Vai ser um deus nos acuda. Milhões de aposentados – velhos, quem tem mais de 60 anos; idosos, depois dos 65; e anciãos, quem passou dos 70 -, os pés-na-cova, vão fazer filas e mais filas, na Caixa Econômica, para provar que não são zumbis, e sim almas penadas. Miseráveis sobreviventes de um sistema capitalista selvagem.
Com uma indigente aposentadoria ou pensão, no valor de um salário mínimo do mínimo, comer e apagar aluguel constituem um verdadeiro milagre.
Sempre fica faltando tudo que a velhice pede: medicamentos, dinheiro para pagar uma companhia (ou enfermeiro ou assistente social ou um guia de cego), um taxi para ir a um pronto-socorro, vestimenta apropriada para o verão e o inverno, óculos, dentadura, aparelho para surdez, o caixão mortuário, água mineral, água morna para o banho. Não sobra trocado nem para possuir uma vela para clarear um barraco ou um kitinete, e alumiar o caminho de ida para o outro mundo.
Profundamente humilhante receber uma aposentadoria mínima, e um escárnio ir à Caixa Econômica provar que é um vivo honesto. Esta prova não se pede dos que roubam o legislativo, o executivo, o judiciário. Leia a manchete: em 17 estados, repletos de corruptos, pegaram apenas três ladrões com ficha suja.
Ninguém precisava provar que continua vivo. A convocação fúnebre, verdadeira tortura para quem sofre várias enfermidades comuns na velhice, serve apenas como uma confissão do INSS de que não dispõe de nenhum serviço para atender a domicílio os que recebem medicação contínua, os que padecem de doenças crônicas, inclusive os incapacitados fisicamente e os moribundos.
Faltam médico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta e assistente social. É um INSS corrupto. Pra lá de corrupto. Que precisa provar muita coisa. Inclusive se continua vivo. Porque sempre foi comandado por “vivos”, por muita gente sabida, sábias em desvios.