Dois modelos esgotados

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Editorial Correio da Cidadania

Cortes draconianos em direitos como seguro-desemprego, aposentadoria, saúde, educação; um orçamento comprometido com o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública; um governo fragilizado, sem base social após promover grosseiro estelionato eleitoral e entregar a cada dia um anel para o capital financeiro e o PMDB, a fim de afastar as ameaças de um impeachment; um Congresso Nacional cada vez mais distante dos anseios da maioria da população, manipulado por um mestre da pequena e corrupta política, condutor da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia), a dar o tom de um fundamentalismo conservador inédito desde a redemocratização.

Ivan
Ivan

Mas esta crise, que tem nomes como Dilma Rousseff e Eduardo Cunha entre seus protagonistas, não é um episódio conjuntural. Estamos diante de uma crise de natureza estrutural, produto de uma soma ou mesmo convergência de crises.

Em linhas gerais, testemunhamos o esgotamento de dois “modelos”.

O primeiro refere-se ao padrão de “desenvolvimento” do lulismo, isto é, a condução de políticas públicas com moderada intervenção do Estado e valorização do salário mínimo. Ancorado numa conjuntura comercial externa favorável às commodities, esse modelo permitiu aos seguidos governos petistas dinamizar o mercado interno e conter ou retardar por essa via os efeitos mais devastadores da crise econômico-financeira internacional.

O “problema” deste modelo é que ele nunca, em momento algum, rompeu com a dependência e subordinação do orçamento do país ao capital financeiro. Religiosamente, juros foram pagos em nome da impagável “dívida pública”. Sequer a longa era do lulopetismo no poder cogitou realizar uma auditoria da dívida. A data de validade deste modelo um dia chegaria.

Bastaram a desaceleração deste cenário externo antes muito favorável, a débâcle econômico-financeira do sul da Europa, a pressão do capital financeiro e da especulação por juros mais altos e o compromisso com ajustes e cortes sociais e trabalhistas, para fazer ruir o chamado “neodesenvolvimentismo”.

Tal fragilidade carregada pelo modelo fica evidente com o fato de que, quase da noite para o dia, a decantada estabilidade econômica do lulismo deu lugar ao tripé arrocho-inflação-desemprego, que volta a assombrar o cotidiano da classe trabalhadora brasileira.

A segunda das crises é a do modelo institucional de representações políticas. Um esgotamento das instituições da Nova República, feridas pelo modus operandi da corrupção, desde o financiamento das campanhas eleitorais até os grandes negócios na cadeia de relações promíscuas entre grandes conglomerados capitalistas e Estado, governos e partidos dessa ordem.

A superação de tais crises é a superação dos dois “modelos” mencionados, com uma ruptura de paradigmas. O Brasil precisa de outro projeto de país, que parta de bases democráticas e igualitárias, política e socialmente.

Ao contrário da lógica do ajuste neoliberal, à qual o governo Dilma amarra o país como remédio para a crise, precisamos de um modelo de desenvolvimento soberano, que, para começar, estabeleça linhas de ruptura com a dominação do capital financeiro, faça o orçamento estatal girar em torno do social, estabeleça uma reforma tributária progressiva, capaz de taxar a fortuna e o Capital, e amplie a oferta e garantia de direitos ao povo.

Ao contrário da lógica de restrição de direitos democráticos e civis – proposta cinicamente pela direita ‘social’, que vai às ruas pedir o impeachment de Dilma, assim como pelo corrupto presidente da Câmara dos Deputados e suas agressivas bancadas, em relação a mulheres, LGBT, negros –, o Brasil precisa de mais direitos e mais democracia. Porém, uma democracia verdadeira, não manipulada, uma outra institucionalidade, com ampla e plural participação popular e poder decisório sobre os grandes temas do país.

Não será por produto do acaso que se poderá pensar em outro projeto, assentado em tais bases, para começar a caminhada. Trata-se de longo trajeto, que dependerá fundamentalmente da recomposição de um bloco histórico das classes exploradas e oprimidas, de uma pluralidade de atores sociais combativos e progressistas, juntando movimentos sociais independentes (que não sejam atrelados e nem correia de transmissão de governos e Estado), ao lado dos partidos de uma renovada esquerda.

É um desafio de longos anos, que demandará muitas lutas sociais independentes, muito diálogo entre atores do mesmo campo político de oposição à ordem e muita formulação estratégica.

Nesses tempos que se apresentam hostis, dada a ofensiva econômica conservadora contrária aos direitos democráticos, aprofunda-se, de outro lado, uma tremenda crise estrutural. É exatamente nesta crise que poderá reflorescer a esperança e o espaço para a construção de projeto social igualitário.

Genildo Ronchi
Genildo Ronchi

Eric Toussaint no regresso da Comissão de Auditoria à Dívida Grega

A Comissão para a Auditoria e Verdade sobre a Dívida Grega voltou a reunir esta semana, ainda sob a presidência de Zoe Konstantopoulou. O responsável técnico pela Comissão, Eric Toussaint, resumiu a importância dos trabalhos e das conclusões alcançadas a nível internacional, como a recente resolução da ONU sobre a restruturação da dívida.

arton Grécia
Na sua intervenção, a presidente do Parlamento grego destacou o “enorme interesse da população pelo trabalho da Comissão, em especial da juventude” e apelou à difusão deste trabalho por todo o mundo.

O relatório preliminar das conclusões está publicado em livro (em francês) e preparam-se traduções noutras línguas, como o alemão, castelhano e português. O texto está disponível gratuitamente em pdf aqui.

A Comissão reuniu durante quatro dias e um deles foi dedicado aos negócios militares do país, que foram dos grandes responsáveis pelo aumento da dívida, com o testemunho do ex-ministro adjunto da Defesa, Costas Isychos.

O ex-governante do Syriza reconheceu que o terceiro memorando vai cortar na área da Defesa, mas chamou a atenção para a natureza dos cortes previstos: custos com pessoal, manutenção de infraestruturas e hospitais militares, em vez da aquisição de material militar aos grandes fabricantes mundiais de armamento, como inscrito nos programas da NATO.

Grécia. “Os parlamentos não podem reduzir-se a carimbos para aprovar normas que são ditadas e foram rejeitadas pelo povo”, defendeu Zoe Konstantopoulou

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No seu discurso na IV Conferência Mundial de Líderes de Parlamentos, realizada nas Nações Unidas, Zoe Konstantopoulou resumiu a situação política grega nos últimos meses, em que a democracia foi vítima da “coerção da dívida”.

A ex-presidente do Parlamento denunciou o ultimato dos credores e a sua tentativa de aterrorizar o povo com o controlo de capitais e os bancos fechados, que não foi suficiente para impedir “um rotundo não a políticas suicidas”. Mas o que se seguiu foi pior, prosseguiu Zoe, falando da autêntica “extorsão” das medidas prévias ao novo memorando, que obrigaram o parlamento a aprovar mais de mil páginas de legislação em menos de 24 horas.

Com a resistência de alguns deputados – incluindo ela própria – a votarem naquelas condições, “o parlamento foi dissolvido para assegurar uma maioria mais estável para implementar o que o povo rejeitou”, acrescentou.

“Os parlamentos não podem reduzir-se a carimbos para aprovar normas que são ditadas e foram rejeitadas pelo povo”, defendeu Zoe Konstantopoulou, que apresentou na sua intervenção as principais conclusões do comité criado pelo parlamento para auditar a dívida pública, que reconhece a ilegalidade e ilegitimidade da maior parte da dívida grega.

“Apelo-vos enquanto parlamentares de todo o mundo a apoiarem a democracia e a soberania parlamentar contra a coerção da dívida”, prosseguiu Zoe, lançando um desafio aos seus antigos homólogos: “Não permitam que a democracia seja aniquilada no lugar onde nasceu nem que qualquer outro parlamento volte a votar contra a vontade do seu povo e o mandato dos seus deputados”. Veja vídeo em inglês

“A Grécia está a ser usada para encobrir o escândalo do salvamento dos bancos europeus”

Veja aqui o vídeo com a entrevista a Maria Lucia Fattorelli, a especialista brasileira sobre a dívida pública que participou nos trabalhos da Comissão para a Auditoria e Verdade da Dívida Pública organizada pelo parlamento da Grécia.

Ajuda aos bancos
Ajuda aos bancos

Para onde foi o dinheiro emprestado à Grécia?

Apenas uma pequena fração dos 240 mil milhões de euros que fazem parte do resgate total da Grécia encontrou o seu caminho para os cofres do governo

por Lara Ferin

Svitalsky Bros
Svitalsky Bros

Apenas uma pequena fração dos 240 mil milhões de euros que fazem parte do resgate total da Grécia encontrou o seu caminho para os cofres do governo.

Uma grande parte do dinheiro foi para os bancos que disponibilizaram fundos para Atenas. O país foi forçado a reduzir drasticamente o seu défice, pressionando os pensionistas e reduzindo o salário mínimo.

Mas vamos a contas, estas feitas pelo The Guardian: 34 mil milhões de euros foram as medidas que tiveram de ser tomadas para a renegociação da dívida.

Quase 20% do dinheiro foi utilizado para salvar os bancos privados. Aqui somam-se 48.2 mil milhões para salvar os bancos gregos, que tinham sido forçados a assumir perdas, enfraquecendo a sua capacidade de se proteger e depositantes.

Apenas 10%, aproximadamente 24 mil milhões de euros, serviu para ajudar o governo grego, uma vez 140 mil milhões de euros serviram para pagar dívida e juros.

O ataque europeu à democracia grega

Devemos ser claros: quase nenhum do enorme manancial de dinheiro emprestado à Grécia foi verdadeiramente para lá. Foi canalizado para pagar aos credores do setor privado – incluindo bancos alemães e franceses. O que a Grécia obteve foi uma ninharia, mas pagou um elevado preço para preservar os sistemas bancários desses países.

Paula Cabeçadas/ Observatório da Grécia/ Tradução do artigo de Joseph E. Stiglitz no Project Syndicate

fígado grécia

O crescendo de disputas e acrimónia dentro da Europa podem parecer a estranhos o resultado inevitável de um jogo amargo entre a Grécia e os seus credores. Na verdade, os líderes europeus estão finalmente a revelar a verdadeira natureza da disputa em causa, e a resposta não é agradável: é acerca de poder e democracia muito mais do que dinheiro e economia.

Claro que a economia por detrás do programa da “troika” (a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) impingido à Grécia desde há cinco anos foi abismal, resultando no declínio de 25% do PIB do país. Não consigo pensar em nenhuma depressão que tenha sido tão deliberada e tenha tido consequências tão catastróficas: por exemplo, a taxa de desemprego dos jovens ultrapassa hoje 60%.

É surpreendente que a troika recuse a aceitar a responsabilidade nas falhas das suas previsões e modelos. Mas o que é ainda mais surpreendente é que os líderes europeus nem sequer aprenderam a lição. E a troika ainda exige à Grécia um excedente orçamental primário (excluindo o pagamento de juros) de 3,5% do PIB em 2018.

Economistas de todo o mundo condenaram esta meta como punitiva porque o seu resultado resultará inevitavelmente numa recessão mais profunda. Na verdade, mesmo que a dívida grega fosse reestruturada para além do inimaginável se os eleitores não se comprometerem com as metas da troika no referendo deste fim de semana.

Em termos de transformação de um grande défice primário para um excedente poucos países conseguiram aquilo que os gregos alcançaram nos últimos cinco anos. E, embora o custo quanto ao sofrimento humano seja extremamente elevado, as propostas recentes do governo grego foram um longo caminho para ir de encontro às exigências dos credores.

Devemos ser claros: a maior parte da enorme quantidade de dinheiro emprestado à Grécia não foi realmente para lá. Serviu para pagar aos credores do setor privado, incluindo os bancos alemães e franceses. O FMI e os outros credores “oficiais” não precisam do dinheiro que estão a exigir. O dinheiro recebido seria apenas para ser emprestado de novo à Grécia.

Mas nada disto é sobre dinheiro. É sobre o uso de “prazos” para forçar a Grécia a aceitar o inaceitável – além de medidas de austeridade políticas regressivas e punitivas.

Mas porque é que a Europa está a fazer isto? Porque é que os líderes europeus resistem ao referendo e recusam a extensão do prazo de pagamento da Grécia para o FMI por uns dias? Então a Europa não é a democracia?

Em janeiro, os cidadãos gregos votaram por um governo comprometido em acabar com a austeridade. Se o governo grego quisesse apenas cumprir as suas promessas já teria rejeitado as propostas. Mas quis dar ao povo grego a possibilidade de decidir sobre esta questão tão importante para o bem-estar do país.

Esta preocupação com a legitimidade popular é incompatível com a política da zona euro que nunca foi um projeto democrático. A maioria dos seus membros nunca procurou a aprovação dos seus povos para entregar a soberania monetária ao BCE. Quando a Suécia o fez, os suecos disseram não. Compreenderam que que o desemprego subiria se a política monetária fosse estabelecida por um banco central que incidiria a sua política única e exclusivamente sobre a inflação (e também que haveria uma atenção insuficiente sobre a estabilidade financeira). A economia sofreria porque o modelo subjacente à zona euro é baseada em relações de poder que desfavorecem os trabalhadores.

E, com certeza, o que se vê agora, 16 anos depois da zona euro ter sido instituída, é que as relações existentes são a antítese da democracia. Muitos líderes europeus querem ver o fim do governo de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras. Afinal de contas, é muito inconveniente ter na Grécia um governo tão contrário às políticas que tanto aumentaram as desigualdades em tantos países avançados. Parecem acreditar que podem, eventualmente, derrubar o governo grego por “bullying” e levá-lo a aceitar que viole o seu mandato.

É difícil aconselhar os gregos como votarem a 5 de julho. Nenhuma das alternativas – aprovação ou rejeição das condições da troika – será fácil e ambos carregam enormes riscos. Um voto no sim significará a crise quase eterna. Talvez um país empobrecido – que já vendeu todos os seus ativos, cujos jovens brilhantes já emigraram – pode finalmente conseguir o perdão da dívida; talvez depois de ter uma economia atrofiada, a Grécia possa finalmente obter ajuda do Banco Mundial. Tudo isso pode acontecer na próxima década ou, quem sabe, na década seguinte.

Ao contrário, um voto no não poderia abrir pelo menos a possibilidade da Grécia, com a sua forte tradição democrática, pegar no seu destino nas suas mãos. Os gregos podem ganhar a oportunidade de moldar um futuro que, mesmo não tão próspero como no passado, possa ser mais esperançoso do que a atual tortura do presente.

Eu sei o que votaria.

Não apagamos nada dívida

A espionagem do SPC escancara a crueldade do capitalismo selvagem

Dois milhões de pessoas entram em lista de ‘nome sujo’ em 2015, diz SPC
Jorge Braga
Jorge Braga

* Número de brasileiros com dívidas em atraso subiu 4,63% em cinco meses.

* Dívidas das festas de fim de ano e início de 2015 têm o maior crescimento.

O SPC é um serviço elitista e cruel e safado e desumano de espionagem dos pobres. Sua existência define que no Brasil impera o regime do capitalismo selvagem. Um sistema de castas.

Nesta lista suja não está nenhum político de fixa suja, nenhum togado corrupto, ninguém das máfias dos fiscais, nenhum traficante de moedas – os sonegadores, nenhuma empreiteira de obras inacabadas, super superfaturadas, e de serviços fantasmas.

Óbvio que nenhum governante que desviou verbas públicas e comeu propinas.

O SPC, que quebra os sigilos bancários e fiscais dos miseráveis, dos trabalhadores que recebem o salário mínimo, e da classe média baixa, mostra que o brasileiro cada vez fica mais pobre e o rico cada vez mais rico. E que tudo vai piorar com a terceirização.

Cristian Topan
Cristian Topan

Revela G1/ Globo:

Brasileiro não paga contas básicas
A abertura do indicador de dívidas em atraso por setor revela que o brasileiro tem enfrentado dificuldades para fazer o pagamento, até mesmo, de contas básicas. O maior avanço no número de dívidas foi causado pelos atrasos cujos credores são as empresas concessionárias de serviços como água e luz, com alta de 13,31% na base anual de comparação.

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Em segundo lugar, destaca-se o crescimento de 12,02% das dívidas cujos credores são do segmento de telefonia, internet e TV por assinatura, seguido por bancos, que engloba dívidas no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, com alta de 10,10%.

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Com relação aos bancos, a inadimplência neste segmento tem acelerado – em janeiro, as dívidas em atraso com o setor cresciam somente 2,39%. Além disso, ainda que o crescimento das dívidas de contas de água e luz seja o principal destaque de maio, o ramo de bancos é o principal credor com participação de quase metade (48,56%) no total de dívidas em atraso, seguido do comércio, com 19,85%, que no último mês caiu 0,29% na base anual de comparação.

nunca tantos deveram tanto a uns poucos dívida

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Dívidas em atraso são concentradas nas faixas de 30 a 49 anos
Os adultos com idade entre 30 e 39 anos são os que detém a maior parte das dívidas atrasadas no país (29,15%). Já o crescimento de dívidas atrasadas foi maior entre os consumidores mais velhos: alta anual de 10,18% entre brasileiros com idade de 85 a 94 anos e alta de 9,10% para consumidores da faixa de 65 a 84 anos.

Os empregos no Brasil são provisórios, temporários. ninguém demora mais de 2 a 4 anos em uma mesma empresa. O brasileiro vive batendo calçada, como qualquer prostituta de rua, procurando trabalho, algum bico, o pão nosso de cada dia.

É difícil arranjar emprego depois dos 40 anos, e o senador José Serra pretende que a aposentadoria passe dos 70 para os 75 anos.

terceir emprego

FMI e países imperialistas temem o efeito dominó da Grécia

Uma Grécia incomoda muita gente, duas Grécias incomodam, incomodam muito mais.

Duas Grécias incomodam muita gente, três Grécias incomodam, incomodam, incomodam muito mais.

Espanha, Portugal e Irlanda são bolas da vez. A direita européia está em polvorosa. Tremem de medo os governos conservadores, monitorizados pelo FMI e vassalos dos Estados Unidos.

A imprensa vendida, elitista, que defende os interesses da pirataria do colonialismo europeu, principalmente na África e América do Sul, faz a orquestração do medo. A propaganda de que Hugo Chávez, Lula da Silva e Alexis Tsipras são terroristas. Antes este tipo de jornalismo marrom satanizava Che Guevara, Fidel Castro e Mandela.

Desde a queda do muro de Berlim, o comunismo não faz medo. Depois da implosão das torres gêmeas, nos Estados Unidos, a palavra-chave é terrorismo. Tanto que, na véspera das eleições na Grécia, a França realizou uma passeata com chefes de governos que condenaram a chacina de jornalistas na redação do jornal satírico Charlie Hebdo. Lideravam a passeata François Hollande e Ângela Merkel, que fizeram campanha contra Alexis Tsipras.

A imprensa hoje cria um novo Frankenstein ou Drácula.

ESPANHA 

larazon. espanha populismo medo

 

PORTUGAL

Portugal
‘FT’ questiona se novo líder grego pode vir a ser um Lula ou um Chávez

 

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O G1 (Globo) faz a verberação da orquestração do medo da Inglaterra, que é o medo da França, que é o medo da Alemanha, que é o medo dos Estados Unidos:

Transcrevo:

Texto foi publicado após vitória do partido contrário a austeridade no país.
Autor faz conjecturas sobre como deverá ser o mandato de Alexis Tsipras.

 

Texto do FT questiona se novo líder grego será como Lula ou Chávez (Foto- Reprodução: FT)
Texto do FT questiona se novo líder grego será como Lula ou Chávez (Foto- Reprodução: FT)

 

Neste final de semana, o partido Syriza venceu as eleições legislativas da Grécia. Entre seus principais pontos, o programa econômico do Syriza compreende o fim das medidas de austeridade e a renegociação da dívida pública do país, que representa 175% do PIB.

Diante desse cenário de desconfiança do mercado, já que o partido do líder do Syriza, Alexis Tsipras, é contra a austeridade, o jornal britânico “Financial Times” publicou um texto em que questiona se a nova liderança poderá vir a ser “um Lula” ou “Chávez”, em referência aos ex-presidentes do Brasil e da Venezuela.

Para Tony Barber, autor do texto, a questão central, “para a qual nenhuma resposta definitiva pode ser dada”, é saber se Tsipras está disposto a fazer acordos com os credores da Grécia. Segundo Barbar, “durante três anos, Tsipras, às vezes, soava como Hugo Chávez , o presidente populista e ‘bicho-papão’ dos EUA, e , por vezes, como Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente brasileiro, que, uma vez no cargo, governou como um reformista, em vez de um esquerdista radical”.

Jovem e carismático

Tsipras, um líder político jovem (tem 40 anos) e carismático, foi fundamental nessa transformação do Syriza.
Conhecido por seus discursos empolgantes e sua aversão a gravatas, ele assumiu a liderança do partido em 2008 e foi eleito para o Parlamento em 2009.

“A crise econômica e o colapso dos partidos tradicionais certamente ajudaram a aumentar a influência do Syriza, mas foi Alexis Tsipras que catapultou o partido”, explica Christoforos Vernardakis, professor de ciência política da Universidade Aristóteles de Salonica e fundador do instituto de pesquisas VPRC.

“Isso aconteceu porque Tsipras é jovem e não parece ter medo. Ele pegou uma esquerda que estava na defensiva e a transformou em uma opção crível para o governo.”

Para seus simpatizantes, Tsipras é um líder nato, que trata com respeito quem está a seu redor. “Ele gosta de processos e decisões coletivas”, diz Samanidis.

Nikos Karanikas, um velho amigo e colega de partido, por exemplo, diz que, apesar da ter se tornado um líder político proeminente, Tsipras ainda vive em um bairro de classe média de Kypseli, em Atenas, e continua a trabalhar como engenheiro civil.

Seus críticos, porém, costumam retratá-lo como um político arrogante, inexperiente e com fome de poder.

Mudança

No que diz respeito a suas propostas políticas, o Syriza não só se opõe ao resgate internacional da Grécia e às medidas de austeridade como quer renegociar parte da dívida grega.

Cartazete de propaganda espanhola
Cartazete de propaganda espanhola

Essas promessas têm gerado nervosismo nos mercados financeiros e já se especula sobre uma possível saída da Grécia da zona do euro.

De acordo com o correspondente da BBC na Grécia, Mark Lowen, muitos no país parecem dispostos a dar uma chance a Tsipras.

Outros, porém, acreditam que uma vitória do Syriza poderia aprofundar a crise no país e levar a um confronto entre a Grécia e a União Europeia.

 

 

Los movimientos europeos piden una auditoría ciudadana de la deuda

As ondas  de protestos neste sábado na Europa

 

Portavoces del movimiento portugués Que se lixe a Troikadesde Lisboa remarcaron que lo importante de la protesta de hoy es su carácter internacional, para demostrar el descontento de los pueblos europeos con las políticas de recortes aplicadas por todo el continente. En todas partes el objetivo era el mismo, pedir el fin de las políticas de austeridad y una salida de la crisis económica socialmente justa, esto es, que no se rescate a la banca con dinero público, que se lleve a cabo una auditoría ciudadana de la deuda, la paralización de los recortes en servicios públicos. Y también por el fin de la corrupción y una democracia más participativa.

Hasta el propio centro del poder europeo, Bruselas, ha llegado la indignación. Allí, un grupo de jóvenes, entre los que había muchos españoles, se han manifestado para llevar el mensaje a la puerta de la troika. Lidia Brun, de 25 años, procedente de Barcelona y que se encuentra en Bruselas para ampliar sus estudios, exclicaba cómo “te das cuenta de que tanto los jóvenes en Grecia, como los de Portugal o los que están delante del Banco Central Europeo (BCE), todos estamos utilizando los mismos argumentos, quejándonos de lo mismo y saliendo a la calle con la misma indignación”, señaló. Esa política, sostuvo, “obliga a muchos jóvenes bien preparados a abandonar su país en busca de mejores oportunidades” y además, agregó, “está acabando con el estado del bienestar y la democracia, sobre todo en el sur de Europa, porque se dicta la austeridad desde despachos y capitales sin tener en cuenta a la población”. “Nos hemos tenido que ir de nuestro país porque no había trabajo, ni siquiera en condiciones precarias”.

dívida déficit primário indignados

“Hay que desmontar el mito de que la deuda se paga o se paga”

indignados sistema
Sílvia Cabezas d’AlcalàHoy en día, ¿qué significa ser anticapitalista?

Esther Vivas: Cada vez hay más gente que puede sentirse anticapitalista, se defina como tal o no. Porque, actualmente, lo que está claro, a los ojos de un número cada vez mayor de personas, es que este sistema no funciona. La crisis ha desenmascarado al capitalismo y ha puesto en evidencia la usura, la avaricia y la competencia que fomenta y cómo es un sistema que antepone intereses particulares de unas minorías a las necesidades básicas de la gente. El capitalismo convierte derechos fundamentales en mercancías.

P.: ¿Por ejemplo?

R.: Lo vemos con el acceso a la vivienda, el derecho a una educación y a una sanidad pública y de calidad, el derecho a alimentarnos de forma sana y saludable. Un ejemplo: cada día en el Estado español se ejecutan 532 desahucios, mientras hay 3 millones de viviendas vacías. La ley hipotecaria está al servicio de los bancos y las políticas responden a los intereses de una minoría financiera. Ser anticapitalista es estar en contra de este sistema y defender otro al servicio de la gente y del planeta. Cada vez parece más lógico ser anticapitalista y antisistema que ser procapitalista o prosistema.

P.: ¿Cómo contemplas el posible “salto en política” de algunos movimientos sociales o plataformas cívicas?

R.: Creo que los movimientos siempre deben ser independientes en relación a las organizaciones políticas. Pero, también, hay que señalar los límites de la movilización per se. Desde mi punto de vista, más allá de luchar en la calle y desobedecer, que es imprescindible para cambiar las cosas, también es fundamental plantear alternativas políticas, antagónicas a las actuales, que defiendan otra práctica política, leales a la gente que lucha y con un programa de ruptura con el sistema.Sino desde los movimientos sociales nos podemos limitar a ser un lobby de aquellos que mandan.

P.:¿De qué modo los nuevos movimientos sociales usan Internet para difundir su ideario y movilizar a la ciudadanía?

R.: Hoy no se puede entender la protesta sin el papel de las redes sociales. Son canales de información alternativos a los medios de comunicación convencionales. Instrumentos que han permitido a los activistas explicar lo que sucedía en primera persona, convirtiéndose en lo que se denomina citizen journalists. Significan un paso adelante para democratizar la comunicación, hacerla accesible a todos. Pero, lo que es imprescindible es vincular el uso de estos instrumentos y redes a los movimientos que luchan en la calle. Y, deben servir, en consecuencia, para amplificar estas luchas.

P.:¿Las demandas y estrategias del movimiento contra el endeudamiento del Sur pueden aplicarse en Europa?

R.: Si hace más de diez años nos solidarizábamos con la lucha contra la deuda externa de los países del Sur (en el año 2000, se organizó aquí una consulta popular que recogió más de 1 millón de votos y que reivindicaba que los países del sur no tenían por qué pagar una deuda que era ilegal, ilegítima y usurera), ahora, una década más tarde, vemos cómo la problemática de la deuda ha llegado a Europa. Y nos movilizamos para no pagar la deuda injusta e ilegal que nos reclama e impone la banca y los mercados. En consecuencia, tenemos que aprender mucho de las luchas en Latinoamérica (también en Asia y África) contra el endeudamiento. En Ecuador, el gobierno de Correa, con el apoyo de movimientos sociales, realizó una auditoria para saber qué parte de la deuda que le reclamaban las instituciones internacionales era legítima o no. Y se comprobó que una parte de esta deuda no era legítima, sino que sólo había beneficiado a unes élites políticas y económicas, y el gobierno decidió no pagarla. Hay que desmontar el mito de que la deuda se paga o se paga. Esto no es así. ¿Por qué tenemos que pagar una deuda que no es nuestra?

Fuente: http://piensaesgratis.com/muevete/esther-vivas