A guerra nunca é santa

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«A guerra nunca é santa, a eliminação e a opressão do outro em nome de Deus é sempre uma blasfémia. A eliminação e a opressão do outro e da sua história, usando o nome de Deus, é um horror». É esta a firme convicção dos mais de quatrocentos líderes das grandes religiões mundiais, reunidos de 6 a 8 de Setembro em Tirana a convite da comunidade de Santo Egídio, por ocasião do encontro internacional sobre o tema «A paz é sempre possível. Religiões e culturas em diálogo», organizado em colaboração com a Conferência episcopal local e a Igreja ortodoxa albanesa.

Num momento em que a comunidade internacional tem dificuldade de encontrar soluções para os conflitos, os congressistas dirigiram aos governantes um apelo à importância do diálogo: «A guerra – lê-se no apelo – não se vence com a guerra: é um engano. A guerra sempre sai fora de controle. Não vos iludais. A guerra desumaniza povos inteiros. Recomecemos do diálogo, que é uma grande arte e uma medicina insubstituível para a reconciliação entre os povos».

Foi abordado também o tema dos refugiados, para os quais além do acolhimento é necessário e urgente trabalhar pela paz, dado que só o fim dos conflitos poderá deter o grande êxodo. Está convicto disto Andrea Riccardi, que na cerimónia final sublinhou que os crentes devem sempre estar na primeira linha para dar novamente ao mundo a esperança no futuro. Enfim, o fundador da comunidade de Santo Egídio, desejou que «das religiões possa renascer um movimento de corações e de paz que não se resigne à guerra e à dor». Transcrito do L’Osservatore Romano

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“Eu tenho meta s como qualquer pessoa. Eu quero estudar como eles. É muito desagradável ver como os outros podem aproveitar a vida, e eu não posso”

Menina palestina chora após ouvir resposta indesejada de Angela Merkel

Em debate na Alemanha, menina palestina chora quando a Angela Merkel explica que o país expulsará os refugiados
Em debate na Alemanha, menina palestina chora quando a Angela Merkel explica que o país expulsará os refugiados

Em debate, menina palestina refugiada na Alemanha fala sobre seu desejo de progredir e cursar uma faculdade. A resposta de Angela Merkel, no entanto, fez a jovem de 13 anos – que está sob risco de deportação – ir às lágrimas

Um vídeo [ver abaixo] que mostra a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, em um debate sobre política de asilo que levou uma adolescente às lágrimas gera polêmica nas redes sociais.

No debate, Merkel ouve a declaração de uma menina palestina, em alemão fluente, sobre seu desejo de ir à universidade e progredir. “Eu tenho metas como qualquer pessoa. Eu quero estudar como eles. É muito desagradável ver como os outros podem aproveitar a vida, e eu não posso”, afirmou a jovem.
Sob risco de ser deportada, Reem, de 13 anos, vive com a família na Alemanha há quatro. Eles vieram do Líbano, onde vivem cerca de 450 mil palestinos em 12 campos de refugiados, segundo a Organização das Nações Unidas.

Merkel diz entendê-la, mas destaca que, no entanto, a política é, muitas vezes, difícil. Merkel acrescenta que, como a menina sabe, há milhares de refugiados palestinos no Líbano. “Se dissermos que todos vocês podem vir, e que todos vocês da África podem vir, que todos podem vir, não daremos conta”, disse.

Ao ouvir a resposta, Reem começa a chorar, sendo, imediatamente, confortada por Merkel. “Você se saiu bem”, disse a chanceler, que foi, em seguida, contestada pelo moderador do debate. Ele diz que a questão não é se a adolescente se saiu bem ao expressar sua visão, mas, sim, a difícil situação em que ela se encontra.

merkel alemanha grécia

Merkel diz saber disso, mas, que ainda assim, queria ‘fazer um carinho’ na menina. A resposta, considerada desajeitada, chegou a virar trending topic no Twitter da Alemanha, com a hashtag #MerkelStreichelt (Merkel faz carinho, em alemão).

O debate ocorreu em uma escola na cidade de Rostock, no norte da Alemanha, e contou com a participação de adolescentes de 14 a 17.

Muitos usuários de diferentes plataformas de redes sociais apoiaram o conteúdo da resposta e a reação de Merkel. “Realista diante da crise que o país vive”, disse, no Facebook, um alemão. Mas não faltaram críticas. “Toda a crueldade da política de imigração em um clipe”, atacou um jornalista.

O vídeo suscitou ainda discussões sobre a política alemã para o Oriente Médio, com usuários sugerindo que, se Merkel quer menos refugiados palestinos na Alemanha, deveria ter um papel ativo para que a Palestina seja reconhecida internacionalmente e pela retirada de tropas israelenses de territórios palestinos ocupados.

“Um abraço e uma batidinha nas costas antes de deportá-los para uma favela no Oriente Médio não é suficiente”, disse um leitor, em comentário com mais de mil curtidas no Facebook.

Segundo a ONU, os palestinos, que representam cerca de 10% da população do Líbano, não gozam dos mesmos direitos de cidadãos libaneses. Não podem, por exemplo, trabalhar em 20 diferentes profissões. Por não serem formalmente considerados cidadãos de outro país, não têm como requerer direitos como outros estrangeiros. A situação nos campos é precária e muitos vivem em pobreza absoluta.

refugiados palestinos líbano

Campos de refugiados palestinos no Líbano
Campos de refugiados palestinos no Líbano

A crise no sistema de asilo na Alemanha vem sendo provocada, por um lado, por um aumento nos pedidos de vários países (cerca de 4,5 mil pedidos de asilo neste ano, praticamente o dobro de 2014) e, por outro, pela falta de agilidade em lidar com casos específicos que resultem em deportação ou aprovação do pedido. Transcrito de Pragmatismo Político

Veja Vídeos:

A menina que roubava livros terminou em Gaza

a garota que roubava livros

As comoventes imagens da menina que procura seus livros e cadernos na sua casa, destruída por um foguete em Gaza, lembram cenas do romance e filme de outra menina na Alemanha nazista.

O que era uma ficção se transforma em uma brutal e desumana realidade nas guerras do deserto. Principalmente na guerra das estrelas na Palestina. Precisamente da guerra da Estrela de Davi contra a Lua árabe. É um novo holocausto: agora dos palestinos, os antigos filisteus.

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The Book Thief  – A menina que roubava livros (título no Brasil) ou A rapariga que roubava livros (título em Portugal)) é um drama do escritor australiano Markus Zusak, publicado em 2005 pela editora Picador. No Brasil e em Portugal, foi lançado pela Intrínseca e a Presença, respectivamente.

O livro é sobre uma garota que encontra a Morte três vezes durante 1939–43 na Alemanha nazista.

The Book Thief tem como narradora a Morte, cuja função é recolher a alma de todos aqueles que morrem sem intervalos. Durante a sua passagem pela Alemanha, na Segunda Guerra Mundial, ela encontra a protagonista, Liesel Meminger, numa estação de comboio enquanto o seu irmão mais novo é enterrado próximo ao local.

livro a Morte

A menina, ao perceber que o coveiro presente deixou um livro, O manual do coveiro, cair na neve, rouba-o e é levada, então, até a cidade fictícia Molching, onde a sua mãe pretende entregá-la a uma família para que a adotem.

Na Rua Himmel, reside o casal de classe trabalhista formado por Hans e Rosa Hubermann. Lá, ela convive com os novos responsáveis e vai à escola.

Como ajudante de sua mãe, começa uma amizade com a mulher do prefeito Ilsa Hermann, embora ela só perceba o tamanho dessa amizade no fim da história.

Ao longo dos quatro anos que viveu com os Hubermann, roubou diversos livros e aprendeu lições com eles.

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No filme, a jovem Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba.

Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa.

Enquanto não está lendo ou estudando, ela realiza algumas tarefas para a mãe (Emily Watson) e brinca com a amigo Rudy (Nico Liersch).

A história revela quando terrível um regime que impõe o pensamento único, destrói a cultura de um povo, queima livros, cria uma lista de autores proibidos, estabelece o controle judicial-policial, e prende e arrebenta.

A história é uma mensagem de esperança. A fraternidade, a amizade, o amor ao próximo vence a Morte e a xenofobia, e todo tipo de preconceito, notadamente o racial.

Você entenderá porque os judeus são chamados de o Povo do Livro.

A decadência do Ocidente

por Mario Vargas

Fernando Vicente
Fernando Vicente

O fato central dessa eleição é a irrupção torrencial em quase toda a Europa de partidos de ultradireita ou de ultraesquerda, inimigos do Euro e da União Europeia, que querem destruir para ressuscitar as velhas nações, fechar as fronteiras à imigração e proclamar sem rubor sua xenofobia, seu nacionalismo, sua filiação antidemocrática e seu racismo. Que haja matizes e diferenças entre eles não dissimula a tendência geral de uma corrente política que até agora parecia minoritária e marginal e que, nessa disputa eleitoral, demonstrou um crescimento espetacular.

Alguns comentaristas se consolam afirmando que esses resultados indicam um voto de raiva, um protesto momentâneo mais do que uma transformação ideológica do velho continente. Mas como está claro que a crise da qual resultaram os altos níveis de desemprego e a queda do nível de vida levará ainda alguns anos para ficar para trás, tudo indica que a virada política que essas eleições mostraram, ao invés de ser passageira, provavelmente durará e talvez se agrave. Com quais consequências? A mais óbvia é que a integração europeia, se não for completamente freada, será muito mais lenta do que o previsto, com quase certeza de que haverá debandada entre os países membros, começando pelo britânico, que já parece quase irreversível. E, acossada por movimentos antissistema cada vez mais robustos e operando em seu seio como uma quinta coluna, a União Europeia estará cada vez mais desunida e abalada por crises, políticas falidas e uma contestação permanente que, a curto ou longo prazo, poderiam enterrá-la.

euro Europa crise capitalismo

 

Enquanto me inteirava dos resultados das eleições europeias, lia, no último número de The American Interest, revista dirigida por Francis Fukuyama (Maio/Junho 2014), uma fascinante pesquisa intitulada America Self-Contained? (que poderia ser traduzida como “América ensimesmada?”), na qual uma quinzena de destacados analistas estadunidenses de distintas tendências examina a política externa do Governo do Presidente Obama.

O país que até agora havia assumido a liderança do Ocidente democrático e liberal ia se eximindo discretamente de semelhante responsabilidade para confinar-se, sem traumas nem nostalgia, em políticas internas cada vez mais desconectadas do mundo exterior e aceitando, neste globalizado planeta de nossos dias, sua condição de país destronado e menor.

Os críticos divergem sobre as razões dessa “decadência”, mas todos estão de acordo que ela se reflete em uma política externa na qual Obama, com o apoio inequívoco da maioria da opinião pública, se livra de maneira sistemática de assumir responsabilidades internacionais.
Segundo a pesquisa da The American Interest, nada disso é casual e nem pode ser atribuído exclusivamente ao governo de Obama. Trata-se, pelo contrário, de uma tendência muito mais antiga e que, mesmo tendo ficado soterrada e velada por um bom tempo, encontrou, como consequência da crise financeira que golpeou com tanta força o povo estadunidense, a oportunidade de crescer e se manifestar por meio de um governo que se atreveu a materializá-la. Ainda que a ideia de que os Estados Unidos se atrapalhem para solucionar seus próprios problemas e, para acelerar seu desenvolvimento econômico e devolver à sociedade os altos níveis de vida que alcançou no passado renuncie à liderança do Ocidente e a intervir em assuntos que não lhe digam respeito diretamente nem representem uma ameaça imediata a sua segurança seja objeto de críticas entre a elite e a oposição republicana, ela tem um apoio popular muito grande dos homens e mulheres comuns, convencidos de que os Estados Unidos devem deixar de se sacrificar pelos “outros”, entregando-se a guerras caríssimas em que dilapida seus recursos e sacrifica seus jovens, enquanto o trabalho escasseia e a vida se torna cada vez mais dura para o cidadão comum. Um dos ensaios da pesquisa mostra como cada um dos importantes cortes em gastos militares que Obama fez teve o respaldo esmagador da população.

Quais conclusões tiramos disso tudo? A primeira é que o mundo já mudou muito mais do que acreditávamos e que a decadência do Ocidente, tantas vezes prognosticada na história por intelectuais sibilinos e amantes das catástrofes, passou por fim a ser uma realidade de nossos dias. Decadência em que sentido? Antes de mais nada, do papel diretor, de liderança, que tiveram a Europa e os Estados Unidos no passado mediato e imediato, para muitas coisas boas e algumas más. A dinâmica da história já não nasce só ali, mas também em outras regiões e países que, pouco a pouco, vão impondo seus modelos, usos e métodos ao resto do mundo. (Transcrevi trechos)

 

 Malagón
Malagón

Otra tragedia en Lampedusa deja cientos de muertos y desaparecidos

Periódicos de España hoy

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Lampedusa conoció ayer la peor tragedia de la inmigración de los últimos años: más de 130 personas muertas y casi 200 desaparecidas después del naufragio de un barco cerca de la pequeña isla siciliana. Según las autoridades, el barco partió de Libia transportando entre 450 y 500 inmigrantes, pero solo sobrevivieron 150, por lo que el número de víctimas puede superar las 300.

«No tenemos más sitio, ni para los vivos ni para los muertos», declaró, abatida, la alcaldesa de Lampedusa, Giusi Nicolini. «Es un horror. No paran de aparecer cuerpos».

Hasta un centenar de cadáveres fueron descubiertos por los submarinistas del servicio de guardacostas, en el interior y en torno a la embarcación, que se encontraba hundida a unos cuarenta metros de profundidad. Los primeros balances oficiales iban aumentando a medida que aparecían más cuerpos.

«Ha sido trágico ver los cuerpos de los niños», relataba muy afectado Pietro Bartolo, un responsable sanitario de la isla a la cadena de televisión Sky TG24. Lampedusa «no tiene suficientes ataúdes» y han debido transportarlos por avión, explicó. El Gobierno italiano decretó para hoy un día de duelo nacional. El viceprimer ministro, Angelino Alfano, acudió al lugar y se encargó de dar algunos detalles de la tragedia. Los inmigrantes, en su mayoría somalíes y eritreos, habían partido de la costa libia y el accidente se produjo a unos 550 metros de la costa.

«Cuando hemos llegado cerca de la isla, hemos decidido encender un fuego, incendiando la cubierta, para llamar la atención, pero el puente estaba sucio de gasolina: en pocos segundos el barco ha quedado envuelto por las llamas, muchos de nosotros nos hemos lanzado al agua gritando mientras el barco volcaba», relató uno de los supervivientes, según «Il Corriere della Sera».

Otros aseguraron que varios pesqueros no les socorrieron. Un pescador, Rafaele Colapinto, explicó que llegó a ayudar a los inmigrantes: «Hemos visto un mar de cabezas, tardamos una media hora en recogerlos a todos porque estaban resbaladizos a causa de gasóleo».

El puerto se llenó pronto de cuerpos envueltos en bolsas verdes. Por falta de espacio, fueron transportados a un hangar en el aeropuerto de la isla.

Entre ellos se halló a una joven eritrea aún con vida después de que un miembro de los equipos de rescate se diera cuenta de que aún respiraba. Trasladada al hospital de Palermo se encuentra en estado grave, deshidratada, con hipotermia, y sufre de neumonía después de ingerir, al igual que las otras víctimas, el gasóleo vertido por el barco.

Nicolini envió un telegrama al primer ministro, Enrico Letta, pidiéndole que «venga a contar los muertos» con ella y acusó a Europa de «mirar hacia otro lado (..) frente a la enésima masacre de inocentes en la isla». Recordó además que Lampedusa, más cerca de las costas de África que de Sicilia, es el desde hace años el destino de los inmigrantes clandestinos.

«Esta es una tragedia europea, no solo italiana», afirmó Alfano, que pidió que Italia, donde este año han llegado ya 25.000 inmigrantes (tres veces más que en 2012), pueda extender sus patrullas «más allá de sus aguas territoriales».

La ministra de Integración, Cécile Kyenge, originaria de la República Democrática del Congo, exigió una coordinación europea para instaurar «corredores humanitarios que hagan las travesías más seguras que aquellas con las que especulan las organizaciones criminales».

«Es consecuencia de una política represiva»

El drama de Lampedusa es consecuencia de una política represiva hacia la inmigración. según François Crépau, relator especial de la ONU para la protección de los migrantes, que aseguró que «estas muertes se podían haber evitado». En la apertura del Segundo Diálogo de Alto Nivel sobre Migración en la Asamblea General de la ONU, afirmó que «tratar la inmigración clandestina únicamente con medidas represivas puede provocar estas tragedias. La inmigración clandestina no es un delito contra las personas o los bienes ni una amenaza para la seguridad». Mediante el bloqueo de sus fronteras, los países europeos dan más poder a los contrabandistas y traficantes de seres humanos, criticó, denunciado la «paranoia» impulsada por los políticos. «Los gobiernos deben asumir su parte de responsabilidad», insistió y propuso desarrollar las posibilidades de la inmigración legal y aceptar la idea de la diversidad y del multiculturalismo.

GARA

Lampedusa, temor de 300 mortos

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PREFEITA DE LAMPEDUSA: “VENHA CONTAR OS MORTOS COMIGO”

A prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, pediu para o primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, dirigir-se à ilha para “contar os mortos” provocados nesta quinta-feira (3) pelo naufrágio de uma embarcação com 500 imigrantes africanos ilegais.
“Venha contar os mortos comigo”, escreveu a prefeita em um telegrama ao premier. Nicolini há anos tenta chamar a atenção das autoridades ao problema dos naufrágios em Lampedusa. Em entrevista à ANSA por telefone, a prefeita relatou que a cena desta quinta-feira “é um horror”. “Não terminam nunca de descarregar mais corpos. Venham ver. É uma cena impressionante”, contou a prefeita, chorando.
“Não posso deixar de expressar a miopia da Europa, que insiste em olhar só para o outro lado. Os imigrantes chegam à nossa ilha há anos e continuarão fazendo isso por muito tempo. Se as instituições não intervierem imediatamente, serão, inevitavelmente, cúmplices desse absurdo e vergonhoso massacre”, criticou.
Nicolini também desferiu críticas à lei italiana “Bossi-Fini”, que regula os casos de imigração no país. Em vigor desde julho de 2002, a lei prevê, entre outras coisas, punição aos que favorecem a imigração clandestina e o envio de pessoas indocumentadas a centros de acolhimento temporário.
“A Itália tem leis desumanas. Três barcos pesqueiros foram embora do local da tragédia porque o nosso país processa os pescadores que salvam vidas humanas, acusando-os de favorecer a imigração clandestina”, afirmou Nicolini. “O governo deve anular imediatamente essa normativa”, acrescentou. (ANSA)

A freira que pode conquistar o mundo sacode a Espanha

por Matt Wells
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O mosteiro de St. Benet está entre os mais belos e tranquilos lugares. Para chegar lá, você precisa rumar pelas paisagens lindas da montanha sagrada de Montserrat.

A irmã Teresa Forcades, estrela improvável de programas de entrevistas, do Twitter e do Facebook, tem tido dificuldade em parar de pregar. Tão grande é a demanda por seu tempo e sua bênção que o email de seu secretário aqui no mosteiro sempre retorna uma resposta automática de que a caixa de entrada está cheia.

Irmã Teresa parece sempre estar em pelo menos dois lugares ao mesmo tempo. Ela tem os olhos brilhantes, é confiante, quase alegre. Sua inglês perfeito – aprimorado nos anos que estudou na Universidade de Harvard – parece de alguma forma fora de lugar nos claustros humildes deste local sereno.

Não há nenhum político parecido com ela. Ela nunca está sem o hábito de freira e diz que tudo que faz vem de uma profunda fé cristã e devoção. No entanto, tem sido crítica da Igreja e dos homens que a dirigem.

Os seguidores de seu movimento, Proces Constituint, com aproximadamente 50 mil catalães, são principalmente esquerdistas não-crentes. Ela não quer um cargo e diz que não vai criar um partido político, mas é inegavelmente uma figura política em uma missão – derrubar o capitalismo internacional e alterar o mapa de Espanha.

Seu programa de 10 pontos, elaborado com o economista Arcadi Oliveres, pede:

• A estatização de todos os bancos e medidas para coibir a especulação financeira

• O fim de cortes de empregos, salários mais justos e pensões, menos horas de trabalho e pagamentos para os pais que ficam em casa

• Uma “democracia participativa” genuína e medidas para coibir a corrupção política

• Habitação decente para todos e um fim a todas as execuções de hipotecas

• A reversão de cortes de gastos públicos e renacionalização de todos os serviços públicos

• Direito de um indivíduo ser dono de seu próprio corpo, incluindo o direito da mulher de decidir sobre o aborto

• Políticas econômicas “verdes” e a nacionalização das empresas de energia

• O fim da xenofobia e a revogação das leis de imigração

• Meios de comunicação públicos sob controle democrático, incluindo a internet

• “Solidariedade” internacional, sair da Otan e a abolição das forças armadas em uma futura Catalunha livre

Com um talento natural para falar em público, e mente afiada de uma militante, ela não teria superado a vida monástica? Suas irmãs não estariam cansadas das visitas constantes, eu me pergunto?

Ela interrompe a nossa primeira entrevista para cumprimentar uma delegação de ativistas pela independência da Catalunha, que vieram prestar homenagem ao mosteiro. Enquanto espero, as irmãs que param para conversar não têm dúvida de que o seu talento e sua fama são “dons de Deus” e que ela está abrindo caminho para um futuro mais jovem e mais feminista para a Igreja Católica.

Elas são apenas três dezenas de mulheres que vivem uma vida tranqüila de oração, mas esta é a base do poder político da Irmã Teresa. Ela é a embaixatriz delas para o mundo secular, e muitas vezes turbulento, para além da montanha. Diferentemente da maioria dos partidos políticos, movidos pela rivalidade, o círculo íntimo de Irmã Teresa a ama incondicionalmente.

Quando eu viajo para vê-la buscando apoio para o novo movimento em uma praça da cidade, o lugar está lotado. Ela agarra a multidão com idéias radicais que assustam muitos políticos tradicionais na Espanha. Ela admira Gandhi e algumas das políticas do falecido Hugo Chávez, na Venezuela, e de Evo Morales, da Bolívia.

Mas é o modelo econômico secular das monjas beneditinas, criando bens úteis para vender, que ela cita mais apaixonadamente.

Depois de um intervalo de duas semanas, eu subo a estrada sinuosa para o mosteiro para uma última visita. Irmã Teresa foi a uma conferência religiosa no Peru, onde é inverno, e voltou para casa com um resfriado. Bispos fiéis ao Vaticano têm criticado suas posições radicais sobre tudo, do aborto aos bancos.

Tornou-se uma batalha por onde passa. Pelo menos por enquanto, seu bispo em casa não a proibiu de continuar.

Na capela, ela cumprimenta minha esposa e os dois filhos pequenos calorosamente. Ela me disse que, quando era adolescente, abraçou o celibato.

É outra contradição que percebo: ela está perdendo uma vida em que pode amar livremente e tudo o mais que isso implica?

Ela me diz que se apaixonou três vezes desde que se tornou freira, mas sua devoção a Deus e ao mosteiro continua forte como sempre.

“Enquanto a minha vida religiosa for cheia de amor, eu vou estar aqui”, ela diz. “Mas no momento em que esta vida se transformar num sacrifícios… Então é será meu dever abandoná-la.”

Por ora, ao que parece, o caso de amor da Catalunha com talvez a figura política mais improvável do mundo vai muito bem.

Publicado originalmente na BBC.

Papa Francisco: A forte denúncia da proliferação e do comércio ilegal das armas que alimentam as guerras

«Peço que seja empreendido com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação». O Papa Francisco volta a propor, com o tweet lançado esta manhã, segunda-feira 9 de Setembro, o caminho que deve ser seguido para restituir a paz às martirizadas populações da Síria e de todo o Médio Oriente.

«A paz é possível»: para reafirmar esta convicção tinha reunido à sua volta sábado na praça de São Pedro, ao anoitecer do dia inteiramente dedicado ao jejum e à oração, mais de cem mil pessoas que quiseram manifestar um planetário desejo de paz. Com elas e para elas repetiu o urgente grito a pôr fim a qualquer forma de violência e ao mal que ela gera. «A violência e a guerra – foi a sua mensagem – nunca são o caminho da paz».

«Para que serve fazer guerras, tantas guerras, se não se é capaz de fazer esta guerra profunda contra o mal?» perguntou depois o Papa no dia seguinte, falando aos fiéis reunidos para a recitação do Angelus. «Há sempre a dúvida – acrescentou – se esta guerra aqui ou ali é deveras uma guerra devido a problemas ou é uma guerra comercial para vender estas armas no comércio ilegal».

«Estes – explicou – são inimigos que devemos combater unidos e com coerência, sem seguir outros interesses a não ser o da paz e do bem comum». Por fim o Papa Francisco quis agradecer a todos os que, de diversos modos, aderiram à vigília de oração e de jejum.

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Papa Francisco. Por que a imprensa brasileira esconde o discurso de Dilma?

O Papa Francisco e Dilma Rousseff escutam os hinos do Vaticano e do Brasil
O Papa Francisco e Dilma Rousseff escutam os hinos do Vaticano e do Brasil
Francisco quebra protocolo ao beijar Dilma
Francisco quebra protocolo ao beijar Dilma

 

Que disse a presidente Dilma Rousseff que tanto incomodou a imprensa conservadora?

Destaco trechos do discurso:

 

A presença de Sua Santidade no Brasil nos oferece a oportunidade de renovar o diálogo com a Santa Sé em prol de valores que compartilhamos: a justiça social, a solidariedade, os direitos humanos e a paz entre as nações. Conhecemos o compromisso de Sua Santidade com esses valores. Por seu sacerdócio entre os mais pobres, que se reflete até mesmo no próprio nome escolhido como Papa, uma homenagem a São Francisco de Assis, sabemos que temos, diante de nós, um líder religioso sensível aos anseios de nossos povos por justiça social, por oportunidade para todos e dignidade cidadã.

Lutamos contra um inimigo comum: a desigualdade, em todas as suas formas.

Em seu discurso de 16 de maio, Vossa Santidade manifestou preocupação com as desigualdades agravadas pela crise financeira e o papel nocivo das ideologias que defendem o enfraquecimento do Estado, reduzindo sua capacidade de prover serviços públicos de qualidade para todos. Manifestou sua preocupação com a globalização da indiferença, que deixa as pessoas insensíveis ao sofrimento do próximo.

Compartilhamos e nos juntamos a essa posição. Estratégias de superação da crise econômica, centradas só na austeridade, sem a devida atenção aos enormes custos sociais que ela acarreta, golpeiam os mais pobres e os jovens, que são pelo mundo afora as principais vítimas do desemprego. Geram xenofobia, violência e desrespeito pelo outro. O Brasil muito se orgulha de ter alcançado extraordinários resultados nos últimos dez anos na redução da pobreza, na superação da miséria e na garantia da segurança alimentar à nossa população.

A juventude brasileira tem sido protagonista nesse processo e clama por mais direitos sociais: mais educação, melhor saúde, mobilidade urbana, segurança, qualidade de vida na cidade e no campo, o respeito ao meio ambiente. Os jovens exigem respeito, ética e transparência. Querem que a política atenda aos seus interesses, aos interesses da população e não seja território dos privilégios e das regalias. Desejam participar da construção de soluções para os problemas que os afetam.

Os jovens querem viver plenamente. Estão cansados da violência que muitas vezes os tornam as principais vítimas. Querem dar um basta a toda forma de discriminação e ver valorizadas sua diversidade, suas expressões culturais. Tal como em várias partes do mundo, a juventude brasileira está engajada na luta legítima por uma nova sociedade.

IMPRENSA DO EQUADOR
IMPRENSA DO EQUADOR

O suicidio de um terrorista da direita, racista, xenófobo, anti-muçulmano

Apenas em Maringá: 73 casos. E no Brasil todo: quantas expulsões e suicídios?
Apenas em Maringá: 73 casos. E no Brasil todo: quantas expulsões e suicídios?

Por Eduardo Febbro
Desde París

Dominique Venner eligió uno de los lugares más emblemáticos del cristianismo, la Catedral de Nôtre Dame, para dejar un último mensaje contra la decadencia de la civilización blanca y pura en la que creía: a las cuatro de la tarde, este ensayista y militante de la extrema derecha francesa se suicidó a los 78 años con un tiro en el altar de la Catedral. Figura influyente de la ultraderecha y hombre clave en la consolidación ideológica y programática de esta corriente política, Dominique Venner era la eminencia marrón de la ultraderecha contemporánea: estaba considerado como el pensador de la renovación del nacionalismo francés y el actor decisivo en su renacimiento luego de la Segunda Guerra Mundial. Su suicidio tiene una clara lectura política que él mismo se encargó de distribuir antes de quitarse la vida. En una carta entregada a la radio francesa Courtoisie, Venner dice: “Siento la obligación de actuar mientras me quedan fuerzas. Creo que mi sacrificio es necesario para romper el letargo que nos aplasta. Elijo un lugar muy simbólico, al que respeto y admiro. Mi gesto encarna una épica de la voluntad. Me mato para despertar las conciencias adormecidas. En momentos en que defiendo la identidad de todos los pueblos en sus propios lugares, me revelo contra el crimen que apunta al reemplazo de nuestras poblaciones”.

Ese “reemplazo” era, para Venner, la inmigración. En un último post publicado en su blog este ensayista e historiador autor de una obra prolífica se dirige a los opositores a la ley que autorizó el casamiento entre personas del mismo sexo –fue aprobada por la Asamblea y luego validada por el Consejo Constitucional– diciéndoles que “no pueden ignorar la realidad de la inmigración afro-magrebí. Su combate no puede limitarse al rechazo del matrimonio gay”. Desde luego, Venner consideraba esa ley como una cosa “infame”. Rasgo común de la extrema derecha francesa y Europa, Dominique Venner era de un racismo radical, sobro todo contra los árabes y los negros. Habitado por una obsesión poderosa sobre la identidad nacional, los valores occidentales y la decadencia de Occidente, Venner convocaba de manera vigorosa e inequívoca a pensar nuevas formas de acción contra los “musulmanes” que, decía, estaban sumergiendo a Occidente: “Harán falta gestos nuevos, espectaculares y simbólicos para hacer cimbrar las somnolencias, sacudir las conciencias y despertar la memoria de los orígenes”. De toda evidencia, se eligió a sí mismo para encarnar esa acción. Aunque se mató en la Catedral de Nôtre Dame, Venner no la frecuentaba con asiduidad.

Dominique Venner fue un compendio ilustrado de lo que es la extrema derecha y su razón de existir, la idea tenaz según la cual el mestizaje constituye el preludio del fin de la civilización europea. Venner escribió numerosos libros de historia y dirigió dos revistas de historia ligadas a la extrema derecha: Enquête sur l’histoire y La Nouvelle revue d’histoire. De hecho, este ensayista politemático nunca salió de las ideas que lo envolvieron desde su pasado colonial. En los años ’50 formó parte del movimiento extremista Joven Nación y durante la guerra de Argelia se sumó a los comandos de los terroristas de la OAS que luchaban contra la independencia de Argelia y contra el mismo general De Gaulle, que la había promovido. Encarcelado en los años ’60, cuando salió en libertad fundó el movimiento Europa Nación y más tarde participó en la creación del Agrupamiento de Investigaciones y Estudios por la Civilización Europea (Grece), un círculo de “estudios” de la extrema derecha que elaboró una estrategia de combate político y cultural para la conquista de las mentalidades. Venner y los miembros del Grece eran adeptos a la idea “de las raíces y la sangre” como zócalo de la identidad y ese principio tan occidental y erróneo según el cual sólo existe una jerarquía dominante: la de Occidente. A los casi 80 años, Venner eligió ser un mártir de esa causa. Con camperas negras o sin ellas, con corbatas o sonrisas resbalosas, la extrema derecha no ha variado sus convicciones. La líder del ultraderechista Frente Nacional, Marine Le Pen, publicó en Twitter tras la muerte de Venner que su suicidio era un “último gesto eminentemente político” y con el cual Venner “intentó despertar al pueblo de Francia”.