“MST vai para Cuba com o PT”

JOÃO PEDRO STÉDILE: “A NOSSA BURGUESIA SENTE RAIVA DE POBRE E DE PRETO”

Stédile e o Papa Francisco
Stédile e o Papa Francisco

João Pedro Stédile, no início do Seminário Reforma Política e Combate à Corrupção, iniciado quarta-feira última, em Fortaleza, declarou:

“Esse ataque não foi pessoal, mas direcionado à classe trabalhadora. A nossa burguesia tem raiva de pobre e de preto. Ainda não consegue conviver com casa grande e senzala”, disse Stédile, referindo-se às agressões que sofreu imediatamente após o desembarque no Aeroporto Internacional Pinto Martins.

O encontro ocorreu na Casa Amarela Eusélio Oliveira, equipamento da Universidade Federal do Ceará. E o ataque a Stédile foi patrocinado pelos especuladores imobiliários, filiados ao PSDB dos golpistas Aécio Neves, José Serra, Fernando Henrique e Aloysio Nunes Ferreira, ex-comunista, que passou do stalinismo para a extrema direita.

stedile procrado vivo ou morto

A direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) repudiou hoje (23), em nota, a agressão sofrida pelo membro da coordenação nacional do movimento, João Pedro Stedile, quando deixava o aeroporto de Fortaleza na noite de ontem. Um grupo de pessoas cercou Stedile e o seguiu até seu carro, em um trajeto de seis minutos, chamando-o de “assassino”, “fascista”, “comunista”, “traidor da pátria” e entoando em canto “MST vai para Cuba com o PT”.

Para a direção do movimento, “este episódio não é um fato isolado, mas um reflexo do atual momento político do país, em que se vê crescer a cada dia o ódio contra os movimentos populares, migrantes e a população negra e pobre”. O texto compara o episódio à agressão sofrida no último sábado (19) por jovens de favelas cariocas que foram impedidos, sob o risco de danos físicos, de frequentar as praias da zona sul da capital fluminense.

“Estes atos de violência e ódio propagado intensamente nas redes sociais, e que reverberam cada vez mais nas ruas, são mais uma demonstração da violência dos setores da elite brasileira dispostos a promover uma onda de violência e ódio contra os setores populares”, diz o texto. A direção do movimento lembrou que recentemente Stedile foi vítima de outra agressão, quando circulou nas redes sociais um cartaz que oferecia uma recompensa por ele “vivo ou morto”.

O MST entende que essa onda de ataques é resultado de “uma mídia partidarizada, manipuladora e que distorce e esconde informações, ao mesmo tempo em que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente”. “São esses meios de comunicação a serviço de uma direita raivosa e fascista os responsáveis por formarem essas mentalidades criminosas e odiosas que alimentam as ruas e as redes sociais com os valores mais antissociais e desumanos que possa existir.”

Tais atos, no entanto, não enfraqueceram a luta pela reforma agrária e pelos direitos sociais protagonizada pelo movimento, segundo a nota. “Não aceitaremos que nenhum militante dos movimentos populares sofra qualquer tipo de agressão ou insulto por defender e lutar por justiça social. Nos comprometemos a permanecer em luta nas ruas pela defesa da democracia, dos direitos civis, da classe trabalhadora e o respeito aos valores humanitários.”

O chefe do MST, João Pedro Stédile recebeu a comenda mais importante de Minas Gerais no dia da Inconfidência Mineira, 21 de abril de 2015, que lhe foi dada pelo governador do PT, pelo governador Fernando Pimentel.

stedile raiva de

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Globo: “Em lua de mel com papa, Cuba vê renascimento de fés afro-cubanas”

Sacerdotisa da santeria
Sacerdotisa da santeria

As rádios, televisões, revistas e jornais do grupo Globo, da família Marinho, além de classificar o Papa Francisco de comunista, insinua que ele impulsiona o renascimento dos cultos africanos em Cuba.

Com tal afirmativa, nega o que tanto propagou: que os cubanos são ateus.

Ontem o Papa rezou missa para 500 mil cubanos, na Praça da Revolução, em Havana.

Narra João Fellet: “Turbante à cabeça e vestida de branco, Rosaida Tavio apresenta o salão nos arredores de Havana onde cultua Xangô, seu orixá protetor.

No canto, uma estátua da divindade repousa sobre um recipiente de madeira, ladeado por cabaças. No alto, Jesus Cristo e seus apóstolos se sentam à mesa da Santa Ceia.

Tavio é sacerdotisa da santeria, principal religião afro-cubana, mas isso não a impede de também se definir como “100% católica”.

“Somos mais seguidores de Cristo que qualquer outro grupo”, ela diz à BBC Brasil enquanto abana um leque azul.
Tavio e vários de seus filhos espirituais assistiram no domingo à missa em Havana do papa Francisco, louvado por muitos cubanos por seu papel na reconciliação entre Cuba e os Estados Unidos.

Alguns dos pontos brancos na multidão que encheu a Praça da Revolução sinalizavam santeiros recém-iniciados. Pela tradição, quem “faz o santo” (consagração a um orixá) deve se vestir todo de branco por um ano. Outros usavam colares e pulseiras de contas com as cores de seu “orixá de cabeça”, guia espiritual de um santeiro”.

É isso aí. Parace Salvador, Bahia, ou outra cidade brasileira.

Alina Garcia
Alina Garcia

A mídia da Globo tem o mesmo linguajar preconceituoso, fanático e racista dos pastores Silas Malafaia, Marco Feliciano.

Existe mais liberdade religiosa em Cuba do que no Brasil:

Menina iniciada no candomblé é apedrejada na cabeça por evangélicos

Intolerância religiosa: Menina de apenas 11 anos é apedrejada na cabeça por evangélicos e diz que está com medo de morrer: ‘Continuo na religião, nunca vou deixá-la. É a minha fé. Mas não saio mais de branco’. A garota e os parentes também foram xingados: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno’

Menina já pedia paz em imagem publicada antes de ser agredida. Hoje, ela afirma que não vestirá mais branco porque tem ‘medo de morrer’ (Reprodução/Facebook)
Menina já pedia paz em imagem publicada antes de ser agredida. Hoje, ela afirma que não vestirá mais branco porque tem ‘medo de morrer’ (Reprodução/Facebook)

Com apenas 11 anos de idade, K. conheceu a intolerância religiosa na noite de domingo de forma dolorosa. A menina, iniciada no Candomblé há quatro meses, seguia com parentes e irmãos de santo para um centro espiritualista na Vila da Penha, quando foi atingida na cabeça por uma pedra, atirada, segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos. Ainda segundo os relatos, momentos antes, eles xingaram os adeptos da religião de matriz africana.
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“Eles gritaram: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno’. Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu minha neta e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus”, contou a avó da menina, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião como Vó Kathi.
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O caso foi registrado ontem na 38ª DP (Brás de Pina) como lesão corporal e no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião). A polícia tenta identificar os agressores através de câmeras dos ônibus da região.
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K. chegou a desmaiar e, segundo seus parentes, teve dificuldade para lembrar de fatos recentes. “Ela está bem, pois foi socorrida para o hospital e até foi à escola, pois é muito estudiosa. Mas na hora chegou a perder a memória. Que mundo é esse que estamos vivendo? Não se respeita nem criança?”, questionou, ainda indignada, Yara Jambeiro, 49, também integrante do Barracão Inzo Ria Lembáum e uma das responsáveis pela educação religiosa de K.
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O caso ganhou repercussão na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro. Ivanir dos Santos, que preside a comissão, defende a importância da punição aos responsáveis.
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“Não se trata de um fato isolado. É assustador uma pedrada em uma criança. Vivemos um momento delicado na questão da intolerância. As investigações precisam chegar aos agressores para que o exemplo não seja de impunidade e que a liberdade religiosa seja reafirmada como está na lei”, avaliou.
Responsável por uma rede social com 50 mil adeptos e que defende a cultura afro-brasileira, Marcelo Dias, o Yangoo, divulgou o caso: “É assombroso”, criticou.
Medo de morrer
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Em entrevista ao jornal carioca Extra, a menina disse que a partir de agora quer esconder de todos a fé que abraçou por medo de sofrer novas represálias.
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“Continuo na religião, nunca vou deixá-la. É a minha fé. Mas não saio de mais de branco. Nem no portão eu vou. Estou muito, muito assustada. Tenho medo de morrer. Muito, muito medo”, afirmou.
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A garota recorda com indignação do momento em que foi agredida. “Só me recordo de ter colocado a mão na cabeça, sentir o sangue e logo depois vê-lo pingando no chão. Foi uma coisa do nada. Nem vi direito de onde veio. Mas eu poderia ter sofrido algo grave. Atingiu minha cabeça. Mas e se fosse meu olho?”, questionou.
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Ialorixá de 90 anos enfartou com ofensas

A denúncia de que uma pedra feriu a menina K., de 11 anos, na noite de domingo, chegou à Comissão de Combate à Intolerância do Rio em meio a reunião na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em protesto pela morte, no dia 1º , de uma uma ialorixá, de 90 anos de idade, em Camaçari, na Bahia.
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Segundo seus parentes e filhos de santo, a religiosa enfartou depois da instalação de um igreja evangélica em frente ao seu terreiro.
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Conhecida como Mãe Dede de Iansã, Mildreles Dias Ferreira teria morrido após seguidores da igreja, terem passado uma madrugada inteira em vigília proferindo ofensas em direção à casa de santo.
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“A polícia recebeu queixas contra as manifestações em frente ao terreiro antes da morte dela. Fizeram cerimônias em frente à casa de forma acintosa e, em outros casos, há quem macule terreiros, além de outras práticas sistemáticas”, enumerou Ivanir dos Santos, presidente da comissão. Pragmatismo Político. Informações de O Dia e Extra/ Flávio Araújo

O jornal que fez a campanha do golpe para Magalhães Pinto em 64, agora trabalha para Aécio

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Jornal conservador e golpista e direitista continua com sua propaganda suja favorável às podres elites de Minas Gerais, que promoveram o banqueiro e governador Magalhães Pinto chefe civil do golpe de 64.

O jornal Estado de Minas e seus irmãos bastardos Correio Braziliense e Diário de Pernambuco – o que restou do império de Assis Chateaubriand – sempre fizeram parte da imprensa vendida ao império, aos interesses coloniais da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, por um Brasil dependente, terceiro-mundista, dividido entre latifundiários, e suas riquezas entregues aos piratas estrangeiros.

Uma política que custa o suor, as lágrimas e o sangue dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada, dos bolsas-família, dos que recebem o salário mínimo do mínimo.

Esquecem os descartáveis poderosos de hoje, que todos vão terminar no ostracismo e, também, com suas riquezas roubadas. Foi o que aconteceu com Magalhães Pinto. Foi o que aconteceu com Assis Chateaubriand.

Assim haverá de ocorrer com as botijas de ouro e nióbio e diamantes da família Neves, cuja fortuna será tomada pelas multanacionais, ou perdida, espero, para beneficiar o povo espoliado durante cinco séculos, desde o ano de 1536, quando foi conquistado Pernambuco, a primeira das 13 capitanias hereditárias, que originaram os estados brasileiros.

Para manter as capitanias que, políticamente, são transmitidas de pai para filho ou neto (de forma hereditária, como direito de sangue), o Estado de Minas realiza sua campanha contra Lula, não pelo que ele fez, mas pelo que representa como símbolo de combate a fome, e de ascensão social do negro e do mulato, e a felicidade do povo em geral. Por Independência ou Morte, uma Liberdade ainda que tardia (Libertas quae sera tamem).

liberdade mesmo que tarde

Delegado da PF do zé foi exonerado! E quer prender o Lula!

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Escreve Paulo Henrique Amorim, com informação de Stanley Burburinho:

Delegado da PF que pediu para Lula depor na Lava Jato foi exonerado de cargo de chefia em 08/2013, pelo atual diretor-geral da PF.

Leia a história do pervertido pedido do delegado Joselio Azevedo de Sousa.

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Jornal mentiroso e safado. Não existe nenhum pedido da Polícia Federal, apenas, exclusiva e facciosa insinuação de um delegado, motivado pela vingança de ter sido demitido  de um poderoso cargo de chefia.

O desejo do delegado Joselio Azevedo era “produzir dano político e eleitoral, transformando a atividade policial em gazua de interesses partidários”.

O mesmo delegado, jogando na corda bamba, pediu “para interrogar Aécio Neves, de quem Yousseff não disse ‘achar’, mas ter certeza que recebia dinheiro de uma diretoria de Furnas, que dividiria com o falecido deputado José Janene, do PP”. A denúncia contra Aécio foi escondida pela imprensa.

imprensa mente

A divisão europeia sobre os refugiados vê-se nos dezenas de milhares que saíram à rua FÉLIX RIBEIRO 12/09/2015 – 20:16

Multidões em Londres e Copenhaga exigiram aos seus governos que façam mais. Aos apelos do Ocidente, responderam concentrações nacionalistas e anti-imigração nos países do Centro da Europa.

Estocolmo, Suécia AFP PHOTO/ JONATHAN NACKSTRAND
Estocolmo, Suécia AFP PHOTO/ JONATHAN NACKSTRAND
Nice, França AFP PHOTO/ VALERY HACHE
Nice, França AFP PHOTO/ VALERY HACHE
Berlim, Alemanha AFP PHOTO/ AXEL SCHMIDT
Berlim, Alemanha AFP PHOTO/ AXEL SCHMIDT
Lisboa ENRIC VIVES-RUBIO
Lisboa ENRIC VIVES-RUBIO
Lisboa ENRIC VIVES-RUBIO
Lisboa ENRIC VIVES-RUBIO
Varsóvia, Polónia REUTERS/ SLAWOMIR KAMINSKI/AGENCJA GAZETA
Varsóvia, Polónia REUTERS/ SLAWOMIR KAMINSKI/AGENCJA GAZETA

O dia da defesa dos refugiados foi também o dia das grandes divisões europeias. Quarenta mil pessoas em Londres e 30 mil em Copenhaga exigiram este sábado que os seus governos fizessem mais para acolher as centenas de milhares de refugiados que chegaram este ano à Europa. No Ocidente, dezenas de cidades europeias fizeram eco destes dois epicentros da reivindicação por uma Europa inclusiva. Mais a Leste, porém, sobressaiu o tom anti-imigração.

Os protestos enquadram as divisões europeias à entrada para uma semana de decisões importantes em Bruxelas. E, nos casos de Londres e Copenhaga, são dedos apontados a governos conservadores que resistem em abrir portas.

Assistiu-se ao mesmo tom em várias cidades francesas, em Haia marcharam centenas em silêncio e, em Viena, ponto-chave do fluxo de refugiados na Europa, cerca de 6000 pessoas repetiram as palavras de ordem que chegaram às redes sociais: “Refugiados bem vindos”.

Em Berlim esperavam-se 5000 pessoas para uma vigília à luz das velas e, em Hamburgo, onde se proibiu um protesto da extrema-direita, mais de 10 mil pessoas apoiaram quem foge à guerra, fome, perseguição e discriminação. Reportagem de Félix Ribeiro. Leia mais e veja vídeos.

O racismo, o preconceito, o fanatismo religioso, o extremismo político, campanhas odientas provocaram guerras civis na Europa de ditaduras marcadas por massacres e holocaustos, como ainda hoje acontece, e o chamado Brasil Cordial está a pedir um novo massacre à 1964.

PORTUGAL
PORTUGAL
FRANÇA
FRANÇA

Manifestações na Europa pedem mais generosidade no acolhimento de refugiados

Milhares de refugiados sírios estão a chegar à Alemanha, depois de, durante semanas, terem percorrido os Balcãs e a Hungria, a pé, de barco, de autocarro e comboio. LEONHARD FOEGER/ REUTERS
Milhares de refugiados sírios estão a chegar à Alemanha, depois de, durante semanas, terem percorrido os Balcãs e a Hungria, a pé, de barco, de autocarro e comboio. LEONHARD FOEGER/ REUTERS

Lisboa, Londres, Paris e Copenhague foram algumas das cidades europeias que realizaram neste sábado manifestações pedindo mais generosidade no tratamento dos refugiados que têm chegado à Europa nos últimos meses. Não houve incidentes nas manifestações. Milhares de pessoas defenderam, no Dia Europeu de Ação pelo Refugiado, o aumento da generosidade no acolhimento dos 430 mil migrantes que, segundo a Orgnização Internacional para as Migrações, chegaram aos países da União Europeia desde o princípio do ano. Leia reportagem A Viagem de todos os sonhos, por Paulo Moura

Por uma política europeia de migração concertada, com menos barreiras e mais solidariedade!
A espera de uma passagem para uma vida sem ditadura e guerra civil.
A espera de uma passagem para uma vida sem ditadura e guerra civil.
Polícia húngara encaminha os refugiados para autocarros que os levarão até à fronteira. O detalhe racista da mão com uma luva. MARKO DJURICA/ REUTERS
Polícia húngara encaminha os refugiados para autocarros que os levarão até à fronteira. O detalhe racista da mão com uma luva. MARKO DJURICA/ REUTERS
As autoridades húngaras permitiram o embarque dos refugiados nos autocarros que seguiriam até à fronteira com a Áustria. Que não seja uma viagem final de morte como aconteceu nos trens nazistas da Segunda Grande Guerra.  PETER KOHALMI/ AFP
As autoridades húngaras permitiram o embarque dos refugiados nos autocarros que seguiriam até à fronteira com a Áustria. Que não seja uma viagem final de morte como aconteceu nos trens nazistas da Segunda Grande Guerra. PETER KOHALMI/ AFP

por José Inácio Faria/ Público

Vivemos hoje a pior crise de refugiados de que há memória desde a Segunda Guerra Mundial. Em apenas sete meses, de Janeiro a Julho de 2015, atravessaram as fronteiras da União Europeia cerca de 340.000 pessoas, de acordo com as Nações Unidas.

A maioria destes migrantes é oriunda da Síria, do Afeganistão, do Iraque e da Eritreia. São pessoas que abandonam os seus países por motivos de guerra, pobreza, repressão política e religiosa em busca de uma vida melhor no continente europeu. Para chegar à Europa, estas pessoas submetem-se a condições terríveis como as que enfrentam durante a viagem que empreendem desde os seus locais de partida, com todos os perigos que isso implica, como a travessia arriscada pelo mediterrâneo que, ao longo dos anos, tem vindo a ceifar milhares de vidas, ou, uma vez aqui chegados, confrontarem-se com o bloqueio de entrada no espaço europeu por uma qualquer “barreira anti-imigrantes”.

Em 1989, quando o muro de Berlim, também conhecido pelo “muro da vergonha”, finalmente se desmoronou, havia 16 muros de fronteira em todo o mundo; hoje, volvidos cerca de 25 anos, há 65 muros já erguidos ou em vias de construção!

O exemplo mais recente desta política de encerramento forçado de fronteiras é a Hungria, que iniciou a construção de uma barreira de cerca de 177 km ao longo de fronteira com a Sérvia, depois de ter recebido mais de 80 mil pedidos de asilo desde o início do ano. Será que essa a melhor maneira de receber estes refugiados? É esta a Europa da Liberdade e paladino da defesa dos direitos humanos que os pais fundadores da União Europeia quiseram criar?

A própria tentativa da União Europeia em distribuir cerca de 40.000 refugiados entre os seus membros para aliviar a pressão da Grécia e da Itália evidenciou claramente as divisões que existem entre os parceiros europeus. É chegada a hora de cada estado membro da UE pôr termo à indiferença e passar das meras intenções à acção, tomando medidas mais sérias e mais humanas. O que a Europa precisa é de menos muros e de mais união e solidariedade. É igualmente necessário enfrentar e travar o aumento da xenofobia nos países europeus. Há o mito errado de que a migração gera, necessariamente, um impacto negativo nos países que acolhem estes refugiados. Mas essa realidade é claramente desmentida nos inúmeros estudos realizados sobre este assunto.

De facto, a realidade é bem diferente, uma vez que nesses mesmos estudos se refere a necessidade, para a sustentabilidade dos sistemas de segurança social de cada estado membro, da dotação de uns quantos milhões de novos trabalhadores em falta, esses, necessariamente, oriundos de países terceiros.

A realidade é que a inversão da pirâmide demográfica não perdoa. Em Portugal, por exemplo, um terço da população terá mais de 65 anos em 2050, sendo a previsão de que a população descerá para os cerca de seis milhões e 500 mil nesse ano. A baixa taxa de natalidade, o aumento da esperança média de vida e uma quebra na taxa de mortalidade são as principais razões para o “envelhecimento” da população portuguesa. Para Portugal manter os níveis actuais, precisará de uma força de trabalho jovem e vinda de fora que possa gerar um impacto positivo importante.

Seguramente que a melhor forma de enfrentar esta crise migratória não é erguendo “muros de indiferença”. Estes, em vez de contribuírem para solucionar o problema, apenas acrescentam ainda mais alguns. O que a Europa precisa urgentemente é de uma política única de migração concertada entre os vários Estados-membros, criando novos mecanismos para facilitar a migração legal, tais como corredores legais de migração, por forma a reduzir o espaço para actividades criminosas relacionadas com a migração. Para além disso, torna-se urgente que a Europa invista política e financeiramente nos países de origem desta população migrante, ou seja, atacar o problema na origem e não no destino. Mas, para que tal aconteça, isso só será possível se a UE agir de forma unida e concertada, e o que parece estar a acontecer é precisamente o contrário!

Termino referindo que chegamos a um momento singular da nossa vida, que direi até vergonhoso, em que não funcionando as instituições públicas, máxime os Estados, é uma vez mais a sociedade civil que é chamada a pôr mãos à obra e tratar das populações mais carenciadas, neste caso dos refugiados. Pena é que, mesmo quando a sociedade civil deseja intervir para ajudar o poder público a resolver alguns destes problemas, não seja ouvida nem reconhecida. E a verdade é que já em 2011, no auge da crise política em Portugal, o Partido da Terra – MPT propôs à Presidência da República a criação de um Fundo de Emergência Nacional para prover às populações mais carenciadas, entre os quais os refugiados, e que se previa vir a ser dotado com cerca de quatro milhões de euros provenientes de um donativo anual por cada eleito em Portugal (o equivalente a uma senha de presença numa reunião). Pena que o projecto do MPT não tivesse tido o acolhimento necessário para socorrer a população mais desfavorecida em Portugal e, designadamente, os refugiados.

Eurodeputado e presidente do Partido da Terra – MPT

Os símbolos de Hitler desfilam nas ruas de São Paulo anunciando o fim da democracia e o reinado das trevas

A pregação do ódio, da morte de Dilma, da intervenção militar e do retorno da ditadura continua.

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O desfile de 7 de setembro em que crianças carregaram suásticas.

Acontece que toda propaganda nazista, na Alemanha, é proibida, e seus autores, no caso brasileiro, professores direitistas e analfabetos, presos. Bem que merecem de quatro a cinco anos de cadeia.

Portal Pragmatismo Político: Desfile de 7 de setembro de Taboão da Serra não se limitou às reverências militares brasileiras e causou polêmica ao trazer crianças exibindo suásticas, símbolo principal do regime nazista da Alemanha.

Portal Fórum: Para alguns, a demonstração de força militar, bem como o orgulho patriótico que impera nos desfiles de 7 de setembro pelo país são tradições questionáveis.

Um desses desfiles, no entanto, não se limitou às reverências militares brasileiras e causou polêmica ao trazer crianças exibindo suásticas, símbolo mais clássico do regime nazista da Alemanha.

O caso aconteceu no desfile de Taboão da Serra, cidade da Grande São Paulo.

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soldado integralista

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Símbolos do nazismo brasileiro
Símbolos do nazismo brasileiro
Brasão da TFP
Brasão da TFP

A Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin faz que não sabe, e o maior tribunal do mundo, o de São Paulo, com 360 desembargadores está com a cegueira de sempre. Não viu a volta dos integralistas de Plínio Salgado, dos garotos da TFP de Plínio Corrêa, e a infiltração dos Bolsonaro e da Bancada da Bala. Tem deputado que se vangloria de ter assassinado mais de cem pessoas.

Essa gentalha asquerosa acabou com o mito do Brasil Cordial.

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“São incapazes de se comover com o sofrimento de uma criança miserável. Preferem vê-la morta”.

CRIME CONTRA A HUMANIDADE. Imagem símbolo do Massacre do Pinheirinho
CRIME CONTRA A HUMANIDADE. Imagem símbolo do Massacre do Pinheirinho

Ö Brasil que a imprensa esconde – das chacinas de crianças, dos despejos judiciais de comunidades, dos filhos das ruas, do trabalho infantil, das 500 mil prostitutas infantis – é o País do Ódio pregado pelos pastores e padres eletrônicos, pelos Bolsonaro, pelos Eduardos Cunha:

“Muitos programas vão ter que acabar, não tem outro jeito”, disse o presidente da Câmara (PMDB), em entrevista à colunista Mônica Bergamo, citando que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por exemplo, “tem 2.000 programas” e que o Orçamento prevê “R$ 15 bilhões para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)”.

“É preciso ter arrecadação de impostos para sustentar tudo isso. A sociedade vai ter que decidir se quer manter esses programas. Para isso, é preciso aumentar impostos, o que vai ser difícil de passar no Congresso. Será necessário, então, fazer uma opção”, segue Cunha (leia aqui).

Que se aumente os impostos sobre fortuna e milionárias heranças, mas o Congresso dos ricos apenas defende seus interesses e dos financiadores (propinas antecipadas) de campanhas eleitorais.

As almas gêmeas de Petra Laszlo na mídia brasileira

Monstro moral
Monstro moral

Por Paulo Nogueira


Alguém pergunta, numa rede social: como uma profissão que sempre produziu pessoas de alta consciência social, o jornalismo, pode abrigar monstros morais como a húngara Petra Laszlo?

Petra virou uma abominação mundial ao ser flagrada chutando e derrubando refugiados na Hungria.

A explicação para a conduta desumana de Petra não está no afrouxamento do caráter dos jornalistas, embora isso possa estar acontecendo.

A resposta está na ideologia.

Petra, como logo se soube, é nacional socialista. Ou seja, nazista. Ela trabalhava, até ser demitida ontem mesmo, numa emissora de extrema direita da Hungria.

Um traço essencial do caráter das pessoas de extrema direita é a desumanidade, o ódio torrencial, a falta de compaixão, solidariedade e outras coisas que conectam os seres humanos.

Detestam imigrantes. Detestam pobres. Detestam negros. Detestam homossexuais e demais minorias.

São incapazes de se comover com o sofrimento de uma criança miserável. Preferem vê-la morta.

Petra é deste grupo.

Ela guarda uma notável semelhança física com uma alma gêmea sua, o norueguês Anders Breivik, o ultradireitista que matou mais de 70 jovens em nome do combate à expansão dos muçulmanos.

O mesmo semblante, a mesma frieza, o mesmo ar de pretensa superioridade racial.

No Brasil, essa escória moral está por trás de grupos que vestem verde e amarelo e vão para as ruas pedir a volta da ditadura.

Nas redes sociais, eles disseminam seu ódio patológico, cego e obtuso. Um de seus alvos frequentes são os nordestinos, para eles uma subraça, assim como os refugiados para Petra.

Há um mentor por trás da extrema direita brasileira, o pseudofilósofo Olavo de Carvalho, que é a própria personificação do ódio.

Ele arregimentou seguidores que espalham sua pregação raivosa, intolerante e primitiva.

Entre eles está uma espécie de duplo de Petra, Rachel Sheherazade.

Sheherazade virou um caso nacional quando defendeu os linchadores de um garoto que tem todos os defeitos para gente que pensa como ela: pobre e negro.

Até o governo federal, tão leniente quando se trata de encher de dinheiro empresas de mídia que sabotam a democracia, ficou passado.

Para não perder o Anualão de 150 milhões de reais de verbas publicitárias do governo, Silvio Santos colocou-a na geladeira. Transformou-a numa locutora, à espera, com certeza, de que o PT saia do poder para devolvê-la à condição de comentarista.

Petra faria o mesmo que Sheherazade, caso fosse brasileira.

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Se estivesse filmando o menino justiçado que trouxe notoriedade a Sheherazade, daria os mesmos pontapés que deu em refugiados em situação extrema, incluídas crianças.

Parecia que o Brasil estava livre da praga da extrema direita inumana.

Mas não.

Ela está aí, com todo o catálogo de abominações típicos dos nazistas.

E o pior é que, por razões oportunísticas e sórdidas, os senhores do ódio recebem no Brasil o estímulo da oposição e, claro, da imprensa.

Basta ver o número de ultradireitistas com posições privilegiadas nas corporações de mídia.

Sheherazade, nossa Petra, é um caso que está longe de ser único.

A guerra nunca é santa

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«A guerra nunca é santa, a eliminação e a opressão do outro em nome de Deus é sempre uma blasfémia. A eliminação e a opressão do outro e da sua história, usando o nome de Deus, é um horror». É esta a firme convicção dos mais de quatrocentos líderes das grandes religiões mundiais, reunidos de 6 a 8 de Setembro em Tirana a convite da comunidade de Santo Egídio, por ocasião do encontro internacional sobre o tema «A paz é sempre possível. Religiões e culturas em diálogo», organizado em colaboração com a Conferência episcopal local e a Igreja ortodoxa albanesa.

Num momento em que a comunidade internacional tem dificuldade de encontrar soluções para os conflitos, os congressistas dirigiram aos governantes um apelo à importância do diálogo: «A guerra – lê-se no apelo – não se vence com a guerra: é um engano. A guerra sempre sai fora de controle. Não vos iludais. A guerra desumaniza povos inteiros. Recomecemos do diálogo, que é uma grande arte e uma medicina insubstituível para a reconciliação entre os povos».

Foi abordado também o tema dos refugiados, para os quais além do acolhimento é necessário e urgente trabalhar pela paz, dado que só o fim dos conflitos poderá deter o grande êxodo. Está convicto disto Andrea Riccardi, que na cerimónia final sublinhou que os crentes devem sempre estar na primeira linha para dar novamente ao mundo a esperança no futuro. Enfim, o fundador da comunidade de Santo Egídio, desejou que «das religiões possa renascer um movimento de corações e de paz que não se resigne à guerra e à dor». Transcrito do L’Osservatore Romano

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Jornalistas mineiros denunciam “ação golpista e antinacional” da imprensa conservadora

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do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, enviado por Eliara Santana

Os ares da liberdade não estão circulando de forma desimpedida no Brasil.

Há pouco fôlego para o debate de ideias e menos espaço para o exercício meticuloso, criativo e responsável da busca da verdade.

O jornalismo, com sua tarefa civilizadora de consagrar o direito à informação, vem perdendo sua força em razão do domínio empresarial de um negócio em profunda crise de identidade por razões tecnológicas, econômicas e morais.

O setor deixou de lado suas bases históricas para se definir por meio de alianças cada vez mais incontestáveis com projetos econômicos liberais e de poder político conservador. O resultado tem sido uma perda de relevância do jornalismo. De fiador da liberdade a ator interessado, com visão particular de mundo, sociedade e política, a indústria da notícia ocupa hoje um lugar estranho à sua origem e razão de ser.

A realidade da divisão social foi transformada pela mídia em ambiente de doentia confrontação, que alimenta o golpismo contra a democracia real e estimula o ódio entre as pessoas.

A imprensa, nesse contexto, vem cumprindo a triste missão de desinformar para manipular melhor.

Os jornalistas, nessa hora nebulosa, precisam trazer seu raio ordenador: o sentido da verdade, a crença na pluralidade, a força do argumento contra o nivelamento rasteiro do pensamento único. O teste vigoroso da investigação jornalística, do conhecimento fundado nos fatos, do alimento à reflexão, da sensibilidade humana aos personagens da vida real.

É urgente a defesa das conquistas democráticas, com sua pletora de ideias dissonantes em livre e saudável embate, em lugar do autoritarismo dos colunistas orgânicos, homens e mulheres servis aos patrões, das repetições acríticas das análises prontas, e do silêncio constrangido. Ações deletérias que se armam a partir das mais torpes estratégias, como a mentira, o cinismo, a venalidade e a censura.

É hora do jornalismo responsável. Contra a lógica destrutiva do quanto pior melhor; em confronto com as simplificações que personalizam os problemas estruturais; em franco embate com a defesa do privilégio, do preconceito e da exclusão.

Um jornalismo feito com força moral para combater a corrupção em toda sua extensão. Com apuro técnico que desvele as antecâmaras de uma sociedade desigual e concentradora. Com ligações com o sentimento popular e as verdadeiras expressões de aprimoramento social e humano. Uma trincheira ética que todos reconheçam.

Para isso é preciso que se enfrentem grandes inimigos e estruturas seculares que construíram um dos mais lucrativos mercados do planeta que, se hoje claudica, não é por falta de privilégios, mas pela incapacidade de competir de forma honesta, já que foi nutrido em ambiente protegido. Uma flor de estufa que apodrece em praça pública. Mais que um sistema de ampliação de vozes, a imprensa brasileira confunde a voz do dono com o dono da voz.

Um setor que defende o mercado, mas que quer se eximir de seus controles. Que não aceita regulações nem mesmo quando exerce uma concessão pública por natureza precária e sujeita a renovações. Incapaz de compreender a dimensão pública do direito à informação. Que se arvora em cantar loas à competição enquanto luta ferozmente para manter privilégios na distribuição das verbas publicitárias públicas. Que, em ato repetido de má fé, confunde regulamentação com censura.

Uma indústria eivada de estereótipos, que não gosta do povo, que criminaliza a miséria, que promove o racismo e a violência contra minorias. Que parte de noções preconcebidas, que transforma ideologias em fatos, que vai ao mundo apenas para validar sua visão menor de realidade e seu desprazer em conviver com a diferença.

E nesse quadro de capitulação da imprensa conservadora diante dos poderosos, os jornalões e as cadeias de tevê e rádio lançam-se à mais implacável campanha de descrédito e desestabilização do governo da República. Não pelos seus possíveis erros, mas pelos seus muitos acertos. Os jornalistas denunciam mais essa ação golpista e antinacional da imprensa conservadora, explorando problemas conjunturais que o Brasil enfrenta (como de resto, tantos outros países), para a defesa de seus interesses e dos setores que representam.

É contra tudo isso que os jornalistas se unem em coro com a população brasileira. Pela liberdade de expressão, pela liberdade de informação, pela defesa da riqueza brasileira, na figura de sua maior e mais valiosa empresa, a Petrobras; pelos valores democráticos, pelos direitos humanos, contra todas as formas de golpe e de fascismo.

Um jornalismo de combate.

Um jornalismo de afirmação.

Jornalistas pela verdade.

Jornalistas por uma nova narrativa pública.

Jornalistas pela igualdade.

Jornalistas por um mundo mais humano.

Jornalistas pelo Brasil.

Casa do Jornalista, 8 de abril de 2015.

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Preconceito, racismo, homofobia, abusos morais e violência sexual na Faculdade de Medicina da USP

universidade USP

Sou Fernanda Luccas, doutoranda em Ciência Ambiental na USP e diretora da APG USP Capital.

A Associação de Pós-Graduandos Helenira ‘Preta’ Rezende, que representa os pós-graduandos do campus capital da USP, lançou no último dia 18/11, terça-feira, durante a 962a sessão do Conselho Universitário da USP, carta denúncia sobre os casos de estupro e discriminações de gênero, sexualidade, etnia e assédio moral, tanto na Faculdade de Medicina como em toda a universidade. Na visão da entidade, a instituição tem sido negligente e lenta em dar respostas à comunidade.

Venho aqui portanto, para pedir a divulgação desta carta e também, caso seja interessante, oportunamente gostaríamos de pedir um espaço para falarmos de nosso programa, pois entendemos que a pós graduação no Brasil tem muito a contribuir com a politização sobre diversos assuntos em pauta no Brasil. Muito Obrigada!

CARTA DENÚNCIA

Um jornal que defende a política de Alckmin na USP
Um jornal que defende a política de Alckmin na USP

 

Exmo Srs. Membros do Conselho Universitário (CO) da Universidade de São Paulo.

É com imensa preocupação que observamos nos últimos dias o nome de nossa universidade estampado nos jornais de maiores alcances regional e nacional de nosso país.

As notícias não são boas, associam o nome da Faculdade de Medicina da USP ao descaso e à completa falta de apoio frente a denúncias de preconceito, racismo, homofobia, abusos morais e violência sexual, resultando muitas vezes na perseguição das vítimas.

Isto ocorre frente à lentidão e ausência de posicionamento institucional no trato dos casos denunciados nas instâncias internas da faculdade, culminando no afastamento do Prof. Dr. Paulo Saldiva da Universidade de São Paulo, obrigando portanto, as vítimas a buscarem justiça em instâncias externas à Universidade.

Há aproximadamente dois meses o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou à Faculdade de Medicina da USP informações sobre casos de trotes violentos e violação de direitos humanos em festas.

Somente sob os holofotes e atenção da grande mídia, o diretor da FMUSP se pronunciou, afirmando que até a próxima semana seriam tomadas todas medidas necessárias para evitar a repetição de tais violações, bem como, enviados os documentos que relatam os incidentes questionados pelo MPE.

Se não fosse o suficiente, no dia 14/11/14 (sexta feira) foi publicado pela Rede Brasil Atual a denúncia de que o mesmo diretor da FMUSP, pressionou os Deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo para não realizarem a audiência pública das denúncias de abusos, tentando exaustivamente por telefone, realizar uma manobra para inviabilizá­-la por falta de quórum.

A Universidade de São Paulo têm colecionado e protagonizado, ao longo de pelo menos os últimos 5 anos, denúncias de múltiplas formas de violência e desrespeito, afetando especialmente as categorias menos prestigiadas da universidade, como alunos de graduação, pós graduação e funcionários.

Denúncias relatando violência moral, como por exemplo, o constante e velado assédio moral por parte de professores aos seus alunos graduandos e pós graduandos, sobretudo ao gênero feminino e à comunidade LGBT, como também a violência sexual, moral e de cunho preconceituoso, praticada entre alunos em festas e trotes universitários, têm sido parte da rotina desta universidade.

Aqui colocamos uma reflexão: se os próprios diretores, professores, alunos e sociedade civil concordam que qualquer tipo de violência não pode ser naturalizada e deve ser punida, então essa rotina de violência mais velada ou mais extrema, porém causadora de danos humanos profundos, deveria ser investigada, punida e prevenida.

Contudo, o discurso por parte dos gestores da USP observado na mídia está diametralmente distante da prática que encontramos em nosso cotidiano, como demonstrou a recente tentativa de esvaziamento da audiência da ALESP.

Este fato configura uma absoluta negligência de quem deveria, por obrigação, dar o melhor exemplo, seja investigando e punindo com o rigor da lei os responsáveis pelos abusos, seja pela criação de instrumentos, orgãos e políticas educacionais que evitem a ocorrência de novos casos.

Esta negligência demonstra também, os valores ultrapassados, machistas, sexistas, despotistas e antidemocráticos praticados e afirmados nesta instituição e portanto, torna seus gestores co­responsáveis e co­autores de todos os casos e práticas violentas em vigor na universidade.

O mais grave e mais estarrecedor é que, em sendo a USP uma universidade pública, sustentada pelos impostos de toda a população paulista, dos mais pobres aos mais ricos, ela têm por obrigação moral servir à sociedade e estar sempre na posição vanguarda em tudo, não apenas em sua produção acadêmica ou nos títulos de seus professores que embelezam as paredes da instituição.

Essa rotina violenta quase enraizada, institucionalizada pela negligência de seus gestores, se tornou uma importante força motriz do declínio da qualidade do ensino e de formação humanística oferecida ao corpo discente como também, do conhecimento que ultrapassa os muros da instituição e chega para a sociedade.

A negligência e porque não, a negação de todas as formas de violência moral e sexual existentes na USP é outrossim, uma faceta pouco palatável à opinião pública, de um projeto violento e segregador que vem sendo construído pelos gestores e governo do estado de São Paulo, que a cada dia torna a universidade menos pública.

Isto ocorre na medida em que se dificulta o acesso do público em geral aos acervos nas bibliotecas e de todos os espaços que poderiam ser utilizadas coletivamente, mas não o são em função das catracas, câmeras de vigilância e PM dentro de campus ­ que supostamente protegeriam o patrimônio estrutural e a integridade física das pessoas que utilizam tais espaços, o que também não procede, considerando os dados divulgados na mídia, que mostram o crescente aumento de roubos e outras formas de violência desde a instauração da PM dentro do campus.

Muitas das vezes em que vítimas denunciam os erros ocorridos no interior desta instituição, imediatamente são colocadas na posição de agentes que visam depreciar a imagem da universidade, têm suas denúncias dissolvidas sob a alegação de exagero ou pouco discernimento político, passando portanto por um processo de silenciamento e responsabilização por todos os malfeitos.

Desta forma, aqueles que violentam ou permitem a violência na instituição, sentem­-se protegidos e tudo continua como sempre, em prol de uma moral e um nome a ser zelado diante da opinião pública.

Portanto, os diretores, a reitoria, o governo do estado de São Paulo e todos os que têm vetado as investigações é que são o cerne da violência observada nesta universidade e isto precisa ser revisto, investigado, modificado e retirado.

Que se retire o cerne do mal pela raiz.

Neste contexto, viemos por meio desta carta, a denunciar a violência e negligência alertando que todas estas situações são de integral responsabilidade da instituição e que, se queremos zelar pelo nome, pela qualidade e pela credibilidade dela, investigar e punir com rigor e transparência, doa a quem doer, sendo exemplo no combate e prevenção do racismo, sexismo, machismo e homofobia é a atitude que se espera dos gestores daquela que foi por muito tempo, uma das mais importantes, conceituadas e arrojadas universidades do país.

Respeitosamente, Associação dos Pós Graduandos Helenira “Preta” Rezende (APG USP Capital)

 

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