FILHA DE CUNHA PEDIU ‘PUNIÇÃO AOS CRIMINOSOS’

Rio 247 – Investigada pela Procuradoria Geral da República por por possuir cartão vinculado a uma das contas secretas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), na Suíça, a publicitária Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, filha de Cunha, defendeu em seu facebook a “punição aos criminosos”, em post de janeiro. Passados 10 meses, Cunha já foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e se avolumam delações que implicam o deputado ao esquema de corrupção da Petrobras.
“Campanha suja dá nisso. Agora a vitória é no primeiro turno e punição para os criminosos”, escreveu Danielle Cunha ao compartilhar post do pai, que desmentia qualquer envolvimento com as investigações da Lava Jato. Cunha estava na reta final da campanha pela presidência da Câmara. A publicitária integrou a equipe que deu suporte a Cunha em suas viagens pelo País, o que depois lhe rendeu a contratação de seus serviços por parte de aliados de Cunha no Congresso Nacional.
Nos bastidores, o peemedebista estaria preocupado com o envolvimento da filha e da esposa, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, nas citações da PGR. Sem foro privilegiado como ele, ambas poderiam correr o risco de prisão por conta das investigações.
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iNVESTIGAÇÃO ABRANGE ESPOSA E FILHA

PGR – A pedido da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal abriu outro inquérito contra o deputado Eduardo Cunha por causa de duas contas bancárias mantidas na Suíça: a Netherton Investments Pte Ltd e a conta numerada 45478512, denominada conta Kopek, em nome de sua esposa, Cláudia Cordeiro Cruz, ambas mantidas no Banco Julius Bäer.
As petições foram enviadas no Inquérito 3983, que investiga o recebimento de vantagens indevidas pelo deputado a partir de contratos da Petrobras para aquisição de navios-sonda destinados à perfuração de poços de petróleo, e deram origem ao Inquérito 4146. A PGR sustenta que há indícios de corrupção e lavagem de dinheiro por parte de Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. Para Eugênio Aragão, a filha de Eduardo Cunha, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, também deve ser investigada por ser detentora de cartão de crédito vinculado à conta Kopek.
As contas envolvendo Eduardo Cunha e seus familiares foram descobertas pelo Ministério Público Suíço, como desdobramento das investigações relativas à Operação Lava Jato no Brasil. O processo foi transferido para a Procuradoria-Geral da República do Brasil considerando que o deputado é brasileiro, está no país e não poderia ser extraditado para a Suíça. Além disso, concluiu-se que a maioria das infrações foram praticadas no Brasil e que a persecução penal será mais eficiente no território nacional. Para a PGR, a documentação enviada pela Suíça permite compreender o esquema, ao menos para a instauração de inquérito e a decretação de medidas cautelares.
Esquema – Além das contas que são objeto do inquérito, outras duas que tinham como beneficiário Eduardo Cunha foram mencionadas pela Suíça: Orion SP e Triumph SP. Ambas foram fechadas pelo investigado pouco depois da deflagração da Operação Lava Jato. A Orion recebeu pagamentos no total de 1,311 milhão de francos suíços da conta da empresa Acona International Investments, que tinha como beneficiário João Augusto Rezende Henriques, preso preventivamente e denunciado pelo MPF em Curitiba em razão da intermediação de propinas ligadas à sonda Pride/Vantage Drilling e Petrobras.
Segundo os registros bancários, um “termo de compromisso” firmado entre a Acona e a Lusitânia Petroleum Ltd, controlada por Idalécio de Oliveira, previu uma taxa de sucesso de 10 milhões de dólares para a Acona desde que a empresa Compagnie Béninoise de Hydrocarbures Sarl (CBH), também controlada por Idalécio de Oliveira, vendesse 50% de suas ações em um campo petrolífero no Benin para a Petrobras Oil e Gas BV, pelo preço de 34,5 milhões de dólares. Tal aquisição de fato aconteceu e foi comprovada por meio de documentos obtidos junto à Petrobras.
Após o contrato entre a Petrobras e a CBH, foi transferida a quantia de 34,5 milhões de dólares da Petrobras à CBH. Dois dias depois, a Lusitânia transferiu 10 milhões de dólares para a Acona. Em seguida, João Henriques transferiu parte desses honorários, no valor de 1,311 milhão de francos suíços, da conta da Acona para a conta Orion SP. Uma parte considerável dessa quantia foi transferida da Orion SP para a conta de Netherton Investments e desta para a conta numerada 45478512, denominada conta Kopek, em nome de Cláudia Cordeiro Cruz, esposa de Cunha.
A PGR informa ainda que a conta da offshore Triumph SP transferiu valores no total de 1,050 milhão de dólares para a conta de Cláudia Cruz e que diversas outras transferências em favor de Eduardo Cunha, em especial contas mantidas no Merril Lynch International, devem compor o mesmo contexto de operações ilícitas.
Patrimônio – Em relação à titularidade das contas objeto da transferência de processo por parte da Suíça, o procurador-geral em exercício explica que não há a menor dúvida de sua vinculação com Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. Para ele, os elementos neste sentido são abundantes e evidentes. “Há cópias de passaportes – inclusive diplomáticos – do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto”, diz. Seu patrimônio estimado, à época da abertura da conta, era de aproximadamente 16 milhões de dólares.
A Procuradoria-Geral da República aponta ainda a evolução patrimonial de 214% de Eduardo Cunha entre os anos de 2002 e 2014. Atualmente, o patrimônio declarado dele é de R$ 1,6 milhão, conforme suas declarações de patrimônio à Justiça Eleitoral. Em 2002, o valor declarado era de R$ 525.768,00. Para o procurador-geral em exercício, há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas e, ao menos em relação a Eduardo Cunha, são produto de crime.
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