Editorial hoje do Diário do Comércio
O que o Brasil de hoje nos leva a crer é que estamos mesmo acima da crise econômica internacional e vivemos as delícias do “mundo da lua”: sem preocupações, apenas filosofando e tratando de temas sentimentais e até mesmo históricos. Um verdadeiro” spa” mental!
Até parece que não temos uma das maiores cargas fiscais do mundo. Muito menos se nota que nossa legislação trabalhista a cada momento se torna mais onerosa para o empresário e faz retrair cada vez mais o mercado de trabalho. As contas são lidas pelas autoridades econômicas com otimismo e mil justificativas para os dados verdadeiramente preocupantes.
Enquanto isso, o grevismo inconsequente, e justamente dos mais protegidos e bem remunerados, corre solto e impune. O país é presa fácil de um sindicalismo que já não sobrevive no mundo responsável de hoje em dia.
Reformas, avanços modernizantes, retiradas de entraves a importação, exportação, movimentação de capitais, segurança nos portos e estradas, nada mais é aventado. Resta a presidente Dilma, que reage, mal ou bem, ao saque dos aliados políticos, ocupam de má fé ministérios. Mas nem é tão rigorosa com os íntimos.
Queremos crescer sem investir em estradas, portos, aeroportos e fontes competitivas (e limpas) de energia. As obras do governo federal, que se acredita do mais alto interesse nacional, são barradas por índios, ambientalistas e supostos herdeiros de quilombos, na sua maioria imaginários. Se existissem os mais de mil, reivindicados no pequeno – mas produtivo – estado de Santa Catarina, não teria havido escravidão por ali.
O Congresso Nacional discute projetos eleitoreiros, apenas se preocupa com a liberação de emendas e a crise vai se agravando… Nada é feito de concreto para defender as contas públicas dos rombos do sistema financeiro, que são estranhamente absorvidos pelos bancos oficiais.
Por outro lado, a dívida dos estados exige uma reavaliação e repactuação. Os juros são altos demais, as dificuldades para a liquidação dos débitos é imensa, mas vai se empurrando o problema com a barriga, como se diz popularmente. São bombas que, ao contrário do que ocorria no passado, explodem com muita velocidade. Não compensa mais enganar e protelar decisões.
A volta da inflação é um fato. A qualquer momento pode haver uma fuga de capitais do mercado financeiro – e é bom lembrar que a retomada da confiança demora.
Em termos de posições políticas no campo internacional, nos fartamos de errar ao longo deste ano. O que, no fundo, ajuda a conter esta onda de simpatia que tanto tem nos ajudado. Sem falar no revanchismo em relação aos militares, o que, em primeiro lugar, é algo impatriótico e injusto.
Vamos aproveitar o clima de virada de ano e colocar os pés no chão. Temos de agir – e não de tolerar esta conversa de gente irresponsável, que sabota patologicamente o Brasil, pela via das restrições ambientais, das decisões judiciais, das regulações hostis ao empreendedor e desta fúria fiscal, que, de muito, ultrapassou os limites da paciência empresarial. Não temos o direito de interromper um ciclo, que, apesar dos pesares, tem sido positivo para nós.
—
“O grevismo inconsequente, e justamente dos mais protegidos e bem remunerados”: os marajás e Marias Candelária do judiciário, do fisco, da polícia. Os que deveriam combater a corrupção – os que investigam, fiscalizam, prendem e condenam. Todo supersalário, além do teto constitucional, é desvio de dinheiro, desfalque, apropriação indébita, crime contra o erário público, coisa de quadrilheiro: quem paga também recebe salário régio.
Greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios.
Isso acontece adoidado com quem recebe o salário mínimo ou o salário piso. Começou com o ditador Catelo Branco que, em 1964, cassou a estabilidade no emprego, e com o rasga da CLT no governo Fernando Henrique. Não existe mais emprego fixo. Com ou sem carteira assinada, todo emprego é temporário.
“Queremos crescer sem investir em estradas, portos, aeroportos e fontes competitivas (e limpas) de energia”. O jornal golpista não pede nada para o povo.
Nenhuma obra que melhore a qualidade de vida dos 99% dos brasileiros. Quer um crescimento que apenas beneficia o capital especulativo, os piratas estrangeiros, os traficantes de moedas. Nada para o povo. Nenhuma reforma de base. Nenhum investimento em educação, saúde, moradia popular.
“Índios, ambientalistas e supostos herdeiros de quilombos, na sua maioria imaginários” e outros da ralé e dos movimentos sociais são os inimigos do Brasil, os terroristas da guerra interna decretada pelo general Golbery.
“Revanchismo em relação aos militares, o que, em primeiro lugar, é algo impatriótico e injusto”. Essa defesa da ditadura de 64 é puro saudosismo dos tempos de chumbo, da tortura que continua nas delegacias, das chacinas dos sem terra, dos sem teto pelas milícias, paramilitares que ensanguentam o Brasil.
“Existe uma percepção de influência de radicais maior do que a conta mostra, inclusive nas agências reguladoras e na gestão das greves. Tudo isso acaba se refletindo na credibilidade nacional”.
Qualquer movimento dos indignados deve ser punido. Existe um povo encoberto: 500 mil prostitutas infantis, o tráfico humano, os milhões de brasileiros exilados pelos quatro cantos do mundo como emigrantes ilegais, os salários mínimos, os mortos de fome, os marginalizados. Existe o tráfico: de pessoas, de moedas. “Tudo isso não acaba se refletindo na credibilidade nacional”.
É, “apesar dos pesares, não devemos interromper um ciclo, que começou em 1964, e que tem sido positivo para nós”. Nós, as elites,