Pedágio para atravessar as pontes de Vitória. Isso é roubo

Na Europa medieval os assaltantes de estrada cobravam pedágio, o mais lucrativo jeitinho de ganhar dinheiro fácil. Rende mais que o tráfico de drogas, de pessoas, de órgãos, com a vantagem de ser legal, pra lá de legal…

O Recife é chamada de Veneza Brasileira por suas pontes. Já pensou se o recifense pagasse pedágio para atravessar suas centenárias e novas pontes? Em Vitória do Espírito Santo é assim: em cada ponde uma cancela, um coletor de impostos, uma porteira de cobrança. Eta fábrica de fazer dinheiro para o enriquecimento dos amigos do rei.

Cansados de ser enganados, afanados, furtados, surrupiados, cem mil pessoas, em junho de 2013, enfrentou a polícia do governador Casagrande e foi para as ruas do povo protestar.

Polícia contra o povo nunca faltou
Polícia contra o povo nunca faltou

Pedágio: lucro de R$ 798 milhões

Relata Folha de Vitória: Numa sexta-feira (20), o maior protesto registrado no Espírito Santo. Na ocasião, 100 mil manifestantes foram às ruas da Grande Vitória, segundo estimativa da Polícia Militar. Além de percorrer ruas da capital, a população atravessou a Terceira Ponte, com destino à residência oficial do governador, na Praia da Costa, em Vila Velha.

A redução das tarifas do transporte público, a não-aprovação da PEC 37, e o fim do pedágio da Terceira Ponte estiveram entre as principais reivindicações do grupo. A suspensão do pedágio causou grandes debates na Assembleia Legislativa, que chegou a ser ocupada por manifestantes insatisfeitos com o arquivamento de um decreto legislativo, que tentava pôr fim à cobrança irregular.

Após muitas discussões, o pedágio foi suspenso, e auditores do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) começaram a analisar o contrato de concessão firmado entre o Governo do Estado, e a Rodosol, concessionária que administra a Terceira Ponte. O assunto ainda causa polêmica.

Em abril deste ano, a Corte de Contas divulgou um relatório inicial da auditoria, no qual aponta a obtenção de lucro de R$ 798 milhões por parte da concessionária. Na última segunda-feira (16), a Rodosol protocolou defesa no TCES, alegando ter registrado prejuízo de R$ 85,7 milhões. O caso deverá ser analisado por uma nova equipe da Corte. (Transcrevi, com cortes, trechos de uma reportagem da Folha Tribuna.

Manifestação reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a PM. Foto do jornalista Everton Nunes
Manifestação reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo a PM. Foto do jornalista Everton Nunes

Quando o governador Casa Grande destruiu Nova Esperança. Morte de moradora

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O povo contra a polícia de Casagrande, em Nova Esperança
O povo contra a polícia de Casagrande, em Nova Esperança

 

Em maio de 2011, ao completar cinco meses de governo, Renato Casagrande mostrou a cara de sua polícia. O prende e arrebenta dos tempos da ditadura militar.

A violência policial em um despejo, teve a pronta reação de Camila Valadão: “O Partido Socialismo e Liberdade no Espírito Santo (PSOL-ES) vem expressar sua irrestrita solidariedade às/aos militantes e a todas/os que sofreram com as violações aos Direitos Humanos ocorridas em Barra do Riacho, no município de Aracruz.

Foram atingidos pela truculência policial tanto militantes da ocupação, que apenas lutavam pelo seu direito constitucional à moradia e não ofereceram resistência à ação policial, quanto militantes defensores de Direitos Humanos que se dirigiram ao local tão-somente para tentar intermediar uma saída negociada para o conflito.

Diante de tanto desrespeito, o PSOL-ES só pode reafirmar sua firme oposição ao Governo Renato Casagrande (PSB), e ao prefeito de Aracruz Ademar Devens (PMDB), que trata os movimentos sociais como caso de polícia. Nos colocamos à disposição d@s lutador@s do povo que estão sofrendo com a criminalização da luta por direitos no Espírito Santo”.

LEGENDA DO MEDO

Para retirar 330 famílias do loteamento Nova Esperança, no distrito de Barra do Riacho, no município de Aracruz (ES), a Polícia Militar (PM) realizou uma operação de guerra nesta quarta-feira (18). Foram mobilizados cerca de 400 policiais da Rondas Ostensivas Táticas Motorizada (Rotam), do Grupo de Apoio Operacional (Gao) e do Batalhão de Missões Especiais (BME). Usaram helicóptero, cavalaria, cachorros, tratores, bomba de gás, tiros de borracha e muita violência física e moral.

Assim, cerca de 1,6 mil ficaram desabrigadas.(Fonte: Página Global)

DESPEJO COM MORTE

A área pertence à prefeitura de Aracruz e a Justiça emitiu um mandado de reintegração de posse há cerca de seis meses. Porém, de acordo com os moradores, eles não receberam nenhuma ação de despejo e nunca foram procurados pela administração municipal para negociar.

A violenta ação policial chocou a comunidade. Até o CEDH foi tratado com agressividade. “Fomos recebidos com bombas de gás lacrimogênio. Posteriormente, nos disseram [polícia] que qualquer contato teria que ser feito pelo 190. Um desrespeito total!”, disse Arthur Moreira, membro do conselho.

De acordo com o militante do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), Bruno Lima, outra conseqüência negativa da ação policial foi a morte de dona Santa da Silva Pessanha, na quinta-feira (19):

“Ela estava em casa na hora da ação e foi obrigada a sair do pelos policiais, quando começou a passar mal. Ela não foi autorizada a voltar para pegar seus remédios controlados para pressão alta. Quando a PM liberou e Dona Santa iria entrar na casa, retomaram os tiros e bombas. Passando mal, Dona Santa foi internada em estado grave no hospital de Aracruz, e morreu, resultado de um AVC”.

A habitação é um problema crônico no município de Aracruz, mesmo sendo esta região composta por empreendimentos de peso. Ali estão instaladas atividades da Petrobras, Fibria (ex-Aracruz Celulose), Nutripetro e Nutrigás. A menos de um ano, a prefeitura local doou um terreno avaliado em R$ 25 milhões para a construção do estaleiro da Jurong – gigante do setor naval com presença nos Estados Unidos, China, Cingapura e Oriente Médio.

DAVI GOMES, O SELVAGEM

O atual secretário de habitação de Aracruz, Davi Gomes é conhecido pela violência utilizada contra populações indígenas e quilombolas em conflitos que protagonizou a serviço da então Aracruz Celulose, em 2006. À época, Gomes era presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Madeira de Aracruz (Sintiema), posição que ocupou por 22 anos, até ser afastado pelos próprios trabalhadores em assembléia da categoria – decisão validada pela Justiça em janeiro deste ano.

Homens ligados ao Sintiema, liderados por Davi Gomes, atacaram violentamente índios que ocuparam o porto da ex-Aracruz (Portocel), em luta pela demarcação de terras na área da papeleira. Até o deputado e cadeirante Claudio Vereza (PT).

O SUJEITO CASAGRANDE

O Centro Acadêmico Livre de Psicologia “Maria Clara da Silva” do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, também expressou a solidariedade às pessoa cujos direitos constitucionais e humanos foram violados no ato da desocupação de um terreno no bairro Nova Esperança, na localidade de Barra do Riacho no município de Aracruz.

O CALPSI-UFES manifestou repúdio à ação policial violenta efetivada contra as pessoas que ali habitavam, entre elas, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

“Segundo diversas fontes seguras de informação, os policiais feriram as pessoas fisicamente com bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral, e utilizaram a cavalaria, cães e um helicóptero a fim de coagir pessoas de várias idades que estavam desarmadas, em busca do diálogo com os policiais e tentando defender pacificamente suas habitações.

Com violência intensa e violando direitos constitucionais e humanos, os policiais conseguiram afastar as pessoas de suas casas e destruir as residências construídas no terreno da Prefeitura de Aracruz.

Não só os habitantes do terreno, porém, militantes que lutam pelo direito à moradia e militantes dos direitos humanos foram desrespeitados no seu direito à manifestação pacífica e foram impedidos de dialogar. Alguns tiveram ferimentos físicos e sofreram assédio moral por parte de policiais.

Cabe aqui ressaltar a hipocrisia e incoerência da instituição Polícia Militar do Espírito Santo que lista em seu site Ética, Interesse Público e Priorização dos Direitos Humanos como valores institucionais e que, no episódio do dia 18 de Maio de 2011, lutou contra pessoas desarmadas e organizadas pacificamente e que desconsiderou direitos constitucionais e humanos a custo de guerrear contra o povo pobre e desarmado do Espírito Santo.

Declaramos firme desacordo com os sujeitos Renato Casagrande e Ademar Devens, respectivamente, Governador do Espírito Santo e prefeito de Aracruz. Estes sujeitos desconsideraram a necessidade das pessoas no seu direito à habitação e deliberaram que a Polícia Militar do Espírito Santo travasse uma batalha sangrenta com a população do bairro Nova Esperança para a desocupação de um terreno público. O fato ocorrido em Barra do Riacho produziu intensa indignação contra esses sujeitos eleitos pelo povo capixaba”.

 

 

 

 

Violência policial no Espírito Santo

A mania de matar negro
A mania de matar negro

A polícia comandada pelo governador Renato Casagrande, Espírito Santo, não prende, mata.

Denuncia o portal Direiro à Cidade: Os protestos de moradores dos bairros populares por causa de mortes causados por ações policiais tem se tornado cada vez mais comum no Espírito Santo e no Brasil, como um todo. A polícia normalmente alega que tais mortes são ocasionadas pela troca de tiros com “bandidos”. Por outro lado, a população alega que os Agentes da Segurança Pública agem de forma truculenta e irresponsável nesses bairros.

Caso do jovem Hearles, morto pela PM, em Jardim Carapina (Serra) no final do ano passado.

Versão da polícia: “Os militares teriam solicitado para que os amigos parassem, ordem que não foi obedecida pelos dois jovens. A PM afirmou que Hearlei e o amigo sacaram armas e atiraram contra os policiais, que revidaram os tiros.”

Versão da população: “Ele se assustou quando viu a viatura e os militares atiraram. Ele caiu da bicicleta, e ainda no chão, os PMs atiraram. Só pararam porque o pessoal que estava no culto da igreja saiu e viu a cena”, disse um primo de Hearles, que não quer ser identificado.

Esses fatos recentes de violência policial não é novidade alguma. Historicamente os bairros periféricos são tratados como “caso de polícia” em vez de serem alvos de políticas públicas nas áreas de saúde, educação e emprego. No entanto, esses protestos revelam que a população tem tomado consciência de seus direitos e lutando por eles. A instituição PM requer uma reforma urgente.

Brasil não tem Camila Vallejo. Tem Camila Valadão

Camila Vallejo, um mito internacional
Camila Vallejo, um mito internacional

Camila Vallejo revolucionou o Chile, promovendo uma greve de oito meses, com o apoio dos estudantes, professores e pais de alunos, pelo ensino público grátis. Conseguiu o primeiro mandato de deputada federal, e os chilenos sonham elegê-la presidente.

A greve de Camila Vallejo apagou de vez a legenda do medo criada pelo ditador Pinochet. Será que Camila Valadão conseguirá mudar o Espírito Santo, um estado com seu meio-ambiente ameaçado pelo Porto de Açu, pouso de naves dos traficantes de cocaína, invadido pelos milicianos e bicheiros do Rio de Janeiro e repleto de corruptos no executivo, no legislativo e no judiciário?

Camila Valadão, do PSOL, concorre pela 1ª vez em uma eleição e é a mais jovem a tentar o cargo de governador em 2014

 

por Aretha Martins

O que você faz aos 29 anos? Busca um bom emprego, deixa a casa dos pais, pensa em casar? Camila Valadão se encaixa em parte desse perfil, mas tenta um pouco mais. A 28 dias de completar 30 anos, idade mínima estabelecida pela Constituição para um governador, a representante do PSOL é a candidata mais jovem ao governo estadual nas eleições deste ano, concorrendo ao cargo no Espírito Santo.

Camila, que se descreve como da oposição, é assistente social e mestre em política social pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e disputa o seu primeiro pleito. Desde o começo do ano, quando deixou a casa da mãe, Rita de Cássia, no município da Serra, mora sozinha na capital Vitória para cuidar da campanha. “Facilita para a candidatura, para cumprir a agenda. Mas minha mãe vem sempre para ajudar, principalmente com as coisas da casa”, disse a candidata em entrevista ao iG.

Militante desde os 17 anos – começou no PT e migrou para o PSOL em 2005 –, Camila afirma que a primeira reação ao saber que seu nome era cotado para disputar o governo do Estado foi um susto. “Eu fiquei muito aflita e muito desesperada. Eu pensava: ‘Não tem como, não tenho preparação ou qualificação para isso’”, relembrou Camila, escolhida pelo partido depois de meses de debates por se encaixar no perfil de alguém com potencial para dialogar com a juventude e várias classes sociais.

“Até a homologação, eu acordava todos os dias pensando: ‘É isso mesmo? Sou candidata mesmo? É real?’. Agora eu já assimilei a tarefa e tenho vivido tudo em torno dela. Já tenho tocado a agenda da candidatura na íntegra. O medo já passou”, afirmou.

Para ela, a candidatura é mais um trabalho, e a pouca idade em relação aos concorrentes – Casagrande, candidato à reeleição, tem 53 anos e Paulo Hartung, que já foi governador do Espírito Santo, tem 57 – não é um problema. Camila afirma que, apesar de ela e seu partido saberem que governar um Estado é uma grande responsabilidade, não é uma tarefa absurda pela premissa de que quem governa não governa só. “Certamente o nosso governo não seria o da Camila e seus 30 anos de idade, mas das ideias que a gente está se propondo a defender”, comentou.

Estréia na disputa

Camila Valadão é professora e já trabalhou como assistente social
Camila Valadão é professora e já trabalhou como assistente social

Antes de 2014, a candidata era concorrente apenas nos sonhos do pai, Sérgio Valadão. “Eu falava que ia ser presidente quando eu era criança, e meu pai apoiava. Lembro bem que na, eleição anterior, quando Dilma já aparecia com chance, meu pai dizia: ‘Ela não vai ser eleita porque a primeira presidente mulher do Brasil será você’. Ele continuou com a ideia, eu que a abandonei assim que cresci. Eu sempre quis ser professora”, conta.

Apesar de ter desistido da ideia de ser presidente, a jovem cresceu rodeada por políticos. Seus pais ajudaram a fundar o PT na cidade de Serra, por exemplo. Ela relembra ter crescido no meio das atividades, de plenárias, em comícios, em visitas a assentamentos do MST. Entretanto, a primeira possibilidade de uma candidatura veio em 2010. O PSOL cogitou que ela concorresse à Prefeitura de Vitória naquele ano, mas o final do mestrado e a dissertação a impediram de seguir com a ideia.

Camila Valadão é professora e já trabalhou como assistente social
Agora, a primeira candidatura de Camila é logo para o cargo de governador. “Até o momento, a receptividade em torno da campanha tem sido muito positiva. Acho que as pessoas têm se surpreendido. Ousadia é a palavra que a gente tem escutado de muita gente e inclusive usamos isso até no slogan da campanha”, explicou. Será que começar pelo governo pode significar ambição para os eleitores? “Até o momento eu não tenho percebido isso, não. Vamos ver mais para frente”, respondeu.

O episódio que ela conta como desconfortável foi no dia da homologação da campanha, quando relata ter recebido um tratamento diferenciado em relação aos outros candidatos. “O governador, o Casagrande, me cumprimentou com um beijo na testa. Eu fiquei incomodadíssima com isso. Os outros ele cumprimentou com aperto de mão. Eu achei um ato machista e uma tentativa de inferiorização. Quem você beija na testa? Um amigo ou um filho. Eles podem ter essa percepção por eu ser uma jovem, mas posso assegurar que essa jovem vai dar muito trabalho”, desafiou a candidata. Segundo ela, os debates serão uma boa oportunidade para a população ver como “estamos bem preparados”.

Já algumas reações ela encara com bom humor. Solteira, Camila Valadão é alvo de pretendentes. “Já recebi muitos pedidos de casamento pelo Facebook. Acham que estou participando das eleições para casar, mas não é.”

Apesar da rotina intensa com a campanha e do desafio de tentar ser a governadora mais nova do Brasil – Ciro Gomes assumiu o comando do Ceará em 1990, aos 32 anos –, a candidata do PSOL não deixa de lado as atividades corriqueiras e que lhe dão prazer. “Adoro sair, ouvir música e gosto muito de ler. Gosto de MBP, rock, forró… Gosto muito de leitura que tenha a ver com tema de política, mas também literatura em geral”, resumiu.

Camila

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