Seminário em Lisboa dos golpistas Gilmar e Cedraz fracassou

Como é que se lembraram de marcar um seminário sobre o futuro constitucional do Brasil (e de Portugal, olha só) para o 52º aniversário do golpe que derrubou um presidente eleito e instaurou uma ditadura militar?

 

Francisco Louçã, economista e político português, avalia que “só haveria uma razão” para que políticos e juristas brasileiros viajassem para Lisboa para “conspirar por telefone” contra o governo Dilma: “procurarem um endosso internacional para as suas diligências, fazerem-se fotografar ao lado das autoridades de Portugal. Se era esse o objetivo, fracassou”; “Ficando deserto de autoridades, o seminário limitar-se-á então, se ainda se vier a manter com tantos abandonos, a uma conversa entre juristas e políticos brasileiros sobre a graça do golpe que está a decorrer. Suponho que só a TAP agradecerá a cortesia”, ironiza o escritor

 

Um imbróglio em Lisboa

 

por Francisco Louçã

Quem se lembrou de uma coisa destas? Admitamos que o seminário “luso-brasileiro” que vai decorrer na Faculdade de Direito de Lisboa já estava programado antes da crise desencadeada pela golpaça político-judicial em curso no Brasil. Se assim for, há uma questão a que falta responder: como é que se lembraram de marcar um seminário sobre o futuro constitucional do Brasil (e de Portugal, olha só) para o 52º aniversário do golpe que derrubou um presidente eleito e instaurou uma ditadura militar? Como não há coincidências na vida, ou fugiu o pé para o chinelo ou é uma declaração de guerra com um atlântico pelo meio. Presumo que seja o chinelo.

Também não lembraria a ninguém que o vice-presidente brasileiro, e primeiro potencial beneficiário da eventual deposição de Dilma Roussef, escolha sair do país por uns dias precisamente quando o seu partido, o PMDB, tomará a decisão de sair do governo e se juntar aos parlamentares derrubistas. Mas é isso que anuncia o programa do evento. Pior, acrescenta outros pesos-pesados da direita, estes do PSDB, José Serra e Aécio Neves, sendo que o primeiro não estava previsto no programa original. O que os levaria a levantar voo do Brasil para se limitarem a conspirar por telefone?

Só haveria uma razão, procurarem um endosso internacional para as suas diligências, fazerem-se fotografar ao lado das autoridades de Portugal. Se era esse o objectivo, fracassou. Os serviços do Presidente português anunciaram que a agenda não lhe permite ir ao seminário e até o ex-primeiro ministro Passos Coelho se pôs de fora.

O detalhe da exclusão de Passos acrescenta ainda algum picante à história, dado que o PÚBLICO revela que “já Jorge de Miranda garante que a presença do ex-primeiro-ministro levantou dúvidas quanto à pertinência académica do seu contributo”. Excelente: o seminário era de tão alta qualidade que os organizadores se esqueceram de consultar a “pertinência académica” do “contributo” dos oradores que convidaram. Passos deve estar reconhecido por mais esta. Paulo Portas, que também foi anunciado para o encontro, mantém-se mais discreto e, adivinho, de fora do imbróglio. Resta saber se Maria Luís Albuquerque, anunciada no Brasil como professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, abrilhantará o encontro com a sua presença.

Ficando deserto de autoridades, o seminário limitar-se-á então, se ainda se vier a manter com tantos abandonos, a uma conversa entre juristas e políticos brasileiros sobre a graça do golpe que está a decorrer. Suponho que só a TAP agradecerá a cortesia.

Nota (16.30, dia 24): o vice-presidente do Brasil cancelou a sua viagem. O benefício da TAP com o evento será mais reduzido.

Família de Cunha derrama dinheiro nos Estados Unidos e Europa. Jornalista Claudia Cruz gastou 59,7 mil dólares com academia de tênis na Flórida, e a filha na Espanha. Ô vida boa!

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Suíça detalha caminho de dinheiro e fecha o cerco
Dossiê entregue à PGR movimentações desde contrato da Petrobras até mulher de Cunha

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Paixão
Paixão

por Rodolfo Borges
El País/ Espanha

A situação de Eduardo Cunha à frente da Câmara dos Deputados ficou ainda mais frágil nesta sexta-feira quando se tornaram públicos detalhes de movimentações de dinheiro nas contas que o Ministério Público suíço atribui ao peemedebista. Segundo os dados entregues pelas autoridades da Suíça à Procuradoria-Geral da República brasileira, o dinheiro espalhado por quatro contas bancárias abertas pelo presidente da Câmara por meio de diferentes empresas teria origem em um contrato da Petrobras no Benin.

Já alvo de pressões para deixar o posto desde que as primeiras informações sobre suas contas no exterior foram reveladas — contas, aliás, que o deputado negou ter durante depoimento à CPI da Petrobras em março —, Cunha agora se vê confrontado com a informação pública de que sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, gastou 59,7 mil dólares com o cartão de crédito de uma das contas suíças na IMG Academies, academia de tênis do treinador Nick Bollettieri, na Flórida. Também foram rastreados pagamentos para MBA da filha de Cunha na Espanha.

No total, teriam saído 525 mil dólares de um cartão de crédito entre janeiro de 2013 e abril de 2015 e mais 316,5 mil de 2008 a 2012, informam os jornais Folha de S.Paulo e O Globo. Esse dinheiro é parte de uma soma equivalente a pelo menos 22 milhões de reais dividida em quatro contas, segundo o Ministério Público suíço. Desse valor, 5,1 milhões de reais teriam saído de uma offshore como propina do empresário João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB, para a Orion SP, de Cunha, em 2011, três meses depois de a Petrobras fechar negócio no Benin.

Confrontado com os detalhes, o presidente da Câmara repetiu que só vai se manifestar sobre o assunto ao conhecer os detalhes do processo encaminhado pela suíça para as autoridades brasileiras. Enquanto isso, o peemedebista vai tendo a imagem desgastada. Nesta semana, um grupo de deputados de seis partidos apresentou uma representação protocolaram a primeira representação formal contra Cunha, entregue à Corregedoria da Câmara.
Opositores do deputado também já falam em interpelá-lo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa.

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Cerca de 100 mil torcedores argentinos viajam para o Mundial no Brasil

Eleonora Gosman/ El Clarín

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Essa é a estimativa dos organizadores do campeonato. Para a mídia brasileira é uma “invasão azul e branca”.

No dia da abertura do Mundial, na quinta, 12 de junho, já não havia passagens aéreas disponíveis para o Rio de Janeiro. Espera-se a chegada de cerca de 100.000 argentinos para ver a Copa até o dia 13 de julho, na final do evento.

Com 61.000 ingressos adquiridos, a Argentina foi o terceiro país comprador de entradas entre os países visitantes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e, obviamente, do Brasil.

Uma breve consulta entre aqueles que já aterrissaram em território brasileiro revela que muitos vieram com a camisa da seleção argentina e tradicional ‘mate’ (como os argentinos chamam o chimarrão) – mas sem ingressos para ver as partidas da seleção.

Festa
“Onde vai ser a festa?”, perguntava um torcedor jovem com claro sotaque portenho no aeroporto internacional do Galeão. Ele e o seu grupo querem ir à Fan Fest, financiada pela FIFA no Rio, para se divertir e seguir a partida entre a Argentina e a Bósnia neste domingo, 15 de junho, em um telão.
Mas antes tentarão encontrar “alguém” que lhes venda algum ingresso, seja no Maracanã ou no Mineirão, em Belo Horizonte, onde será o segundo jogo da seleção argentina, dessa vez com o Irã.
Conscientes das animosidades que podem acontecer em uma disputa final entre o Brasil e a Argentina, os “hermanos” (como os brasileiros costumam chamar os argentinos) sabem que esse jogo será um “pesadelo”, que nenhuma boa energia e bom astral será capaz de amainar.
“Cheguei há quatro dias e até agora tudo correu bem”, disse um jovem da província argentina de Santa Fe em resposta a uma pergunta de uma repórter do jornal O Globo.
“Mas não entendemos o que está acontecendo com o humor dos brasileiros. Até agora não vimos muito entusiasmo”. Mas ele também disse ao jornal carioca que podia entender a decepção entre os brasileiros por causa “dos problemas de corrupção que ficaram expostos”.
Um levantamento da Secretaria de Turismo do Rio mostrou que entre sábado e domingo haverá uma “explosão” de voos charter que devem chegar ao aeroporto internacional do Galeão.

A maioria procedente da Argentina, Uruguai, Chile e México.
Cem mil
O embaixador da Argentina no Brasil, Luis María Kreckler, disse à emissoras de rádio que esta vigésima Copa da FIFA será “tranquila”.

E destacou a expectativa pela presença massiva dos argentinos no Munidal.

“Nossa estimativa é que chegarão entre 80.000 e 100.000 argentinos”.

Esse é o número com o qual a Secretaria Especial da Copa trabalha.
Epicentro

Calcula-se que a maior parte desse grupo de torcedores terá como epicentro Porto Alegre, onde a Argentina jogará contra a Nigéria sua última partida da fase eliminatória.
Pela aproximação geográfica, muitos devem viajar de ônibus ou de carro, para participar de uma festa futebolística – talvez não necessariamente no estádio -, mas diante dos telões que estarão disponíveis nas 12 cidades-sede da Copa.
De acordo com Kreckler, não é preciso temer desordens durante os jogos. “Aqui falou-se que o Brasil vive um momento de muitos protestos e quem está aqui vê que não é bem assim”.

Por via das dúvidas, como fazem outras representações diplomáticas, a Embaixada argentina aconselhou os turistas do país a tomarem precauções.
Conselhos

Alguns conselhos apontam, por exemplo, à vestimenta e aos objetos à vista. Nada de celulares nem de relógios caros. Também não se deve andar com muito dinheiro no bolso, apenas o suficiente para conformar um eventual ladrão.
E nada também de exibir máquinas fotográficas estilo profissional ou câmeras de filmes. As autoridades recomendam ainda que, na medida do possível, os turistas andem em grupos, de dia e por lugares bem iluminados.
É verdade que a segurança se tornou ostensiva desde a abertura do Mundial.
Há grupos de policiais em vários pontos e principalmente perto dos estádios.

O assassinato de DG revolta o carioca

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Reproduções das capas do Extra, O Dia e O Globo. Escreveu o deputado Garotinho: “Copacabana viveu momentos de terror e guerra. Ainda tem muita coisa obscura, mas o fato é que mais uma vez a Zona Sul fica refém da violência. Aliás, a propaganda enganosa da pacificação cria situações absurdas. Um grupo de franceses chegou para se hospedar num albergue no Pavão-Pavãozinho porque ouviu falar que era um lugar completamente tranquilo e barato. Devem ter entrado em pânico com o tiroteio e a guerra que se seguiu”.

Não entraram em pânico. Parece que Garotinho desconhece o chamado turismo de favela, ou turismo da miséria, ou o turismo sádico, chamado de slumming. O desejo dos turistas era ver sangue derramado. Como faziam os antigos romanos nas arenas de gladiadores. Como se faz hoje nos ringues de boxe, nas pistas de corridas de carro.

O deputado Chico Alencar foi mais realista:

PELO MENOS DUAS MORTES E MUITA REVOLTA NO PAVÃO-PAVÃOZINHO

As informações são chocantes: Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, de 25 anos, dançarino do programa ‘Esquenta’, da TV Globo, foi encontrado morto na Creche Escola Lar de Pierina, na comunidade Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio.

O corpo foi encontrado cheio de escoriações. A Secretaria de Segurança, pelo twitter, disse que um laudo da polícia civil teria apontado para morte por queda. Em pelo menos uma matéria na internet, há a informação de que Douglas estaria fugindo de um tiroteio quando caiu de uma grande altura.

Há outra versão, no entanto. Douglas teria sido confundido com um traficante, torturado e morto por policiais da UPP. É a versão de moradores e de parentes do rapaz:

– O corpo dele estava cheio de marcas de botas. As costas todas arranhadas, e as paredes da creche, que são de chapisco, ensanguentadas. A UPP não protege ninguém. A gente vive num regime de arbitrariedade. A gente quer que quem fez isso com meu filho seja punido. O corpo só foi aparecer hoje porque descobriram que mataram um trabalhador — disse a mãe de Douglas, Maria de Fátima, ao jornal O Globo.

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No fim da tarde, moradores fecharam ruas na região de Copacabana e Ipanema. Houve confronto com policiais e tiros foram ouvidos. Na foto, um morador reage enquanto é detido por policiais.

Agora à noite, A NOTÍCIA DE QUE MAIS DUAS PESSOAS TERIAM SIDO MORTAS, ambas com TIROS NA CABEÇA.

Uma das mortes já foi confirmada: um homem de cerca de 30 anos, ainda não identificado, que já chegou morto ao Hospital Miguel Couto.

Moradores afirmam que um garoto de 12 anos chamado Matheus também teria sido baleado na cabeça quando descia o morro com os braços erguidos.

— Os policiais correram em direção ao rapaz. Pegaram o menino e o colocaram num carro da PM que saiu em disparada. Mas acho que o garoto já estava morto. Todo mundo viu o jeito como ele caiu — afirmou o cozinheiro Antonio Mauro Nunes de Souza, de 25 anos, para o jornal O Globo.

É mais um caso grave que acontece em áreas de UPP e que envolve policiais militares. É muito importante que todos os organismos de fiscalização e controle se façam presentes. Fundamental seguirmos atentos aos acontecimentos e ao esclarecimento dessas informações.

DG encenou a própria morte em 2013. A polícia transformou o filmete em realidade. Cena mil vezes repetida nas ruas do Rio de Janeiro
DG encenou a própria morte em 2013. A polícia transformou o filmete em realidade. Cena mil vezes repetida nas ruas do Rio de Janeiro

 

Palavra final: Os caminhos da corrupção em São Paulo

O Brasil virou um país sem atrações turísticas. Cidades consideradas patrimônio da humanidade estão abandonadas pelos prefeitos e governadores. Reclama o deputado federal José Chaves de Pernambuco: A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) já concedeu o título de patrimônio mundial (cultural ou natural) para 17 localidades no Brasil. José Chaves afirma, no entanto, que esses locais não recebem tratamento diferenciado do governo federal. “O Poder Executivo insiste em tratá-los como qualquer outro município brasileiro”, critica. “Não foi para isso que a Unesco conferiu a essas cidades tão importante título.” Conheça o projeto 

As entradas das cidades brasileiras são terrivelmente iguais e feias. Favelas e mais favelas, postos de gasolina, porteira de pedágio, posto fiscal, monstruosos edifícios de shopping, hipermercado, fábricas e oficinas estrangeiras.

O turismo azul acinzentou. Desapareceram os mapas dos rios, com suas ilhas e cachoeiras; idem de suas ilhas marítimas e oceânicas. Belezas encantadas pelas outorgas. E nenhuma praia classificada entre as mais belas do mundo.

O Brasil era conhecido como terra do samba e do futebol. Os nossos melhores jogadores continuam vendidos, na lavagem de dinheiro dos cartolas, para os clubes europeus; e o Rio de Janeiro pretende o título de capital do rock, com a degeneração da MPB. 

Triste realidade de um pais atualmente famoso pelo turismo sexual e pela corrupção, inclusive como atração para investidores estrangeiros, e negócios bilionários como comprovam as atuais investigações, da justiça internacional, das propinas da Siemens e da Alstom.

 Não é de estranhar que seja proposto um antigo roteiro turístico – que pode ser realizado em qualquer outra capital: 

Numa mesma caminhada, podemos ver vários prédios públicos onde negociatas foram feitas – e os privados que delas se beneficiaram

por Milton Jung/ Revista Época

Prisão domiciliar do juiz Lalau
Prisão domiciliar do juiz Lalau

Político na cadeia não é privilégio de Brasília. Não adianta a Capital Federal ficar se vangloriando com a hospedagem oferecida aos condenados do Mensalão, porque São Paulo saiu na frente. Nem vou levar em consideração o fato de que parte dos que lá estão deveria estar aqui. Só foram para a Papuda devido ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, que nos roubou alguns deles. Antes desses aí, porém, nossa cidade já havia colocado atrás das grades ao menos um político. Foi no fim dos anos 1990, quando funcionários da prefeitura foram acusados de cobrar propina para fazer vistas grossas a irregularidades no comércio e em construções, na gestão Celso Pitta (1997-2001). Era tanta falcatrua que a Câmara Municipal instalou a CPI da Máfia dos Fiscais e pela primeira vez na história da cidade um vereador foi condenado à prisão. Vicente Viscome, denunciado em 1999, foi para a cadeia por ser um dos chefes da quadrilha. Um marco na luta contra a corrupção, definiu o promotor Roberto Porto, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) que, hoje, ocupa a Secretaria Municipal de Segurança Urbana na administração Fernando Haddad.

Encarcerar político era tão raro que o então Ministro do Turismo, Rafael Greca, me surpreendeu durante entrevista, na época, com uma ideia mirabolante. Sugeriu que se criasse um roteiro turístico da corrupção, em São Paulo, que se iniciaria na sede do Ministério Público Estadual, na rua Riachuelo, onde foi entregue a acusação que deu origem à investigação, feita pela empresária Soraia da Silva que não suportou o assédio dos fiscais que insistiam em receber dinheiro em troca da licença para a abertura de uma academia de ginástica, em 1998. Com mais dez minutos de caminhada, os turistas chegariam à Câmara Municipal, no Viaduto Jacareí, onde Viscome prestou serviços. O ápice seria a visita à cadeia do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, na qual o vereador permaneceu durante alguns dias antes de seguir para a penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba.  A proposta, como era de se imaginar, não prosperou e, um ano depois, Greca deixou o Ministério suspeito de envolvimento com donos de casas de bingo e máquinas caça-níquel. Foi inocentado, mas por pouco não virou ponto turístico em outra freguesia.

Pelas denúncias atuais, percebe-se que o “tour da corrupção” seria um negócio de alto potencial, inclusive com o patrocínio do Metrô e da CPTM que ofereceriam bilhetes mais baratos para os turistas se deslocarem pela cidade em trens e linhas superfaturados. Túneis, avenidas e viadutos fariam parte da visita. Prédios públicos onde as negociatas foram feitas e privados, que se beneficiaram delas, também. Obras inacabadas, menos atrativas,  estariam no roteiro por seu valor simbólico.  Todos seriam convidados à sede do Tribunal Regional do Trabalho, na Barra Funda, e recebidos, para um café, pelo ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, que abriria sua mansão, onde cumpre prisão domiciliar.  Os turistas fariam compras com desconto nos shoppings que pagaram propina para construir acima do permitido e, como diversão, teriam de descobrir onde estão as vagas de estacionamento exigidas por lei. Para conversar com as celebridades da corrupção recomendaria-se deixar uma “caixinha” (dois).

Enquanto ninguém se atreve a investir nesse negócio, o que vemos por aqui é a preocupação da elite política com as condições impostas aos presos.  A persistirem os sintomas, sugiro que nossos políticos em vez de cadeia, sejam condenados a frenquentar escolas e hospitais públicos.

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Brasileiros desembolsaram mais de 21 bilhões de dólares em viagens internacionais até outubro deste ano, quase dez vezes mais do que em 2002

por Frederico Rosas/ El País

 

Jarbas Domingos
Jarbas Domingos

Os gastos dos brasileiros em viagens ao exterior têm batido recordes contínuos, apesar da desaceleração da economia e da alta do dólar frente ao real. Entre 2002 e 2012, aumentaram quase dez vezes. A renda elevada e a baixa taxa de desemprego poderiam explicar esse fenômeno. Mas outros componentes ganham força, como os altos preços de produtos no país, que têm feito com que a Flórida, nos Estados Unidos, esteja entre os destinos mais procurados.

Em outubro último, os gastos dos brasileiros em viagens ao exterior chegaram a 2,314 bilhões de dólares (5,3 bilhões de reais), segundo os dados mais recentes do Banco Central, quase 11% a mais do que no mesmo mês do ano passado, um recorde. Desde janeiro, os brasileiros desembolsaram 21,2 bilhões de dólares desde janeiro lá fora. Tudo indica que até o final do ano, os gastos com viagens internacionais vão superar o resultado de 2012, quando turistas brasileiros deixaram em lojas, restaurantes, museus e afins o equivalente a 22,2 bilhões de dólares.

Orlando e Miami, no estado norte-americano da Flórida, estiveram entre os três destinos mais procurados por brasileiros no exterior no fechamento do primeiro semestre, segundo o estudo Hotel Price Index (HPI), realizado pelo portal Hoteis.com. As duas cidades já parecem íntimas dos brasileiros, ofertando, além de atrações turísticas, um paraíso para o consumo a preços convidativos. Levantamento da imobiliária Elite International Realty em setembro afirmava que um apartamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, podia chegar a custar até 60% mais caro que em Miami.

“Temos um país em que os produtos são muito caros. O Playstation é o mais caro do mundo, o iPhone é o mais caro do mundo. Nos EUA é difícil pensar em algo mais caro e com qualidade menor”, afirma Samy Dana, o professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Com a diferença de preço de um Playstation entre os dois países, o turista paga a viagem”, avalia.

O videogame da Sony nos Estados Unidos custa o equivalente a 930 reais (399 dólares), enquanto no Brasil ele vale 4 mil reais (ou 1.713 dólares).

Trata-se de um contrassenso, no qual o consumidor brasileiro tem dinheiro para gastar, mas prefere fazê-lo lá fora, em vez de comprar aqui dentro. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) se retraiu 0,5% no terceiro trimestre. O boletim Focus do Banco Central, que reúne previsões dos bancos e consultorias sobre a economia, estimou na última segunda-feira que o país deverá crescer por volta de 2,3% no total de 2013.

“Devíamos nos perguntar por que somos tão caros, e não fazer com que os produtos de outros países fiquem mais caros com impostos aqui dentro”, completa Dana.

A moeda norte-americana, por sua vez, acumula alta de cerca de 14% em comparação ao real em 2013, o que, em teoria, dificultaria a vida dos que pensam em sair do país e gastar durante as viagens. “Mas a renda no Brasil está elevada, somada a um desemprego baixo, o que estimula a tomada de crédito”, explica, por sua vez, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

O desemprego no país caiu para 5,2% em outubro, menor taxa para esse mês desde 2002, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Perfeito acrescenta que uma maior segmentação do setor de turismo e os cartões pré-pagos em moeda estrangeira também serviram como incentivos recentes às viagens dos brasileiros ao exterior.

A contrapartida, porém, está muito desfavorável para o Brasil. Os gastos dos estrangeiros no país foram de 5,57 bilhões de dólares entre janeiro e outubro deste ano, um quarto do que os brasileiros gastaram lá fora nesse período.

Beleza roubada da Bahia: Cachoeira da Água Branca

Uma cachoeira e ilhas e lagoas e matas privatizadas. Ninguém sabe quem é o dono da Cachoeira da Água Branca neste imenso Brasil do estado mínimo.

O país do segredo. Gastei a manhã inteira para localizar onde ficava a Cachoeira de Água Branca. Tente descobrir em que município da Bahia.

No Brasil são desconhecidas as ilhas fluviais, marítimas e oceânicas. As cachoeiras, os lagos, os aquíferos e fontes d’água. Não estou referindo a Região Amazônica, que existe uma legal e outra ilegal. Mas ao Brasil mapeado desde antes da conquista portuguesa.

Não falo do potencial turístico, que no Brasil o turismo está nos bilhões da Copa do Mundo, no Carnval, e algumas festas de santo padroeiro. Mas da riqueza da água que é mais cara do que o ouro, cuja posse motivará as guerras do futuro.

Foto Jefferson Nagata
Foto Jefferson Nagata
Situada dentro de uma área de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, dentro da Fazenda Água Branca, a cachoeira, de mesmo nome, cai numa deslumbrante cortina de espuma branca de 30 metros de altura.
Para chegar até lá, o visitante passa por uma trilha ecológica, a maior parte dela sombreada e úmida, em meio à mata densa, moradia de animais silvestres, incluindo fazendas de criação de búfalos, e uma fauna diversificada.
No mesmo local, há uma ilha fluvial (de desconhecido nome), onde foi construído um quiosque que permite apreciar a bela vista ao redor.
Além disso, uma vista deslumbrante do alto do mirante, com panorâmica de toda a cidade [que cidade?] e do encontro do Canal de Taperoá com o mar.
A queda d’água é formada pelo Rio Gereba [Também encantado rio].
mirante cachoeira

(continua)

Miami a mais rica e pacífica e luxuosa cidade do Brasil

A nova classe média de Lula é evangélica e depende do salário mínimo, do salário piso e, inclusive, do bolsa família. Paralelamente existe a classe dos novos ricos, que a imprensa classifica de burgueses, formada por burocratas, tecnocratas, lobistas, proprietários de encantadas botijas de ouro e prata, que tornaram Miami a cidade preferida para passear, morar e investir (são pioneiros o juiz Lalau, o ex-presidente Fernando Collor). As famílias tradicionais já possuíam casas na Europa.  E vivem como nobres em países como França, Suiça e Inglaterra.

Transcrevo do Geledés Instituto da Mulher Negra:

O nada discreto charme da burguesia brasileira. Nos EUA

NYT

Em 2012, os turistas brasileiros gastaram US$ 2,4 bilhões com compras e entretenimento em Nova Iorque. Embora o significativo montante possa dizer respeito à ascensão de parte de uma classe média que passou a poder viajar ao exterior, o que impressiona é o recrudescimento de um mercado de luxo com serviços extravagantes, no qual membros da elite econômica brasileira têm se destacado.

É o que conta uma reportagem do jornal The New York Times, intitulada São Paulo Parties on the Hudson (Festas de São Paulo no Hudson). A matéria é aberta com a história do aniversário de uma criança de três anos, um brunch para uma dúzia de convidados na sala de jantar privada do Hotel Plaza Athénée, na “cidade que nunca dorme”. “O espaço foi sabiamente decorado para parecer uma cena do filme O Rei Leão, repleto de pequenas miniaturas da selva. Outra festa no Dylan’s Candy Bar deu continuidade à comemoração, e então o clímax: uma viagem para assistir O Rei Leão na Broadway”, descreve o periódico contando que, para planejar o aniversário, o custo total teria chegado a US$ 30 mil.

“De acordo com quem organiza os eventos, festas extravagantes como essa são o último exemplo de uma onda de brasileiros que gastam dinheiro em Nova Iorque, com orgias de compras no varejo e de imóveis”, diz o NYT. “O que está acontecendo no mercado de luxo do Brasil é que eles querem se exibir e comprar mais do que compraram antes”, explica na reportagem Clarissa Rezende, que organizou sete festas durante o ano passado para clientes brasileiros na cidade. “Em torno de metade dos nossos clientes querem ir para Nova Iorque fazer seu evento. É um mercado que cresce muito rápido, e nós nem sabíamos que ele existia”, disse a empresária pelo telefone direto de Orlando, na Flórida, onde planejava outro aniversário.

A matéria do jornal conta que “até mesmo em uma cidade como Nova Iorque, conhecida por seus excessos, alguns desses eventos podem parecer um exagero”. Para justificar o espanto, cita um casamento ocorrido em setembro de 2012, estimado em US$ 2 milhões e feito para mais de 400 convidados no Oheka Castle. O evento contou com uma parede de orquídeas, um bar completamente feito de gelo e um DJ vindo de Ibiza, na Espanha.

O NYT cita ainda a segurança como um dos motivos que levariam brasileiros a promover eventos em Nova Iorque. De acordo com a empresária Clarissa Rezende, que se casou em Las Vegas no Graceland Wedding Chapel em abril do ano passado, esse fator faz com que as cidades norte-americanas pareçam mais atraentes. “Crime no Brasil está ficando cada vez pior,” explicou na matéria. “As pessoas gostam de ter festas em Nova Iorque porque elas podem por suas joias e vestir suas melhores bolsas sem se preocuparem.”

Fonte: Revista Fórum