À espera do Pai-Nosso da Bancada Evangélica para Rafael Barbosa

por Thiago de Araújo

homofobia

O estudante Rafael Barbosa de Melo, de 14 anos, foi morto a pedradas na manhã de sábado (13) em Cariacica (ES), cidade que fica na região metropolitana de Vitória. Mais um crime brutal no Brasil, certo?

Na semana passada, parlamentares da Bancada Evangélica pararam uma sessão que discutia a reforma política para rezar um Pai-Nosso. O ato de repúdio contra a Parada Gay de São Paulo, como sempre fazem questão de dizer, foi mais uma demonstração em ‘defesa da família’, dizem.

Rafael era o mais velho de sete filhos de dona Wanderléia Barbosa. Segundo ela, o filho tinha o sonho de ser um estilista famoso. Foi interrompido por um brutal espancamento com pedradas e pancadas. O corpo foi encontrado no bairro onde a família residia.

“Muitas pessoas implicavam com ele, caçoavam e o xingavam. Implicavam com o jeito dele andar, e por ele fazer roupas. Ele sofria muito, por isso meu filho era uma pessoa de poucos amigos e muito fechado”, disse a mãe da vítima ao site Gazeta Online.

No domingo (14), a polícia prendeu Gleisson Pereira Miranda, de 26 anos, suspeito de ter cometido o crime. Ele negou o crime, apesar de ter sido visto próximo ao corpo de Rafael logo após o crime. O delegado responsável pelo caso acredita em uma tentativa de abuso, seguida de assassinato, e não um crime de homofobia.

Não entrando no mérito do Estado laico brasileiro, seria a morte do estudante em Cariacica digna de um Pai-Nosso no plenário da Câmara dos Deputados? Seria o cruel homicídio digno de um ato de revolta por parte da Bancada Evangélica, mesmo que tal defesa envolvesse um jovem que a própria família dizia ser homossexual?

Fica o espaço (e a oportunidade) para os nobres deputados falarem, uma vez que foram eleitos democraticamente para representar o País – e não só a parcela da população que julguem conveniente a si mesmos.

Leia Um gay brasileiro é morto a cada 28 horas, vítima da homofobia

diferente homofobia

Espírito Santo sem governo e justiça demais

BRA_AGAZ justiça cega

Antes tarde do que nunca. A Gazeta informa que, ficou adiada para a semana que vem, as  demissões no poder judiciário do Espírito Santo. O presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), desembargador Sérgio Bizzotto, assinou um ato normativo, a ser publicado na segunda-feira, determinando a exoneração de todos os servidores comissionados ligados aos gabinetes de desembargador que estejam vagos – no caso, os de Catharina Maria Novaes Barcellos e Carlos Roberto Mignone, ambos aposentados recentemente. Na mesma medida, as cadeiras serão declaradas congeladas.

Por determinação de Bizzotto, também serão canceladas as funções de confiança desses gabinetes. Tudo gente desnecessária. Que a justiça é cara e falha no Brasil todo. O Tribunal de Justiça de São Paulo é o maior do mundo, com 360 desembargadores.

São Paulo é o estado mais violento. Nos anos ímpares, o governador Alckmin confessa que divide o poder com um governo paralelo, cujo chefe domina o Estado de dentro de uma cela individual em um presídio de segurança máxima.

Trezentos e sessenta desembargadores e uma polícia, com um efetivo de mais de cem mil homens treinados para dispersar passeatas estudantis e marchas grevistas com armas proibidas pela ONU como bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Lá no Espírito Santo não podia ser diferente. Jovens da classe média e os filhinhos dos ricaços prometem fazer justiça com as próprias mãos. Nasce assim um estado racista. De fazer inveja a juventude nazista dos tempos de Hitler na Alemanha.

Vão caçar os moradores de favelas, os negros, os pardos, os pobres. Gente que não merece os gentílicos espírito-santense e capixaba, nome este que denominava os índios plantadores de roça de milho.

BRA^ES_AT juventude nazista

Jornalista diz que Élcio Alvares mentiu ao afirmar que não perseguiu Miriam Leitão

A perseguição implacável do governador da ditadura a jornalistas

 

Durante a sessão dessa terça-feira (26) na Assembleia Legislativa o deputado estadual Élcio Álvares (DEM) leu uma nota tentando esclarecer as declarações da jornalista Míriam Leitão ao jornal A Gazeta desta terça-feira (26). Em entrevista, Míriam relatou que Élcio fez uma perseguição implacável contra os presos políticos.

A jornalista relatou que o Élcio era o governador do Estado depois que ela foi libertada, e que ele exerceu perseguição contra aqueles que haviam sido presos. Míriam afirmou que acabou saindo do Estado porque onde ia trabalhar o governador biónico exigia sua demissão.

O jornalista Rubinho Gomes, que acompanhou os fatos, faz um resgate histórico das relações entre os veículos de comunicação do Estado e os governos durante o período da ditadura militar (entre 1964 e 1985) e afirma que o deputado Élcio Álvares mentiu ao tentar contestar as declarações da jornalista Míriam Leitão.

Acompanhe o artigo de Rubinho Gomes sobre o episódio
 

 Eyad Shtaiwe
Eyad Shtaiwe

 

 

Quem acompanha a política do Espírito Santo desde os anos 1960 sabe muito bem que o deputado estadual Élcio Alvares (DEM) foi suplente de deputado federal na eleição de 1966, a primeira em que recebeu apoio financeiro do empresário João Santos Filho, que poucos anos depois adquiriu do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, o jornal A Tribuna, e contratou o jornalista Plínio Martins Marchini para diretor-geral. Em 1969, Plínio me contratou de O Diário para ser o secretário de redação do jornal, onde trabalhei ao lado de Vinicius Paulo de Seixas, os irmãos Pedro e Paulo Maia, Luis Malta, Cláudio Bueno Rocha (CBR), dentre outros colegas, alguns já falecidos.

O jornal A Gazeta lançou sua versão off-set a cores em 1970, mesmo ano em que Élcio Álvares se elegeu deputado federal mais votado pela Aliança Renovadora Nacional (a famigerada Arena), partido criado para defender a ditadura militar que havia deposto o presidente constitucional Jango Goulart em 1964, sempre com apoio financeiro do grupo industrial João Santos, que tinha como superintendente nacional o Marechal Cordeiro de Farias, um dos ideólogos do golpe militar que colocou o Brasil nas trevas até a eleição indireta de Tancredo Neves/José Sarney em 1985.

Em 1971, Plínio Marchini e Alvino Gatti convencem João Santos Filho a também adquirir maquinário e implantar o sistema de impressão off-set que fazia tanto sucesso no jornal do grupo Lindenberg, suspendendo a publicação de A Tribuna pelo antigo sistema tipográfico por cerca de um ano e meio. Enquanto Plínio foi fazer um curso de Comunicação na Costa Rica, Gatti começou a estruturar uma gráfica, adquirir equipamentos e preparar A Tribuna para concorrer diretamente com A Gazeta. Enquanto isto, o outro jornal de Vitória, O Diário, começava a definhar, uma vez que não tinha o mesmo suporte empresarial.

A Tribuna retornou em outubro de 1973, tendo como editor-chefe o jornalista Paulo Torre e eu fui convidado e assumi novamente a secretaria de redação. O editor de Geral (hoje Cidades nos dois jornais diários capixabas) era o hoje médico psicanalista Paulo Bonates e em cada editoria havia dois copidesques. No caso da Geral de Bonates, as redatoras eram Miriam Leitão e Sandra Medeiros. Com a proximidade da eleição de 1974, quando afinal pela primeira vez o candidato do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), único partido de oposição consentido pelo ditador Garrastazu Médici, que era o ex-pessedista Dirceu Cardoso, derrota fragorosamente o candidatado da Arena, que era o então deputado federal José Carlos da Fonseca.

Foi nesta eleição que o então deputado federal arenista Élcio Alvares mostrou sua face fascista ao invadir a redação de A Tribuna (claro que isto foi consentido pelos diretores de então) para reescrever pessoalmente numa máquina Olivetti a reportagem que o repórter Pedro Maia havia feito em Linhares relatando o fracasso do comício de Fonseca por lá, mesmo ao lado de Álvares, Arthur Gerhardt, Eurico Rezende e outras lideranças da Arena. Élcio mentiu descaradamente dizendo que o comício mesmo debaixo de chuva havia sido um sucesso sem precedentes.

É bom recordar que, na tribuna da Câmara dos Deputados, em Brasília, Élcio Alvares tecia loas quase diárias para o regime militar em discursos na Câmara em Brasília, e o ditador cujo governo foi marcado por torturas e assassinatos de adversários do regime o premiou pouco depois. Isto chegou ao ponto de Élcio ter sido relator da instituição da pena de morte no Brasil, dentre outras posturas que até hoje tentam esconder aos capixabas. O fato é que ele acabou escolhido para ser o sucessor do então governador biônico número dois no ES, o engenheiro Arthur Carlos Gerhardt Santos.

Tão logo foi escolhido, com suas íntimas relações com seu financiador político João Santos Filho, Élcio passou a interferir diretamente na redação de A Tribuna. Foi quando ele exigiu da direção do jornal a demissão da jornalista Miriam Leitão (que havia sido presa em 1972) e outros que ele considerava “subversivos”, como o estudante de Medicina Gustavo do Vale, o jornalista Jô Amado, o catarinense Nei Duclós, dentre outros. É bom lembrar que Miriam e Gustavo haviam sido presos naquele grupo acusado de integrar uma célula do PCdoB e que foi vítima de bárbaras torturas no quartel de Vila Velha do 38º Batalhão de Infantaria, fato que acaba de ganhar repercussão nacional, após anos de silêncio.

Miriam foi então para A Gazeta trabalhar com o então editor-chefe Rogério Medeiros, que permaneceu alguns meses no comando da redação que funcionava na Rua General Osório. Depois, Miriam acabou seguindo para Brasília, com o filho Vladimir Netto e o então marido, jornalista Marcelo Netto que, após ser jubilado pela Ufes pelo Decreto Lei 477, foi aprender jornalismo com Medeiros em A Gazeta.

Depois que se tornou governador, Élcio não parou de interferir nas redações. Em A Gazeta, através de seu dileto amigo Eugênio Pacheco de Queiroz, e em A Tribuna através do velho financiador João Santos Filho (com quem passou a viver uma relação difícil, sobretudo depois que Élcio apoiou o grupo Gazeta na escolha da empresa de comunicação que assumiria como afiliada da programação da Rede Globo, em 1975, vencida pelo grupo Gazeta). Isto levou Cariê a contratar de A Tribuna o então superintendente Plínio Marchini que foi ser o diretor comercial da nova emissora de TV. E Paulo Torre foi ser o editor-chefe do jornal A Gazeta. Foi quando eu assumi a direção de A Tribuna, até ser demitido juntamente com meu secretário de redação Luzimar Nogueira Dias, também a pedido de Élcio Álvares.

A gota d’água para nossa saída foi a manchete feita por Luzimar para o cumprimento de uma ordem do então governador do Estado para expulsarem um grupo de posseiros de uma área na Serra conhecida como Concheiras. A foto aberta na primeira página de A Tribuna com a PM derrubando barracos e expulsando homens, mulheres e crianças de suas casas, que foram derrubadas, irritou tanto o governador Élcio Alvares que ele chegou a discursar na Barra do Jucu inaugurando trecho da Rodovia do Sol dizendo que não aceitava “a insinuação malévola da legenda”.

É mais fácil pegar um mentiroso do que um manco. Até porque ele, anos depois, foi demitido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso do Ministério da Defesa por posturas incompatíveis com a moral, a ética e os bons costumes políticos. Da mesma forma que há poucos meses deixou melancolicamente a liderança do governo Casagrande na Assembleia.

Élcio iniciou sua carreira de radialista e teleasta no início dos anos 60 com um programa chamado “Quem Sou EU?”. Demorou, mas agora todo mundo já sabe quem ele é e como se formou seu caráter político.(Século Diário)

Presidente do Tribunal de Justiça agradece aumento aos deputados do Espírito Santo

Revela A Tribuna hoje:”Com o projeto de lei que reestrutura Judiciário, benefício por jurisdição estendida aumenta salário de R$ 25.260 para R$ 27.786,22″. Coisa pouca. Coisa pouca. Que a fome é grande.

Diz mais com esta foto legenda:

Bizzotto

“Sérgio Bizzotto, presidente do TJ-ES, disse que ficou sensibilizado com a aprovação por unanimidade do projeto e agradeceu à Assembléia”.

Ai se eu ganhasse um salário desse presente. Também ficaria derretido. E diria Caixinha, obrigado.

Veja outros sinônimos para sensibilizar:

1 abalar, impressionar.

2 afetar.

3 apiedar, comover, enternecer.

A palavra sensibilizar aparece também nas seguintes entradas:abrandar, pesar, emocionar, compungir, derreter, tocar, mover, embrandecer, mexer, impactar

É. Os deputados do Espírito Santo são bonzinhos. Até demais.

ESPÍRITO SANTO CAPITANIA HEREDITÁRIA

por Sérgio Neves

Universitária espírito-santense
Universitária espírito-santense
Doze quilômetros de caminhada e cinco horas de protesto na Grande Vitória
Doze quilômetros de caminhada e cinco horas de protesto na Grande Vitória

A cada dia que vivo neste frio chão, fico mais convencido de que a Terra de Ortiz continua do mesmo jeito, desde quando o Vasco Fernandes Coutinho aportou por estas bandas, foi parar em Vila Velha e depois na Ilha de Vitória, fazendo nascer o Espírito Santo. Não sou muito chegado à história capixaba – conheço um pouco da história da capital secreta, a oficial e muito mais a não oficial -.

E passados mais de quatro séculos, o estado continuado mesmo jeito- igual ao primo pobre do programa humorístico Balança, mas não cai que passava na extinta Tv Tupi. A elite branca dominante continua sendo igual aos senhores do tempo colonial e de vez em quando, para não perder, o poderio; faz graça com o proletariado – a velha política do pão e circo e sempre escolhem um mamulengo para morar no Palácio Anchieta, por quatro ou oito anos- que sempre se intitulam sendo o novo Moisés para levar o povo capixaba à terra prometida e o resultado é sempre o mesmo.

Protesto contra a corrupção, em 2011
Protesto contra a corrupção, em 2011

Nem Anchieta, que é santo, pode dar um jeito. Só mesmo, o Superior para acabar com esta bagunça e enquadrar os candidatos a mamulengo para os próximos quatro anos. Pena que estes mamulengos, já experimentaram o gosto do poder – como dizia o ACM, o poder é afrodisíaco e quem sempre acaba f. é o povo -E agora se digladiam para ver quem chega lá. O engraçado, é que a briga agora, vai ser entre o criador e a criatura. Antes a briga era embaixo do pé de café;agora, a peleja é na camada do pré-sal de onde se extrai o ouro negro.

Brigam , brigam , brigam e depois que chegam lá, ou dão amnésia das promessas que fizeram ou mostram suas verdadeiras personalidades recheadas do orgulho e do egoísmo. Isso se não fizerem as pazes após algum tempo em nome da famigerada geopolítica, enquanto preparam outros mamulengos para o próximo embate.

Pena que o povo não tem conhecimento de tudo isso que está acontecendo. A elite branca já tem o seu plano de domínio e nunca vai deixar chegar à verdade ao proletariado, para que ele faça a escolha de quem vai ser o melhor mamulengo para os próximos quatros anos. Enquanto eles brigam, a turma fica só assistindo de camarote a briga e faz as suas apostas, pensando no lucro que irão ter.

Enquanto isso, o Espírito Santo continua sendo e pelo andar da carruagem, continua a ser uma capitania hereditária de setenta e poucos municípios e o seu povo esperando por dias melhores, que nunca chegam. Pois assim caminha a humanidade.

760 cruzes foram fincadas na areia da Praia de Camburi, em Vitória, no dia 9 junho último
760 cruzes foram fincadas na areia da Praia de Camburi, em Vitória, no dia 9 junho último
Para impedir assembléia de roubados operários na portaria da ArcelorMittal Tubarão...
Para impedir assembléia de roubados operários na portaria da ArcelorMittal Tubarão…
... nunca faltou bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, cacete, muito cacete, cavalaria e cachorros
… nunca faltou polícia. Polícia bem armada. Polícia com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, cacete, muito cacete, cavalaria e cachorros. O eterno prende e arrebenta para defender os interesses das elites e dos piratas de todas as bandeiras


As legendas são do editor do blogue

EM NOME DO SANTO NOME

ES Farhad Foroutanian

Só o Espírito Santo
Só o Espírito Santo
produz dez por cento
de todo o aço do mundo

Para onde vai
toda essa riqueza
saqueada da Serra

Quais os barões
os tubarões
que ficam com esse dinheiro
que é do povo

Dinheiro roubado
de um Estado
que tem um nome
três vezes santo


Ilustração Farhad Foroutanian

O Espírito Santo produz 10 por cento de todo o aço do mundo. O povo não ganha nada. Todo o dinheiro vai para o bolso dos tubarões

país pobre pirata globalização

A ArcelorMittal Tubarão é uma produtora de aço do grupo ArcelorMittal, originalmente fundada em junho de 1976 como Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). O início de suas atividades aconteceu em novembro de 1983.

A empresa é resultado da privatização da estatal CST em 1992, nos governos de Fernando Collor e Albuíno Cunha de Azeredo.

Em outubro de 2005, nos governos Lula da Silva e Paulo Hartung, foi comprada pela Arcelor – junto com a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira e a ArcelorMittal Vega – dando origem ao grupo Arcelor Brasil [Brasil no nome, mas de brasileira tem apenas a riqueza roubada].

Em junho de 2012, nos governos Dilma Rousseff e Renato Casagrande, através de uma fusão com a Mittal Steel passou a se chamar ArcelorMittal, que hoje é responsável por 10% da produção mundial de aço vendida no mundo.

A ArcelorMittal Tubarão fabrica semi-acabados de aço – placas e bobinas laminadas a quente – com capacidade de produção de 7,5 milhões de toneladas ao ano. Localizada no município de Serra, na região da Grande Vitória, estado do Espírito Santo, no sudeste brasileiro, a empresa possui uma área total de 13,5 milhões de m², sendo 7 milhões de m² de área construída.

Serra deveria ser uma das principais cidades do mundo em riqueza e progresso, assim como Araxá, em Minas Gerais, que produz todo o nióbio do planeta.

A globalização, o capitalismo selvagem e a privatização das estatais transformaram o Brasil em um colônia dos tubarões de diferentes mares.

A ArcelorMittal Tubarão conta com um complexo portuário que inclui o Terminal de Produtos Siderúrgicos de Praia Mole, a apenas 8 quilômetros da planta industrial, e uma malha rodoferroviária: Estrada de Ferro Vitória-Minas e Ferrovia Centro – Atlântica (antiga Rede Ferroviária Federal) e Rodovias BR’s – 101 / 262. Essa infraestrutura favorece o recebimento das principais matérias-primas e insumos – principalmente minério de ferro e carvão mineral – e facilita o escoamento dos produtos.

A ArcelorMittal Tubarão fornece aços planos para os mercados da América do Norte, América Latina, Europa e Ásia. Fonte Wikipédia

Pedágio para atravessar as pontes de Vitória. Isso é roubo

Na Europa medieval os assaltantes de estrada cobravam pedágio, o mais lucrativo jeitinho de ganhar dinheiro fácil. Rende mais que o tráfico de drogas, de pessoas, de órgãos, com a vantagem de ser legal, pra lá de legal…

O Recife é chamada de Veneza Brasileira por suas pontes. Já pensou se o recifense pagasse pedágio para atravessar suas centenárias e novas pontes? Em Vitória do Espírito Santo é assim: em cada ponde uma cancela, um coletor de impostos, uma porteira de cobrança. Eta fábrica de fazer dinheiro para o enriquecimento dos amigos do rei.

Cansados de ser enganados, afanados, furtados, surrupiados, cem mil pessoas, em junho de 2013, enfrentou a polícia do governador Casagrande e foi para as ruas do povo protestar.

Polícia contra o povo nunca faltou
Polícia contra o povo nunca faltou

Pedágio: lucro de R$ 798 milhões

Relata Folha de Vitória: Numa sexta-feira (20), o maior protesto registrado no Espírito Santo. Na ocasião, 100 mil manifestantes foram às ruas da Grande Vitória, segundo estimativa da Polícia Militar. Além de percorrer ruas da capital, a população atravessou a Terceira Ponte, com destino à residência oficial do governador, na Praia da Costa, em Vila Velha.

A redução das tarifas do transporte público, a não-aprovação da PEC 37, e o fim do pedágio da Terceira Ponte estiveram entre as principais reivindicações do grupo. A suspensão do pedágio causou grandes debates na Assembleia Legislativa, que chegou a ser ocupada por manifestantes insatisfeitos com o arquivamento de um decreto legislativo, que tentava pôr fim à cobrança irregular.

Após muitas discussões, o pedágio foi suspenso, e auditores do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) começaram a analisar o contrato de concessão firmado entre o Governo do Estado, e a Rodosol, concessionária que administra a Terceira Ponte. O assunto ainda causa polêmica.

Em abril deste ano, a Corte de Contas divulgou um relatório inicial da auditoria, no qual aponta a obtenção de lucro de R$ 798 milhões por parte da concessionária. Na última segunda-feira (16), a Rodosol protocolou defesa no TCES, alegando ter registrado prejuízo de R$ 85,7 milhões. O caso deverá ser analisado por uma nova equipe da Corte. (Transcrevi, com cortes, trechos de uma reportagem da Folha Tribuna.

Manifestação reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a PM. Foto do jornalista Everton Nunes
Manifestação reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a PM. Foto do jornalista Everton Nunes

Camila em defesa de Serra contra os teremotos de uma mineradora dentro da cidade e as explosões de bombas contra o povo

A população reclama que sofre com os problemas há quatro décadas de explosões e poeira tóxica
A população reclama que sofre com os problemas há quatro décadas de explosões e poeira tóxica

O protesto dos moradores do bairro Pitanga, na Serra, que fechou a BR 101, aconteceu pela reivindicação de que a mineradora Tervap encerrasse as atividades no local. A empresa atua nas pedreiras da região próximas ao Mestre Álvaro há 44 anos e havia conseguido a autorização para continuar os trabalhos por mais quatro anos.

“Não queremos mais esse tipo de empresa no nosso bairro porque está destruindo o meio ambiente e temos um monte de problemas há décadas. O pó de pedra suja tudo, muitas crianças e idosos têm bronquite asmática. E as explosões parecem um terremoto, balançam tudo”, explica o líder comunitário Luiz Henrique Ribeiro, que mora em Pitanga há 46 anos.

As detonações costumam acontecer duas vezes por dia, de acordo com o que contam moradores, uma pela manhã, às 11h e outra no fim da tarde, às 17h. As explosões promovida pela mineradora causa rachaduras nas casas e quebram vidros de janelas.

Para Camila Valadão, que reside em Serra, as atividades de uma mineradora dentro de uma cidade só pode acontecer com o descaso de quarenta anos de prefeitos e governadores que não escutam as explosões de dinamite nem os clamores do povo. Ninguém revela o nome do dono da mineradora, nem as campanhas eleitorais que ele financia.

casagrande protesto

O cinismo da Tervap

A Tervap explica que atua na região do bairro Pitanga, na Serra, há 40 anos, “sempre de forma regular”. Alega que nos últimos dez anos vem explorando a pedreira no subsolo, numa profundidade de aproximadamente 20 metros, usando dinamite de linha silenciosa. A empresa garante que a tecnologia que ela utiliza possibilita que a população não seja afetada com emissões de poeira e de barulho, não causando também trepidação. Segundo o diretor administrativo da Tervap, José Carlos Zamprogno, estudos já mostraram que a atividade de produção de pedra britada “não causa doenças respiratórias nos moradores e nem causa rachaduras em residências”, contrariando o que denunciaram ontem manifestantes no protesto na BR 101. Segundo Zamprogno, rachaduras existentes nas moradias não são decorrentes de explosões da pedreira. Ele lembra que a Tervap, que recebeu licença para atuar na área até 2018, produz aproximadamente 10 mil metros de brita por mês, gerando 35 empregos diretos. “Temos famílias trabalhando com a gente há anos. A comunidade sabe que a empresa sempre se preocupou com ela e com o meio ambiente. Pessoas de fora da comunidade, com interesses pessoais, envolveram-se na manifestação”, afirma Zamprogno, insistindo que a Tervap “age dentro da legalidade” e admitindo que a Tervap deve sair do bairro, “mas não de uma hora para outra”. José Carlos Zamprogno, Diretor Administrativo da Tervap. Transcrevi trechos de reportagem da Gazeta, numa corajosa reportagem de Carla Sá, com acréscimos.

 O terremoto da Tervap 

Miqueias, de dois anos, deixa de ir à creche por conta da bronquite asmática. "Ele tem crises de asma, vive sofrendo com o pó", conta a mãe, a dona de casa Zelina Márcia do Amaral
Miqueias, de dois anos, deixa de ir à creche por conta da bronquite asmática. “Ele tem crises de asma, vive sofrendo com o pó”, conta a mãe, a dona de casa Zelina Márcia do Amaral
A comerciante Terezinha de Jesus Rodrigues, 60 anos, tem problemas respiratórios e sua casa tem várias rachaduras. "Quando eles explodem, parece um terremoto"
A comerciante Terezinha de Jesus Rodrigues, 60 anos, tem problemas respiratórios e sua casa tem várias rachaduras. “Quando eles explodem, parece um terremoto”

Mas como era de esperar, os justos protestos de 40 anos de sofrimento, tinham que terminar com a ação arbitrária da
polícia. Veja foto da Tribuna

Tribuna

Camila Valadão: Casagrande e Hartung são parceiros. Doze anos de mando

Camila debate 1

NO primeiro debate na TV, Camila Valadão questionou Casagrande sobre a participação popular e apontou para a falta de diálogo entre o governo, nos últimos 12 anos, e a população. “Todos nós sabemos que a marca do seu mandato e a do ex-governador Hartung é a intransigência e ausência de diálogo com o povo”.

Camila ressaltou a predominância dos dois candidatos. “Evidentemente, vimos aí uma polarização entre Hartung e Casagrande. Polarização essa que não tem como interesse a defesa dos direitos da população capixaba e, sim, de seus interesses privados. Os dois compõem o mesmo bloco que governa o Espírito Santo há 12 anos”, reafirmou.

Disse Camila: “Cabe destacar que no Espírito Santo prevalece a lógica que considera as políticas públicas de juventude como um elenco de programas isolados, de caráter pontual e de curta duração!

É preciso garantir direitos e políticas públicas de juventude!”.

motivos para votar em Camila

 

O jornalista José Rabelo escreveu um excelente texto, imparcial e verdadeiro, no Século Diário:

Crítica de Camila Valadão iguala as gestões de Casagrande e Hartung
Com discurso de oposição na ponta da língua, candidata do PSOL tentou mostrar ao eleitor que rivais defendem o mesmo projeto

 

Camila 2

 

por José Rabelo

 

Camila Valadão foi a surpresa positiva no debate promovido pela Rede Gazeta na manhã desta segunda-feira (28) — o primeiro entre os candidatos ao governo do Estado. A representante do PSOL assumiu com propriedade o posto de candidata de oposição, papel que o concorrente do PT, Roberto Carlos, preferiu renunciar.

A candidata do PSOL foi firme e coerente no seu discurso. Todas as perguntas que fez foram endereçadas aos candidatos Renato Casagrande (PSB) e Paulo Hartung (PMDB). Mesmo quando a pergunta era feita a um dos candidatos, ela procurava incluir o outro no enredo. A intenção era mostrar ao eleitor que os dois defendem o projeto das elites, ou seja, são iguais na essência.

Sem deixar se intimidar pela presença do último e atual ocupante do Palácio Anchieta, Camila Valadão equilibrou bem o discurso do PSOL, que não ficou com aquele tom de radicalismo que costuma assustar o eleitor mais conservador. Nas poucas oportunidades que teve, ela tentou mostrar que o partido tem o melhor projeto para o Espírito Santo.

As formulações da candidata deixaram claro que o Estado tem o mesmo projeto desde 2003, só mudou o operador com a entrada de Casagrande. Camila não aliviou nas críticas. Numa das questões que fez a Hartung sobre mobilidade urbana, ela acusou Hartung de ter feito uma gestão marcada pelo autoritarismo e pela falta de diálogo com os movimentos sociais. Camila testemunha que em 2005 sofreu a truculência da polícia nos protestos pela melhoria dos transportes públicos. “Sofri com a repressão do governo Hartung nos protestos. Até agora nada foi feito. Qual a proposta para o transporte?”

Hartung, que nada fez para melhorar os problemas de mobilidade da Grande Vitória, ignorou a pergunta da candidata e respondeu o que bem entendeu. “Com muito diálogo e parceria, o que faz parte da minha vida desde o movimento estudantil, quero construir uma cidade para o pedestre”, divagou.

Ela também cutucou Casagrande sobre os protestos de rua, tentando evidenciar as semelhanças entre os dois governos. “Quero falar sobre participação popular. No governo Hartung vimos repressão aos movimentos sociais e aos protestos. O mesmo ocorreu no governo Casagrande. Qual a sua proposta para esse tema?”.

Casagrande tentou fugir da pecha de governo que não dialoga com os movimentos sociais. Disse que estava ampliando os canais de comunicação com a sociedade. Ele acrescentou que seu governo constituiu conselhos que nunca foram criadas, se referindo ao governo anterior. Não disse, porém, que só os constituiu depois de muita pressão na sociedade civil organizada. “Não governo de forma autoritária. O cidadão não quer mais um governante dono da verdade e é nesse conceito que eu trabalho”, disse Casagrande, mais uma vez, se comparando ao antecessor.

A resposta, porém, parece não ter convencido a candidata do PSOL, que cravou: “Para o PSOL, a radicalização da democracia é imprescindível. Não adianta só investir na mídia corporativa. O governo precisa acatar o que a sociedade sugere”, destacou.

Nas considerações finais, Camila Valadão reforçou ao eleitor a mensagem de que os dois candidatos que polarizam a disputa defendem o mesmo projeto. “No Espírito Santo há alternativa. Ninguém precisa votar no velho. São 12 anos de dois candidatos governando o Estado. É o PSOL que não tem rabo preso”, enfatizou

 

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