir o chamado “neodesenvolvimentismo”.

Tal fragilidade carregada pelo modelo fica evidente com o fato de que, quase da noite para o dia, a decantada estabilidade econômica do lulismo deu lugar ao tripé arrocho-inflação-desemprego, que volta a assombrar o cotidiano da classe trabalhadora brasileira.

A segunda das crises é a do modelo institucional de representações políticas. Um esgotamento das instituições da Nova República, feridas pelo modus operandi da corrupção, desde o financiamento das campanhas eleitorais até os grandes negócios na cadeia de relações promíscuas entre grandes conglomerados capitalistas e Estado, governos e partidos dessa ordem.

A superação de tais crises é a superação dos dois “modelos” mencionados, com uma ruptura de paradigmas. O Brasil precisa de outro projeto de país, que parta de bases democráticas e igualitárias, política e socialmente.

Ao contrário da lógica do ajuste neoliberal, à qual o governo Dilma amarra o país como remédio para a crise, precisamos de um modelo de desenvolvimento soberano, que, para começar, estabeleça linhas de ruptura com a dominação do capital financeiro, faça o orçamento estatal girar em torno do social, estabeleça uma reforma tributária progressiva, capaz de taxar a fortuna e o Capital, e amplie a oferta e garantia de direitos ao povo.

Ao contrário da lógica de restrição de direitos democráticos e civis – proposta cinicamente pela direita ‘social’, que vai às ruas pedir o impeachment de Dilma, assim como pelo corrupto presidente da Câmara dos Deputados e suas agressivas bancadas, em relação a mulheres, LGBT, negros –, o Brasil precisa de mais direitos e mais democracia. Porém, uma democracia verdadeira, não manipulada, uma outra institucionalidade, com ampla e plural participação popular e poder decisório sobre os grandes temas do país.

Não será por produto do acaso que se poderá pensar em outro projeto, assentado em tais bases, para começar a caminhada. Trata-se de longo trajeto, que dependerá fundamentalmente da recomposição de um bloco histórico das classes exploradas e oprimidas, de uma pluralidade de atores sociais combativos e progressistas, juntando movimentos sociais independentes (que não sejam atrelados e nem correia de transmissão de governos e Estado), ao lado dos partidos de uma renovada esquerda.

É um desafio de longos anos, que demandará muitas lutas sociais independentes, muito diálogo entre atores do mesmo campo político de oposição à ordem e muita formulação estratégica.

Nesses tempos que se apresentam hostis, dada a ofensiva econômica conservadora contrária aos direitos democráticos, aprofunda-se, de outro lado, uma tremenda crise estrutural. É exatamente nesta crise que poderá reflorescer a esperança e o espaço para a construção de projeto social igualitário.

Genildo Ronchi
Genildo Ronchi

O partidarismo político de uma manchete

villa bôas

O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, 63 anos, está no comando geral do Exército brasileiro desde fevereiro. Nesta semana, esteve pela primeira vez em Pernambuco depois de assumir a função. Em passagem pelo Recife, concedeu entrevista aos jornais e falou sobre drogas, crise, transposição do Rio São Francisco, golpe militar e mulheres no Exército. O currículo de Villas Bôas inclui a função de adido militar na China, chefe da assessoria parlamentar do Exército e comandante militar da Amazônia. Além disso, em 2014, respondeu pelo comando de operações terrestres, com atuação na estratégia de defesa da Copa do Mundo.

O título de uma notícia pode se transformar em slogan de propaganda política, e tendencioso, por destacar uma frase fora do contexto, inclusive por orquestrar uma meia verdade.

Transcrevo a entrevista de Villas Bôas, e que título escolheu o Diário de Pernambuco, um jornal sectário e facioso?

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Transposição
Ontem (quinta-feira passada) fomos a Paulo Afonso conhecer as obras da transposição do Rio São Francisco. É realmente de importância transcendental. Pela primeira vez se empreendeu projeto capaz de mudar a realidade do Nordeste. O Brasil entrou no século 20 e saiu do século 20 com a mesma realidade. Hoje sabemos que não sairemos do século 21 da mesma forma. São quinze anos de atraso, o que sacrifica uma geração, mas é um avanço incrível de qualquer forma.

Crise
O orçamento dos sete projetos estratégicos do Exército sofreu corte de 40%. O que considero mais importante para a sociedade é o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), iniciado em 2012 para melhorar o controle da fronteira e avaliado em R$ 12 bilhões em dez anos. A previsão era concluir em 2022, mas hoje, com o ritmo orçamentário que nós temos, ele não estará pronto antes de 2035. São tecnologias sensíveis, que correm o risco de ficar obsoletas até lá. A Polícia Federal estima que 80% da criminalidade urbana são ligadas ao tráfico de drogas. E tudo passa pela fronteira. Nos preocupa também o fato de as empresas contratadas serem obrigadas a interromper os serviços.

Descriminalização das drogas
É uma questão sensível. Preocupa bastante. As polícias se manifestam contra. Em um pronunciamento, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria disse ser veementemente contra. Ele disse que as pessoas não imaginam a relação entre droga e suicídio. Isso nos afeta. Não posso admitir a discriminalização no Exército. Não posso admitir militar armado de serviço consumindo droga.

Golpe
As manifestações de rua que pedem a volta do regime militar são uma questão complexa. Nossa interpretação é que as pessoas não pedem a volta do governo militar, com algumas exceções. Estão reclamando dos valores. Estamos em crise econômica, política e ética. Se transformar em crise social, pode gerar problemas de segurança pública e o Exército pode ser chamado a intervir.

Mulheres
Hoje 5% do nosso efetivo são formados por mulheres, mas na área técnica, e não na operacional. Em 2016 faremos concurso para elas ingressarem em 2017 pela primeira vez na Academia Militar das Agulhas Negras. Teremos mulheres cadetes.

Título
Destaquei em azul os possíveis títulos. A entrevista de Villas Bôas aborda variados temas do mais alto interesse público.

Mas o Diário de Pernambuco preferiu um escandaloso. Que oferece esperança de uma intervenção militar para derrubar Dilma Rousseff.

Nem é preciso esclarecer, em defesa da paz em um grave momento de crise social, “o Exército pode ser chamado a intervir”.

Apologia
O Diário de Pernambuco tascou o seguinte título de apologia da ditadura militar:
“O Exército pode ser chamado a intervir”, diz comandante geral do Exército”

É um título que parece vago, não explicativo, mas que deixa a impressão de que o Exército está pronto para…

Convocan una conferencial internacional “Por la salida del euro y la recuperación de la soberanía”

Encuentro de Movimientos Emancipatorios de los Pueblos del Sur de Europa, 10-11 de Octubre 2015 en Barcelona

euro sair
Objetivos generales
La Plataforma por la salida del Euro recientemente constituida en el estado español convoca un Encuentro de Movimientos Emancipatorios de los Pueblos del Sur de Europa, para analizar la grave situación que sufren nuestros pueblos bajo la dominación y tiranía de la moneda única y su sistema económico-político.

El encuentro tiene como objetivo impulsar la liberación de los Pueblos del Sur de Europa de la moneda única, el Euro, y el corsé que supone la UE y sus tratados. Para ello se propone promover la recuperación de la soberanía popular, de la democracia, así como los instrumentos económicos que la hacen posible, aquellos que permiten superar la espiral de empobrecimiento, recorte de derechos sociales básicos y desigualdad creciente. Se trata de abrir la perspectiva de construir nuevas relaciones de cooperación y solidaridad en condiciones de igualdad entre los pueblos del Sur de Europa.

La voluntad de los convocantes es que el encuentro adquiera una dimensión internacional, mediante la participación de representantes de diversos movimientos emancipatorios del euro y de la UE que se han desarrollado en los últimos tiempos, particularmente en los pueblos del Sur de Europa, y que han manifestado en diversos encuentros su interés para construir y coordinar una acción colectiva por objetivos comunes. En este sentido, queremos que nuestro encuentro constituya un paso más en el camino emprendido por los encuentros de Roma (30 de noviembre de 2013), Nápoles (24 de mayo de 2015) y Atenas (22 a 24 de junio de 2015).

Independientemente del grado de participación de personas procedentes de Grecia, Italia, Francia, Portugal, etc., las diversas ponencias y conclusiones estarán enmarcadas en el contexto y movilización global contra el Euro y la “UE realmente existente”.

Comisión organizadora Encuentro Internacional – Plataforma “salir del euro”

sair do euro

Crise institucional por Miriam Leitão

mesme fora cunha

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A Velha Senhora sempre foi mensageira de notícias ruins. Diz que a crise piorou nos últimos dias.  Lá na Europa. Ela se desdobra em ramificações que se cruzam, elevando o grau de tensão nos países satélites.

A Velha Senhora, quando fala do Brasil, acredita que a presidente da República vai se transformando em uma figura simbólica, sem qualquer capacidade de comandar a agenda.

Miriam Leitão, para enganar o povo bobo da Globo, confunde administração pública com registro de compromissos e pauta jornalística. Diz que os poderes se acusam. Isto é, confunde ações isoladas de Eduardo Cunha com votações do Congresso. E inventa brigas: do Supremo Tribunal Federal com a Câmara dos Deputados e Senado Federal, que brigam com a Presidência da República.

Acredita Miriam ser a reencarnação de Cassandra. E faz suas previsões: A economia se afunda em recessão, inflação alta e dívida crescente. Dívida que Miriam jamais pediria que fosse auditada.

Porque suas previsões de destruição são desacreditadas, Cassandra da direita apela para os economistas que aparecem nos programas dos telejornais da Globo. Garante Miriam que eles estão revendo para 2% a 2,5% o encolhimento do PIB de 2015.

Quando a Miriam fala, a gente nota que o silêncio lhe cai bem. Quando nada diz, pode-se ter esperança de que ela esteja entendendo o grau de confusão que cria para agradar os patrões. Ao falar, Miriam confunde confissões extraídas sob tortura na ditadura com delações previstas em lei, feitas por criminosos à Justiça, em pleno Estado de Direito. Nas reuniões de pauta, que faz para as redações do monopólio da família Marinho, Miriam mistura governo com partido.

Miriam acredita em pesquisa de opinião. Nunca perguntou quem paga. Crente, jura que existe uma crise política derivada da perda de apoio popular à presidente. Pela lógica do modelo do presidencialismo de coalizão, a desaprovação dos eleitores acaba desidratando a força política do chefe do executivo. Nos ciclos do modelo brasileiro, o poder atrai, a perda do poder afugenta. E discursa Miriam que Dilma perdeu o apoio dos bolsa-família, do MST, dos sem teto, dos movimentos sociais.

De Miriam a crença de que os políticos da base governista se afastam do chefe do executivo quando ele perde aprovação popular. Momentos assim exigem da Presidência grande habilidade para comandar a agenda política e voltar a ser um polo de atração dos políticos mercenários. Esse atributo parece não ser o forte da atual presidente. Esquece que Dilma conseguiu conquistar a maioria dos eleitores, e derrotar Aécio Neves, candidato dos patrões de Miriam, e de outros barões da mídia.

Há uma crise política (?) por uma situação peculiar do momento, em que os comandantes das duas Casas do Congresso estão sob investigação e sendo citados como beneficiários de propina. A reação deles é acusar o Executivo de estar por trás das ações da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça. Por elementar, se pode afastar essa visão persecutória. Se tivesse capacidade de manipular o órgão policial e as instituições do Ministério Público e Justiça, o governo o faria em seu próprio benefício. Não tem conseguido no MP nem na Justiça de primeira instância. Isso prova quanto a polícia, o MP, a Justiça atuam livres. Coisa de um governo democrático.

Sid
Sid

A reação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é uma tentativa de se desvincular de um escândalo que o pega de frente. Na sua declaração se vê a tentativa inútil de camuflar algo que está visível. “Essa lama, eu não vou aceitar estar junto dela.” Cunha rompeu com o governo, mas não pode se separar da Operação Lava-Jato, a menos que se prove que a acusação feita pelo delator Júlio Camargo, de que deu a ele US$ 5 milhões, não é verdadeira.

Miriam acreditava que Cunha era governista, eleito que foi presidente da Câmara com os votos da extrema-direita (Bolsonaro e bancada da bala e pastores fundamentalistas), da direita, do DEM, do PSDB, do pelego Paulinho da Força, um Central de Trabalhadores que apóia a terceirização.

Cazo
Cazo

Miriam profetiza o reinado de um primeiro-ministro, um parlamento comandado por um César. Miriam não escuta as vozes dos congressistas que se rebelam contra a ditadura de Cunha. Cega pela ódio não vê que Cunha perde apoio em todos os partidos.

debanda

Argumenta Miriam: Esse ambiente indica que o segundo semestre será pior do que o primeiro na política. Cunha tem grande poder sobre a pauta do Congresso, como se viu, e sabe exercê-lo. O governo é inoperante e inábil. Isso faz com que qualquer proposta que vá para o legislativo, mesmo que seja excelente do ponto de vista fiscal, pode se transformar em um projeto bomba. Eles fizeram isso no primeiro semestre, ao pendurar sobre uma MP que reduzia o custo com as viúvas jovens o projeto mais desestabilizador das contas previdenciárias.

votação camara cunha

Cassandra continua com suas costumeiras lamentações: Na economia, as perspectivas pioraram nos últimos dias. Esta semana, foram vários os especialistas de bancos e de consultorias que revisaram para pior as projeções da recessão. Economistas (eleitores de Dilma ou de Aécio?) como Marcelo Carvalho, do BNP Paribas; Silvia Matos, do Ibre/FGV; ou Luiz Carlos Prado, da UFRJ, não tiveram dúvidas em dizer que houve uma piora no quadro econômico recente. Silvia disse que a Fundação tem colhido uma deterioração cada vez maior nas sondagens de confiança dos setores empresariais e dos consumidores. Marcelo Carvalho disse que o país vai viver a pior recessão em uma geração. A última queda do PIB significativa foi a de 1990, do governo Collor. Para Miriam o PIB bom, e gostoso, o de Fernando Henrique. Não existe outro igual.

Essa mistura é explosiva: uma crise econômica com desemprego, inflação, recessão e piora fiscal; uma crise política que desfaz a coalizão de governo; um processo de investigação criminal que avança sobre algumas das principais lideranças do país. Não pelo que Cunha falou ontem, mas por tudo o que aconteceu este ano, já se pode dizer que o país não está apenas com dificuldades na governabilidade. O país está entrando numa crise institucional. Para acabar com essa guerra, Dilma tem que mandar parar qualquer investigação que envolva o presidente da Camara e do Senado. Imitar FHC que nunca mandou investigar coisa nenhuma. Inclusive deu uma de Mateus, criou o foro especial, a justiça secreta. Leia a versão original deste artigueto pessimista. 

Samuca
Samuca

Para onde foi o dinheiro emprestado à Grécia?

Apenas uma pequena fração dos 240 mil milhões de euros que fazem parte do resgate total da Grécia encontrou o seu caminho para os cofres do governo

por Lara Ferin

Svitalsky Bros
Svitalsky Bros

Apenas uma pequena fração dos 240 mil milhões de euros que fazem parte do resgate total da Grécia encontrou o seu caminho para os cofres do governo.

Uma grande parte do dinheiro foi para os bancos que disponibilizaram fundos para Atenas. O país foi forçado a reduzir drasticamente o seu défice, pressionando os pensionistas e reduzindo o salário mínimo.

Mas vamos a contas, estas feitas pelo The Guardian: 34 mil milhões de euros foram as medidas que tiveram de ser tomadas para a renegociação da dívida.

Quase 20% do dinheiro foi utilizado para salvar os bancos privados. Aqui somam-se 48.2 mil milhões para salvar os bancos gregos, que tinham sido forçados a assumir perdas, enfraquecendo a sua capacidade de se proteger e depositantes.

Apenas 10%, aproximadamente 24 mil milhões de euros, serviu para ajudar o governo grego, uma vez 140 mil milhões de euros serviram para pagar dívida e juros.

PORTUGAL Manifestação de apoio ao povo grego,

Grécia Portugal

Solidariedade com a Grécia: Não à austeridade, Sim à democracia!

Vivemos um momento decisivo na Europa. Ao autoritarismo da austeridade o Governo Grego respondeu com a democracia e convocou um referendo para este domingo.

Há décadas que na União Europeia as pessoas não são chamadas a participar nas decisões que lhes dizem respeito e agora há finalmente um governo que escolheu outro caminho, cumprindo o mandato que os cidadãos e as cidadãs lhe deram em janeiro.

Na Grécia, mas também em Portugal, em Espanha e na Irlanda, a política de austeridade criou milhões de desempregados, precários e pobres, engoliu bens públicos na voragem das privatizações e pôs em causa o Estado Social.

O combate que hoje se vive é pela própria Democracia e pela Europa e nós escolhemos a solidariedade com o povo grego e a Europa dos povos e não a da dívida e dos mercados.

Sábado às 18h30 apelamos a todas e todos que se juntem a nós no Príncipe Real para seguirmos até à sede da União Europeia em Lisboa e dizer bem alto que queremos ter voz e queremos que a democracia seja respeitada! OXI!

Que floresçam mil acções de solidariedade com a Grécia!

Alice Carreiras
Ana Gonçalves
António Pedro Vasconcelos
Bruno Cabral
Capicua
Carlos Mendes
Cristina Paixão
Filipa Vala
Francisco Fanhais
Helena Dias
Helena Romão
Isabel Louçã
Joana Lopes
Joana Louçã
João Camargo
Luís Graça
Manuel Loff
Mariana Avelãs
Myriam Zaluar
Pedro Bingre do Amaral
Maria do Rosário Gama
Rui Dinis
Rui Estrela
Sara Gamito
Tiago Gillot

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Oxi
 

Crise? Sobra dinheiro para gastar com futebol

Rodrigo de Matos in Portugal: nunca, como agora, este cartoon fez tanto sentido
Rodrigo de Matos in Portugal: nunca, como agora, este cartoon fez tanto sentido

Quem disse que não há dinheiro? Você que gosta de carros, veja os cavalos dos jogadores portugueses.

Na Espanha, na Itália, não existe crise no futebol para jogadores e cartolas. Principalmente os cartolas.

O Brasil precisa mostrar o luxo e a luxúria de quem vendeu e de quem tem o passe vendido.

O torcedor na miséria, e os jogadores da Legião Estrangeira de bola cheia de grana, inclusive acusados de entregar a Copa para a seleção da Alemanha.

Svitalsky Bros
Svitalsky Bros

Os pobres que a direita quer

por João Teixeira Lopes

 

Um estudo da economista Cláudia Joaquim mostra bem o uso que a Direita faz do Estado. Inserido no Programa de Emergência Social (PES), o Governo [de Portugal] aumentou consideravelmente a verba para refeições nas cantinas sociais, ao mesmo tempo que diminuiu as transferências sociais e os salários.

 

 

 Anne Derenne
Anne Derenne

Mas, perguntará o leitor, não é importante, em momento de urgência social, matar a fome às pessoas? A resposta não passa por negar essa necessidade, mas deve fazer perguntas a montante: não é muito mais justo e racional evitar a intensa produção de pobres que estas políticas de austeridade têm causado, nomeadamente ao aumentarem o desemprego, ao reduzirem o universo de abrangidos pelo rendimento social de inserção e abono de família que, mesmo sem serem medidas particularmente audazes, tiveram pelo menos o mérito de minorar a intensidade da pobreza? Não seria mais justo e racional acabar com os trabalhadores pobres, isto é, as centenas de milhar de pessoas que recebem um salário tão baixo que não conseguem superar o limiar de pobreza (411 euros)?

Mas a Direita deseja controlar os pobres, domesticá-los, dividi-los entre os “bons pobres” (“os nossos”, os “assistidos”, os “utentes”) e os outros (os “perigosos”, “mandriões, “viciosos”). Ao mesmo tempo, pela ação de proximidade, permite que as instituições privadas de solidariedade social exerçam um domínio clientelar e de contenção da raiva e da miséria extrema, contendo possíveis conflitos e impondo “boas maneiras”. Esta pobreza mansa é o sonho da Direita: sem Estado Social, o Estado não deixará, por mãos alheias, de matar a fome, como quem presta um favor que será cobrado, mas sem nunca permitir que deixem de ser pobres.

Sérgio Aires, sociólogo da rede europeia anti pobreza, chama-lhe a “misericordização” da protecção social: misericórdia para os pobres assistidos por misericórdias; nenhuma redistribuição, zero solidariedade.

 

João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo, professor universitário

 

BCE e Alemanha declaram guerra à Grécia

Medida aprovada pela instituição dirigida por Mário Draghi significa o começo da asfixia da economia grega e um golpe de Estado financeiro. Documento do governo alemão exige a capitulação de Atenas e a reversão de todas as medidas já tomadas pelo governo Tsipras. Este afirma que “é óbvio que estas sugestões não serão aceites”.

Draghi mostrou as garras do BCE. Foto de European Parliament
Draghi mostrou as garras do BCE. Foto de European Parliament

Num momento em que decorrem as negociações entre o novo governo grego e a União Europeia, o Banco Central Europeu, dirigido pelo italiano Mário Draghi, tomou na noite desta quarta-feira uma decisão que significa um primeiro passo para a asfixia da economia grega.

Sem qualquer aviso, o conselho de governo do BCE decidiu deixar de aceitar como garantia os títulos da dívida grega nas suas operações de liquidez, argumentando que não é possível assumir que o plano de resgate da Grécia vá terminar com êxito. Isso significa que os bancos gregos passam a não poder usar os títulos como garantia nos seus empréstimos do dia-a-dia.

A decisão deixa apenas um fio de ligação entre o sistema financeiro grego e o europeu: o ELA, o sistema de ajuda de emergência do BCE, que é mais oneroso e que tem um prazo para terminar se não houver acordo: 28 de fevereiro.

Golpe de Estado financeiro

A medida significa uma pressão brutal sobre a Grécia justamente no dia em que o ministro das Finanças grego se encontra como o homólogo alemão, e já está a ser considerada como um golpe de Estado financeiro, desferido por uma instituição não-eleita contra um governo acabado de ser eleito pelo seu povo.

O Ministério das Finanças grego recordou, porém, que o sistema bancário grego “está adequadamente capitalizado e protegido através do acesso à Assistência de Emergência de Liquidez” (o ELA) e que “o BCE está a pôr pressão sobre o Eurogrupo para que se realize um acordo rápido entre a Grécia e seus parceiros”, seguindo a linha de declarações otimistas dadas durante o périplo de Yanis Varoufakis por diversos países europeus.

Mas a medida parece ter sido tomada em sincronia com as pressões que a Alemanha quer pôr sobre a Grécia, no dia em que Varoufakis se reúne com Schauble, o ministro das Finanças germânico.

Um documento a que a Reuters teve acesso mostra que as exigências germânicas à Grécia são nada menos que a capitulação do seu novo governo.

Alemanha quer forçar a capitulação de Tsipras

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O documento exige a manutenção da troika no país (Varoufakis anunciou que não negociaria com ela); o cumprimento de todos os pagamentos ao BCE e ao FMI; a manutenção dos superavits primários de 3% do PIB em 2015 e 4,5% em 2016 (Varoufakis tinha proposto 1%); o despedimento de 150 mil funcionários públicos (o novo governo recontratou aqueles postos em mobilidade); a manutenção do salário mínimo (o governo grego aumentou-o); a continuação das privatizações (Atenas suspendeu-as).

Uma fonte oficial grega ouvida pela Reuters disse que “é óbvio que estas sugestões não serão aceitas pelo governo grego. Eles estão a atacar o recente mandato dado pelo povo grego e isto não vai ajudar à perspetiva de crescimento da Europa”. Esquerda Net

Os financistas do mundo e a eleição brasileira

Bruno Lima Rocha

 

O segundo turno das eleições brasileiras tem relação direta com: a projeção do país; a aliança estratégica do bloco político do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); o alinhamento do Brasil junto à globalização corporativa. A política externa de Lula e estendida por Dilma (com algumas correções no pragmatismo) é estruturalmente distinta do período de Fernando Henrique. Mudou o eixo e o foco. Em escala mundial, nosso país reforça as relações Sul-Sul, especificamente priorizando os investimentos em infra-estrutura e cadeias produtivas da América Latina e África. O Brasil hoje é um motor do capitalismo mundial. Quem ganhar na urna comandará a 7ª economia do mundo.

No hemisfério norte, o diário Financial Times (FT) já decretou a sentença. Em editorial de 27 de setembro de 2014, o jornal “econômico”, autêntico porta-voz do capital financeiro, anuncia a tragédia das potências emergentes. Aqui, a Carta Maior, portal a favor do governo de coalizão que opera como consciência crítica por esquerda, alertou. Segundo os financistas londrinos, à altura do The Economist (conhecido como The Propagandist), Brasil, assim como Turquia e África do Sul seriam países fadados ao fracasso. Como estaríamos em “crise”, não teríamos outra saída a não ser um arrocho pesado.

A mentira tenta se fazer concreta através da opinião publicada. Em cadeia, os capitais voláteis iriam correr para alimentar a superpotência, deixando à míngua o refinanciamento dos países do G-20. Os Estados Unidos repassam sua dívida pública pelo mundo e com isso financiam o complexo industrial-tecnológico-militar, torrando cerca de UsD 840 bilhões de dólares em 2015. Como não há orçamento capaz de dar conta desse absurdo, sendo que a produção industrial dentro do território dos EUA equivale a menos de 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB), por períodos é necessário sugar os recursos financeiros mundiais.

Trata-se de um jogo de força. Se os capitais vão para os EUA, logo fugirão dos emergentes. Para manter os ganhos de bancos e especuladores, o alvo é tomar conta da autoridade monetária das economias que valem à pena serem disputadas. Os porta-vozes dos especuladores apontam suas baterias para o Brasil (líder latino-americano) e os pares do país, respectivamente, a maior economia africana (África do Sul) e do mundo islâmico (Turquia). O mundo observa um novo eixo econômico (através dos BRICS e os países líderes regionais), mas está distante de outra hegemonia financeira. Nesta disputa pelo controle da expansão capitalista, o papel do Brasil é central.

Outrora entusiasta do crescimento brasileiro, hoje o Financial Times é um dos arautos da tragédia que talvez venha, sendo que a antecipação de cenários já deforma o cenário em si. O Brasil é alvo da cobiça do capital financeiro
Outrora entusiasta do crescimento brasileiro, hoje o Financial Times é um dos arautos da tragédia que talvez venha, sendo que a antecipação de cenários já deforma o cenário em si. O Brasil é alvo da cobiça do capital financeiro

O segundo turno será uma colisão entre uma candidatura de centro-direita (o Lulismo e aliados oligárquicos) e um adversário neoliberal. Com Aécio, o país se alinha aos desígnios dos fundos de investimento, bancos privados, aplicadores em paraísos fiscais e outros agentes transnacionais. A Banca nunca perde. Embora prefiram os tucanos, mesmo que Dilma vença, os financistas internacionais vão querer garantir o núcleo duro da equipe econômica do vencedor.

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Tradução para o espanhol aqui. O discurso do Brasil em crise é repetido por Aécio Neves.