A calorosa hospitalidade recebida nos Eua, os desafios da Igreja naquela Nação, a vergonha pelos abusos sexuais cometidos por alguns sacerdotes, o processo de paz na Colômbia, a crise migratória, os processos matrimoniais, a objeção de consciência, a China, as religiosas norte-americanas e as mulheres na Igreja, o poder do Papa: foram estes os principais pontos da conferência de imprensa de Francisco que, durante o vôo de regresso de Filadélfia — onde a 27 de Setembro, com a missa de encerramento do encontro mundial das famílias, terminou a viagem papal — respondeu por mais de 45 minutos a uma dúzia de perguntas.
O Pontífice disse que ficou surpreendido pela hospitalidade recebida que, embora tenha sido diferente nas três cidades visitadas nos Eua, foi muito calorosa. E acrescentou que ficou impressionado também com as celebrações litúrgicas e com a oração dos fiéis. O desafio da Igreja, disse, consiste em continuar a permanecer ao lado deste povo, acompanhando-o tanto na alegria como nas dificuldades. E isto deve realizar-se, permanecendo ao lado das pessoas.
Sobre os abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, o Papa disse que falou diante de todos os bispos do país, porque sentiu a necessidade de expressar compaixão pelo que aconteceu: algo muito desagradável, pelo que muitos pastores autênticos sofreram. Sem dúvida, os abusos existem em toda a parte, disse, mas quando quem os comete é um sacerdote, isto é gravíssimo, porque é uma traição da vocação presbiteral, que consiste também em fazer crescer o amor de Deus e, ao mesmo tempo, a maturidade afetiva dos jovens.
Quanto ao processo de paz na Colômbia, o Pontífice afirmou que recebeu com alívio a notícia, e que se sentiu partícipe desta aproximação entre o Governo e as Farc.
Sobre a imigração, ao contrário, Francisco frisou que hoje estamos diante de uma crise que deriva de um processo de longo período, porque a guerra da qual as pessoas fogem se combate há anos. Além disso, há a fome, que leva as pessoas a migrar. A África, disse ainda, é o continente explorado: primeiro a escravidão, depois os grandes recursos, e agora as guerras tribais, que escondem interesses económicos. Mas em vez de explorar, seria necessário investir, para evitar esta crise.
O Papa falou também das barreiras que são levantadas nalgumas regiões da Europa, afirmando que mais cedo ou mais tarde os muros desabam, e que contudo não são uma solução.
No que se refere à questão da nulidade matrimonial, o Pontífice reiterou que na reforma dos processos foi fechada a porta da via administrativa, através da qual podia entrar aquilo que alguém definiu «divórcio católico», e que a simplificação dos procedimentos já foi pedida pelos padres sinodais no ano passado. O matrimónio é um sacramento indissolúvel, e isto a Igreja não pode mudar. Os processos servem para provar que o que parecia sacramento não era tal. Além disso, há questões ligadas às segundas núpcias e à comunhão aos divorciados recasados que no entanto, disse o Papa, não são as únicas que serão enfrentadas no iminente Sínodo.
Falou-se inclusive de objeção de consciência, e Francisco afirmou qeu se trata de um direito, faz parte dos direitos humanos e é válida para todas as pessoas, portanto também quando se trata de um funcionário público. Negá-la significa negar um direito.
Depois, o Papa falou sobre a China, ressaltando que é uma grande Nação, portadora de uma imensa cultura. E afirmou que gostaria muito de visitar aquele país, acrescentando que ter uma Nação amiga como a China, com tantas possibilidades da fazer o bem, seria uma alegria.
Voltando a discorrer sobre questões americanas, o Pontífice disse que as religiosas são muito amadas nos Eua porque fizeram maravilhas nos campos da educação e da saúde. E reiterou que na Igreja as mulheres são mais importantes do que os homens, contudo realçando que há um pouco de atraso em matéria de teologia da mulher.
Quando lhe fizeram notar que nos Eua ele se tornou uma star, Francisco recordou que o título de um Papa é «servo dos servos de Deus». Os mass media usam o termo star, mas há outra verdade. Demasiadas estrelas apagaram-se. Ao contrário, frisou, ser servo dos servos de Deus não passa.
Enfim, respondendo a uma pergunta sobre a presença do presidente da câmara municipal de Roma, Ignazio Marino, na missa conclusiva do encontro mundial das famílias, o Papa desmentiu categoricamente que houve um convite da sua parte ou da parte dos organizadores. Leia aqui a entrevista do Papa
WASHINGTON (Reuters) – O papa Francisco almoçou com 200 pessoas que estão desabrigadas ou vivendo na pobreza em Washington nesta quinta-feira, e lhes disse que não há justificativa social ou moral para a falta de moradia.
Depois de fazer um discurso no Congresso dos Estados Unidos no qual exortou os legisladores a fazerem mais para ajudar as pessoas mais vulneráveis da sociedade, Francisco visitou uma instituição de caridade católica que oferece alimento, assistência médica e ajuda para arrumar emprego.
“Não conseguimos encontrar justificativa social ou moral, absolutamente nenhuma justificativa, para a falta de moradia”, afirmou o pontífice aos funcionários, doadores e frequentadores da instituição na capital do país mais rico do mundo.
Francisco fez da defesa dos pobres o cerne de seu papado, inspirado no tempo que passou nas favelas e nos sopões de rua quando ainda era um religioso atuando na Argentina antes de ser eleito em 2013 como o primeiro papa latino-americano.
Também na condição de primeiro papa a discursar na legislatura dos EUA, ele disse aos parlamentares para “terem em mente todas aquelas pessoas ao nosso redor que estão presas em um ciclo de pobreza. Elas também precisam que lhes deem esperança”.
Algumas das pessoas que o líder católico encontrou na instituição disseram esperar que suas palavras levem o Congresso e outras autoridades eleitas a fazerem mais pelas necessidades dos pobres.
“Você nunca os ouve falar sobre a falta de moradia ou sobre como anda o mercado de trabalho. Você ouve que o mercado de trabalho está ruim, mas não os ouve dizer ‘O que podemos fazer para ajudar?’”, afirmou Angela Ford, de 45 anos, que perdeu o emprego que tinha na indústria automobilística anos atrás e mora em um local providenciado pela igreja.
“Com todas essas mensagens políticas negativas, é ótimo ter alguém positivo aqui”.
O papa abençoou a refeição de peito de frango desossado e salada de macarrão para o grupo antes de se misturar à multidão, trocando apertos de mão e parando para tirar fotos enquanto admiradores gritavam “Papa! Papa!” em espanhol. Ele relembrou a história bíblica do nascimento de Jesus, que começa relatando como seus pais não conseguiam encontrar um lugar para ficar em Belém.
“O Filho de Deus veio a este mundo como desabrigado”, disse Francisco. “O Filho de Deus soube o que é começar a vida sem um teto”.
Estamos vivendo em uma democracia, e centenas de blogueiros chamados de “sujos” continuam ameaçados de ser amordaçados, a boca costurada pela censura por defender a democracia, a liberdade de expressão e a felicidade do povo em geral.
Não se pode acreditar em ditadura “branda”, em ditadura “suave”, e outras definições masoquistas, para entorpecer o medo e acalmar os covardes, quando existe uma campanha de ódio, de apologia do golpe com intervenção militar, e ameaças de morte, inclusive uma lista de mortes anunciadas que começa com o assassinato de Dilma Rousseff.
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O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) esteve nesta quinta-feira (17/9) em Goiânia a convite da Corregedoria-Geral da Justiça para participar do I Workshop da Justiça Criminal, realizado na Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) e não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao difícil momento vivido pelo País.
Bolsonaro vê imigrantes como “ameaça” e chama refugiados de “a escória do mundo”.
Sem medir palavras, o parlamentar afirmou, em entrevista exclusiva ao Jornal Opção que, se dependesse dele, a petista deixaria o Palácio do Planalto imediatamente, nem que para isso ela tenha que morrer.
“Espero que o mandato dela acabe hoje, infartada ou com câncer, ou de qualquer maneira”, dispara e completa: “O Brasil não pode continuar sofrendo com uma ‘incompetenta’, somos grandes demais para isso”.
Sobre a condenação sofrida por ele, na qual terá que pagar a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) R$ 10 mil por danos morais, por ter dito que a petista “não merece ser [sequer] estuprada”, Bolsonaro ressalta que vai recorrer da sentença.
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Principalmente os deputados federais devem denunciar os inimigos do povo, dos direitos humanos, dos direitos trabalhistas e da justiça social.
Devem denunciar os que pretendem o emprego terceirizado, o financiamento das campanhas eleitorais pelas grandes empresas, e os golpistas que querem acabar com os programas sociais do governo de Dilma.
Para tanto, precisam usar um vocabulário afirmativo e esclarecedor, inclusive como resposta a campanha terrorista da imprensa vendida ao imperialismo.
Eduardo Cunha assumiu a presidência da Câmara dos Deputados este ano, e já causou demasiados estragos. É um oportunista que deve ser desmascarado. E sempre nomeado como ditador, primeiro-ministro, inimigo do povo e do trabalhador, por querer impor o emprego terceirizado, e inimigo do Brasil, por ser lobista de multinacionais, e defender o financiamento das campanhas eleitorais pelas grandes empresas.
E lembrar, e demonstrar que não existe golpe sem prisões, tortura, clandestinidade, exílio e morte.
Tolo é quem acredita no mito do Brasil “cordial”. E vai na conversa dos que pretendem provar que a ditadura brasileira matou menos do que a de Pinochet.
Os fanáticos religiosos e os neofascistas não acreditam em holocausto, em campos de extermínio na Alemanha e países ocupados pelos nazistas na Segunda Grande Guerra, e que continuam escondidos os cemitérios clandestinos, cavados no Brasil da ditadura militar de 64.
CRIME CONTRA A HUMANIDADE. Imagem símbolo do Massacre do Pinheirinho
Ö Brasil que a imprensa esconde – das chacinas de crianças, dos despejos judiciais de comunidades, dos filhos das ruas, do trabalho infantil, das 500 mil prostitutas infantis – é o País do Ódio pregado pelos pastores e padres eletrônicos, pelos Bolsonaro, pelos Eduardos Cunha:
“Muitos programas vão ter que acabar, não tem outro jeito”, disse o presidente da Câmara (PMDB), em entrevista à colunista Mônica Bergamo, citando que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por exemplo, “tem 2.000 programas” e que o Orçamento prevê “R$ 15 bilhões para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)”.
“É preciso ter arrecadação de impostos para sustentar tudo isso. A sociedade vai ter que decidir se quer manter esses programas. Para isso, é preciso aumentar impostos, o que vai ser difícil de passar no Congresso. Será necessário, então, fazer uma opção”, segue Cunha (leia aqui).
Que se aumente os impostos sobre fortuna e milionárias heranças, mas o Congresso dos ricos apenas defende seus interesses e dos financiadores (propinas antecipadas) de campanhas eleitorais.
As almas gêmeas de Petra Laszlo na mídia brasileira
Monstro moral
Por Paulo Nogueira
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Alguém pergunta, numa rede social: como uma profissão que sempre produziu pessoas de alta consciência social, o jornalismo, pode abrigar monstros morais como a húngara Petra Laszlo?
Petra virou uma abominação mundial ao ser flagrada chutando e derrubando refugiados na Hungria.
A explicação para a conduta desumana de Petra não está no afrouxamento do caráter dos jornalistas, embora isso possa estar acontecendo.
A resposta está na ideologia.
Petra, como logo se soube, é nacional socialista. Ou seja, nazista. Ela trabalhava, até ser demitida ontem mesmo, numa emissora de extrema direita da Hungria.
Um traço essencial do caráter das pessoas de extrema direita é a desumanidade, o ódio torrencial, a falta de compaixão, solidariedade e outras coisas que conectam os seres humanos.
São incapazes de se comover com o sofrimento de uma criança miserável. Preferem vê-la morta.
Petra é deste grupo.
Ela guarda uma notável semelhança física com uma alma gêmea sua, o norueguês Anders Breivik, o ultradireitista que matou mais de 70 jovens em nome do combate à expansão dos muçulmanos.
O mesmo semblante, a mesma frieza, o mesmo ar de pretensa superioridade racial.
No Brasil, essa escória moral está por trás de grupos que vestem verde e amarelo e vão para as ruas pedir a volta da ditadura.
Nas redes sociais, eles disseminam seu ódio patológico, cego e obtuso. Um de seus alvos frequentes são os nordestinos, para eles uma subraça, assim como os refugiados para Petra.
Há um mentor por trás da extrema direita brasileira, o pseudofilósofo Olavo de Carvalho, que é a própria personificação do ódio.
Ele arregimentou seguidores que espalham sua pregação raivosa, intolerante e primitiva.
Entre eles está uma espécie de duplo de Petra, Rachel Sheherazade.
Sheherazade virou um caso nacional quando defendeu os linchadores de um garoto que tem todos os defeitos para gente que pensa como ela: pobre e negro.
Até o governo federal, tão leniente quando se trata de encher de dinheiro empresas de mídia que sabotam a democracia, ficou passado.
Para não perder o Anualão de 150 milhões de reais de verbas publicitárias do governo, Silvio Santos colocou-a na geladeira. Transformou-a numa locutora, à espera, com certeza, de que o PT saia do poder para devolvê-la à condição de comentarista.
Petra faria o mesmo que Sheherazade, caso fosse brasileira.
Se estivesse filmando o menino justiçado que trouxe notoriedade a Sheherazade, daria os mesmos pontapés que deu em refugiados em situação extrema, incluídas crianças.
Parecia que o Brasil estava livre da praga da extrema direita inumana.
Mas não.
Ela está aí, com todo o catálogo de abominações típicos dos nazistas.
E o pior é que, por razões oportunísticas e sórdidas, os senhores do ódio recebem no Brasil o estímulo da oposição e, claro, da imprensa.
Basta ver o número de ultradireitistas com posições privilegiadas nas corporações de mídia.
Sheherazade, nossa Petra, é um caso que está longe de ser único.
Quem foi o pior ditador da História, Adolf Hitler ou Saddam Hussein? O austríaco e o iraquiano disputam no jogo de cartas alemão “Tiranos”, que reúne em três edições 96 dos mais cruéis e sanguinários governantes que o mundo já teve. E também está na briga o ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas, que figura em uma das cartas do jogo.
Lançado em 2008, após dez anos de minuciosas pesquisas que tinham como objetivo selecionar “o pior dos piores”, o jogo conta com 32 ditadores divididos em oito grupos – entre eles, monarcas, fascistas, generais, fanáticos religiosos, “fantoches” dos EUA, entre outros. Vargas aparece na terceira edição, representando o Brasil no grupo dos que eles classificam de “fascistas clericais”, com algum tipo de laço com a igreja.
As regras do “Tiranos” são semelhantes às do “Super Trunfo”, lançado na Alemanha em meados dos anos 50 e popularizado no Brasil na década de 80. O jogo original trazia estampado em suas cartas carros, aviões e tanques de guerra. O objetivo era conseguir o maior número de cartas possível ao comparar categorias – em cada rodada era estabelecido qual aspecto seria comparado, e o maior valor atribuído a tal aspecto era o vencedor.
No “Tiranos”, porém, em vez de comparar a potência de um tanque de guerra e a velocidade de um porta-aviões, os jogadores podem comparar o ano de nascimento do ditador, a idade que tinha quando chegou no poder, o tempo que governou, quantas pessoas morreram durante seu tempo no poder, e quanta riqueza acumulou durante este período. Leia mais
É um jogo de propaganda que vale por condenar os ditadores. Mas esquece, na Europa, outros ditadores sanguinários como Francisco Franco e Oliveira Salazar.
Na história recente da América do Sul temos ditadores mais cruéis que Getúlio. Publica o portal Terra:
Efraín Ríos Montt: cumpre sentença de 80 anos de prisão por genocídio e crimes contra a Humanidade durante o seu regime (1982-1983), um dos mais sangrentos da guerra civil na Guatemala (1960-1996), que deixou 200.000 mortos ou desaparecidos, segundo a ONU.
Reynaldo Bignone: condenado à prisão perpétua por crimes contra a Humanidade, foi o último governante (1982-1983) da ditadura (1976-1983) que deixou 30.000 desaparecidos na Argentina, de acordo com agências humanitárias.
Luis Garcia Meza: conhecido como “narcoditador” por suas ligações com o tráfico de drogas na Bolívia, foi condenado em 1995 a 30 anos de prisão por crimes cometidos após um golpe de Estado em 1980.
Gregorio Álvarez: ditador entre 1981-1985, durante o regime militar que governou o Uruguai (1973-1985). Ele está preso desde 2009, condenado a 25 anos por 37 acusações de “homicídio qualificado” cometidos entre 1977 e 78, como parte da Operação Condor de repressão entre os países do Cone Sul.
Jean-Claude Duvalier: atualmente julgado no tribunal de apelações do Haiti, “Baby Doc”, filho do ex-ditador François “Papa Doc” Duvalier, assumiu o poder aos 19 anos, em 1971, e foi deposto em 1986 por uma revolta popular, retornando ao país em janeiro de 2011 depois de 25 anos vivendo na França.
Francisco Morales Bermúdez: substituiu o general Juan Velasco (1968-1975) como chefe da ditadura militar no Peru entre 1975 e 1980, entregando o poder a um governo civil após a convocação de uma Assembleia Constituinte. Em fevereiro do ano passado foi acusado por um juiz argentino de fazer parte da Operação Condor. Em 2007, a Justiça italiana também pediu sua prisão e extradição pelo desaparecimento de 25 italianos na América do Sul durante a mesma Operação Condor. No Peru, nunca foi acusado.
Cartaz de marcha brasileira de direitistas tucanos pedindo o criminoso retorno da ditadura
Eis outra lista:
Augusto Pinochet
Augusto Pinochet Ugarte (1915- ), político e militar chileno, chefe do Estado (1973-1990). Nasceu em Santiago e estudou na Academia Militar de Chile. Depois de sucessivos e constantes ascensões de graduación, foi nomeado geral de brigada durante o governo de Eduardo Frei Montalva (1964-1970). Ao início da época presidencial de Salvador Além, que deu começo em 1970, desempenhou o cargo de comandante da guarnição de Santiago, e em 1972 se lhe designou comandante em chefe do Exército. Protagonizou o golpe de Estado de setembro de 1973, apoiado desde Estados Unidos, que culminou com o derrocamiento e a morte de Salvador Allende. Como chefe da Junta de Governo, cedo limitou a atividade política e seu regime de repressão e autoritarismo foi condenado pela Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1977.
Aparicio Méndez
Aparicio Méndez (1904- ), jurista e político uruguaio, presidente da República (1976-1981). Nasceu em Rivera em 1904. Militou no Partido Nacional (Blanco), em sua asa conservadora. Foi ministro de Saúde Pública entre 1961 e 1964. Foi posto na presidência pelo Conselho da Nação e governou como um simples instrumento dos militares. Durante seu mandato violaram-se os direitos humanos e teve milhares de encarcerados, desaparecidos e exilados. A Junta Militar apresentou um projeto de constituição que não foi aprovado em referendo. Em setembro de 1981 aconteceu-lhe o general Gregorio Álvarez.
Alfredo Stroessner
Alfredo Stroessner (1912- ), militar e político paraguaio, chefe do Estado (1954-1989). Nasceu em Encarnación e estudou na Academia Militar de Assunção. Distinguiu-se na guerra do Chaco (1932-1935) e posteriormente foi ascendendo até atingir o grau de comandante em chefe das Forças Armadas, em 1951. Em 1954 derrocou ao presidente Federico Chávez Careaga em um golpe militar e assumiu a presidência depois de umas eleições, nas que era o único candidato. Utilizando o apoio do Partido Colorado e do Exército, conseguiu fazer com o controle do país, suprimiu pela força à oposição e aboliu a liberdade de imprensa; durante seu mandato, ditadores derrocados e antigos membros do Partido Nacionalsocialista (nazista) alemão encontraram refúgio no país. Apesar de apoiar aos grandes terratenientes e os interesses comerciais internacionais, Stroessner utilizou a ajuda estrangeira para estabilizar a moeda, reduzir a inflação e criar escolas, estradas, hospitais e centrais hidroeléctricas. Manteve-se na presidência desde 1954, promulgando uma nova Constituição em 1967 e reformando esta em 1977 para criar dispositivos legais que permitissem o prolongamento de seu mandato, até que foi derrocado em 1989 por um golpe militar dirigido pelo general Andrés Rodríguez, após o qual se exilió no Brasil.
Hugo Banzer
Hugo Banzer (1921-2002), militar e político boliviano, presidente da República (1971-1978; 1997-2001). Nasceu em Santa Cruz. Foi ministro de Educação durante a ditadura de René Barrientos (1966-1969) e diretor da Academia Militar desde 1969 até 1971, ano em que encabeçou o golpe que derrubou ao general Juan José Torres. Banzer, com o apoio do Movimento Nacionalista Revolucionário, a Falange Socialista, Estados Unidos, Brasil e Chile, dirigiu Bolívia com punho de ferro. Em 1974, reprimiu duramente um brote revolucionário em Cochabamba, e, em um ano depois, declarou ilegais os partidos políticos e as organizações sindicais. Derrubado por um golpe militar em 1978, continuou à frente da Ação Democrática Nacionalista (DNA) e obteve o 18% dos votos nas eleições de 1980. Em 1985 e 1989 fracassou em sua tentativa de voltar ao poder, embora seu partido participou nos governos de Víctor Paz Estenssoro e Jaime Paz Zamora. O 1 de junho de 1997, Hugo Banzer venceu nas eleições presidenciais, à frente de seu partido, o conservador DNA, derrotando, entre outros, ao ex presidente Paz Zamora, o qual lhe devolveu o apoio prestado em 1989 pára que Banzer obtivesse a definitiva investidura presidencial em agosto, à que acedeu depois de conseguir 115 votos (de um total de 154 possíveis) dos senadores e deputados bolivianos.
Em junho de 1999 substituiu à metade dos membros de seu governo, depois de um grave escândalo de corrução. Decretou o estado de sítio o 8 de abril de 2000, com o objeto de parar a onda de protestos que tinham local em Cochabamba, mas não pôde conter com essa medida uma violenta eclosão social causado pela extrema pobreza do campesinado indígena até que assinou seis dias depois com os representantes sindicais destes uma série de acordos. No dia 20 desse mês, quatro dias antes de que os membros de seu governo apresentassem em pleno a demissão, Banzer suspendeu o estado de sítio. Nomeou um novo gabinete o 25 de abril, mas o 19 de outubro, de novo, seu governo demitiu em bloco depois da grave crise social vivida desde setembro. Esta esteve caraterizada por greves, cortes de estradas e confrontos com forças militares (principalmente nos departamentos de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz) e uniu a indígenas e determinados sindicatos, defensores do direito dos camponeses a cultivar coca e contrários a seu erradicación, toda vez que os produtos alternativos financiados pelo governo eram escassamente rentáveis.
Aquejado de câncer de pulmão, o 6 de agosto de 2001 renunciou ante o Congresso à presidência (ainda lhe restava em um ano de mandato), que traspassou (em virtude da ordem constitucional) ao que até então era seu vice-presidente (e presidente em funções desde fazia em um mês, enquanto ele era tratado nos Estados Unidos), Jorge Quiroga. Faleceu o 5 de maio de 2002 em Santa Cruz.
Juan Velasco Alvarado
Juan Velasco Alvarado (1909-1977), militar e político peruano, presidente da República como chefe da Junta Militar Revolucionária (1968-1975). Nascido em Piura, foi agregado militar na França, inspetor geral do Exército e presidente da Junta de chefes de Estado Maior. Em 1968 dirigiu o golpe de Estado que derrocou ao presidente Fernando Belaúnde Terry (1963-1968) e presidiu a Junta Militar Revolucionária. Baixo seu mandato, promulgaram-se leis de reforma agrária e educativa, se nacionalizaron os recursos econômicos básicos do país, conseguiu-se o controle direto do Estado sobre as telecomunicações e tentou-se frear a influência econômica dos Estados Unidos. Desde 1972, seu governo fez frente a uma onda de greves e movimentos estudantis propiciados tanto pela direita como pela esquerda. Em 1975 foi deposto por um golpe de Estado. Faleceu em 1977 em Lima.
Humberto Castelo Branco
Humberto Castelo Branco (1900-1967), militar e político brasileiro, presidente da República (1964-1967). Nasceu no estado de Ceará. Militar profissional, exerceu cargos de relevo na carreira, participando também da Força Expedicionaria Brasileira que combateu na Itália, junto aos aliados, durante a II Guerra Mundial. Em 1964, foi um dos líderes do movimento que derrocou ao presidente João Goulart, acusado de desenvolver uma política de corantes esquerdistas que pretendia instaurar no país uma república sindicalista. Eleito presidente da República pelo Congresso em abril de 1964, seu governo caraterizou-se por uma política deflacionista, que levaram a cabo os ministros Otávio Gouvéia de Bulhães e Roberto Campos, com o objetivo de equilibrar as finanças públicas e criar as condições para a recuperação do crescimento econômico. Cassou a estabilidade no emprego, para criar um fundo de garantia de tempo de serviço para todos os trabalhadores do país, mediante arrecadação destes e dos empregadores, com o objetivo de consolidar a poupança e investir na construção de moradias. No plano político, retirou por dez anos os direitos políticos de diversos líderes partidários unidos à situação anterior; anulou os partidos existentes; instaurou o bipartidismo, com a formação da Aliança Renovadora Nacional e o Movimento Democrático Brasileiro e promulgou uma nova Constituição que reforçou a autoridade do poder central e do presidente da República.
Gustavo Vermelhas Pinilla
Gustavo Vermelhas Pinilla (1900-1975), militar e político colombiano, presidente da República (1953-1957). Nasceu em Tunja (Boyacá). Estudou na Escola Militar de Cadetes de Bogotá. Ao comando das Forças Armadas dirigiu o golpe de Estado contra o presidente interino Roberto Urdaneta Arbeláez (que substituía a Laureano Gómez desde 1951) e foi proclamado presidente da República. Durante seu mandato produziram-se abundantes distúrbios, reprimidos com dureza, fecharam-se periódicos, cresceu a dívida, aumentou a corrução e realizaram-se importantes obras públicas. Foi derrocado por um levantamento popular em 1957 e se exilió. Regressou em um ano depois e foi condenado à perda de seus direitos políticos e de sua categoria militar, mas ficou reabilitado em 1967. Fundou o partido ultraderechista Aliança Nacional Popular (ANAPO) em 1965 e esteve a ponto de ganhar as eleições de 1970. Seus numerosos seguidores não aceitaram o resultado eleitoral e teve que proclamar o estado de sítio. Morreu em 1975 em Melgar.
José Antonio Páez
José Antonio Páez (1790-1873), militar e político venezuelano, primeiro presidente da República (1830-1835; 1839-1843; 1861-1863), um dos mais destacados próceres da emancipação da América Latina, considerado assim mesmo entre os principais representantes do caudillismo americano.
Em 1830, após a dissolução da República da Grande Colômbia, Venezuela promulgou sua própria Constituição e Páez converteu-se o 24 de março desse ano no primeiro presidente da República, cargo que exerceu até o 6 de fevereiro de 1835, quando foi acontecido de forma interina por Andrés Narvarte, antecessor a sua vez de José María Vargas. Anos mais tarde resultou eleito para acontecer a Carlos Soublette e desempenhar um novo mandato que cobriu o período decorrido entre o 1 de fevereiro de 1839 e o 28 de janeiro de 1843. Durante suas duas primeiras presidências fomentou a agricultura, o artesanato, a imigração e a educação (em 1832 secularizó a que teria de ser chamada Universidade dos Ande e em 1833 fundou a instituição que seria o antecedente da Universidade de Carabobo), em 1841 criou o Banco Nacional e em um ano depois transladou os restos de Bolívar desde Santa Marta até Caracas.
Em 1848 levantou-se em armas contra o presidente liberal José Tadeo Monagas, a quem ajudava a chegar ao poder, e foi derrotado. Invadiu o país ao ano seguinte, mas de novo resultou vencido, para acabar sendo detento e mais tarde desterrado. Renderam-se-lhe homenagens em várias localidades dos Estados Unidos, em México, e inclusive em cidades europeias como Paris e Munich.
Em 1861 regressou a Venezuela e, depois de ser nomeado chefe do Exército em abril desse ano, quatro meses mais tarde derrocou ao presidente Pedro Gual e o 10 de setembro desse ano estabeleceu um regime ditatorial. Vitoriosos os federalistas, Páez assinou o Tratado de Carro em 1863 e, depois de ser substituído em junho à frente do Estado venezuelano por Juan Crisóstomo Falcón, marchou novamente à cidade estadounidense de Nova York, onde já vivia durante sua anterior estância no estrangeiro. Desenvolveu uma grande atividade e viajou por vários países sul-americanos. Morreu em Nova York o 6 de maio de 1873. Seus restos repousam no Panteão Nacional de Caracas.
Anastasio Somoza
Anastasio Somoza (1896-1956), militar e político nicaragüense, presidente da República (1937-1947; 1950-1956), que formou uma dinastia de ditadores, os quais, com o apoio dos Estados Unidos, governaram o país durante 43 anos, às vezes através de presidentes propícios designados por eles. Nasceu em San Marcos e estudou nos Estados Unidos. Depois de entrar no mundo da política, converteu-se em um importante membro do Partido Liberal, mas sua verdadeira base de poder foi a Guarda Nacional, adiestrada por assessores militares estadounidenses e criada na década de 1920, que dirigiu a partir de 1933 e desde onde provocou o assassinato do líder guerrilheiro Augusto César Sandino. Tomou o poder em 1937, e durante os seguintes 20 anos governou o país de forma ditatorial, embora criou presidências fictícias de três anos de duração. Ao mesmo tempo que contava com a Guarda Nacional para manter no poder, distribuiu postos gubernativos entre a oposição conservadora. Somoza amassou uma enorme fortuna pessoal, mas não foi insensible ao progresso social e econômico, e incrementou em grande parte as exportações da Nicarágua. Depois de ser assassinado em 1956, aconteceu-lhe seu filho maior, Luis Somoza Debayle. Seu outro filho, Anastasio Somoza Debayle, também ocupou a presidência da República exercendo uma cruel ditadura.
Tiburcio Carias Andino
Tiburcio Carías Andino (1876-1969), político e militar hondureño, presidente da República (1933-1948). Nascido em Tegucigalpa, se doctoró em direito pela Universidade Central de Honduras. Participou nas revoluções de 1893 e 1894, bem como na guerra de 1907 contra Nicarágua. Militou no Partido Liberal até que em 1903 fundou o Partido Nacional, de tendência conservadora. Foi eleito presidente em 1933 e manteve-se no poder até 1948. Durante sua presidência Honduras viveu um período de estabilidade política, em parte propiciado pelas companhias bananeras. Em 1963 abandonou o Partido Nacional para fundar o Partido Progressista, que foi declarado ilegal. Morreu em 1969 em Tegucigalpa.
Carlos Castillo Arma
Carlos Castillo Arma (1914-1957), político guatemalteco, presidente da República (1954-1957). Nascido em Santa Lucia Cotzumalguapa (departamento de Escuintla) ingressou na Academia Militar da que posteriormente foi diretor. Nas eleições presidenciais de 1950 apresentou-se como oponente de Jacobo Arbenz Guzmán. Em 1954, depois de uma insurrección armada, derrocou a Arbenz (1951-1954) e fez-se com o poder. Durante seu mandato desencadeou uma forte campanha anticomunista, proibiu os partidos políticos, comitês agrários e sindicatos e anulou todas as reformas da década revolucionária (1944-1954), incluída a Constituição de 1945. Conduziu ao país a uma etapa de violência política. Em 1957 foi assassinado nos corredores do palácio presidencial por um soldado de seu guarda.
Rafael Leonidas Trujillo Molina
Rafael Leónidas Trujillo (1891-1961), militar e político dominicano, presidente da República (1930-1938; 1942-1952) e verdadeiro chefe do Estado desde 1930 até 1961, embora às vezes a presidência fosse ocupada por seus colaboradores. Nasceu em San Cristóbal. Foi tenente da Guarda Nacional (1918-1921), quando a República Dominicana se achava baixo a ocupação militar dos Estados Unidos. Em 1930 tomou o poder, depois do golpe militar que depôs ao presidente Horacio Vázquez.
Ao ano seguinte, Trujillo organizou o Partido Dominicano, que controlou a vida política dominicana durante as três décadas seguintes. Nesse tempo, Trujillo foi ditador absoluto, com o título de generalísimo do Exército; foi presidente desde 1930 até 1938 e desde 1942 até 1952, e Ministro de Assuntos Exteriores desde 1953 até 1961, e durante outros períodos, o poder foi ocupado por familiares ou políticos afins a sua pessoa: Jacinto Bem-vindo Peynado (1938-1940), Manuel Jesús Troncoso da Concha (1940-1942) e seu próprio irmão Héctor Bem-vindo Trujillo (1952-1960). Embora o regime de Trujillo contribuiu estabilidade econômica ao país, utilizou medidas autoritárias para atingir o progresso material, e aboliu a oposição política pela força.
Trujillo fomentou os relacionamentos diplomáticos e econômicas com Estados Unidos, mas, com frequência, afastou-se com sua política dos demais países latinoamericanos. Em 1937, temendo possíveis infiltrações desde Haiti, enviou tropas dominicanas à fronteira, onde foram assassinados entre 10.000 e 15.000 haitianos. Depois de perder o apoio do exército, Trujillo foi assassinado o 30 de maio de 1961 por um grupo de militares.
Ulisses Heureaux
Ulisses Heureaux (1845-1899), militar e político dominicano, presidente da República (1882-1884; 1886-1889). Nasceu em Cap-Haïtien (na atualidade, Haiti). Educado entre camponeses haitianos, interveio na guerra de independência contra Espanha (1865). Foi ministro da Guerra e mais tarde do Interior. Em 1882 foi eleito presidente da República e, durante este primeiro mandato até 1884, governou conforme à Constituição. Em seu segundo mandato, desde as eleições de 1886 até 1899, enfrentou-se à rebelião de sua oponente Casimiro Nemesio de Moya e instalou um regime de governo fortemente ditatorial. Suprimiu o sufragio universal, a administração corrompeu-se e arruinou economicamente ao país. Em 1889 morreu assassinado na cidade de Moca, em uma conspiração organizada por seus inimigos.
O jogo inclui Che Guevara, que não governou nenhum país, e esquece ditadores sanguinários como François “Papa Doc” Duvalier e Emílio Garrastazu Médici.
Menina palestina chora após ouvir resposta indesejada de Angela Merkel
Em debate na Alemanha, menina palestina chora quando a Angela Merkel explica que o país expulsará os refugiados
Em debate, menina palestina refugiada na Alemanha fala sobre seu desejo de progredir e cursar uma faculdade. A resposta de Angela Merkel, no entanto, fez a jovem de 13 anos – que está sob risco de deportação – ir às lágrimas
Um vídeo [ver abaixo] que mostra a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, em um debate sobre política de asilo que levou uma adolescente às lágrimas gera polêmica nas redes sociais.
No debate, Merkel ouve a declaração de uma menina palestina, em alemão fluente, sobre seu desejo de ir à universidade e progredir. “Eu tenho metas como qualquer pessoa. Eu quero estudar como eles. É muito desagradável ver como os outros podem aproveitar a vida, e eu não posso”, afirmou a jovem.
Sob risco de ser deportada, Reem, de 13 anos, vive com a família na Alemanha há quatro. Eles vieram do Líbano, onde vivem cerca de 450 mil palestinos em 12 campos de refugiados, segundo a Organização das Nações Unidas.
Merkel diz entendê-la, mas destaca que, no entanto, a política é, muitas vezes, difícil. Merkel acrescenta que, como a menina sabe, há milhares de refugiados palestinos no Líbano. “Se dissermos que todos vocês podem vir, e que todos vocês da África podem vir, que todos podem vir, não daremos conta”, disse.
Ao ouvir a resposta, Reem começa a chorar, sendo, imediatamente, confortada por Merkel. “Você se saiu bem”, disse a chanceler, que foi, em seguida, contestada pelo moderador do debate. Ele diz que a questão não é se a adolescente se saiu bem ao expressar sua visão, mas, sim, a difícil situação em que ela se encontra.
Merkel diz saber disso, mas, que ainda assim, queria ‘fazer um carinho’ na menina. A resposta, considerada desajeitada, chegou a virar trending topic no Twitter da Alemanha, com a hashtag #MerkelStreichelt (Merkel faz carinho, em alemão).
O debate ocorreu em uma escola na cidade de Rostock, no norte da Alemanha, e contou com a participação de adolescentes de 14 a 17.
Muitos usuários de diferentes plataformas de redes sociais apoiaram o conteúdo da resposta e a reação de Merkel. “Realista diante da crise que o país vive”, disse, no Facebook, um alemão. Mas não faltaram críticas. “Toda a crueldade da política de imigração em um clipe”, atacou um jornalista.
O vídeo suscitou ainda discussões sobre a política alemã para o Oriente Médio, com usuários sugerindo que, se Merkel quer menos refugiados palestinos na Alemanha, deveria ter um papel ativo para que a Palestina seja reconhecida internacionalmente e pela retirada de tropas israelenses de territórios palestinos ocupados.
“Um abraço e uma batidinha nas costas antes de deportá-los para uma favela no Oriente Médio não é suficiente”, disse um leitor, em comentário com mais de mil curtidas no Facebook.
Segundo a ONU, os palestinos, que representam cerca de 10% da população do Líbano, não gozam dos mesmos direitos de cidadãos libaneses. Não podem, por exemplo, trabalhar em 20 diferentes profissões. Por não serem formalmente considerados cidadãos de outro país, não têm como requerer direitos como outros estrangeiros. A situação nos campos é precária e muitos vivem em pobreza absoluta.
Campos de refugiados palestinos no Líbano
A crise no sistema de asilo na Alemanha vem sendo provocada, por um lado, por um aumento nos pedidos de vários países (cerca de 4,5 mil pedidos de asilo neste ano, praticamente o dobro de 2014) e, por outro, pela falta de agilidade em lidar com casos específicos que resultem em deportação ou aprovação do pedido. Transcrito de Pragmatismo Político
De 2010 até 2014 apenas os haitianos já teriam gasto algo em torno de R$ 6 bilhões em pagamentos para a rede de tráfico e corrupção estruturada com esse movimento migratório.
Falta água para beber em abrigo superlotado de crianças
por Altino Machado
Improvisada pelo governo estadual como abrigo de imigrantes que ingressam no território brasileiro em busca de trabalho, a partir da fronteira com Bolívia e Peru, a Chácara Aliança, em Rio Branco (AC), está superlotada com 542 homens, mulheres e crianças do Haiti, Senegal, República Dominicana, Nigéria e Colômbia.
A chácara de cinco hectares, na confluência das estradas Aquiles Peret e Irineu Serra, próxima de uma área de proteção ambiental, tem capacidade para abrigar 200 imigrantes. Possui piscina, campo de futebol soçaite, quadra de futebol de salão, playground, salão de festas, bar, açude, além de cinco pousadas com mais de 20 apartamentos.
O governo do Acre pretendia limitar o atendimento a 200 imigrantes, porém o fluxo de imigrantes permaneceu intenso nas últimas três semanas e falta pessoal na delegacia do Ministério do Trabalho e na Polícia Federal para dar conta da demanda por documentos.
O governo estadual também enfrentou dificuldade financeira e burocrática para pagar os ônibus que transportam diariamente os imigrantes de Rio Branco até São Paulo. Na última semana, por exemplo, apenas cinco ônibus partiram de Rio Branco com 224 imigrantes.
Durante quatro dias os imigrantes deixaram de ser transportados para São Paulo por falta de documentos (Carteira de Trabalho e protocolo da Polícia Federal) ou porque o governo não conseguiu pagar o frete de ônibus, por a empresa o faz mediante pagamento antecipado.
Imigrantes em fila para receber ticket para almoço
O professor norte-americano Foster Brown, da Universidade Federal do Acre, que participa de um grupo de defesa dos direitos humanos na fronteira do Brasil com Bolívia e Peru, visitou duas vezes o abrigo em Rio Branco durante a semana. Após a visita de domingo (21), Brown divulgou um curto relato em que assinala os problemas de abastecimento de água.
– Quando falta água, os imigrantes vão até uma torneira pública na rua principal e enchem garrafas. Atualmente, falta garrafas PET para a demanda – contou o professor.
A reportagem constatou a falta de água para beber no domingo e nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira. A chácara recebe água da rede pública de distribuição, mas há uma semana a bomba elétrica usada para transferir a água do reservatório para caixas do imóvel está danificada.
– Nós liberamos a torneira da varanda da casa para que possam encher suas garrafas com água para beber. Minha tia põe água dentro de uma para congelar e distribui, mas é muita gente e não dá para atender todos. Quando falta água no abrigo, eles vêm lavar roupa na nossa calçada. A gente faz o que pode, mas o governo do Acre devia cuidar melhor porque recebe verba do governo federal para isso – comentou uma moradora do Bairro Irineu Serra.
Uma servidora pública que trabalha no abrigo disse que tem faltado água no abrigo porque os imigrantes mexem na bomba elétrica e danificam. A bomba elétrica voltou a funcionar nesta manhã, por volta das 7h local e os imigrantes correram para armazenar água potável em garrafas PET.
O valor total do contrato de sete meses de aluguel da Chácara Aliança é de R$ 154 mil, sendo R$ 22 mil mensais. O contrato iniciou em junho e tem vigência até o dia 15 de dezembro deste ano, segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, responsável direta pela locação do imóvel.
Para receber, abrigar e alimentar os imigrantes no Acre, o Estado e a União informam que já gastaram mais de R$ 6,2 milhões, considerando a soma dos valores de 2012 até hoje. Apenas com o item “alimentação”, o gasto foi da ordem de R$ 4,5 milhões.
Com fretamento de ônibus, que conduz os imigrantes de Rio Branco até São Paulo, em uma viagem com duração de três dias, o gasto chegou a R$ 1,6 milhão até maio deste ano.
Os dados são da Secretaria de Desenvolvimento Social, que, juntamente com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, é responsável pelo gerenciamento das demandas relacionadas aos imigrantes no Acre.
Extorsão
Senegaleses, às 6h10, após abastecerem garrafas com água na vizinhança do abrigo
Desde 2010, os imigrantes são aliciados por redes de tráfico de pessoas e transportados até o Brasil, onde são recebidos e preparados como força de trabalho pelo Estado brasileiro, ação diretamente articulada ao recrutamento deles pela agroindústria da carne do Centro-Sul do país. O Acre recebe, abriga, alimenta e documenta essa força de trabalho.
Denúncias de que a polícia peruana, além de taxistas peruanos e brasileiros exerçam a prática da extorsão contra os imigrantes não param. O padre chileno Claudio Barriga, que presta assistência a imigrantes em Assis Brasil (AC), na fronteira com a Bolívia e Peru, e ocasionalmente em Rio Branco, relatou que os imigrantes continuam sendo extorquidos pela polícia em Iñapari, do lado peruano. De acordo com o padre, os policiais peruanos “estão roubando sistematicamente imigrantes, principalmente haitianos”, que passam pela fronteira.
Barriga disse que as reclamações são muitas e foram denunciadas ao chefe da delegacia de polícia de Iñapari.
– Ele desculpou-se, dizendo que ele não estava presente quando os fatos alegados, o que, aparentemente, era verdade que eles ocorreram, e prometeu tomar medidas para acabar com este abuso. No dia 19 de setembro, verificou-se que os eventos estão acontecendo. Oito imigrantes haitianos que vieram para a fronteira com a intenção de continuar a sua viagem para o Brasil, foram obrigados a entregar US$ 20 cada (mais 40 soles) para a polícia, que de outra forma não iria deixar passar – relatou o padre.
Instituições e pesquisadores que acompanham no Acre o trânsito dos imigrantes haitianos e de demais nacionalidades pela Amazônia Ocidental, estimam que de 2010 até 2014 apenas os haitianos já teriam gasto algo em torno de R$ 6 bilhões em pagamentos para a rede de tráfico e corrupção estruturada com esse movimento migratório.
Muitos chegam ao Acre com problemas de saúde decorrentes da longa viagem e psicologicamente transtornados, em razão da violência que sofrem no caminho. No entanto, ante o temor de serem repatriados e da retaliação desses agentes, eles silenciam sobre os detalhes da viagem e o funcionamento das redes.
No abrigo, haitianos armazenam água potável em garrafas
ENTREVISTA AL FILOSOFO ITALIANO Y EURODIPUTADO DE LA IZQUIERDA GIANNI VATTIMO
La diferencia que puede haber entre una empresa como Fiat y un grupo como Clarín aquí, u O Globo en Brasil o El Universal en Venezuela?
Imagen: Bernardino Avila
Por Fernando Cibeira
El filósofo italiano y eurodiputado de la izquierda Gianni Vattimo estuvo de nuevo en la Argentina para participar de un ciclo de charlas invitado por la Asociación de Docentes de la UBA. A días de estadía ya había podido ser testigo de varias cosas: desde el triunfo de Sergio Massa en las elecciones en la provincia de Buenos Aires hasta el fallo de la Corte Suprema declarando constitucional la ley de medios, cuestiones sobre las que puede ofrecer su mirada. “Sin conflicto no hay libertad”, opina sobre el panorama de “consenso” general que plantean todos los aspirantes a 2015. Uno de sus temas de análisis es la Iglesia Católica y, en especial, el papado de Francisco, al que evalúa muy positivamente. En medio de una agenda apretada, la entrevista se realizó en el spa del piso 23 del Hotel Panamericano con amplias panorámicas de la ciudad de Buenos Aires. “Lástima que ya me voy, está lindo acá para venir a leer”, dice, risueño.
–El escenario que quedó delineado a partir de las elecciones legislativas dejó a varios posibles aspirantes presidenciales que dicen cosas parecidas. Daniel Scioli, Sergio Massa, Mauricio Macri o Julio Cobos, por ejemplo, plantean que hay que buscar los consensos, dejar atrás los conflictos, mejorar algunas cosas pero mantener otras. ¿Cómo ve usted ese panorama, tal vez más parecido al europeo que a lo que ha sido lo habitual de Latinoamérica durante estos últimos años?
–A mí me interesó el proceso latinoamericano sobre todo como un proceso de emancipación del imperialismo y el colonialismo y las consecuencias de ellos. Cuando todos parecen decir más o menos lo mismo, inmediatamente es bueno para la paz social, pero es muy peligroso para la democracia. En Europa pasa eso, no hay diferencias. En Italia, tenemos un gobierno que está formado por ex comunistas y por la gente de (Silvio) Berlusconi.
–Que, sin embargo, pueden ponerse de acuerdo porque las políticas no difieren demasiado. ¿Es así?
–La política no permite muchas diferencias. Al gobierno anterior al actual en Italia lo llamaban “técnico”. Es decir, que estaba más o menos dictado por los bancos y las financieras. Efectivamente, esto me parece peligroso para la democracia. Yo no soy un cultor del conflicto, pero sin conflicto no hay libertad. Un buen liberal tiene que esperar que haya conflictos en la sociedad.
–¿Considera que sin conflictos no hay libertad?
–Cuando no hay diferencias hay alguien que gobierna. Los que tienen el poder ganan cuando no hay conflictos y hay estabilidad. Lo descubrimos ahora en Europa porque hay como una caída de la tensión política en todos los sentidos. De votantes, de militantes, de dirigentes políticos. Todo esto puede modificarse sólo si la situación es incluso peor, si el conflicto social es muy profundo y la gente sufre. Me gustaría una sociedad más liberal, aunque soy de izquierda.
–En dirección a lo que usted dice, poner tan de relieve los conflictos le significó al kirchnerismo la adhesión de mucha militancia juvenil, algo que hacía tiempo no se veía en el país.
–Efectivamente, yo considero la situación argentina –aunque en el interior se pueden ver todavía muchísimos problemas– políticamente más estimulante y más viva que la situación europea en este momento. Europa es un cementerio desde el punto de vista de las ideas. No pasa nada y no parece que pueda pasar nada. Siempre pienso si, por ejemplo, las elecciones pasadas las hubiera ganado un movimiento de extrema izquierda o de extrema derecha probablemente habría hecho la misma política económica.
–A propósito de los conflictos que el kirchnerismo puso sobre la mesa durante estos años, la Corte Suprema declaró constitucional la ley de medios, lo que disparó toda una serie de repercusiones. ¿Cómo ve usted esa relación conflictiva, que se reproduce en otros países de la región, entre los grupos de medios más poderosos y los gobiernos de signo progresista y de izquierda?
–Puedo hablar desde el punto de vista europeo, pero creo que es bastante compartido. Se ve una tensión conflictual con el poder económico de los grandes grupos. Hemos tenido problemas análogos con Fiat en Italia, por ejemplo. Son grandes empresas a las que los gobiernos no pueden imponerle las leyes. Independientemente de la situación específica de la Argentina, el problema de la política es el mismo. Si se impone una política inspirada por los economistas, que no son dioses.
–La diferencia que puede haber entre una empresa como Fiat y un grupo como Clarín aquí, u O Globo en Brasil o El Universal en Venezuela, es que cualquier límite a su expansión se plantea como un riesgo para la libertad de expresión. ¿Usted nota que existe un riesgo a coartar la libertad de expresión en la Argentina y en la región?
–Yo soy más un estatista que un privatista. Obviamente, trato de considerar las situaciones específicas. En Italia el problema de este tipo no era con Fiat, sino con Berlusconi. Si hubiéramos tenido hace 20 años una ley de medios como la de Argentina, probablemente no habríamos tenido Berlusconi, lo que a mí como antiberlusconiano me parece importante. Puede ser que en un país donde no existe un monopolio tan importante como el de Clarín nadie se imagine una ley de medios, pero la ley corresponde a un problema actual por una situación existente desde hace años.
–Ya pasaron más de seis meses del papado de Francisco y hay algunos especialistas que opinan que su gestión marca un gran cambio mientras que otros creen que es más que nada gestual y no de fondo. ¿Qué posición tiene usted?
–Pienso que está cambiando bastante. Pero un papa es un papa, no se puede pensar que va a ser otra cosa. Pero mejor Bergoglio que Ratzinger. Incluso ligado a la imagen que da, porque no es sólo una cuestión de imagen. Cómo el papa se presenta, representa cómo lo sienten y lo viven los fieles, así que no es solamente una apariencia exterior. Es efectivamente algo, porque los otros papas también tenían una apariencia exterior pero muy diferente. Yo soy un hincha de Latinoamérica y me gusta tener un papa latinoamericano.
–¿Aunque en algunos casos sea más que nada gestual, le parece que es mucho para un papa?
–Creo que lo está haciendo bien y que está haciendo todo lo que puede.
–Es otro interrogante, ¿hasta dónde puede llegar un papa? ¿Puede hacer todo lo que quiere o todo lo que puede dadas las circunstancias?
–Por ejemplo, un consenso en la Iglesia para un sacerdocio femenino podría permitírselo Bergoglio. No puede ser demasiada cuestión. Las mujeres incluso son una parte importante de la Iglesia formal. Las monjas, las hermanas americanas, siempre lamentaron que todas las decisiones fueran tomadas por los cardenales. Ellas son las que dirigen las escuelas, hacen las asistencias, son la fuerza de la Iglesia. Esto lo podría hacer. Si yo fuera papa, lo haría (ríe).
–Uno de los gestos fuertes del papado de Bergoglio fue cuando dio una misa frente a la isla de Lampedusa. Después allí sucedieron nuevas tragedias con las embarcaciones con inmigrantes que intentan llegar a Europa. ¿La situación no cambió nada?
–Esto puede suscitar la sospecha de que la visita del Papa a Lampedusa no ha tenido consecuencias políticas. Esto es verdad. Era un gesto que significaba algo pero no lo suficiente, los gobiernos no lo tuvieron en cuenta para nada. Se precipitaron a visitar Lampedusa algunos gobernantes pero sin cambiar nada hasta ahora. El problema de los inmigrantes no es problema sólo de Italia, que está muy cerca de la frontera y tiene una economía bastante débil frente, por ejemplo, a la alemana. Nosotros tenemos menos inmigrantes en Italia que en Alemania, pero los sufrimos más porque no hay estructuras de recepción, no hay formas de incorporarlos. Esto debe arreglarse inventando alguna forma de inmigración legal o temporaria, porque en Italia tenemos problemas en temporadas cuando, por ejemplo, es la temporada del tomate, que dura algunos meses. Hemos vivido bajo el chantaje de la Liga del Norte, que era aliada de Berlusconi, quien sigue en el gobierno italiano. Hay toda una cultura xenófoba que cree que la culpa de todo es de los inmigrantes. Lo que no es verdad, los inmigrantes pagan impuestos sociales, incluso, muchas veces sin utilizarlos. Porque pagan impuestos de seguridad social y después se van.
–Incluso la fuerza de Beppe Grillo, que se muestra como antisistema, habla contra la inmigración.
–El típico argumento. Grillo tiene una cultura política muy elemental, actúa como la Liga del Norte al comienzo. Me parece la parte débil, en el sentido de malo, de la política de Grillo. El punto es que para Europa, y el mundo occidental industrializado, la relación con el mundo de “afuera” es constitutiva de este momento. Es como la lucha de clases de otro tiempo. ¿Cuándo se dará cuenta el 85 por ciento de la población mundial que el otro 15 por ciento es el que consume la mayoría de los recursos? Ahí va a pasar algo. El problema del capitalismo occidental es que ahora se disfraza en estas cuestiones locales, pero fundamentalmente es saber qué va a pasar entre este mundo de la abundancia y el mundo de la pobreza.
–Volviendo al papa Francisco, el ranking de Forbes lo ubicó como la cuarta persona más poderosa del mundo. Sin embargo, fue allí a Lampedusa y no consiguió que nadie se ocupara del problema. ¿Será confiable ese ranking?
–Es como esa frase de Stalin, ¿cuántas divisiones tiene? Pobre, hace lo que puede. Es cierto que desde el interior mismo de la Iglesia sería posible ayudar más a los pobres, hay muchos edificios religiosos en Italia que están vacíos. Obviamente, yo lo comprendo, ha asumido toda la responsabilidad sobre una Iglesia milenaria. Incluso, si pusiera los recursos financieros para distribuirlos también tendría un problema, porque cuando se acaben esos recursos y no haya más dinero, qué hace. Pero, en ese sentido, se podría hacer algo más.
–Incluso a veces aparecen noticias sobre el Papa repartiendo cheques de 200 euros a personas que le plantearon casos de extrema necesidad, pero eso no parece una solución a la pobreza, ¿no?
–No, esas son cuestiones de políticas públicas, de políticas de los Estados, incluso de políticas europeas. Obviamente, si tuviera la solución yo ya la hubiera propuesto. Pero, por ejemplo, debe organizarse un poco mejor la recepción de los inmigrantes, evitando que sean obligados a inmigrar clandestinamente. Porque nosotros, en Italia, tenemos una ley antiinmigrantes clandestinos que penaliza y castiga también a quienes los ayudan. Es una de las invenciones más perversas de la Liga del Norte. Eso tendría que hacerse inmediatamente.
La cantidad de migrantes internacionales aumenta inexorablemente, mientras continúan proliferando informes que los involucran y que hablan de situaciones similares a la esclavitud.Actualmente, 232 millones de personas viven y trabajan fuera de sus países de origen y las remesas de dinero enviadas desde su lugar de residencia suman más de 400.000 millones de dólares anuales, una cifra que va en aumento.
Las ganancias de los migrantes casi cuatriplicaron los 126.000 millones de dólares de ayuda oficial al desarrollo de las naciones ricas al mundo pobre el año pasado, según datos divulgados por la Organización de las Naciones Unidas (ONU).
La inyección de liquidez en países en desarrollo como India, Bangladesh, Marruecos, México, Sri Lanka, Nepal, Egipto y Filipinas es uno de los efectos más positivos de las migraciones.
Pero lo que es una bendición para algunos resulta una calamidad para otros.
Del lado negativo figura la continua explotación de los inmigrantes, principalmente en Medio Oriente, a raíz de un aumento del “trabajo esclavo”, que implica bajos salarios, inadecuada atención médica y atroces condiciones laborales.
Joseph Chamie, exdirector de la División de Población de la ONU y que ha escrito ampliamente sobre migraciones internacionales, dijo a IPS que, aunque generalmente hay una condena universal a esos trabajos “esclavos” practicados por los inmigrantes, las prohibiciones son difíciles de aplicar, ya que a menudo tienen lugar dentro de los hogares y en recintos pequeños.
“Los cambiantes patrones de las migraciones y la explotación y discriminación que enfrentan los trabajadores migrantes en sectores como la construcción y la agricultura han vuelto más crucial que nunca la protección de sus derechos”, dijo.
Este pacto no ha sido ratificado por ninguno de los principales países de destino, entre ellos Estados Unidos, los estados miembros de la Unión Europea (UE) y los del Golfo, donde viven y trabajan millones de inmigrantes, dijo El Jamri.
Chamie, consultado sobre el diálogo de alto nivel en la ONU, dijo que, en vista de las actuales realidades políticas y de la continua división entre las naciones que importan y las que exportan mano de obra, es muy improbable que el diálogo produzca “nada más que lindas palabras”.
La aguda división entre las dos partes, señaló, tiene que ver principalmente con la reunificación familiar, los derechos de la población migrante, las migraciones indocumentadas y las responsabilidades compartidas.
Kul Gautam, ciudadano de Nepal y ex director ejecutivo adjunto del Fondo de las Naciones Unidas para la Infancia (Unicef), señaló a IPS que las ganancias que perciben quienes emigran son ahora la principal fuente de ingresos nacionales en su país de origen.
Unos 4.000 millones de dólares en remesas de emigrantes ingresan por año a Nepal, que equivalen a 25 por ciento del producto interno bruto (PIB), agregó.
De los 400.000 jóvenes que cada año ingresan al mercado laboral, unos 300.000 buscan empleo en el exterior. La mayor concentración de trabajadores emigrados de Nepal se ubican en Qatar y Malasia (con unos 400.000 cada uno), seguido por Arabia Saudita y otros países del Golfo.
Gautam se mostró crítico del duro trato que se da a los trabajadores migrantes, específicamente en los países del Golfo.
Según él, las últimas denuncias sobre esclavitud proceden de Qatar, uno de los países más ricos del mundo. Allí, grandes cantidades de trabajadores emigrados de Nepal, uno de los países más pobres del orbe, han sido maltratados en un proyecto de construcción de alto perfil: las obras de infraestructura para la Copa Mundial de la Federación Internacional de Fútbol Asociado 2022.
Una investigación realizada por el periódico británico The Guardian retrata un panorama escalofriante de miles de inmigrantes obligados a trabajar en condiciones inhumanas, sin recibir su paga durante extensos períodos y carentes de equipos de seguridad.
El gobierno nepalés anunció esta semana que en los últimos dos años fallecieron 70 inmigrantes de ese origen mientras trabajaban en obras de construcción para el campeonato de fútbol en Doha.
En cuanto al fortalecimiento de las normas internacionales, Gautam dijo que es difícil “decir si el diálogo de alto nivel (de esta semana) tendrá un impacto significativo, pero debería”.
En Nepal, muy pocos han oído sobre él, dijo, agregando: “No creo que la delegación nepalesa esté bien preparada, con propuestas específicas”.
“Pero pienso que las migraciones para el desarrollo son mucho más importantes que, digamos, la ayuda, el comercio, las inversiones extranjeras directas, etcétera, en el actual contexto de Nepal, y en el contexto de muchos países que dependen de las remesas como fuente clave de sus ingresos”, planteó.
Para ser justos, señaló, ciertamente no es la política del gobierno de Qatar practicar o condonar las condiciones de trabajo similares a la esclavitud. Más bien son empresas privadas inescrupulosas, contratistas e intermediarios, tanto en Qatar como en Nepal, los responsables de esas prácticas inhumanas, dijo.
Ante la pregunta de si la ONU estaba haciendo suficiente para impedir los abusos, Chamie dijo a IPS que el tema de las migraciones internacionales nunca se planteó como una prioridad en el foro mundial.
En contraste con otros asuntos globales, como la infancia, el comercio, el ambiente, las finanzas, las mujeres y los ancianos, todos los cuales han estado en el centro de distintas conferencias de la ONU, las migraciones internacionales son “el hijastro olvidado”, planteó Chamie.
Según él, esto se debe a que “los países de destino, especialmente los más desarrollados, desean mantener (el asunto) fuera de la ONU”.
Ataúdes de las víctimas del naufragio en el aeropuerto de Lampedusa. / LANNINO (EFE)
“Hoje é um dia de lágrimas”, disse o papa Francisco em Assis – que na quinta-feira se referiu ao ocorrido como uma “vergonha”. O papa denunciou a “indiferença para com os que fogem da escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte como ontem em Lampedusa”.
O prefeito de Roma, Ignazio Marino, garantiu que todas as pessoas que escaparam do naufrágio de Lampedusa ficarão na cidade. “Os 155 sobreviventes serão acolhidos aqui. Esse é o primeiro sinal da rebelião contra a resignação e a indiferença”, declarou.
Marino acrescentou que será uma honra acolher os imigrantes para recordar as mulheres, crianças e homens que perderam a vida no mar italiano. “Estamos furiosos por ter que contar as vítimas no mar. Não podemos mais assistir a essas tragédias e queremos nos empenhar contra aquilo que o papa Francisco definiu como ‘globalização da indiferença’. Roma quer colocar a cultura da vida ante o crime da indiferença”, completou.
Num dia de pranto
GIOVANNI MARIA VIAN
Na festa do santo do qual o bispo de Roma pela primeira vez escolheu assumir o nome, Assis acolheu o Papa Francisco. Com um afecto que se tornou evidente pela participação comovida na visita de tantíssimas pessoas, e com o ânimo marcado pela última dilacerante tragédia que causou centenas de vítimas nas águas de Lampedusa. Num dia de pranto – assim o definiu o Pontífice – cuja tristeza foi de certa forma expressa também pelo clima cinzento e chuvoso de um Outono antecipado.
Precisamente Lampedusa foi a meta da primeira viagem do pontificado, decidida para confiar à misericórdia de Deus os vinte e cinco mil mortos destes anos no Mediterrâneo – homens, mulheres, crianças em fuga de condições de vida desesperadas – e para procurar afastar dos corações aquela dureza que o Papa denunciou vigorosamente como uma globalização da indiferença. Assim a homenagem comovida de flores que depôs sobre o túmulo do santo de Assis evocou a imagem das que confiou às ondas do mar diante da pequena ilha siciliana.
E se, face à tragédia, a primeira palavra que surgiu imediatamente nos lábios do Pontífice foi “vergonha”, as carícias e os beijos que distribuiu prolongadamente aos jovens deficientes assistidos no Instituto Seráfico eram também para as vítimas deste drama que tem proporções mundiais. Eloquente foi a decisão de iniciar a visita em Assis por este lugar no qual a atenção e a cura da carne sofredora de Cristo são antes de mais uma escolha de vida. Escolha de atenção ao próximo que – recordou o Papa Francisco – deve distinguir os cristãos. Assim a meditação improvisada sobre as chagas de Jesus ressuscitado – era lindíssimo, disse – quis frisar que precisamente estas chagas permitem que os discípulos o reconheçam. De facto, assim como Jesus está ao mesmo tempo escondido e presente na Eucaristia, está presente e escondido também na sua carne que sofre neste mundo.
Aquela carne que Francisco de Assis reconheceu e abraçou no leproso, no início de um caminho exemplar no qual já os contemporâneos viram as características extraordinárias de um “segundo Cristo” (alter Christus).
Portanto, nas pegadas de Francisco desdobrou-se o caminho em Assis do Papa que dele assumiu o nome. Primeiro no paço episcopal, onde o filho do mercante Bernardone se despojou das vestes e onde o Papa Francisco falou de novo improvisando, fazendo uma meditação sobre a espoliação continuamente necessária da parte da Igreja, para evitar a mundanidade espiritual. Em seguida em São Damião, onde exortou os religiosos a permanecer fiéis às núpcias celebradas com a Senhora Pobreza. Depois diante do túmulo de Francisco e por fim na ermida dos Cárceres, primeiro Pontífice que a visita. O Bispo de Roma dirigiu-se ao santo directamente na homilia com palavras muito sentidas: ensina-nos – disse – a permanecer diante do crucifixo para nos deixarmos guiar por ele; ensina-nos a ser instrumentos de paz, aquela que provém de Deus e que o Papa Francisco implorou mais uma vez: pela Terra Santa, pela Síria, pelo Médio Oriente, pelo mundo. Um mundo sofredor que deseja e precisa da paz e do olhar de Deus.
Solo los muertos pueden quedarse
por Pablo Ordaz
El viernes por la tarde, solemnemente, el primer ministro de Italia, Enrico Letta, anunciaba que todos los fallecidos en el naufragio de Lampedusa —por ahora 58 hombres, 49 mujeres y cuatro niños— recibirán la nacionalidad italiana. Justo a la misma hora —y no es un recurso periodístico—, la fiscalía de Agrigento (Sicilia) acusaba a los 114 adultos rescatados de un delito de inmigración clandestina, que puede ser castigado con una multa de hasta 5.000 euros y la expulsión del país. Los muertos, sin embargo, podrán quedarse. Ante la imposibilidad de ser identificados, se les ha adjudicado un ataúd, un número y un trozo de tierra en cementerios de Sicilia para que descansen, ahora sí, con la nacionalidad europea que se jugaron la vida por conseguir.
El Ayuntamiento de Roma, en un gesto que seguramente le honra, organizó una vela nocturna por los difuntos y anunció que dará cobijo a los 155 supervivientes del naufragio. El resto, los más de mil que llegaron un día antes, tendrán que seguir hacinados en los inmundos barracones del centro de acogida de Lampedusa, situado —muy convenientemente— en el extremo de la isla opuesto a donde los turistas disfrutan del último sol del verano. La diferencia entre unos y otros es solo de número. Unos forman parte de una noticia de impacto mundial y los otros son solo protagonistas de su propia tragedia. La delgada línea entre Roma y el olvido.
El vicepresidente del Gobierno y ministro de Interior, Angelino Alfano, hasta hace solo unos días delfín de Silvio Berlusconi y ahora su supuesto verdugo político, pidió —también el viernes— el premio Nobel de la Paz para Lampedusa, pero sus habitantes, que conocen a Alfano y a su afligido jefe porque sus Gobiernos aprobaron la ley que criminaliza el auxilio a los náufragos, tienen una idea más práctica. La expresaron por las calles de la isla durante una manifestación de dolor y rabia precedida por una cruz construida con los restos de un naufragio: “Los próximos muertos —porque habrá más muertos y lo sabéis todos— os los llevaremos a las puertas del Parlamento. Nosotros a los inmigrantes queremos acogerlos vivos, no muertos”, corearon.
Cuando sucedía todo lo anterior, viernes por la tarde, ya habían transcurrido 36 horas desde que un barco con más de 500 fugitivos de Eritrea y Somalia, muchos de ellos menores de edad, se incendiara y se hundiera a solo media milla de la isla de Lampedusa, famosa en toda Europa —y tal vez en todo el mundo después de la visita del papa Francisco el pasado julio— por ser el destino de miles de inmigrantes. Y aun siendo así, los políticos italianos —desde el presidente de la República para abajo— seguían haciendo declaraciones como si se encontraran ante una sorprendente catástrofe natural. Un ciclón o un terremoto tremendo que, de improviso, hubiese puesto al descubierto la deficiente construcción de los edificios o el mal entrenamiento del plan de emergencias. Pero no. Cada día, desde que la primavera trae el buen tiempo hasta que el otoño se lo lleva, la isla de Lampedusa, varada en el Mediterráneo a 205 kilómetros de las costas de Sicilia y a 113 de África, es puerto de refugio o muerte de centenares de miles de inmigrantes. Las cifras —siempre aproximadas— indican que, en las últimas dos décadas, más de 8.000 personas han muerto frente a Lampedusa. La alcaldesa, Giusi Nicolini, llegó a escribir una carta desesperada a la Unión Europea —”¿Cuán grande tiene que ser el cementerio de mi isla?”— y el papa Jorge Mario Bergoglio atrajo la atención sobre la isla al advertir de que “la globalización de la indiferencia” se hace allí carne y sufrimiento.
Por eso, suena del todo incomprensible que las autoridades italianas —la Guardia Costera, la Guardia de Finanzas, la Capitanía del puerto de Lampedusa— tardaran más de dos horas en enterarse de que un barco que albergaba a más de 500 personas estaba ardiendo y hundiéndose a solo media milla de la isla. Y que solo reaccionaran tras ser alertados por algunos pesqueros —otros tres, según los náufragos, pasaron de largo— y que, todavía entonces, pasara mucho tiempo hasta que se decidieron a ayudar.
La denuncia de Vito Fiorino, dueño de una de las embarcaciones que primero se acercó a la zona de la catástrofe, es tremenda: “Eran las 06.30 o las 06.40 cuando di la orden de llamar a la guardia costera, pero no llegaron hasta las 07.40. Nosotros ya habíamos subido a bordo a 47 náufragos, pero ellos lo hacían muy lentamente, podían haber ido más deprisa. Cuando volvíamos a puerto cargados de náufragos hemos visto la patrullera de la Guardia de Finanza que salía como si fuese de paseo. Si hubieran querido salvar a la gente, habrían salido con barcas pequeñas y rápidas. La gente se moría en el agua mientras ellos se hacían fotografías y vídeos. Cuando mi barco estaba lleno de inmigrantes y les pedimos a los agentes que los subieran a la patrullera, nos decían que no era posible, que tenían que respetar el protocolo. También me querían impedir ir al puerto con los náufragos. Si ahora quieren detenerme por haber salvado a náufragos, que lo hagan, no veo la hora…”, dijo a la prensa en el puerto de Lampedusa.
El problema es que sí, que podrían detenerlo. La legislación italiana contempla desde 2002 —gracias a la presión xenófoba de la Liga Norte en los Gobiernos de Silvio Berlusconi— el delito de complicidad con la inmigración ilegal para quien introduzca en el país a inmigrantes sin permiso de entrada, incluyendo a quienes ayuden a los barcos en los que viajan. De ahí que sea difícilmente compatible la sorpresa y aun la consternación político-institucional por la tragedia con el mantenimiento —durante el año de Gobierno de Mario Monti y los cinco meses de Enrico Letta— de una ley que, como finalmente admitió ayer el ministro de Administraciones Públicas, “alimenta un circuito de xenofobia y racismo que no hace honor a Italia”.
Un país al que fue muy caro llegar. Algunos de los supervivientes han contado que, tras atravesar el desierto y sobrevivir en Libia, tuvieron que pagar 500 dólares por un viaje en barco que incluía una botella de cinco litros de agua para compartir entre tres. Viajaron durante tres días, desde el puerto libio de Misrata. El patrón del barco, un traficante que ya había sido detenido años atrás y que se hacía llamar “doctor”, los amontonaba en función del precio que habían pagado. Los más pobres, en las bodegas, donde todavía siguen, suspendidas las tareas de rescate por el mal tiempo. El fuego, coinciden todos, se originó al encender unas mantas para hacerse ver desde tierra. Pero, como ahora se pregunta Italia avergonzada, o nos lo vieron o no los quisieron ver.
De Lampedusa zarpa una procesión de ataúdes sellados, algunos blancos, sin nombre, numerados del uno al 111: “Muerto número 54, mujer, probablemente 20 años. Muerto número 11, hombre, probablemente tres años…”.
Sobreviventes de Lampedusa serão processados por imigração clandestina
Os sobreviventes do naufrágio da última quinta-feira (3) em Lampedusa serão processados por imigração clandestina, informou neste sábado a Procuradoria de Agrigento, na Sicília. O crime prevê como pena máxima uma multa de 5 mil euros (cerca de R$ 15 mil).
Mais de 110 imigrantes africanos morreram no acidente, ocorrido próximo a uma praia da ilha de Lampedusa, no sul da Itália. Cerca de 200 pessoas ainda estão desaparecidas e outras 155 foram resgatadas com vida. Os mergulhadores italianos suspenderam temporariamente as operações de busca devido às más condições do mar.
A tragédia abalou a Itália e fez com que o presidente do país, Giorgio Napolitano, instasse a União Europeia (UE) a adotar medidas para evitar novos naufrágios, que há décadas são constantes em Lampedusa. Segundo Napolitano, esse não é um problema exclusivo da Itália, já que o país serve apenas de porta de entrada à Europa para os imigrantes.
Neste sábado, o primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, convocou uma reunião urgente com vários países europeus para tratar do tema da imigração ilegal. “É importante que os responsáveis políticos europeus falem do assunto o quanto antes, juntos”, disse o premier. (ANSA)