Papa Francisco: “É preciso estar dispostos a dar o perdão, mas nem todos o podem receber, o sabem receber ou estão dispostos a recebê-lo. É duro o que estou a dizer. Mas assim se explica porque há pessoas que acabam a sua vida de maneira nefasta, de maneira má, sem receber a carícia de Deus”

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A calorosa hospitalidade recebida nos Eua, os desafios da Igreja naquela Nação, a vergonha pelos abusos sexuais cometidos por alguns sacerdotes, o processo de paz na Colômbia, a crise migratória, os processos matrimoniais, a objeção de consciência, a China, as religiosas norte-americanas e as mulheres na Igreja, o poder do Papa: foram estes os principais pontos da conferência de imprensa de Francisco que, durante o vôo de regresso de Filadélfia — onde a 27 de Setembro, com a missa de encerramento do encontro mundial das famílias, terminou a viagem papal — respondeu por mais de 45 minutos a uma dúzia de perguntas.

O Pontífice disse que ficou surpreendido pela hospitalidade recebida que, embora tenha sido diferente nas três cidades visitadas nos Eua, foi muito calorosa. E acrescentou que ficou impressionado também com as celebrações litúrgicas e com a oração dos fiéis. O desafio da Igreja, disse, consiste em continuar a permanecer ao lado deste povo, acompanhando-o tanto na alegria como nas dificuldades. E isto deve realizar-se, permanecendo ao lado das pessoas.

Sobre os abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, o Papa disse que falou diante de todos os bispos do país, porque sentiu a necessidade de expressar compaixão pelo que aconteceu: algo muito desagradável, pelo que muitos pastores autênticos sofreram. Sem dúvida, os abusos existem em toda a parte, disse, mas quando quem os comete é um sacerdote, isto é gravíssimo, porque é uma traição da vocação presbiteral, que consiste também em fazer crescer o amor de Deus e, ao mesmo tempo, a maturidade afetiva dos jovens.

Quanto ao processo de paz na Colômbia, o Pontífice afirmou que recebeu com alívio a notícia, e que se sentiu partícipe desta aproximação entre o Governo e as Farc.

Sobre a imigração, ao contrário, Francisco frisou que hoje estamos diante de uma crise que deriva de um processo de longo período, porque a guerra da qual as pessoas fogem se combate há anos. Além disso, há a fome, que leva as pessoas a migrar. A África, disse ainda, é o continente explorado: primeiro a escravidão, depois os grandes recursos, e agora as guerras tribais, que escondem interesses económicos. Mas em vez de explorar, seria necessário investir, para evitar esta crise.

O Papa falou também das barreiras que são levantadas nalgumas regiões da Europa, afirmando que mais cedo ou mais tarde os muros desabam, e que contudo não são uma solução.

No que se refere à questão da nulidade matrimonial, o Pontífice reiterou que na reforma dos processos foi fechada a porta da via administrativa, através da qual podia entrar aquilo que alguém definiu «divórcio católico», e que a simplificação dos procedimentos já foi pedida pelos padres sinodais no ano passado. O matrimónio é um sacramento indissolúvel, e isto a Igreja não pode mudar. Os processos servem para provar que o que parecia sacramento não era tal. Além disso, há questões ligadas às segundas núpcias e à comunhão aos divorciados recasados que no entanto, disse o Papa, não são as únicas que serão enfrentadas no iminente Sínodo.

Falou-se inclusive de objeção de consciência, e Francisco afirmou qeu se trata de um direito, faz parte dos direitos humanos e é válida para todas as pessoas, portanto também quando se trata de um funcionário público. Negá-la significa negar um direito.

Depois, o Papa falou sobre a China, ressaltando que é uma grande Nação, portadora de uma imensa cultura. E afirmou que gostaria muito de visitar aquele país, acrescentando que ter uma Nação amiga como a China, com tantas possibilidades da fazer o bem, seria uma alegria.

Voltando a discorrer sobre questões americanas, o Pontífice disse que as religiosas são muito amadas nos Eua porque fizeram maravilhas nos campos da educação e da saúde. E reiterou que na Igreja as mulheres são mais importantes do que os homens, contudo realçando que há um pouco de atraso em matéria de teologia da mulher.

Quando lhe fizeram notar que nos Eua ele se tornou uma star, Francisco recordou que o título de um Papa é «servo dos servos de Deus». Os mass media usam o termo star, mas há outra verdade. Demasiadas estrelas apagaram-se. Ao contrário, frisou, ser servo dos servos de Deus não passa.

Enfim, respondendo a uma pergunta sobre a presença do presidente da câmara municipal de Roma, Ignazio Marino, na missa conclusiva do encontro mundial das famílias, o Papa desmentiu categoricamente que houve um convite da sua parte ou da parte dos organizadores. Leia aqui a entrevista do Papa

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A opção dos retirantes do Imperialismo corrupto: morrer na África ou na travessia do Mediterrâneo

Pelo menos 3419 pessoas morreram este ano a tentar chegar à Europa atravessando o mar, diz ONU.
Pelo menos 3419 pessoas morreram este ano a tentar chegar à Europa atravessando o mar, diz ONU.

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Mediterrâneo é a rota mais mortífera do mundo

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Samuca
Samuca

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É o maior mar interior continental do mundo

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O Mar Mediterrâneo é um mar do Atlântico oriental, compreendido entre a Europa meridional, a Ásia ocidental e a África setentrional com aproximadamente 2,5 milhões de km². É o maior mar interior continental do mundo. As águas do mar Mediterrâneo banham as três penínsulas do sul da Europa, Ibérica (apenas a Sul e Sudeste de Espanha), Itálica e a dos península Balcânica). Suas águas deságuam no oceano Atlântico através do estreito de Gibraltar, e no mar Vermelho (no canal de Suez). As águas do mar Negro também deságuam no Mediterrâneo (pelos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos). As águas do Mediterrâneo geralmente são quentes devido ao calor vindo do deserto do Saara, fazendo com que o clima das zonas próximas seja mais temperado (clima mediterrânico)

Origem do nome
O termo Mediterrâneo deriva da palavra latina Mediterraneus, que significa entre as terras. O mar Mediterrâneo através da história da humanidade tem sido conhecido por nomes diferentes. O antigos romanos o chamavam de Mare Nostrum, que significa nosso mar (e de fato os romanos conquistaram todas as regiões, com vista para o Mar Mediterrâneo). Pelos árabes era chamado de al-Bahr al-al-Abyad Mutawassiṭ (árabe البحر الأبيض المتوسط) ou seja, “Mar Branco do Meio”, o que inspirou o termo turco Akdeniz que significa Mar Branco.

Uso romano
O termo latino mare nostrum foi usado originalmente pelos antigos romanos para se referir ao mar Tirreno, logo após a conquista da Sicília, Sardenha e Córsega, durante as Guerras Púnicas, travadas contra Cartago. Em 30 a.C., a dominação romana já se estendia da Hispânia ao Egito, e a expressão mare nostrum passou a ser utilizada no contexto de todo o mar Mediterrâneo.

História Antiga

Máxima extensão do Império Romano, em 117 d.C.. O Império desenvolveu-se em volta do mar Mediterrâneo, que os romanos chamavam Mare Nostrum.
Desde a Antiguidade, o mar Mediterrâneo foi uma zona privilegiada de contatos culturais, intensas relações comerciais e de constantes confrontos políticos. Às margens do Mediterrâneo floresceram, desenvolveram-se e desapareceram importantes civilizações, alguns dos povos que habitaram as costas do Mar Mediterrâneo: egípcios, cananeus, fenícios, hititas [palestinos], gregos, cartagineses, romanos, macedónios, berberes, genoveses e venezianos.

A queda de Constantinopla

Um dos fatos marcantes da história da região aconteceu em 1453 quando os otomanos tomaram a cidade de Constantinopla (atual cidade turca de Istambul) e fecharam o Mediterrâneo oriental à penetração europeia 6 . Esta teria sido uma das razões que teria impelido os portugueses a se aventurarem pelo Atlântico em busca do caminho das Índias.

Primeira Guerra Mundial

Na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra e a França foram ampliando suas influências sobre a região, aproveitando a decadência gradual do Império Otomano e, ao mesmo tempo, tentando impedir a expansão da Rússia. A Inglaterra que foi afirmando-se cada vez mais como grande potência marítima, estabeleceu-se em alguns pontos estratégicos (Gibraltar e ilhas de Malta e Chipre), que se transformariam em importantes bases navais.

Em 1869, com a abertura do canal de Suez, obra construída por um consórcio franco-britânico, o Mediterrâneo Oriental passou a integrar as grandes rotas do comércio internacional, passando a ter um papel relevante nas relações políticas e comerciais das potências da Europa .

Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914/18), consolidou-se a supremacia britânica, num momento em que o Mediterrâneo se transformava numa artéria vital para a Europa em função de estabelecer uma ligação mais rápida e econômica entre as áreas consumidoras e produtoras de petróleo, estas últimas situadas no Oriente Médio.

Segunda Guerra Mundial

O termo Mare Nostrum, nos anos após a unificação da Itália em 1861, foi revivido por nacionalistas italianos, que acreditavam que o país era o sucessor do Império Romano, e devia procurar controlar os territórios que pertenceram a Roma por todo o Mediterrâneo. O termo foi utilizado novamente por Benito Mussolini na propaganda fascista, de maneira similar ao lebensraum de Adolf Hitler.

A ascensão do nacionalismo italiano durante a “Partilha da África” da década de 1880 gerou o desejo geral do estabelecimento de um império colonial italiano; a expressão teria sido utilizada pela primeira vez pelo poeta Gabriele d’Annunzio.

“Ainda que a costa de Trípoli fosse um deserto, ainda que ela não sustentasse um camponês ou uma só empresa italiana, precisaríamos conquistá-la para evitar sermos sufocados no mare nostrum”. Emilio Lupi

Uso fascista

Mussolini queria restabelecer a grandeza do Império Romano, e acreditava que a Itália havia se tornado o mais poderoso dos países mediterrâneos, depois da Primeira Guerra Mundial, declarando que o século XX seria o século do poder italiano, e criando uma das mais poderosas marinhas do mundo, de modo a atingir sua meta de controlar o Mediterrâneo.

Quando a Itália entrou na guerra, o país já era uma das principais potências mediterrâneas, e controlava as costas sul e norte da bacia central. A queda da França tirou de cena a principal ameaça ao país localizada a oeste, enquanto a invasão da Albânia e, posteriormente, da Grécia e do Egito, visou estender o controle do Eixo até a região oriental do mar. Mussolini sonhava em criar uma Grande Itália no seu “Mare Nostrum”, e promoveu seu projeto fascista – que seria realizado durante uma futura conferência de paz, após a esperada vitória do Eixo – de um Império Italiano aumentado, que iria das costas mediterrânicas do Egito às margens do oceano Índico, na Somália e Quênia.

Esta meta, no entanto, foi derrotada através da campanha realizada pelas marinhas aliadas, além dos movimentos de resistência e dos exércitos em terra; embora o Eixo tenha tido alguma ascendência durante a chamada Batalha do Mediterrâneo, o projeto nunca foi realizado e acabou por desaparecer com a derrota final italiana, em setembro de 1943.

A Guerra Fria

Algumas décadas depois, ao findar-se a Segunda Guerra Mundial em 1945, o Mediterrâneo, assim como quase todas as áreas do mundo, encaixou-se imediatamente nos esquemas do jogo de influências e alianças engendrados pela Guerra Fria. Com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os Estados Unidos substituíram gradativamente os britânicos como potência dominante do Mediterrâneo.

Os processo conflituosos de independência de uma série de colônias europeias situadas especialmente no norte da África, a pressão exercida pela crescente expansão da Marinha Soviética, os vários conflitos entre países árabes e Israel e as tradicionais rivalidades entre países da região, transformaram o Mediterrâneo numa área de frequentes tensões geopolíticas.

O fim da Guerra Fria, se de um lado eliminou ou amenizou algumas velhas tensões, por outro ensejou o surgimento de inúmeros novos desafios para os países da região. Fonte Wikipédia

O Mediterrâneo hoje

 Victor Ndula
Victor Ndula

São dezoito os países que possuem terras banhadas pelo Mediterrâneo. Eles apresentam grandes diferenças no que se refere ao tamanho, à evolução histórico-cultural e ao nível de desenvolvimento:

Europa (de oeste para leste): Espanha, Gibraltar (do Reino Unido), França, Mónaco, Itália, Malta, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Albânia, Grécia, Chipre e Turquia.

Ásia (de norte para sul): Turquia, Síria, Líbano, Israel e Palestina.

África (de leste para oeste): Egito, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos.

Praticamente todos os países que circundam o Mediterrâneo Oriental apresentam, ou apresentaram num passado recente, tensões e conflitos internos ou problemas no relacionamento com nações vizinhas.

Guerra nas Estrelas e neocolonialismo

Hoje os principais conflitos são motivados pela conquista do petróleo (a Guerra no Deserto), realizada pelos Estados Unidos/ Otan/ Israel/. O neocolonialismo, notadamente europeu e estadunidense pelas conquistas das riquezas minerais.

O neocolonialismo faz a África tão pobre quanto foi a África conquistada pelos impérios de Alexandre, de Roma, dos Reis Católicos das Cruzadas Papais, da França, da Inglaterra e Estados Unidos.

Pelos conflitos genocidas e pela corrupção dos nativos, as guerras de conquista, o capitalismo selvagem do novo colonialismo.

Razão dos árabes chamarem o petróleo de excremento do diabo.

Pobre África

Dos navios tumbeiros, que transportavam os escravos para as lavoura das Américas, às improvisadas embarcações dos novos escravos do Terceiro Milêncio, qual a diferença?

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O mar da morte

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por Maria João Guimarães (texto), Joaquim Guerra e Célia Rodrigues (infografia)

Este ano, entre meio milhão a um milhão de pessoas podem vir a atravessar o Mediterrâneo em barcos sobrelotados, depois de viagens de semanas ou meses, em fuga de perseguições, guerras, ou de uma vida com zero perspectivas. Muitas irão morrer. Entre as que sobreviverem, muitas não vão conseguir asilo na Europa. LEIA MAIS →

Siete bocas del infierno

Premio FotoEvidence 2015

GEOGRAPHY OF POVERTY - MATT BLACKFoto de  Allensworth, en California (EE UU), donde el 54% de la población vive bajo el umbral de la pobreza. La imagen es del reportero Matt Black (© Matt Black - Courtesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
GEOGRAPHY OF POVERTY – MATT BLACK Foto de Allensworth, en California (EE UU), donde el 54% de la población vive bajo el umbral de la pobreza. La imagen es del reportero Matt Black © Matt Black 

ON THE BRINK OF AN ABYSS - FABIO BUCCIARELLIUn niño de la etnia Nuer intenta cruzar una alambrada en el campo de refugiados de Juba.  Foto de Fabio Bucciarelli, finalista del premio de FotoEvidence con un reportaje sobre la situación en Sudán del Sur (© Fabio Bucciarelli - Courtesu FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
ON THE BRINK OF AN ABYSS – FABIO BUCCIARELLI Un niño de la etnia Nuer intenta cruzar una alambrada en el campo de refugiados de Juba. Foto de Fabio Bucciarelli, finalista del premio de FotoEvidence con un reportaje sobre la situación en Sudán del Sur © Fabio Bucciarelli  

7/7SOMALIA IN TRANSITION - JAN GRARUPUn hombre lleva un tiburón sobre los hombros en el mercado de pescado de Mogadiscio. La foto es del reportaje 'Somalia en transición', de  Jam Grarup (© Jan Grarup - Courtesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
SOMALIA IN TRANSITION – JAN GRARUP Un hombre lleva un tiburón sobre los hombros en el mercado de pescado de Mogadiscio. La foto es del reportaje ‘Somalia en transición’, de Jan Grarup © Jan Grarup  

1/7INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC - MARCUS BLEASDALEPersonas desplazadas por los combates buscan refugio en una vieja factoría en Bossanga. Foto del reportero Marcus Bleasdale en la República Centroafricana, noviembre de 2013 (©Marcus Bleasdale / VII - Courtesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC – MARCUS BLEASDALE Personas desplazadas por los combates buscan refugio en una vieja factoría en Bossanga. Foto del reportero Marcus Bleasdale en la República Centroafricana, noviembre de 2013 © Marcus Bleasdale 

2/7INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC - MARCUS BLEASDALEMusulmanes huyendo de Bangui protegidos por tropas del Ejército de Chad, que interviene en la República Centroafricana como fuerza pacificadora (© Marcus Bleasdale / VII - Cortesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC – MARCUS BLEASDALE Musulmanes huyendo de Bangui protegidos por tropas del Ejército de Chad, que interviene en la República Centroafricana como fuerza pacificadora © Marcus Bleasdale  

INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC - MARCUS BLEASDALECristianos atacando una zona musulmana en las afueras de Bangui, en la República Centroafricana. Previamente, los musulmanes habían atacado a los cristianos (©Marcus Bleasdale / VII - Courtesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
INFERNO CENTRAL AFRICAN REPUBLIC – MARCUS BLEASDALE Cristianos atacando una zona musulmana en las afueras de Bangui, en la República Centroafricana. Previamente, los musulmanes habían atacado a los cristianos © Marcus Bleasdale  

 

 

GUATEMALA - IXIL GENOCIDE - DANIELE VOLPEExhumación en Santa Avelina, Cotzal, en Guatemala, donde la fotógrafa Daniele Volpe retrata el genocidio de la etnia Ixil (© Daniele Volpe - Courtesy FotoEvidence) Ver más en: http://www.20minutos.es/fotos/artes/premio-fotoevidence-2015-11201/?imagen=1#xtor=AD-15&xts=467263
GUATEMALA – IXIL GENOCIDE – DANIELE VOLPE Exhumación en Santa Avelina, Cotzal, en Guatemala, donde la fotógrafa Daniele Volpe retrata el genocidio de la etnia Ixil © Daniele Volpe

Fotogaleria 20 Minutos/ Espanha

Cortesy FotoEvidence

Papa Francisco: “Corrupção é roubo aos pobres, fere aos mais vulneráveis, prejudica toda a comunidade, destrói a nossa confiança”

África

 

 

 

 

O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira os Bispos da Conferência episcopal da África do Sul (África do Sul, Botswana e Suazilândia), em visita ad limina Apostolorum por estes dias. Na sua mensagem aos Bispos o Papa sublinhou que o encontro

Era uma ocasião propícia para dar graças a Deus, pelo crescimento da Igreja nos seus países, graças ao trabalho dos missionários de muitas terras que, juntamente com os homens e mulheres nativos da África do Sul, Botsuana e Suazilândia, semearam as sementes de fé do seu povo assim tão profundamente, e durante gerações inteiras sairam para encontrá-los onde quer que eles se encontrassem, nas aldeias, vilas e cidades, e especialmente nos bairros suburbanos sempre em contínua expansão. Eles, continuou o Papa Francisco, construíram igrejas e escolas e clínicas que têm servido os seus países por quase dois séculos; esta herança brilha ainda hoje no coração de cada crente e no trabalho pastoral que ainda continua.

Apesar dos muitos desafios, os vossos países – disse ainda o Papa – são abençoados por florescentes paróquias, a prosperar muitas no meio de grandes dificuldades: grandes distâncias entre as comunidades, a escassez de recursos materiais e acesso limitado aos sacramentos.

Contudo, a Igreja está empenhada na formação de diáconos permanentes em algumas dioceses, para ajudar o clero, onde os sacerdotes são menos; há um esforço concertado para renovar e aprofundar a formação dos catequistas leigos que ajudam as mães e os pais na preparação das novas gerações na fé; sacerdotes e irmãos e irmãs religiosos são unânimes em servir mais vulneráveis filhos ​​e filhas de Deus, tais como as viúvas, mães solteiras, as divorciadas, crianças em situação de risco e especialmente os vários milhões de órfãos da SIDA, muitos dos quais são chefes de famílias em áreas rurais .

O Papa falou em seguida dos maiores desafios nesta região da África Austral com forte impacto na pastoral, sobretudo a escassez das vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, os abortos, e o reduzido número de sacerdotes, e a praga da corrupção, que é “roubo aos pobres … que fere aos mais vulneráveis … prejudica toda a comunidade … destrói a nossa confiança”., enquanto que a comunidade cristã é chamada a ser coerente na seu testemunho pelas virtudes da honestidade e integridade, para que possamos estar diante do Senhor, e os nossos vizinhos, com as mãos limpas e um coração puro (cf. Sl 24:4), como um fermento do Evangelho na vida da sociedade.

Também no que diz respeito ao compromisso dos leigos, é necessário enfrentar os desafios relativos à proliferação das seitas, que acabam por exercer uma atracção cada vez maior sobre as pessoas. Uma tendência, o Pontífice observou, favorecida também pelo «fracasso da moral cristã», que chega perigosamente até aos confins da conspiração com a desonestidade.

 

 

 Tayo Fatunia
Tayo Fatunia

Papa Francisco: “Menino de Belém, toca o coração de quantos estão envolvidos no tráfico de seres humanos para que se dêem conta da gravidade do seu crime contra a humanidade”

MENSAGEM URBI ET ORBI DO PAPA FRANCISCO
Natal do Senhor, 25 de Dezembro de 2013

 

Francisco falou

«Glória a Deus nas alturas
e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14). 

Queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, feliz Natal!

 
Faço meu o cântico dos anjos que apareceram aos pastores de Belém, na noite em que nasceu Jesus. Um cântico que une céu e terra, dirigindo ao céu o louvor e a glória e, à terra dos homens, votos de paz. Convido todos a unirem-se a este cântico: este cântico é para todo o homem e mulher que vela na noite, que tem esperança num mundo melhor, que cuida dos outros procurando humildemente cumprir o seu dever.

 
Glória a Deus. A primeira coisa que o Natal nos chama a fazer é isto: dar glória a Deus, porque Ele é bom, é fiel, é misericordioso. Neste dia, desejo a todos que possam reconhecer o verdadeiro rosto de Deus, o Pai que nos deu Jesus. Desejo a todos que possam sentir que Deus está perto, possam estar na sua presença, amá-Lo, adorá-Lo.

 
Possa cada um de nós dar glória a Deus sobretudo com a vida, com uma vida gasta por amor d’Ele e dos irmãos. Paz aos homens.
A verdadeira paz não é um equilíbrio entre forças contrárias; não é uma bela «fachada», por trás da qual há contrastes e divisões. A paz é um compromisso de todos os dias, que se realiza a partir do dom de Deus, da graça que Ele nos deu em Jesus Cristo. Vendo o Menino no presépio, pensamos nas crianças que são as vítimas mais frágeis das guerras, mas pensamos também nos idosos, nas mulheres maltratadas, nos doentes… As guerras dilaceram e ferem tantas vidas!

 
Muitas dilacerou, nos últimos tempos, o conflito na Síria, fomentando ódio e vingança. Continuemos a pedir ao Senhor que poupe novos sofrimentos ao amado povo sírio, e as partes em conflito ponham fim a toda a violência e assegurem o acesso à ajuda humanitária. Vimos como é poderosa a oração! E fico contente sabendo que hoje também se unem a esta nossa súplica pela paz na Síria crentes de diversas confissões religiosas. Nunca percamos a coragem da oração! A coragem de dizer: Senhor, dai a vossa paz à Síria e ao mundo inteiro.Dai paz à República Centro-Africana, frequentemente esquecida dos homens. Mas Vós, Senhor, não esqueceis ninguém e quereis levar a paz também àquela terra, dilacerada por uma espiral de violência e miséria, onde muitas pessoas estão sem casa, sem água nem comida, sem o mínimo para viver. Favorecei a concórdia no Sudão do Sul, onde as tensões actuais já provocaram diversas vítimas e ameaçam a convivência pacífica naquele jovem Estado.

 
Vós, ó Príncipe da Paz, convertei por todo o lado o coração dos violentos, para que deponham as armas e se empreenda o caminho do diálogo. Olhai a Nigéria, dilacerada por contínuos ataques que não poupam inocentes nem indefesos. Abençoai a Terra que escolhestes para vir ao mundo e fazei chegar a um desfecho feliz as negociações de paz entre Israelitas e Palestinianos. Curai as chagas do amado Iraque, ferido ainda frequentemente por atentados. Vós, Senhor da vida, protegei todos aqueles que são perseguidos por causa do vosso nome. Dai esperança e conforto aos deslocados e refugiados, especialmente no Corno de África e no leste da República Democrática do Congo. Fazei que os emigrantes em busca duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca mais aconteçam tragédias como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos mortos em Lampedusa.

 
Ó Menino de Belém, tocai o coração de todos os que estão envolvidos no tráfico de seres humanos, para que se dêem conta da gravidade deste crime contra a humanidade. Voltai o vosso olhar para as inúmeras crianças que são raptadas, feridas e mortas nos conflitos armados e para quantas são transformadas em soldados, privadas da sua infância. Senhor do céu e da terra, olhai para este nosso planeta, que a ganância e a ambição dos homens exploram muitas vezes indiscriminadamente. Assisti e protegei quantos são vítimas de calamidades naturais, especialmente o querido povo filipino, gravemente atingido pelo recente tufão.

 
Queridos irmãos e irmãs, hoje, neste mundo, nesta humanidade, nasceu o Salvador, que é Cristo Senhor. Detenhamo-nos diante do Menino de Belém. Deixemos que o nosso coração se comova, deixemo-lo abrasar-se pela ternura de Deus; precisamos das suas carícias. Deus é grande no amor; a Ele, o louvor e a glória pelos séculos! Deus é paz: peçamos-Lhe que nos ajude a construí-la cada dia na nossa vida, nas nossas famílias, nas nossas cidades e nações, no mundo inteiro. Deixemo-nos comover pela bondade de Deus.
SAUDAÇÃO NATALÍCIAA vós, queridos irmãos e irmãs, vindos de todo o mundo e reunidos nesta Praça, e a quantos estão em ligação connosco nos diversos países através dos meios de comunicação, dirijo os meus votos de um Natal Feliz!

 
Neste dia, iluminado pela esperança evangélica que provém da gruta humilde de Belém, invoco os dons natalícios da alegria e da paz para todos: para as crianças e os idosos, para os jovens e as famílias, para os pobres e os marginalizados. Nascido para nós, Jesus conforte quantos suportam a prova da doença e da tribulação; sustente aqueles que se dedicam ao serviço dos irmãos mais necessitados. Feliz Natal!

Francisco denunciou a “indiferença para com os que fogem da escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte em Lampedusa”

Body bags containing African migrants, who drowned trying to reach Italian shores, lie in the harbour of Lampedusa

Ataúdes de las víctimas del naufragio en el aeropuerto de Lampedusa. / LANNINO (EFE)
Ataúdes de las víctimas del naufragio en el aeropuerto de Lampedusa. / LANNINO (EFE)

“Hoje é um dia de lágrimas”, disse o papa Francisco em Assis – que na quinta-feira se referiu ao ocorrido como uma “vergonha”. O papa denunciou a “indiferença para com os que fogem da escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte como ontem em Lampedusa”.

O prefeito de Roma, Ignazio Marino, garantiu que todas as pessoas que escaparam do naufrágio de Lampedusa ficarão na cidade. “Os 155 sobreviventes serão acolhidos aqui. Esse é o primeiro sinal da rebelião contra a resignação e a indiferença”, declarou.

Marino acrescentou que será uma honra acolher os imigrantes para recordar as mulheres, crianças e homens que perderam a vida no mar italiano. “Estamos furiosos por ter que contar as vítimas no mar. Não podemos mais assistir a essas tragédias e queremos nos empenhar contra aquilo que o papa Francisco definiu como ‘globalização da indiferença’. Roma quer colocar a cultura da vida ante o crime da indiferença”, completou.

Num dia de pranto

 

 

GIOVANNI MARIA VIAN

Na festa do santo do qual o bispo de Roma pela primeira vez escolheu assumir o nome, Assis acolheu o Papa Francisco. Com um afecto que se tornou evidente pela participação comovida na visita de tantíssimas pessoas, e com o ânimo marcado pela última dilacerante tragédia que causou centenas de vítimas nas águas de Lampedusa. Num dia de pranto – assim o definiu o Pontífice – cuja tristeza foi de certa forma expressa também pelo clima cinzento e chuvoso de um Outono antecipado.
Precisamente Lampedusa foi a meta da primeira viagem do pontificado, decidida para confiar à misericórdia de Deus os vinte e cinco mil mortos destes anos no Mediterrâneo – homens, mulheres, crianças em fuga de condições de vida desesperadas – e para procurar afastar dos corações aquela dureza que o Papa denunciou vigorosamente como uma globalização da indiferença. Assim a homenagem comovida de flores que depôs sobre o túmulo do santo de Assis evocou a imagem das que confiou às ondas do mar diante da pequena ilha siciliana.
E se, face à tragédia, a primeira palavra que surgiu imediatamente nos lábios do Pontífice foi “vergonha”, as carícias e os beijos que distribuiu prolongadamente aos jovens deficientes assistidos no Instituto Seráfico eram também para as vítimas deste drama que tem proporções mundiais. Eloquente foi a decisão de iniciar a visita em Assis por este lugar no qual a atenção e a cura da carne sofredora de Cristo são antes de mais uma escolha de vida. Escolha de atenção ao próximo que – recordou o Papa Francisco – deve distinguir os cristãos. Assim a meditação improvisada sobre as chagas de Jesus ressuscitado – era lindíssimo, disse – quis frisar que precisamente estas chagas permitem que os discípulos o reconheçam. De facto, assim como Jesus está ao mesmo tempo escondido e presente na Eucaristia, está presente e escondido também na sua carne que sofre neste mundo.
Aquela carne que Francisco de Assis reconheceu e abraçou no leproso, no início de um caminho exemplar no qual já os contemporâneos viram as características extraordinárias de um “segundo Cristo” (alter Christus).
Portanto, nas pegadas de Francisco desdobrou-se o caminho em Assis do Papa que dele assumiu o nome. Primeiro no paço episcopal, onde o filho do mercante Bernardone se despojou das vestes e onde o Papa Francisco falou de novo improvisando, fazendo uma meditação sobre a espoliação continuamente necessária da parte da Igreja, para evitar a mundanidade espiritual. Em seguida em São Damião, onde exortou os religiosos a permanecer fiéis às núpcias celebradas com a Senhora Pobreza. Depois diante do túmulo de Francisco e por fim na ermida dos Cárceres, primeiro Pontífice que a visita. O Bispo de Roma dirigiu-se ao santo directamente na homilia com palavras muito sentidas: ensina-nos – disse – a permanecer diante do crucifixo para nos deixarmos guiar por ele; ensina-nos a ser instrumentos de paz, aquela que provém de Deus e que o Papa Francisco implorou mais uma vez: pela Terra Santa, pela Síria, pelo Médio Oriente, pelo mundo. Um mundo sofredor que deseja e precisa da paz e do olhar de Deus.

Solo los muertos pueden quedarse

 

por Pablo Ordaz

 

El viernes por la tarde, solemnemente, el primer ministro de Italia, Enrico Letta, anunciaba que todos los fallecidos en el naufragio de Lampedusa —por ahora 58 hombres, 49 mujeres y cuatro niños— recibirán la nacionalidad italiana. Justo a la misma hora —y no es un recurso periodístico—, la fiscalía de Agrigento (Sicilia) acusaba a los 114 adultos rescatados de un delito de inmigración clandestina, que puede ser castigado con una multa de hasta 5.000 euros y la expulsión del país. Los muertos, sin embargo, podrán quedarse. Ante la imposibilidad de ser identificados, se les ha adjudicado un ataúd, un número y un trozo de tierra en cementerios de Sicilia para que descansen, ahora sí, con la nacionalidad europea que se jugaron la vida por conseguir.

El Ayuntamiento de Roma, en un gesto que seguramente le honra, organizó una vela nocturna por los difuntos y anunció que dará cobijo a los 155 supervivientes del naufragio. El resto, los más de mil que llegaron un día antes, tendrán que seguir hacinados en los inmundos barracones del centro de acogida de Lampedusa, situado —muy convenientemente— en el extremo de la isla opuesto a donde los turistas disfrutan del último sol del verano. La diferencia entre unos y otros es solo de número. Unos forman parte de una noticia de impacto mundial y los otros son solo protagonistas de su propia tragedia. La delgada línea entre Roma y el olvido.

El vicepresidente del Gobierno y ministro de Interior, Angelino Alfano, hasta hace solo unos días delfín de Silvio Berlusconi y ahora su supuesto verdugo político, pidió —también el viernes— el premio Nobel de la Paz para Lampedusa, pero sus habitantes, que conocen a Alfano y a su afligido jefe porque sus Gobiernos aprobaron la ley que criminaliza el auxilio a los náufragos, tienen una idea más práctica. La expresaron por las calles de la isla durante una manifestación de dolor y rabia precedida por una cruz construida con los restos de un naufragio: “Los próximos muertos —porque habrá más muertos y lo sabéis todos— os los llevaremos a las puertas del Parlamento. Nosotros a los inmigrantes queremos acogerlos vivos, no muertos”, corearon.

Cuando sucedía todo lo anterior, viernes por la tarde, ya habían transcurrido 36 horas desde que un barco con más de 500 fugitivos de Eritrea y Somalia, muchos de ellos menores de edad, se incendiara y se hundiera a solo media milla de la isla de Lampedusa, famosa en toda Europa —y tal vez en todo el mundo después de la visita del papa Francisco el pasado julio— por ser el destino de miles de inmigrantes. Y aun siendo así, los políticos italianos —desde el presidente de la República para abajo— seguían haciendo declaraciones como si se encontraran ante una sorprendente catástrofe natural. Un ciclón o un terremoto tremendo que, de improviso, hubiese puesto al descubierto la deficiente construcción de los edificios o el mal entrenamiento del plan de emergencias. Pero no. Cada día, desde que la primavera trae el buen tiempo hasta que el otoño se lo lleva, la isla de Lampedusa, varada en el Mediterráneo a 205 kilómetros de las costas de Sicilia y a 113 de África, es puerto de refugio o muerte de centenares de miles de inmigrantes. Las cifras —siempre aproximadas— indican que, en las últimas dos décadas, más de 8.000 personas han muerto frente a Lampedusa. La alcaldesa, Giusi Nicolini, llegó a escribir una carta desesperada a la Unión Europea —”¿Cuán grande tiene que ser el cementerio de mi isla?”— y el papa Jorge Mario Bergoglio atrajo la atención sobre la isla al advertir de que “la globalización de la indiferencia” se hace allí carne y sufrimiento.

Por eso, suena del todo incomprensible que las autoridades italianas —la Guardia Costera, la Guardia de Finanzas, la Capitanía del puerto de Lampedusa— tardaran más de dos horas en enterarse de que un barco que albergaba a más de 500 personas estaba ardiendo y hundiéndose a solo media milla de la isla. Y que solo reaccionaran tras ser alertados por algunos pesqueros —otros tres, según los náufragos, pasaron de largo— y que, todavía entonces, pasara mucho tiempo hasta que se decidieron a ayudar.

La denuncia de Vito Fiorino, dueño de una de las embarcaciones que primero se acercó a la zona de la catástrofe, es tremenda: “Eran las 06.30 o las 06.40 cuando di la orden de llamar a la guardia costera, pero no llegaron hasta las 07.40. Nosotros ya habíamos subido a bordo a 47 náufragos, pero ellos lo hacían muy lentamente, podían haber ido más deprisa. Cuando volvíamos a puerto cargados de náufragos hemos visto la patrullera de la Guardia de Finanza que salía como si fuese de paseo. Si hubieran querido salvar a la gente, habrían salido con barcas pequeñas y rápidas. La gente se moría en el agua mientras ellos se hacían fotografías y vídeos. Cuando mi barco estaba lleno de inmigrantes y les pedimos a los agentes que los subieran a la patrullera, nos decían que no era posible, que tenían que respetar el protocolo. También me querían impedir ir al puerto con los náufragos. Si ahora quieren detenerme por haber salvado a náufragos, que lo hagan, no veo la hora…”, dijo a la prensa en el puerto de Lampedusa.

El problema es que sí, que podrían detenerlo. La legislación italiana contempla desde 2002 —gracias a la presión xenófoba de la Liga Norte en los Gobiernos de Silvio Berlusconi— el delito de complicidad con la inmigración ilegal para quien introduzca en el país a inmigrantes sin permiso de entrada, incluyendo a quienes ayuden a los barcos en los que viajan. De ahí que sea difícilmente compatible la sorpresa y aun la consternación político-institucional por la tragedia con el mantenimiento —durante el año de Gobierno de Mario Monti y los cinco meses de Enrico Letta— de una ley que, como finalmente admitió ayer el ministro de Administraciones Públicas, “alimenta un circuito de xenofobia y racismo que no hace honor a Italia”.

Un país al que fue muy caro llegar. Algunos de los supervivientes han contado que, tras atravesar el desierto y sobrevivir en Libia, tuvieron que pagar 500 dólares por un viaje en barco que incluía una botella de cinco litros de agua para compartir entre tres. Viajaron durante tres días, desde el puerto libio de Misrata. El patrón del barco, un traficante que ya había sido detenido años atrás y que se hacía llamar “doctor”, los amontonaba en función del precio que habían pagado. Los más pobres, en las bodegas, donde todavía siguen, suspendidas las tareas de rescate por el mal tiempo. El fuego, coinciden todos, se originó al encender unas mantas para hacerse ver desde tierra. Pero, como ahora se pregunta Italia avergonzada, o nos lo vieron o no los quisieron ver.

De Lampedusa zarpa una procesión de ataúdes sellados, algunos blancos, sin nombre, numerados del uno al 111: “Muerto número 54, mujer, probablemente 20 años. Muerto número 11, hombre, probablemente tres años…”.

Sobreviventes de Lampedusa serão processados por imigração clandestina

Os sobreviventes do naufrágio da última quinta-feira (3) em Lampedusa serão processados por imigração clandestina, informou neste sábado a Procuradoria de Agrigento, na Sicília. O crime prevê como pena máxima uma multa de 5 mil euros (cerca de R$ 15 mil).

Mais de 110 imigrantes africanos morreram no acidente, ocorrido próximo a uma praia da ilha de Lampedusa, no sul da Itália.  Cerca de 200 pessoas ainda estão desaparecidas e outras 155 foram resgatadas com vida. Os mergulhadores italianos suspenderam temporariamente as operações de busca devido às más condições do mar.

A tragédia abalou a Itália e fez com que o presidente do país, Giorgio Napolitano, instasse a União Europeia (UE) a adotar medidas para evitar novos naufrágios, que há décadas são constantes em Lampedusa. Segundo Napolitano, esse não é um problema exclusivo da Itália, já que o país serve apenas de porta de entrada à Europa para os imigrantes.

Neste sábado, o primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, convocou uma reunião urgente com vários países europeus para tratar do tema da imigração ilegal. “É importante que os responsáveis políticos europeus falem do assunto o quanto antes, juntos”, disse o premier. (ANSA)

Lampedusa, temor de 300 mortos

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PREFEITA DE LAMPEDUSA: “VENHA CONTAR OS MORTOS COMIGO”

A prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, pediu para o primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, dirigir-se à ilha para “contar os mortos” provocados nesta quinta-feira (3) pelo naufrágio de uma embarcação com 500 imigrantes africanos ilegais.
“Venha contar os mortos comigo”, escreveu a prefeita em um telegrama ao premier. Nicolini há anos tenta chamar a atenção das autoridades ao problema dos naufrágios em Lampedusa. Em entrevista à ANSA por telefone, a prefeita relatou que a cena desta quinta-feira “é um horror”. “Não terminam nunca de descarregar mais corpos. Venham ver. É uma cena impressionante”, contou a prefeita, chorando.
“Não posso deixar de expressar a miopia da Europa, que insiste em olhar só para o outro lado. Os imigrantes chegam à nossa ilha há anos e continuarão fazendo isso por muito tempo. Se as instituições não intervierem imediatamente, serão, inevitavelmente, cúmplices desse absurdo e vergonhoso massacre”, criticou.
Nicolini também desferiu críticas à lei italiana “Bossi-Fini”, que regula os casos de imigração no país. Em vigor desde julho de 2002, a lei prevê, entre outras coisas, punição aos que favorecem a imigração clandestina e o envio de pessoas indocumentadas a centros de acolhimento temporário.
“A Itália tem leis desumanas. Três barcos pesqueiros foram embora do local da tragédia porque o nosso país processa os pescadores que salvam vidas humanas, acusando-os de favorecer a imigração clandestina”, afirmou Nicolini. “O governo deve anular imediatamente essa normativa”, acrescentou. (ANSA)

Se olvida con frecuencia que el agua es condición de supervivencia

Soledad Calés
Soledad Calés

África, la próxima frontera

 

El País/ Es

Economistas, sociólogos y profetas se dicen convencidos de que los grandes movimientos políticos del futuro inmediato (el de los próximos 50 años, para entendernos) estarán impulsados no por el petróleo, Wall Street o los fichajes de futbolistas por encima de los 100 millones, sino por los alimentos. Los politólogos más avispados sugirieron que en las primaveras árabes influyó poderosamente el alza del precio del trigo. Si suponemos que la próxima frontera para la humanidad no es el espacio —todavía no hay tecnología para la explotación planetaria— sino África, será allí donde se libren las guerras para abrir nuevos mercados. Mientras llega ese futuro pluscuamperfecto, en Kenia, región de Turkana, acaban de descubrir el presente pluscuamperfecto: cinco extensos acuíferos, dos de ellos confirmados, uno con 207.000 hectómetros cúbicos de agua fresca y limpia, y el segundo con 10.000 hectómetros cúbicos. Agua para abastecer al país (y a Uganda, de donde procede parte del líquido) durante los próximos 70 años.

Para un urbanita occidental, acostumbrado a que corra el líquido cada vez que abre el grifo de la cocina y probablemente incapaz de precisar cuánto paga de agua al mes, la apoteosis keniata por los acuíferos le parecerá exagerada; para los turkanos es cuestión de vida o muerte. Se olvida con frecuencia que el agua es condición de supervivencia, primero, de riqueza agrícola y ganadera después, y, por último, de desarrollo económico y financiero en las ciudades. La secuencia empieza en el Nilo, el Tigris y el Éufrates y acaba por el momento en el Dow Jones. Para Kenia, la posibilidad de supervivencia holgada y riqueza futura acaba de empezar.

Resulta esencial que no se confundan los órdenes de desarrollo. Dicho en plata, que las inmensas reservas de agua descubiertas por los técnicos de Radar Technologies International no se utilicen antes para refrescar campos de golf que para calmar la sed de sus habitantes, mantener vivo el ganado y organizar una agricultura racional. Las estructuras antes que las superestructuras. La aparición bienaventurada de grandes masas de recursos naturales suele despertar de inmediato muchas lujurias. Por ejemplo, la inmobiliaria.

A morte de um herói discreto

por Leneide Duarte-Plon

A criança soldado e o sol  de Mali. Ilustração de Talal Nayer. Que mostra o eterno sofrimento de um povo colonizado. Quando um negro de alma branca governa os Estados Unidos. Esta expressão popular negro de alma branca nunca foi racista. Apesar dos diferentes significados.   Apenas frisa que falta generosidade. De negro para negro. Vale para toda a humanidade. Independente da cor da pele
A criança soldado e o sol de Mali. Ilustração de Talal Nayer. Que mostra o eterno sofrimento de um povo colonizado. Quando um negro de alma branca governa os Estados Unidos. Esta expressão popular negro de alma branca nunca foi racista. Apesar dos diferentes significados.
Apenas frisa que falta generosidade. De negro para negro. Vale para toda a humanidade. Independente da cor da pele

Em fevereiro de 1958, graças ao livro La Question, de Henri Alleg, a França descobriu que seu Exército torturava na Argélia, como os nazistas da Gestapo tinham torturado os resistentes franceses. Imediatamente, o jornalista comunista nascido em Londres sob o nome de Harry Salem, filho de judeus russo-poloneses, se transformou num ícone da luta anticolonial, em plena guerra da Argélia.

Antes, alguns intelectuais haviam escrito artigos na imprensa mas naquele livro, um homem torturado dava seu testemunho. O diretor do jornal Alger Républicain – militante da luta anticolonialista, sequestrado e preso no ano anterior – confirmava as suspeitas num relato que se transformou imediatamente num best-seller. A partir da segunda edição, o livro passou a ter um posfácio de Jean-Paul Sartre, no qual o filósofo dizia: “Henri Alleg pagou o mais elevado preço para ter o direito de continuar um homem”.

Dia 17 deste calorento mês de julho, Henri Alleg faleceu em Paris, aos 91 anos, vítima de um AVC. Os principais jornais franceses noticiaram sua morte com espaço dedicado somente aos grandes personagens. O Le Monde deu uma página inteira, Libération, duas, e o comunista L’Humanité, do qual Alleg foi diretor, deu a notícia na capa, ressaltando os combates do jornalista e escritor contra o colonialismo, a opressão e todo tipo de racismo.

O presidente François Hollande louvou “o anticolonialista ardente cujo livro alertou o país sobre a realidade da tortura na Argélia”.

O secretário nacional do Partido Comunista Francês, Pierre Laurent, escreveu que o nome de Henri Alleg “permanecerá para sempre sinônimo de verdade, de coragem, de justiça”.

O diretor do jornal L’Humanité, Patric Le Hyaric, escreveu :

“A melhor homenagem que o Estado francês poderia fazer a Henri Alleg seria, enfim, reconhecer oficialmente a tortura na Argélia, assim como os crimes de guerra.”

Outra articulista, Rosa Moussaoui ressaltou que Alleg combateu “até o fim, sem cessar, a direita francesa sempre disposta a exaltar os ‘aspectos positivos’ da colonização”. Ela se referia ao longo debate durante o governo de Nicolas Sarkozy que, tentando reabilitar o período colonial, se pôs a apontar “aspectos positivos” na colonização francesa.

O livro

Quando foi proibido na França, três meses depois de ser lançado, o livro La Question já era um best-seller, com 65 mil exemplares vendidos. O governo do general Charles De Gaulle, tendo o escritor André Malraux como ministro da Cultura, não sabia ainda como iria acabar a guerra que, aliás, não era chamada de guerra pela França, mas “les événements d’Algérie” (os acontecimentos da Argélia). A expressão guerra da Argélia só foi imposta pelos historiadores muito depois da independência da antiga colônia.

A partir da proibição, o livro passou a ser impresso na Suíça e depois saiu em diversos países. Na França, o texto de Alleg passou a ser distribuído clandestinamente por uma rede de militantes católicos, socialistas e comunistas. Antes do livro, a revista católica Esprit havia denunciado a tortura na Argélia, mas Alleg veio trazer à opinião pública um texto-testemunho de grande qualidade literária. Nele não há psicologia ou julgamento moral – o texto é límpido, seco e objetivo.

O relato de Alleg tinha deixado a prisão em folhas soltas, levadas por seu advogado, burlando o controle dos torturadores. La question foi editado por Jérôme Lindon nas Editions de Minuit, num clima de debate passional entre os anti e os pró-colonização. O livro despertou a consciência de toda uma geração que descobriu horrorizada a tortura exercida pelos paraquedistas franceses em nome do combate à “subversão” da Frente de Libertação Nacional, que lutava pela independência da Argélia.

Em 1960, Alleg foi condenado a 10 anos de trabalhos forçados. No ano seguinte, fugiu da prisão indo se refugiar num país do Leste europeu. Escreveu diversos livros e dedicou toda sua vida ao jornalismo, à causa comunista e ao combate anticolonialista.

A notícia da morte de um herói discreto me transportou ao mês de dezembro de 2011, quando fui à sua casa nabanlieue parisiense para uma entrevista em torno do seu livro e de sua experiência de resistente à guerra colonial na Argélia. Ele será um personagem do livro que estou escrevendo sobre como os militares franceses na Argélia exportaram técnicas de tortura e de controle das populações civis através do general Paul Aussaresses, que viveu no Brasil por quase três anos como adido militar da França.

Apesar da idade avançada, Alleg tinha a memória intacta e a inteligência preservada pelo tempo. E ao contar sua prisão, tortura e engajamento, seus olhos brilhavam cheios de vida e de generosidade.

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Nota do redator do blogue: A França continua colonialista. A propaganda sempre cria neologismo para seculares crimes de guerra. Os países colonizados são classificados como departamentos ultramarinos. No nosso continente temos a Guiana que, inclusive, invade terras brasileiras.
Guiana Francesa livre!, repetindo o grito de De Gualle.
A França imperialista continua a mesma, desde quando tentou uma França Antártica, em 1555, no Rio de Janeiro; em 1594, no Maranhão.
Recentemente, em abril de 1988, na Ilha de Ouvea, Nova Caledônia, mais um massacre de libertadores nativos, contado no filme A Rebelião, dirigido por Mathieu Kassovitz, e proibido de ser exibido nas colônias francesas, a começar, obviamente, pela Nova Caledônia. O filme foi rodado no Taiti, em 2010, pelas dificuldades criadas pelo exército francês.
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Cartaz original
Cartaz original
 Dirigido e estrelado por Mathieu Kassovitz
Dirigido e estrelado por Mathieu Kassovitz
Um dos libertários
Um dos libertários
Trailer do filme:
A brutal Legião Francesa, formada por mercenários e criminosos internacionais, jamais abandonou a África.  François Hollande começou seu governo com a invasão do Mali, onde pretende manter, permanentemente, mil soldados, sob a desculpa de combater o terrorismo islâmico religioso. Até a queda do Muro de Berlim era o terrorismo ateu do comunismo.

A presidente Dilma Rousseff fez críticas à ação francesa para conter “grupos rebeldes” que dominam parte do norte do Mali. Em declaração à imprensa junto a autoridades da União Europeia, em Brasília, a presidente defendeu que as ações no país sejam realizadas por vias multilaterais e criticou o que chamou de “tentações coloniais”, referindo-se ao protagonismo da França – que colonizou o país africano até meados do século 20 – nas ações militares.

Fotos: veja a intervenção francesa no Mali

“No que se refere a essa questão do Mali, nós defendemos a submissão das ações militares às decisões do Conselho de Segurança da ONU com atenção à proteção dos civis. O combate ao terrorismo não pode violar os direitos humanos nem reavivar nenhuma das tentações, inclusive as antigas tentações coloniais”, afirmou Dilma.

Outro filme interessante: Zarafa. Ver link

Será o Benedito, um papa negro de alma branca?

Os cristãos acreditam em profecias (um dos Evangelhos, o Apocalipse de João é um livro exclusivamente profético) e no aparecimento do Anti-Cristo, que seria um falso papa ou profeta do final dos tempos.

Os evangélicos condenam os católicos pela pecado de idolatria (culto de imagens, inclusive adoração ao papa).

Até para muitos católicos, o Anti-Cristo seria um papa de nome Pedro e/ou negro.

Diferentes profecias continuam usadas como propaganda política.

Obama foi apresentado como o “papa negro”. Na última campanha presidencial, voltaram a falar do perigo de um presidente negro na mais poderosa nação do mundo.

Escreveu Maquiavel: “Jamais ocorre qualquer acidente grave em uma cidade ou província que não tenha sido prevista por adivinhos ou por revelações, por prodígios ou outros sinais celestes”.

Para Franco Cuomo constitui uma necessidade existencial: “a urgência de conhecer, sem cessar, o próprio futuro, ao qual se tentou dar resposta, em épocas diferentes, recorrendo-se a práticas adivinhatórias que às vezes confiavam no acaso e outras vezes nos deuses. Aos adivinhos que falavam por conta própria e aos sacerdotes que interpretavam os oráculos nos templos juntaram-se depois, ao longo dos séculos, profetas designados pela vontade popular – ou pela própria divindade, na tradição bíblica -, a fim de receber as mensagens de Deus e divulgá-las. A estes últimos se soprepuseram por fim, na era cristã, as manifestações diretas de entidades que, através de aparições e outros eventos considerados miraculosos pelos crentes – ou talvez inexplicáveis à luz da razão -, comunicaram previsões de interesse universal.  Fenômenos deste gênero foram se intensificando, em vez de rarearem, na idade moderna, provocando uma ressonância que alcançou o ponto culminante em eventos como os de Fátima e Medjugori. Se revisarmos a história das grandes profecias que alimentaram através dos  séculos as mais indecifráveis fantasias humanas – e continuam a alimentar até hoje -, descobriremos que correspondem a uma matriz comum, da qual brotam surpreendentes semelhanças nos mais famosos oráculos de todas as religiões, desde aquelas dos antigos caldeus e egipícios à epístola evangélica, corânica e talmúdica. Sem excluir as sibilas do mundo pagão greco-romano e os abalos cosmogônicos da mitologia germânica”. Sem excluir o totemismo e o animismo ainda cultuado na África e nas três Américas.

As profecias fazem parte da prática de várias ciências, como a medicina, a astronomia, a geografia, a política etc. Um bom cientista político é um profeta.

Importante salientar que estudiosos negam a existência de qualquer profecia sobre um papa negro. A confusão teria nascido do título de um livro satanista de Anton LaVey, contando como criou a seita ‘Church of Satan’.

O padre-geral da Companhia de Jesus chamado de “Papa Negro” entra nesta lista de “indesejáveis”.

As profecias são palavras de catequese religiosa e, também, poderosas armas de propaganda política.

Para a preocupação dos racistas – no Brasil, Benedito XVI tem o nome de Bento -, ou dos pregadores e crentes na proximidade do fim do mundo, a Igreja Católica tem cardeais com pele escura (morena), e inclusive um negro papável.

Cardeal Francis Arinze
Cardeal Francis Arinze

O melhor perfil escrito sobre o cardeal negro nigeriano Francis Arinze, 72, tem a assinatura de Clarice Spitz:

O cardeal nigeriano Francis Arinze, 72, amigo próximo de João Paulo 2º e influente na hierarquia da Igreja Católica, pode se tornar o primeiro papa comprovadamente negro a chefiar a Santa Sé.

A Igreja Católica não tem registros sobre a raça dos mais de 200 papas que já comandaram o posto máximo desde Pedro e não se pode afirmar com segurança se houve papas negros já que a fotografia é uma invenção do fim do século 19.

Sabe-se, no entanto, que três deles, que ocuparam a chefia do papado entre o século 2 e o século 5, tinham origem africana: Vitor 1º, Melquíades e Gelásio 1º.

Santo Agostinho, um dos maiores pensadores cristãos, era africano, mas não negro.

Mário Sérgio Cortella, 51, professor titular de Teologia da PUC-SP, diz acreditar na existência de papas negros. “O cristianismo nasce numa região de não-brancos, a Palestina. Jesus de Nazaré não era branquinho de olhos azuis como afirmam nos filmes de Hollywood”, afirma.

Apesar de a Igreja Católica ter apoiado a escravidão na América Latina, por exemplo, Cortella destaca que a questão da negritude importa para o mundo-pós-renascentista. “Afirmar que Arinze seria o primeiro papa negro é absolutamente surpreendente.”

Para o frei Davi Santos, 53, diretor-executivo da ONG Educafro, que coordena 255 cursinhos pré-vestibular para negros e carentes no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, a eleição de Arinze abre espaço para a luta contra o racismo.

“Se eleito, ele vai ser um grande sinal de chamada à consciência de toda a humanidade frente à discriminação em escala mundial”, afirmou.

No entanto, frei Davi alfineta o cardeal nigeriano que, segundo ele, esqueceu-se de combater os desafios do continente mais pobre do planeta. “Se Arinze quisesse denunciar o abandono da África já poderia ter feito enquanto cardeal.”

Conheça os principais candidatos