DESIGUALDADE Patrimônio dos 15 mais ricos supera renda de 14 milhões do Bolsa Família

Os 15 brasileiros mais ricos são contra o pagamento da Bolsa Família, que beneficia, no mínimo, 50 milhões de pessoas, considerando uma moradia constituída por uma mãe e uma cria menor. Mais em uma cabana no campo, com telhado de palha, ou um casebre na favela, com telhado de zinco, reúne uma parentela de mais de quatro, seis pessoas, muitas vezes todos dormindo em um mesmo cômodo. As cidades do Rio de Janeiro possui mais de mil favelas, a de São Paulo, mais de duas mil. Dá para entender a importância do condenado Programa Minha Casa, Minha Vida.

Todos os 15, listados por Carta Capital, estão até o pescoço envolvidos na corrupção, e citados em um ou mais escândalos: BanEstado, Proer dos Bancos, Operação Zelotes, Operação Lava Jato, Panama Papers, HSBC, além de outras tenebrosas e engavetadas investigações de tráfico de dinheiro, sonegação, em um país que os ricos ficam cada vez mais ricos, inclusive porque não pagam impostos de fortuna e herança. Só o imposto sobre grandes fortunas renderia 100 bilhões por ano.

Todos os 15 consideram o salário mínimo muito alto, e são golpistas, e assim fica explicado o apoio da Fiesp ao impeachment de Dilma Rousseff, ao seminário de Gilmar Mendes em Portugal, tendo como convidados Michel Temer, Aécio Neves e José Serra.

Dificilmente, nestas listas de bilionários, aparecem os políticos como Aécio Neves, Rei do Nióbio. Garante uma reportagem da revista dos Marinho, Época, publicada em 2014:

A revista americana Forbes divulgou a lista dos cinco políticos mais ricos do Brasil. A publicação afirma que muitos governantes brasileiros construíram suas fortunas através de meios questionáveis, e que, como resultado, a população acabou desenvolvendo um sentimento de desconfiança. A revista também afirma que as manifestações revelaram a insatisfação dos brasileiros com os políticos, que são os mais bem pagos e menos produtivos do mundo. “É um círculo vicioso. Os brasileiros detestam os políticos, mas continuam elegendo as mesmas pessoas para os cargos”.

Apesar de afirmar que muitos governantes estão envolvidos com corrupção no Brasil, a publicação cita que a maioria dos governantes listados pela revista construiu as suas fortunas antes de entrar na vida política. A classificação é resultado de uma pesquisa feita pela própria Forbes baseada em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com uma fortuna avaliada em US$ 1,9 bilhão, Lirio Parisotto, suplente do senador Eduardo Braga e dono da Videolar, lidera a lista – é o político mais rico do Brasil. Segundo a publicação, é um dos maiores investidores no mercado de ações do país. Nascido na região sul, Parisotto mora atualmente em Manaus e teria entrado para a política com o objetivo de lutar contra a pirataria.

No segundo lugar da lista está Blairo Borges Maggi, citado como homem mais poderoso da agricultura do Brasil. Com um patrimônio estimado em US$ 960 milhões, Maggi já recebeu o prêmio “Motosserra de Ouro” do Greenpeace em 2005, quando ele era o governador do Mato Grosso. Hoje, ele é senador. Maggi também tem participação no Grupo André Maggi.

Marcelo Beltrão de Almeida é o terceiro lugar da lista com uma fortuna estimada de US$ 200 milhões. Depois da morte de seu pai, que fundou uma das maiores construtoras do país, a CR Almeida, o atual deputado federal herdou a empresa. Almeida também possui uma participação na EcoRodovias.

Em quarto lugar está Otaviano Olavo Pivetta, o prefeito de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. O patrimônio dele está avaliado em US$ 100 milhões. Após ser reeleito em 2012, foi acusado de compra de votos durante a sua campanha, mas foi inocentado das acusações pelo TSE no ano passado. Pivetta é o maior acionista individual na Vanguarda Agro, um dos maiores produtores de grãos do Brasil.

O último da lista é Paulo Salim Maluf, deputado federal. Sua família é controladora da Eucatex, uma das maiores fornecedoras de materiais para a indústria de construção e de móveis do país. Maluf foi acusado de corrupção ao longo das quatro décadas de sua carreira política. Sua fortuna está avaliada em US$ 33 milhões.

 

No topo da lista da Forbes está o clã Marinho, dono das Organizações Globo, que aparece com uma fortuna acumulada de 64 bilhões de reais. Por Samantha Maia

O patrimônio das 15 famílias mais ricas do Brasil, segundo lista divulgada pela revista Forbes, é dez vezes maior que a renda de 14 milhões de grupos familiares atendidos pelo programa Bolsa Família. De acordo com a publicação americana, os 15 clãs mais abastados do Brasil concentram uma fortuna de 270 bilhões de reais, cerca de 5% do PIB do País. O Bolsa Família, por sua vez, atendeu 14 milhões de famílias em 2013 com um orçamento de 24 bilhões de reais, equivalentes a 0,5% do PIB.

Lidera a lista da Forbes a família Marinho, dona das Organizações Globo. Os irmãos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho possuem uma fortuna de 64 bilhões de reais. Outra empresa de mídia que aparece na lista é o Grupo Abril, do clã Civita, com patrimônio de 7,3 bilhões de reais.

O setor bancário se destaca na origem das fortunas das famílias mais ricas do Brasil, representado pelos clãs Safra (Banco Safra), Moreira Salles (Itau/Unibanco), Villela (holding Itaúsa), Aguiar (Bradesco) e Setubal (Itaú).

Eram três os bilionários do Brasil em 1987, quando a Forbes produziu a primeira lista: Sebastião Camargo (Grupo Camargo Correa), Antônio Ermírio de Moraes (Grupo Votorantim) e Roberto Marinho (Organizações Globo). Hoje são 65, 25 deles parentes, o que leva a revista americana a constatar que para se tornar um bilionário no Brasil, o mais importante é ser um herdeiro.

Segue a lista das famílias mais ricas do Brasil:

1) Marinho, Organizações Globo, US$ 28,9 bilhões

2) Safra, Banco Safra, US$ 20,1 bilhões

3) Ermírio de Moraes, Grupo Votorantim, US$ 15,4 bilhões

4) Moreira Salles, Itaú/Unibanco, US$ 12,4 bilhões

5) Camargo, Grupo Camargo Corrêa, US$ 8 bilhões

6) Villela, holding Itaúsa, US$ 5 bilhões

7) Maggi, Soja, US$ 4,9 bilhões

8) Aguiar, Bradesco, US$ 4,5 bilhões

9) Batista, JBS, US$ 4,3 bilhões

10) Odebrecht, Organização Odebrecht US$ 3,9 bilhões

11) Civita, Grupo Abril, US$ 3,3 bilhões

12) Setubal, Itaú, US$ 3,3 bilhões

13) Igel, Grupo Ultra, US$ 3,2 bilhões

14) Marcondes Penido, CCR, US$ 2,8 bilhões

15) Feffer, Grupo Suzano, US$ 2,3 bilhões

 

 

 

Justiça bandida protege o banqueiro ladrão Ângelo Calmon de Sá. Comandou o rombo de 16 bilhões. A imprensa faz o maior escândalo com a Petrobras que teve 18 bilhões desviados

 Elena Ospina
Elena Ospina

Banqueiro rico não vai para a cadeia no Brasil. Pode roubar, sonegar, traficar moedas, desviar dinheiro para empresas fantasmas, laranjas, paraísos fiscais, que não acontece nada. Se for julgado a condenação será para enganar a opinião pública. Preso preso não vai nenhum. Que a justiça PPV protege os morenos brancos. E cadeia foi feita para os pobres. A prova é que não existe motel especial.

Prisão especial uma das garantias dadas às pessoas portadoras de diploma de nível superior, com a finalidade de separá-las dos demais agentes que integram a população carcerária.

Atualmente, a prisão especial é aplicada, entre outros casos, aos detentores de mandatos, promotores, delegados de polícia, ministros de Estado, sacerdotes e diplomados com curso superior. Essas pessoas são mantidas em locais distintos dos presídios ou cadeias se precisarem ser detidas antes da sentença definitiva do crime pelo qual são acusadas.

A justiça no Brasil é tarda e falha, disse o jornal O Globo em manchete de primeira página. Nada mais verdadeiro. Qual o tribunal do Brasil que não tem bandido togado:  juiz ou desembargador que vende habeas corpus e sentenças, engaveta, dá sumiço em processos ou deixa prescrever, assina precatórios em parceria com governadores ou prefeitos ladrões?

Em que clínica de luxo esteve internando Ângelo Calmon de Sá? Em que palácio ou ilha encantada ficou para passar os 13 anos e 14 meses de prisão?

Ângelo Calmon de Sá (Salvador, 1935) foi ministro da Indústria e Comércio durante o governo de Ernesto Geisel e secretário de Desenvolvimento Regional durante o governo de Fernando Collor de Mello. Em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, deu seu famoso rombo, e o Banco Econômico sofreu intervenção.

Inclusivo teve ajuda do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional – PROER, juntamente com o Banco Nacional, Bamerindus, Mercantil, Banorte, Pontual e Crefisul.

No período de 1995 a aproximadamente 2000, foram destinados em títulos de longo prazo mais de R$ 30 bilhões a bancos brasileiros, aproximadamente 2,5% do PIB. A preços de 2005, equivaleria a aproximadamente R$ 44,23 bilhões. Dinheiro que FHC jogou fora. Teve uma CPI, mas o presidente tucano foi inocentado.

 

Intervenção no Econômico completa 20 anos e punição de ex-banqueiro deve prescrever

Enrico Bertuccioli
Enrico Bertuccioli

Jornal do Brasil – O jornal da GloboNews, edição das 18h, levou ao ar, nesta sexta-feira, uma ampla reportagem sobre a intervenção no Banco Econômico e a possibilidade de prescrição da pena do ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá.

A intervenção no Econômico completa 20 anos e a punição do ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá deve prescrever. Na época houve intervenção do Banco Central, mas até hoje muitos ex-clientes do banco ainda não receberam todo o dinheiro que tinham aplicado.

As ações se arrastam há mais de 15 anos e, pior, a punição do dono do banco deve prescrever este mês.

Quando o Econômico, do banqueiro Ângelo Calmon de Sá, faliu na década de 90 era o mais antigo banco privado da América Latina. O processo penal para responsabilizar os culpados se arrasta até hoje. Em valores atualizados, o rombo chega a quase R$ 16 bilhões.

Para se ter uma ideia, a PF calcula que todo o esquema de corrupção da Petrobras desviou R$ 18 bilhões. A maior parte da dívida do Econômico é com o Banco Central. No site do Econômico, a lista completa de quem ainda não recebeu, e a pergunta mais frequente continua sem resposta: “Quando vou receber meu dinheiro?”.

A intervenção no Econômico foi decretada em agosto de 1995. A diretoria foi afastada e um funcionário do BC assumiu a gestão. Na porta de uma das agências um correntista se desesperava e gritava: “Não vamos pagar a conta. Queremos receber o nosso dinheiro. Nós temos direito”.

O Banco Central descobriu que a contabilidade do Econômico era maquiada. O procurador-geral do BC, Isaac Ferreira, disse que o patrimônio era fictício, ou seja, o Econômico não tinha bens para fazer frente aos depositantes. ‘É uma fraude financeira, uma fraude contra credores, e o BC, em função desses valores consideráveis, interveio no Econômico, e baniu do sistema financeiro nacional esse banco que causava prejuízos aos depositantes”.

Com a liquidação, tudo o que o banco tinha deveria ser vendido para pagar os credores. Na época, o então repórter Alexandre Garcia acompanhou de perto o escândalo e deu detalhes das fraudes. “Trinta milhões saíram do Econômico para empréstimos à Moviplan e Personal, empresas criadas 12 dias antes e que têm como maiores acionistas um recepcionista do banco e um ex-funcionário que tinha como patrimônio um Chevette com 10 anos de uso”.

O processo penal foi aberto em 99. Oito anos depois, o ex-banqueiro foi condenado a 13 anos e 14 meses de prisão por gestão fraudulenta. Recorreu. Demorou mais oito anos até o julgamento na segunda instância e, em julho deste ano, a Justiça Federal reduziu a pena para oito anos e sete meses. Ao reduzir a pena de Ângelo Calmon de Sá, a Justiça reduziu também o tempo de prescrição, que é o prazo que o Estado tem para punir quem cometeu um crime. Pela lei, uma pessoa condenada a oito anos fica livre de punição se o processo demorar mais de 16 anos desde a primeira condenação.

No caso de Calmon de Sá, esse prazo é ainda menor. Como ele tinha mais de 70 quando foi julgado, o tempo de prescrição cai pela metade. O resultado dessa conta é que, se a pena for mantida como está, o processo vai ser arquivado este mês.

Para evitar a prescrição, o Ministério Público recorreu no mês passado contra a decisão da Justiça de reduzir a pena, mas o Tribunal Regional Federal em São Paulo ainda não encaminhou o recurso para o Superior Tribunal de Justiça, onde vai ser julgado. O BC, que é auxiliar do MP nas ações, lamenta a possibilidade de prescrição. “É um péssimo exemplo para o país. É um sinal de que a Justiça não foi feita. É um exemplo de que, nesse caso, valeu os gestores fraudarem o sistema financeiro nacional diante da impunidade que se avizinha”, disse o procurador-geral do Banco Central, Isaac Ferreira.

“O fato é que o BC puniu cada um dos maus gestores, baniu todos eles do sistema financeiro nacional. Nenhum deles voltou a operar no sistema financeiro, mas a Justiça por uma série de recursos protelatórios acabou não fazendo a Justiça que a sociedade dela esperava”, completou.

O banqueiro continua com o patrimônio que tinha antes da quebra do banco. Os bens dele, como uma casa em Salvador com vista para o mar, e prédios e casas na Ilha de Itaparica, na Bahia, chegaram a ser declarados indisponíveis, mas em 2007 a Justiça da Bahia suspendeu o bloqueio dos bens.

O Tribunal Regional Federal em São Paulo informou que não há previsão de quando o recurso do Ministério Público será julgado.

Ângelo Calmon, um vida de luxo e facilidades mil
Ângelo Calmon, um vida de luxo e facilidades mil

 

 

“A Grécia está a ser usada para encobrir o escândalo do salvamento dos bancos europeus”

Veja aqui o vídeo com a entrevista a Maria Lucia Fattorelli, a especialista brasileira sobre a dívida pública que participou nos trabalhos da Comissão para a Auditoria e Verdade da Dívida Pública organizada pelo parlamento da Grécia.

Ajuda aos bancos
Ajuda aos bancos

O PODER DO COLONIALISMO. Uma Grécia parecida com o Brasil de FHC

Tudo que vem sendo imposto à Grécia, o Brasil já fez desde os tempos do entreguismo, das privatizações, da globalização unilateral, do Proer dos Bancos e dos empregos terceirizados  do governo de Fernando Henrique.

eleconomista. reforma laboral e privatizar

FHC: 4 MIL PROCESSOS ENGAVETADOS EM 8 ANOS

fhc estuprou o brasil

fhc frase

Durante o governo do primeiro, nenhuma denúncia – e foram muitas – foi investigada; ninguém foi punido. O segundo está tendo que cortar agora na própria carne por seus erros e de seu governo simplesmente porque deu autonomia aos órgãos de investigação, como a Polícia Federal e o Ministério Público. O que é mais republicano? Descobrir malfeitos ou encobri-los?

FHC, durante os oito anos de mandato, foi beneficiado, sim, ao contrário de Lula, pelo olhar condescendente dos órgãos públicos investigadores. Seu procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era conhecido pela alcunha vexaminosa de “engavetador-geral da República”. O caso mais gritante de corrupção do governo FHC, em tudo similar ao “mensalão”, a compra de votos para a emenda da reeleição, nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal nem seus responsáveis foram punidos porque o procurador-geral simplesmente arquivou o caso. Arquivou! Um escândalo.

Durante a sabatina de recondução de Brindeiro ao cargo, em 2001, vários parlamentares questionaram as atitudes do envagetador, ops, procurador. A senadora Heloísa Helena, ainda no PT, citou um levantamento do próprio MP segundo o qual havia mais de 4 mil processos parados no gabinete do procurador-geral. Brindeiro foi questionado sobre o fato de ter sido preterido pelos colegas numa eleição feita para indicar ao presidente FHC quem deveria ser o procurador-geral da República.

Lula, não. Atendeu ao pedido dos procuradores de nomear Claudio Fonteles, primeiro colocado na lista tríplice feita pela classe, em 2003 e, em 2005, ao escolher Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão. Detalhe: em 2007, mesmo após o procurador-geral fazer a denúncia, Lula reconduziu-o ao cargo. Na época, o presidente lembrou que escolheu procuradores nomeados por seus pares, e garantiu a Antonio Fernando: “Você pode ser chamado por mim para tomar café, mas nunca será procurado pelo presidente da República para pedir que engavete um processo contra quem quer que seja neste país.”? E assim foi.

Privatizações, Proer, Sivam… Pesquisem na internet. Nada, nenhum escândalo do governo FHC foi investigado. Nenhum. O pior: após o seu governo, o ex-presidente passou a ser tratado pela imprensa com condescendência tal que nenhum jornalista lhe faz perguntas sobre a impunidade em seu governo. Novamente, pesquisem na internet: encontrem alguma entrevista em que FHC foi confrontado com o fato de a compra de votos à reeleição ter sido engavetada por seu procurador-geral. Depois pesquisem quantas vezes Lula teve de ouvir perguntas sobre o “mensalão”. FHC, exatamente como Lula, disse que “não sabia” da compra de votos para a reeleição. Alguém questiona o príncipe?

Esta semana, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência, colocou o dedo na ferida: “Os órgãos todos de vigilância e fiscalização estão autorizados e com toda liberdade garantida pelo governo. Eu quero insistir nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia autonomia, agora há autonomia, inclusive quando cortam na nossa própria carne”, disse Carvalho. É verdade.

Imediatamente FHC foi acionado pelos jornais para rebater o ministro. “Tenho 81 anos, mas tenho memória”, disse o ex-presidente. Nenhum jornalista foi capaz de refrescar suas lembranças seletivas e falar do “engavetador-geral” e da compra de votos à reeleição. Pois eu refresco: nunca antes neste País se investigou tanto e com tanta independência. A ponto de o ministro da Justiça ser “acusado” de não ter sido informado da operação da PF que revirou a vida de uma mulher íntima do ex-presidente Lula. Imagina se isso iria acontecer na época de FHC e do seu engavetador-geral.

O erro do PT foi, fazendo diferente, agir igual. In Plantão Brasil

Bloqueio de estradas pelos bilionários proprietários de frota de caminhões é democracia. Pelos sem teto é terrorismo e baderna e caos no trânsito

Greve dos caminhoneiros no Paraná
Greve dos caminhoneiros no Paraná
Bahia
Bahia

O país tem 3,2 milhões de caminhões, dos quais mais da metade pertencem a grandes empresários, um monopólio comandado por umas cinco pessoas imensamente ricas e poderosas.

Para dimensionar o poder desses empresários, deles dependem o abastecimento de 60 por cento dos alimentos consumidos no Brasil.

Uma greve de cinco bilionários pode criar um clima de revolta popular, e de desestabilização do governo. Aconteceu em todos os golpes do Cone Sul. A mesma estratégia está sendo realizada hoje na Venezuela.

No Brasil, o próprio governo é responsável por tal abuso de poder. Segundo dados do BNDES, o programa Procaminhoneiro financiou quase 70 mil veículos, com subsídios do Tesouro. Não é nada, não é nada. Representou, desde 2007,  um investimento de 11,7 bilhões.

“Essas operações são uma fração dos finaciamentos e se concentram nas grandes empresas”, informa a Folha de S. Paulo, reportagem de Dimmi Amora.

 

Publiquei vários artigos que tratam do perigo que representa para a democracia esse poder dos frotistas. Em recente reportagem, Carta Maior historia:

A expressão ‘greve de caminhoneiro’ condensa um clássico latino-americano. No Chile de Allende, a paralisação nacional dos caminhoneiros, em outubro de 1972, insuflada pelos proprietários de frotas que seccionaram o país e causaram grave e longo desabastecimento, foi um divisor de águas na escalada golpista.

A greve, que segundo historiadores, foi sustentada por dinheiro do Departamento de Estado norte-americano, inaugurou o capitulo ‘faça-se o caos’.

E foi o que se fez. O resto é sabido: ele culminaria com o bombardeio do La Moneda, 11 meses depois.

A recente greve dos caminhoneiros no Brasil sugestivamente iniciada no Paraná do juiz Moro e do tucano Beto Richa, não acontece com o pano de fundo de um embate de vida ou morte da burguesia contra um governo progressista.

Há distintas motivações a fermenta-la, sendo o reajuste nos preços do diesel uma delas. Leis trabalhistas que contrariam os interesses dos donos de frota, outra.

Mas a sua ordenação política, as palavras de ordem e o tratamento obsequioso da mídia – a mesma que antes exigia o realismo tarifário e o fim dos subsídios da Petrobras – borbulha uma cumplicidade sugestiva com os paladinos da moral, do impeachment e do desmonte da Petrobras para rifar o pré-sal.

O conjunto evidencia o subtexto de uma convergência que não pode mais ser ignorada pelo governo.

Acumulam-se sinais – alguns ostensivamente desrespeitosos, como os da elite que destratou o ex-ministro Mantega, no Hospital Albert Einstein, dia 19, onde a esposa se trata de um câncer, aos gritos ‘vai para o SUS’ – de que setores crescentes do conservadorismo resolveram aqui também desencadear o capítulo ‘Faça-se o caos; semeie-se a guerra’.

A meta nada dissimulada foi convergir distintas iniciativas para o grande dreno das correntezas golpistas em 15 de março último, no ato golpista pró impeachment de Dilma.

 

Movimentos bloqueiam estradas em protesto por moradia digna

 

São Paulo
São Paulo
São Paulo
São Paulo
Ceará
Ceará

Paraná

 

por Vitor Abdala,  da Agência Brasil Edição
Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fizeram na manhã de hoje (18) um protesto na Rodovia Niterói-Manilha (BR-101), em Niterói, no Grande Rio. Eles atearam fogo em uma barricada de pneus e fecharam a pista no sentido Ponte Rio-Niterói.

O protesto faz parte do Dia Nacional de Lutas, que está acontecendo em 13 estados. O MTST e movimentos da Frente de Resistência Urbana querem o lançamento imediato do Programa Minha Casa, Minha Vida 3 e o recuo no ajuste fiscal do governo federal.

Segundo a concessionária Autopista Fluminense, que administra a via, o protesto ocorreu na altura do quilômetro 321, a pouco mais de um quilômetro da ponte. O engarrafamento, de acordo com a concessionária, chega a cinco quilômetros de extensão.

Policiais militares e rodoviários federais negociaram com os manifestantes a liberação da rodovia e, neste momento, bombeiros apagam o incêndio da barricada.

Escandalosamente noticia Brazil Post:

Sob o slogan de “Não queremos intervenção militar, queremos intervenção popular”, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) organizou protestos em 13 estados do país. Até o momento já foram no mínimo 15 importantes rodovias bloqueadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará.Confira aqui a notícia do Brazil Post com z. O MTST faz questão de frisar que não apóia a política econômica de Dilma, fato escondido pela mídia.

 

Brasil Post usa o seguinte cartaz para incendiar o noticiário
Brazil Post usa o seguinte cartaz para incendiar o noticiário. Veja a data

Leia mais na página do MTST

coxinha

banqueiros

Boneco de Joaquim Levy queimando na Avenida! Não ao ajuste fiscal antipopular!
Boneco de Joaquim Levy queimando na Avenida! Não ao ajuste fiscal antipopular!

Supremo Tribunal da Islândia confirma condenações de banqueiros

Quatro executivos do banco Kaupthing condenados a penas de 4 a 5anos e meio de prisão, o veredicto mais pesado por fraude financeira na história da Islândia.

 

Um polícia de uma pequena aldeia piscatória foi o único a aceitar o cargo de procurador especial
Um polícia de uma pequena aldeia piscatória foi o único a aceitar o cargo de procurador especial

 

O Supremo Tribunal da Islândia manteve as condenações por manipulação de mercado a quatro ex-executivos do falido banco Kaupthing, numa decisão histórica que demonstra, segundo o procurador especial nomeado para o caso, que é possível punir os banqueiros fraudulentos.

Hreidar Mar Sigurdsson, ex-executivo-chefe do Kaupthing, Sigurdur Einarsson, ex-presidente, Magnus Gudmundsson, ex-CEO do Kaupthing Luxembourg e Olafur Olafsson, o segundo maior acionista do banco na época, foram condenados a penas de 4 a 5 anos e meio de prisão.

Trata-se do veredicto mais pesado por fraude financeira da história da Islândia.

A sentença considerou provado que o Kaupthing Bank financiou a maior parte da compra de 5% das suas próprias ações, no valor de mais de 170 milhões de euros, através de uma sociedade ligada a um xeque do Qatar, pouco antes do colapso da instituição.

O Supremo Tribunal manteve a sentença de um tribunal de primeira instância, proferida em dezembro de 2013, e nalguns casos aumentou mesmo as penas.

Nenhum dos condenados estava presente à leitura da sentença, dado que vivem no exterior.

O procurador especial Olafur Hauksson disse à agência Reuter que este processo “mostra que estes casos financeiros podem ser difíceis, mas podem também produzir resultados”, e que representa um sinal para outros países que nenhum indivíduo é poderoso demais para não ser processado.

Polícia de uma pequena aldeia piscatória
.
A nomeação de um procurador especial para este processo não foi fácil. Na primeira tentativa, não apareceram candidatos. Até que Hauksson, 50 anos, um polícia de uma pequena aldeia piscatória, acabou por avançar.

A tarefa teve alguns tropeções. Dois ex- executivos do banco foram ilibados, e as sentenças condenando outros foram consideradas demasiado leves. Ainda assim, os tribunais condenaram os executivos-chefe dos três maiores bancos pela responsabilidade de uma crise que revelou a existência de um clube de ricos financeiros, num país de 320 mil habitantes.

Uma decisão fundamental, tomada pelo Parlamento, foi a de levantar o segredo bancário

.
para ajudar os procuradores a investigar documentos bancários sem precisar de ordem judicial. “É perigoso o facto de existir alguém demasiado grande para ser investigado”, observou Hauksson, “Dá a sensação de que há sempre um refúgio seguro”.
.

Até agora, sete processos envolvendo banqueiros chegaram ao Supremo, que manteve as condenações de seis. Há outros cinco que ainda aguardam o veredicto do Supremo Tribunal. E há 14 processos que ainda devem avançar.

Artigo relacionado:
A Islândia põe os seus banqueiros na prisão

Autonomia do Banco Central “é acreditar no ‘deus’ mercado como o grande organizador da sociedade”

indignados-rico-banqueiro-corrupto

 

Os papéis do Banco Central e dos bancos públicos têm ocupado lugar de destaque no debate eleitoral, com candidatos à Presidência da República defendendo a independência da autoridade monetária no país e a diminuição da importância das instituições financeiras estatais, como BB, Caixa e BNDES.

Para o presidente da CUT, o bancário Vagner Freitas, tornar o BC independente seria o mesmo que “delegar à raposa o controle sobre o galinheiro”. Ou seja, entregar o BC aos banqueiros privados, justamente os que devem ser controlados pela instituição. “É acreditar no ‘deus’ mercado como o grande organizador da sociedade. Mas estamos falando do mesmo mercado desagregador, incapaz de uma autorregulação mínima, como mostraram as crises econômicas de 1929 e 2008. Eles tiveram liberdade e a usaram para provocar o caos econômico que se alastrou, derrubou mercados e a economia de dezenas de países. Milhares de empresas quebraram e milhões de pessoas ficaram desempregadas na Europa e nos Estados Unidos”, lembra.

Nobel – Prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz também alertou para os perigos da medida: “Na melhor das hipóteses, essa posição é questionável. Na crise, os países com bancos centrais menos independentes como China, Índia e Brasil fizeram muito, mas muito melhor mesmo do que os países com bancos centrais mais independentes, caso da Europa e dos Estados Unidos”, disse em palestra recente na sede do BC da Ìndia.

Bancos públicos – A diminuição do papel dos bancos públicos, defendida por alguns candidatos, é outra preocupação dos movimentos sindical e social. Instituições como Banco do Brasil, Caixa e BNDES tiveram papel importante na evolução da economia brasileira nos últimos anos, principalmente após a crise de 2008: quando os privados retraíram o crédito, foram as instituições estatais que passaram a sustentar sua oferta.

Estudo do Dieese mostra que a participação relativa dos públicos no saldo total das operações de crédito da economia saltou de 36%, em janeiro de 2008, para 51% em dezembro de 2013, enquanto que os privados nacionais reduziram a oferta de 43% para 33% e os estrangeiros de 21% para 16%, no mesmo período.

“Essa atuação foi fundamental para o crescimento na última década. Não se avançaria como nos últimos dez anos sem o crédito disponibilizado pelos bancos públicos”, defende o economista da Unicamp, André Biancarelli. “Haveria crédito de longo prazo no país sem a atuação do BNDES, por exemplo? São questões a se pensar seriamente, até porque apontam para mudanças radicais que, uma vez postas em prática, não serão revertidas com facilidade”, alerta.

Públicos é que garantem ampliação do crédito

banco pobre

por Andréa Ponte Souza
É importante desconfiar de fórmulas que já se mostraram equivocadas, como pregar diminuição do papel de instituições como BB, Caixa e BNDES
São Paulo – Os bancos públicos tiveram papel fundamental na evolução da economia brasileira nos últimos anos, inclusive após a crise mundial. Estudo do Dieese mostra que enquanto as instituições privadas, após 2008, retraíram sua participação no crédito, as estatais passaram a sustentar sua oferta: a participação relativa dos públicos no saldo total das operações de crédito da economia saltou de 36%, em janeiro de 2008, para 51% em dezembro de 2013, enquanto que os privados nacionais reduziram a oferta de 43% para 33% e os estrangeiros de 21% para 16%, no mesmo período.

Os dados servem de reflexão às vésperas da eleição presidencial, quando candidatos defendem a redução do papel dos bancos públicos na economia, com o argumento de que a oferta de crédito pela Caixa, BB e BNDES inibem a atuação dos privados.

“O Sindicato sempre defendeu a importância das instituições financeiras públicas”, lembra a secretária-geral da entidade, Ivone Maria da Silva. Ela destaca a luta histórica dos bancários contra as privatizações promovidas na década de 1990, como a do Banespa. “Nossa atuação sempre se pautou pelo combate a políticas que pregam menor participação do Estado seja na economia, seja em serviços públicos. E esse é um momento importante para o país, em que candidatos defendem projetos que vão em direções opostas. É preciso cautela.”

Crescimento – O economista André Biancarelli, da Unicamp, lembra que foram as intervenções do Estado na economia que permitiram que o país avançasse entre 2009 e 2010, em plena crise mundial. “Foi fundamental para o crescimento na última década. Não se avançaria como nos últimos dez anos sem o crédito disponibilizado pelos bancos públicos.”

E acrescenta: “O Brasil tem um sistema de financiamento público muito importante, que resistiu ao projeto neoliberal da década de 1990”. Mas novos projetos defendem a diminuição dos bancos públicos, sob o argumento de que têm de perder espaço para que os privados possam atuar. “Haveria crédito de longo prazo no país sem a atuação do BNDES? Ou o que teríamos seria financiamento externo e endividamento? São questões a se pensar seriamente, até porque apontam para mudanças radicais que, uma vez postas em prática, não serão revertidas com facilidade.”

 

Propaganda espanhola
Propaganda espanhola

Os banqueiros das ditaduras do Cone Sul. Os bancos de Pinochet, FHC e Marina

Conheça a história de bancos e banqueiros que financiaram as ditaduras do Cone Sul. Do banco de Magalhães Pinto, chefe civil do golpe de 64, que patrocinou a campanha presidencial de Fernando Henrique. Do Itaú, que financiou o DOI-Codi.

“Existem algumas poucas verdades absolutas na vida política. Uma delas é aquela de que o banco que se mete em seus meandros, inevitavelmente, quebra. Aqui e lá fora. Não faltam exemplos”, diz o jornalista Palmério Doria, em artigo exclusivo para o 247.

O texto serve de alerta para os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, filhos de Olavo Setubal e Walter Moreira Salles, que permitiram o excessivo engajamento do Itaú Unibanco no processo político de 2014, especialmente em razão dos vínculos entre Neca Setubal e Marina Silva; outras experiências que terminaram mal no Brasil foram as do Econômico, de Angelo Calmon de Sá, e do Bamerindus, de José Eduardo Andrade Vieira.

Banqueiro em política é véspera de bancarrota

 

banqueiros do conesul

Por Palmério Doria, especial para o 247

Nos Estados Unidos o respeitado Riggs Bank, de Washington, conhecido pela tradição de ser o banco oficial de todos os presidentes, sucumbiu ao ser descoberto numa indesculpável travessura: abrigava contas milionárias de Augusto Pinochet, o ditador chileno, abertas com passaportes e nomes falsos. Obviamente o dinheiro sujo do genocida andino chegou aos seus cofres com a conivência da diretoria. Deixaram, assim, os banqueiros do Riggs de frequentar o Salão Oval para o amargor de depoimentos em chefaturas policiais e audiências nos tribunais de justiça.

Na Argentina, dois bancos mantiveram relações carnais com os milicos golpistas pós-1976, o ano da derrubada da viúva de Perón e instauração do regime cruel que sequestrou, matou e desapareceu com cerca de 30 mil pessoas. O Banco de Intercâmbio Regional (BIR) e o Banco Oddone tinham tentáculos dentro dos quartéis e passe livre na Casa Rosada, ocupada alternadamente por generais ladrões e assassinos. Mas suas contabilidades – escondidas pela profusão de patrocínios culturais, badalações no society platino e eventos no exclusivo Jockey Club portenho – estavam podres. Nem os militares ousaram salvar os banqueiros falidos quando Jose Alfredo Martinez de Hóz, o czar da economia, decretou as quebras.

Enquanto milhares de correntistas iam do escândalo nas portas (cerradas) das agências ao “simples” suicídio, os banqueiros fugiram para o exterior ou acabaram nos calabouços do regime. A influência política de nada valeu diante da revolta popular e da comoção causada pela debacle sistêmica provocada pela quebra do BIR e do Oddone. E eram todos bancos presumivelmente “sadios” e com forte proteção política.

José Rafael Trozzo, o presidente do BIR, era a voz de apoio ao regime entre o empresariado mais saliente, e Luis Alberto Oddone, dono do banco que levava seu sobrenome, chegou mesmo a custear do próprio bolso a fortuna de US$ 700 mil (valores de 1976) pagos à agências internacionais de relações públicas e lobby para que propagandeassem os feitos do novo regime argentino. Trozzo, avisado por um general camarada, fugiu para Miami. Oddone resolver peitar Martinez de Hóz e passou longa temporada numa masmorra nos arredores de Buenos Aires.

Mais curioso foi o final do banqueiro Ruben Beraja, do Banco Mayo, presidente da DAIA (Delegación de Asociaciones Israelitas Argentinas) e destacado membro da corte de Menem, nos anos infames do neoliberalismo platino. Diante de uma fraude monstruosa, um rombo que atravessava a casa das centenas de milhões de dólares, o BCRA (o Banco Central de lá) simplesmente decretou a liquidação do Mayo. Beraja se encontrava em Washington, como feliz e prestigiado integrante da comitiva do presidente Carlos Menem. No hall do hotel, a caminho da Casa Branca, Carlos Korach, mafioso chefe-de-gabinete da Casa Rosada, o desconvida na frente dos presentes e lhe dá com crueza a notícia do estouro de seu banco: “Te jodeste, hermano”. Nem sempre a proximidade com o poder e a intimidade com os poderosos consegue segurar um banco quebrado. Dinheiro é coisa séria.

Ricardo Espirito Santo Salgado comandou por muitos com mão-de-ferro o banco que leva o sobrenome da família materna. Ganhou o popular apelido de “o-dono-disto-tudo” e recebia presidentes, primeiros-ministros e autoridades monetárias em sua deslumbrante casa nos arredores de Lisboa, talvez uma das mais lindas da Europa. Elegante e arrogante, impôs-se na política portuguesa, na de Moçambique, na de Angola e, também, recebeu Marcos Valério e uns sôfregos emissários do delator Roberto Jefferson, então influente dono do PTB, para negociações mirabolantes acerca de aplicações das reservas do tesouro brasileiro. Que, é claro, jamais foram feitas.

O sólido banco de Ricardo E. S. Salgado não era tão sólido quanto parecia, e seu espírito como banqueiro estava longe de ser santo. Hoje, depois de apeado da presidência do antigo colosso lusitano, espera em prisão domiciliar a decisão da Justiça sobre propinas pagas, propinas recebidas, desvios de fundos e balancetes dignos de Ionesco. Não sem antes ter deixado nas burras do tesouro a bagatela de três milhões de euros – valor arbitrado como fiança pelo direito de não ir (por enquanto) mofar num cárcere lisboeta qualquer. Sabe o que aconteceu ao ex-dono-disto-tudo? Encontrou pela frente um primeiro-ministro corajoso, um ministro da Fazenda sério e um juiz imparcial. O futuro do ex-banqueiro que comandou governos e tratava dignatários por “tu” não é nada alvissareiro.

Voltemos ao patropi.

Ângelo Calmon de Sá despachava em histórico edifício na Cidade Baixa, em Salvador, sede do então centenário Banco Econômico. Não fitava as pessoas, mal as cumprimentava e um dos seis elevadores estava permanentemente interditado. Só o “doutor Ângelo” podia usá-lo. Estava em Paris, numa suíte do George V, tomando champanhe Cristal Rosé Brut Imperial com dona Ana Maria, mas o “seu” elevador, lá no centro histórico lindo e fétido de nossa primeira capital, estava fechado aos mortais. Ele era uma semidivindade baiana. Não estava entronizado no altar da Igreja do Bonfim nem flutuava entre os imensos Orixás do genial escultor Tati Moreno nas águas escuras do Dique do Tororó.

Os governadores da Bahia passavam pela opulenta casa, majestosamente plantada entre mangueiras frondosas, lá no alto de um dos vales rasgados no ventre soteropolitano, prestando-lhe vassalagem e os salamaleques de praxe. Muitas e muitas vezes o “doutor Ângelo” viajava ao Rio, São Paulo ou Brasília, sozinho, aboletado em um de seus dois jatos Falcon, enquanto seus assessores diretos, velhos diretores e gerentes fiéis o seguiam como mortais que eram em voos comerciais. Ministro da ditadura militar e de Collor, presidente do Banco do Brasil, nome sempre lembrado para concorrer ao governo da Bahia, industrial com várias fábricas da Coca-Cola, imenso plantador de cacau, criador de gado da melhor raça, latifundiário de terras que se perdiam no horizonte. Financiou pesadamente todos os partidos, com preferência pela Arena, PDS e PFL, sem se esquecer de encher os cofres de FHC em 94. Pois meses depois – e com dezenas de deputados e senadores comandados pelo inefável ACM atravessando a rua e invadindo o Palácio do Planalto para pressionar em favor do “doutor Ângelo” e do seu agonizante bancão – o mesmo FHC foi obrigado a decretar o fim do Econômico. Estava podre.

Do “doutor Ângelo” sobrou uma dívida imensa, recordações cinzentas e uma pasta rosa, providencialmente deixada em sua mesa na presidência do Econômico, com a contabilidade paralela onde constavam generosos aportes aos políticos de suas relações, de ACM a FHC, passeando por todo o abecedário.

José Eduardo Andrade Vieira era o quarto dos filhos do velho Avelino, o mais destacado banqueiro paranaense. Dois irmãos morreram no mesmo acidente aéreo. O terceiro, de enfarte fulminante. Sobrou ele, a quem não estava destinada a tarefa de comandar o império iniciado pelo pai. Como o J. Pinto Fernandes, do poema do mestre Drummond, “Zé do Banco” não tinha entrado na história, mas com o Bamerindus ficou.

Com muito trabalho e muita simpatia o patriarca havia feito de um tamborete (o Banco Mercantil e Agrícola do Norte do Paraná) nascido em Tomazina, uma pobre cidadezinha, o portentoso Bamerindus, um dos maiores bancos do Brasil nas décadas de 50, 60, 70, 80 até sua quebra na metade dos anos 90. Zé Eduardo até que se saiu bem. Liberal, generoso, recrutou executivos respeitados no mercado, jamais teve seu nome envolvido em negociatas ou corrupção, investiu no marketing e fez de seu Bamerindus uma marca moderna, simpática. Surpreendeu os que dele pouco esperavam. Mas se meteu na maldita da política, comprou um partido, o PTB, comprou um mandato de senador pelo Paraná, virou ministro de Itamar Franco, financiou pesadamente FHC (que fez sua campanha nos jatinhos do banco), virou ministro do governo do tucano e quebrou bonito.

De uma casa bancária, o extinto Banco Nacional, Paulo Henrique Cardoso sacou a herdeira, Ana Lúcia Magalhães Pinto, com quem manteve casamento de 17 anos, do qual nasceram filhas gêmeas. Viajavam Brasil e mundo afora num jatinho da Líder mantido à disposição, mantendo imensa distância de qualquer coisa que lembrasse trabalho. Os cunhados pagavam as contas e ajudaram o pai do cunhado diletante a eleger-se presidente, sendo um de seus maiores doadores. Até que em 1994, com milhares de empréstimos a clientes fictícios gerados pelo contador Clarimundo Sant’Anna na tentativa de salvar a casa já em escombros, o Banco Nacional já dava mostras de sua precariedade.

No réveillon de 1994, véspera de assumir o Palácio do Planalto, o recém-eleito presidente aparece ao lado de Marcos Magalhães Pinto, presidente do Nacional e irmão de sua nora Ana Lúcia, risonhos numa opípara festança de réveillon da família. Eles, os discretos banqueiros de Minas Gerais, já viviam o outono de uma antiga opulência. Em 1995, ainda no primeiro mandato de FHC, o Banco Central decreta a liquidação do Nacional (o Unibanco, hoje Itaú, pegou o filé da massa falida, deixando a “banda podre” para o contribuinte). Nem o futuro das netas, nem o farto dinheiro recebido pelo PSDB na campanha, conseguiram impedir a ação saneadora do Banco Central. Contrafeito, a FHC só restou assinar a sentença de morte.

Dois meses depois, PHC deixa Ana Lúcia e suas gêmeas e se instala num hotel da grã-finíssima Avenida Vieira Souto, de frente para o mar de Ipanema. O rombo bilionário, que extinguiu o Banco Nacional – do qual a mulher de PHC era herdeira e acionista igualzinho a “educadora” Neca Setúbal – é tido como a maior fraude financeira da história do Brasil, pois, ao que se sabe, atingiu quase um terço do dinheiro circulante. Sejamos mais didáticos: o rombo deixado pelos então parentes de FHC equivalia a mais de R$ 3,00 de cada R$ 10,00 em circulação no país!

Vamos passear de novo pelo mundo.

Nélson Mezerhane é um judeu venezuelano, elegante e simpático. Homem de coragem, financiou a oposição e resolveu enfrentar o regime do coronel Hugo Chávez. Seu Banco Federal não era o maior da Venezuela, mas estava entre os melhores, com centenas de milhares de clientes e uma rede de agências espalhadas por todo o país, investimentos em outras empresas e boa fama no mercado. A colônia judaica local não entendeu o que achou ser “loucura” do seu mais destacado integrante e benfeitor. O problema é que a carta-patente, aquela autorização de funcionamento de uma instituição financeira, é dada pelo Banco Central, a autoridade monetária do país. Preciso contar o resto da história? Mezerhane teve sorte. Sorte e um jatinho. Está em Miami, sem banco, porém livre de uma série de “boletos de captura”, as temidas ordens de prisão.

Outros banqueiros já se envolveram na política e são testemunhos do que, sempre e inevitavelmente, acontece aos que confundem o ronco da história com o tilintar das moedas. Quando financiam candidatos, pagam contas de campanha, participam diretamente do movimento eleitoral, é sinal de que estão com algum grave problema, algo muito sério a ser escondido. Quando se imiscuem na vida pública e no processo eleitoral o fazem em busca de proteção política e salvação imediata. Ou são autores de rombos colossais ainda não revelados ao “mercado” ou pressentem o estouro próximo da boiada, por conta de multas, sonegações, contabilidades paralelas, perdas maquiadas em balanços fictícios, negócios mal feitos, fusões ou incorporações que não geraram o ganho de competitividade e de caixa esperados.

O espanhol Mário Conde, do Banesto (Banco Español de Crédito), era locomotiva da alta sociedade madrilena e banqueiro da família real. Na lista dos 10 homens mais elegantes da Espanha, dos 10 homens mais admirados da Espanha, dos 10 homens mais respeitados da Espanha, dos 10 homens mais influentes da Espanha, dos 10 maiores filantropos da Espanha, dos 10 maiores mecenas da Espanha, dos 10 maiores financiadores de partidos e políticos da Espanha. E o seu banco, um dos 10 maiores da Espanha, não tinha caixa 2, mas tantas contabilidades paralelas a esconderem sua situação pré-falimentar, que passavam das 10. Quebrado em 1993, preso e condenado, pegou 10 anos de cadeia.

Mas, também, há banqueiro que fica bem na história.

O embaixador Walther Moreira Salles foi um dos grandes brasileiros do seu tempo. Iniciador de grandes negócios, visionário, serviu aos governos de Getúlio, JK e Jango. Foi ministro da Fazenda, duas vezes embaixador em Washington, negociador de nossa dívida externa (na melhor das negociações que já fizemos). Angariou imenso prestígio e multiplicou a fortuna iniciada pelo pai no sul de Minas Gerais, na cidade de Poços de Caldas, com um armazém de secos e molhados. Mas nunca foi político, tendo até rechaçado um convite de JK para ser o candidato do PSD ao governo de seu Estado. Apesar disso, atuou com desenvoltura nos bastidores do poder, sem jamais tornar-se um operador político ou o impulsionador de candidaturas ou candidatos.

O ditador Costa e Silva lhe devotava verdadeiro horror. O motivo era prosaico: levou um chá-de-cadeira de Jânio Quadros (a quem mandou cassar em 64 para depois assumir a autoria da violência às gargalhadas) e, incomodado, viu que era Moreira Salles quem saia da sala do então presidente eleito. Em 68, com o AI-5, resolveu cassar o elegantíssimo e educadíssimo banqueiro. Delfim Netto, consultado acerca da estultice já transformada em ato prestes a ser assinado, fez o chefe mudar de idéia: “Tudo bem, presidente. Mas o Walther tem mais crédito que o Brasil”.

Olavo Setúbal, um engenheiro cartesiano e formal, conhecido pela aplicação nos negócios e pela inegável inteligência, construiu um império baseado no trabalho e em golpes da boa sorte. Herdou do tio um banco sem maior expressão, o Federal de Crédito, e o fez crescer à custa de fusões e incorporações, dezenas delas, particularmente ao longo das décadas de 50, 60 e 70. Com o regime militar seus negócios floresceram. Contou com o apoio da ditadura para assumir outro grande banco, o Banco União Comercial (BUC), de propriedade da família do milionário Soares Sampaio, à beira da quebra por conta de uma desastrada gestão de Roberto Campos, seu presidente e verdadeiro mito do liberalismo econômico brasileiro. O genro de Soares Sampaio, o industrial Paulo Geyer, não aceitou as condições de-pai-para-filho com que o Banco Central doava o BUC a Setúbal, e resolver não assinar a transferência de suas ações. “Perguntem ao Geyer se ele vai assinar logo ou se eu vou precisar mandar dois sargentos irem buscá-lo em casa?”, foi a reação do general Ernesto Geisel.

Além do BUC, a ditadura presenteou Setúbal com a prefeitura de São Paulo, onde ele se saiu bem. Deu conta do recado e protagonizou um episódio decente: recusou-se a demitir o secretário de Cultura, o respeitado dramaturgo Sábato Magaldi, apontado como “comunista” pelo execrável general Silvio Frota, um monstrengo da linha mais que dura.

Picado pela mosca azul, “Olavão” foi preterido pelos milicos na sucessão de Paulo Egydio ao governo de São Paulo e se preparou para disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PFL em 1986. Na convenção do partido, um grupo de malandros tirou o tapete do dono do Itaú e impediu sua candidatura, substituída pela de Paulo Maluf. Desiludido, Olavo nunca mais confundiu as urnas eleitorais com os caixas do Itaú.

Recordo essas histórias, ao alcance de qualquer um, para declarar meu espanto com a participação ativa e exótica de bancos e banqueiros – a começar pelo Itaú de Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles – no financiamento e sustentação da candidatura de Marina Silva à presidência da República. Custo a crer que essa aventura surpreendente, atentatória aos bons manejos bancários, às boas práticas empresariais, seja um biombo desesperado para evitar o pagamento de multa no valor impressionante de R$ 18 bilhões e 700 milhões devidos à Receita Federal em impostos não recolhidos na fusão Itaú-Unibanco. Mas, também, não creio que tais banqueiros sejam ingênuos, inocentes ou desavisados. Creio que a arrogância e o desespero, quem sabe, formaram um caldo de cultura que os fará se arrepender mais cedo que tarde da aventura em que se meteram, fazendo de uma despreparada evidente uma candidata com um Itaú de vantagens para eles, os banqueiros, e de desvantagens, para o país.

A ingerência de um colosso bancário na vida pública do país protagonizou até uma festa-fraude. A dos 90 anos de fundação do Itaú-Unibanco. Ora, quem completaria 90 anos não existe mais, o banco dos Moreira Salles. O Itaú foi fundado em 1945, com outro nome, e veio crescendo como já se relatou aqui. Mas esse pretexto serviu para colocar centenas de alegres convivas do society paulistano, gente do mercado financeiro e alguns empresários ligados à oposição num regabofe onde o presidente executivo do Itaú fez um pavoroso discurso político-eleitoral, atacando o governo e deixando claro o seu apoio à mutante candidata acreana, claramente desqualificada para a missão de comandar um país como o Brasil. Da dívida bilionária, não se falou nada. Sem trocadilho, necas.

Não é preciso ser futurólogo. O suave embaixador Walther e o objetivo Olavo não ousaram tanto e, no entanto, não saíram incólumes.

Socialite, filha do vice do Itaú orgulha-se de fazer “corinho” com rima no Itaquerão

por Fernando Brito

 

 

polícia banqueiro poder protesto

Em sociedade, dizia o antológico Ibrahim Sued, tudo se sabe.

Ainda mais nestes tempos de “redes sociais”.

Pois uma socialite de nome Maria Imaculada da Penha que se assina, elegantemente, Lalá Trussardi Rouge e é filha do vice-presidente do Banco Itaú, José Rudge, fez questão de mostrar, no Instagram, que foi mesmo da área VIP – onde, claro, uma VIP como ela estava – que se originou o corinho-baixaria da abertura da Copa [“Ei, Dilma, vai tomar no c…”]

Dona Lalá tem um blog de moda e uma grife de roupas íntimas que são descritas como “do basiquinho à alta-costura, com rendas francesas e seda pura.”

Nada de errado, cada um faz o que quer e também mostra o que quer nos seus perfis públicos.

Mas, assim, acaba correndo o risco de ouvir o que não quer.

E foi exatamente isso que a imensa maioria de seus muitos seguidores do Instagram fez com a Dona Lalá.

Obrigado, Dona Lalá, por nos mostrar que mesmo entre a gente mais bem aquinhoada deste país há pessoas com um mínimo de educação e senso crítico e que, votando ou não em Dilma, se comporta como gente civilizada.

Mas, por favor, a senhora não faça a generalizações de dizer que este país não tem educação porque não tem escolas ou hospitais ou segurança.

Talvez porque tenhamos bancos tão poderosos e biliardários como o Itaú, não é?

Mas existe muito neto de pobres, como eu, filhos de simples professoras primárias, sem pai banqueiro e convívio no “jet-set” que tem mais educação que a senhora demonstra, mesmo com seu berço de ouro.

Com isso tento responder ao que pergunta a colunista social Hildegard Angel, que indaga se “ a elite é assim tão baixa, como agirão os iletrados, os desfavorecidos, os que não tiveram acesso à instrução e a uma boa formação no Brasil? ”

Afinal, pior que “la décadence” é quando ela é “sans élégance”.

 

piramide povo elite banqueiros