O partidarismo político de uma manchete

villa bôas

O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, 63 anos, está no comando geral do Exército brasileiro desde fevereiro. Nesta semana, esteve pela primeira vez em Pernambuco depois de assumir a função. Em passagem pelo Recife, concedeu entrevista aos jornais e falou sobre drogas, crise, transposição do Rio São Francisco, golpe militar e mulheres no Exército. O currículo de Villas Bôas inclui a função de adido militar na China, chefe da assessoria parlamentar do Exército e comandante militar da Amazônia. Além disso, em 2014, respondeu pelo comando de operações terrestres, com atuação na estratégia de defesa da Copa do Mundo.

O título de uma notícia pode se transformar em slogan de propaganda política, e tendencioso, por destacar uma frase fora do contexto, inclusive por orquestrar uma meia verdade.

Transcrevo a entrevista de Villas Bôas, e que título escolheu o Diário de Pernambuco, um jornal sectário e facioso?

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Transposição
Ontem (quinta-feira passada) fomos a Paulo Afonso conhecer as obras da transposição do Rio São Francisco. É realmente de importância transcendental. Pela primeira vez se empreendeu projeto capaz de mudar a realidade do Nordeste. O Brasil entrou no século 20 e saiu do século 20 com a mesma realidade. Hoje sabemos que não sairemos do século 21 da mesma forma. São quinze anos de atraso, o que sacrifica uma geração, mas é um avanço incrível de qualquer forma.

Crise
O orçamento dos sete projetos estratégicos do Exército sofreu corte de 40%. O que considero mais importante para a sociedade é o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), iniciado em 2012 para melhorar o controle da fronteira e avaliado em R$ 12 bilhões em dez anos. A previsão era concluir em 2022, mas hoje, com o ritmo orçamentário que nós temos, ele não estará pronto antes de 2035. São tecnologias sensíveis, que correm o risco de ficar obsoletas até lá. A Polícia Federal estima que 80% da criminalidade urbana são ligadas ao tráfico de drogas. E tudo passa pela fronteira. Nos preocupa também o fato de as empresas contratadas serem obrigadas a interromper os serviços.

Descriminalização das drogas
É uma questão sensível. Preocupa bastante. As polícias se manifestam contra. Em um pronunciamento, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria disse ser veementemente contra. Ele disse que as pessoas não imaginam a relação entre droga e suicídio. Isso nos afeta. Não posso admitir a discriminalização no Exército. Não posso admitir militar armado de serviço consumindo droga.

Golpe
As manifestações de rua que pedem a volta do regime militar são uma questão complexa. Nossa interpretação é que as pessoas não pedem a volta do governo militar, com algumas exceções. Estão reclamando dos valores. Estamos em crise econômica, política e ética. Se transformar em crise social, pode gerar problemas de segurança pública e o Exército pode ser chamado a intervir.

Mulheres
Hoje 5% do nosso efetivo são formados por mulheres, mas na área técnica, e não na operacional. Em 2016 faremos concurso para elas ingressarem em 2017 pela primeira vez na Academia Militar das Agulhas Negras. Teremos mulheres cadetes.

Título
Destaquei em azul os possíveis títulos. A entrevista de Villas Bôas aborda variados temas do mais alto interesse público.

Mas o Diário de Pernambuco preferiu um escandaloso. Que oferece esperança de uma intervenção militar para derrubar Dilma Rousseff.

Nem é preciso esclarecer, em defesa da paz em um grave momento de crise social, “o Exército pode ser chamado a intervir”.

Apologia
O Diário de Pernambuco tascou o seguinte título de apologia da ditadura militar:
“O Exército pode ser chamado a intervir”, diz comandante geral do Exército”

É um título que parece vago, não explicativo, mas que deixa a impressão de que o Exército está pronto para…

General Villas Boas: “Não há hipótese de os militares voltarem ao poder”

Grupelho que pede ‘intervenção’ ridicularizado por comandante do Exército
Todos aqui. É um grupelho
Todos aqui. É um grupelho
Grupo acampa em frente ao quartel do Exército para pedir “intervenção militar”
Acampa em frente ao quartel do Exército para pedir “intervenção militar”

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Vovô Metralha ex-delegado do DOI-Codi, assassino e torturador
Vovô Metralha ex-delegado do DOI-Codi, assassino e torturador
Comandante do Exército brasileiro debocha de pequena facção fundamentalista – homens, mulheres e até crianças – acampada há 4 meses em frente ao portão principal do quartel-general do Ibirapuera (SP) para pedir um golpe militar contra a presidente Dilma Rousseff

por Eduardo Guimarães, blog da Cidadania

Faz pelo menos quatro meses que um grupo de homens e mulheres – e até crianças, vistas no local amiúde – montou um acampamento na calçada em frente ao portão principal de acesso ao quartel-general do Exército, no Ibirapuera, Zona Sul da capital paulista, para pedir um golpe militar contra a presidenta Dilma Rousseff.

Em nota oficial, o responsável pelo Comando Militar do Sudeste, general João Camilo Pires de Campos, informa que o comando não irá se posicionar sobre o acampamento:
“O Comando Militar do Sudeste não se manifesta sobre atos políticos. “O posicionamento do Exército Brasileiro, em qualquer circunstância, é de atuar com isenção e dentro da legitimidade e legalidade, conforme o previsto no Art. 142 da Constituição Federal”

Ironicamente, esse grupo tão original cita justamente o artigo 142 da Carta Magna como “justificativa” para a sua tão sonhada “intervenção militar constitucional”. Leia o que diz o texto constitucional:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Não se sabe que tipo de interpretação esses pirados deram ao texto acima, já que determina justamente o contrário de “intervenção militar”. O texto diz, claramente, que cabe às Forças Armadas a “garantia dos poderes constitucionais” e que só podem intervir de alguma maneira em alguma coisa por iniciativa desses poderes, quais sejam, Executivo, Legislativo e Judiciário.

O grupo de acampados é composto, majoritariamente, por pessoas de meia idade e idosos. Na internet, reúnem-se em uma página do Facebook ao qual deram o nome de Movimento Brasileiro de Resistência (MBR), o qual está convocando um “outubro negro” que promete “matar pela pátria” em meio a exaltações a “Deus”.

ditadura-luo-democracia

A convocatória terrorista:

convocatoria golpe direita

Ao fundo do acampamento, o prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo. Funcionários da Casa relatam que, na verdade, os acampados costumam aparecer no local mais para tirar fotos e aparecer em vídeos e depois vão embora. Não sabem precisar quem fica lá durante a noite. Durante o dia, há um revezamento entre os protagonistas da iniciativa.

Como essas pessoas residem na região do acampamento, fica fácil a encenação de estarem vivendo no local para enganarem incautos na internet.

Não se sabe ao certo, porém, o que pretendem essas pessoas, já que ninguém acredita em uma intervenção militar, forma como a proposta de golpe militar é chamada por grupos de extrema direita.

Aliás, neste domingo (27) o comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, 63 anos, deu uma entrevista ao jornal Correio Brasiliense em que chega a debochar do acampamento de malucos diante do QG do Exército.

Villas Boas diz que “Não há hipótese de os militares voltarem ao poder” e espanta-se com as propostas de “intervenção militar constitucional” baseada no artigo 142 da Constituição, como pregam grupos de extrema direita. Diz Villas Boas:

“É curioso ver essas manifestações. Em São Paulo, em frente ao Quartel-General, tem um pessoal acampado permanentemente. Eles pedem “intervenção militar constitucional” (risos). Queria entender como se faz”

O comandante do exército quer entender como se pode fazer uma intervenção militar “constitucional” se a Constituição prega exatamente que militares não podem fazer intervenção alguma em nada a não ser por ordem dos poderes constituídos, nos quais o presidente da República ocupa o cargo de “comandante em chefe” das Forças Armadas. Transcrito do Pragmatismo Político e do Cidadania. Veja vídeos 

As ONGs internacionais se tornam cada vez mais “donas” da Amazônia

GENERAl QUER SABER PARA QUE SERVEM TANTAS ONGS NA AMAZÔNIA

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por Sérgio Pires / Correio de Notícia/ Rondônia

A ideologia imposta a grandes temas nacionais, as causas que deveriam estar muito acima de crenças político-partidárias, é uma realidade a que temos sido submetidos todos os dias. A ideologia tomou conta das questões da criminalidade, já que ela não é combatida para priorizar os direitos humanos dos bandidos; no campo, onde invasão de terras não é mais crime e em muitas coisas da nossa vida. A questão da Amazônia não poderia ser diferente: Nosso governo ama as ONGs internacionais, dá-lhes dinheiro e poder e elas se tornam cada vez mais “donas” da mais rica região do país. Numa longa e rara entrevista, dia desses, o comandante militar da região, general Eduardo Villas Boas, que chefia nada menos do que 19 mil homens e mulheres das Forças Armadas, considerou as ONGs como um dos grandes males da região amazônica. Não generalizou, com o perdão do trocadilho. Mas disse com todas as letras: “Não é o caso de estigmatizar as ONGs. Elas preenchem espaços e atendem necessidades da população que nem o primeiro nem o segundo setores têm capacidade de atender. Mas há coisas fora de controle e a gente fica numa insegurança: não sabe quem são nem seus objetivos.”

E foi ainda mais longe, o comandante militar: “muitas vezes as ONGs atuam no sentido contrário aos interesses brasileiros”. Poderia ter dado uma dezena de exemplos, mas optou por citar um. E dos mais importantes, o caso da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho:

– “Em 2009, o braço brasileiro da ONG norte-americana Conservation Strategy Fund divulgou estudo afirmando que a reforma da estrada traria prejuízo. É uma rodovia que já existiu, não gerou desflorestamento, não houve prejuízo ambiental. Mas o governo não consegue fazer… é um absurdo. Manaus está conectada à Venezuela, mas não ao restante do Brasil”, protestou o general Villas Boas.