Nas eleições diretas já realizadas, desde a redemocratização, o financiamento de campanhas eleitorais era legalizado. As grandes empresas, bancos, indústrias e laranjais financiavam o candidato em primeiro lugar nas pesquisas, possivelmente o vencedor no primeiro turno, e os dois candidatos que disputavam o segundo turno. Isto é, um mesmo trem pagador bancava os candidatos que restavam no páreo, assim não havia como perder, e depois, conforme prévio acerto, tirava em serviços prestados e obras, com juros, correção monetária e outros bichos, o capital investido. Trata-se de uma grande e próspera negociata generalizada.
Por que só a Odebrecht é alvo de investigação?
Quase todos os candidatos eleitos governadores de estados e prefeitos das principais capitais receberam financiamentos de caixa 1, caixa 2, caixa 3 etc. Sempre existiu malandro que só é candidato para pegar essas ajudas. É um jeitinho brasileiro de enriquecimento fácil, de lavar dinheiro sujo, de abater a grana devida ao imposto de renda etc.
Digo mais, todos os candidatos majoritários nomeiam tesoureiros oficiais e secretos, com suas comissões para arrecadar grana, e nem todo financiamento chega ao comitê da campanha, nem o candidato sabe que existiu certas doações extorquidas. Que sobra tesoureiro ladrão do candidato e/ou da campanha.
Trata-se de uma extorsão quando essas comissões de arrecadação são compostas por fiscais da Receita Federal, e das secretarias estaduais e municipais da Fazenda, delegados de polícias, toda essa gente que fiscaliza, multa, prende e condena.
Portanto, nada mais irreal, falso, sonegador, recheados de notas frias de que uma prestação de contas para os tribunais eleitorais estaduais (TREs) e da União (STF). Essas irregularidades sao conhecidas dos juízes eleitorais, que jamais perguntaram pela origem e destino das doações caridosas das grandes empresas. E todos os partidos e agências de publicidade alardeiam sobras de campanha.
São tribunais que não deveriam existir. Uma engrenagem cara, recheada de tecnocratas e burocratas, agrupados em palácios, com custosas cortes, e que só trabalham nos anos pares, ou melhor ainda para eles, trabalham metade de um ano eleitoral, e repousam um ano e meio. Não existe no planeta terra emprego melhor, salário de marajá acima do teto constitucional com estabilidade, e terceirizada carne fresca de estagiárias (os) universitárias (os) escolhidas (os) pelo sangue (nepotismo) e beleza para (in) devidos fins.
“Um sistema de justiça eleitoral deve rever-se periodicamente para assegurar que cumpre a sua função de garantir a propriedade de eleições livres, justas e genuínas de acordo com as provisões da lei. De vez em quando a aspiração a obter o poder político leva ao uso de meios ilegais ou injustificados”.
Nos TREs brasileiros existem capitanias hereditárias. E o uso de urnas eletrônicas sem voto impresso, que é considerado suspeito na maioria dos países. A credibilidade nos resultados das urnas não passa de uma questão de fé.
R7 Notícias – Em entrevista para detalhar a 26ª fase da Operação, chamada de Xepa [uma nova suíte para a imprensa golpista), nesta terça-feira (22 de março), a força-tarefa da Lava Jato [sediada na república do Galeão do Paraná] classificou a maneira como a empreiteira Odebrecht pagava propinas dentro do Brasil como “ousada”, “assustadora” e admitiu ter encontrado uma “novidade” no sistema. [O mesmo acontece com outras empresas no Brasil, principalmente as estrangeiras, como no caso comprovado do metrô de São Paulo]
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima explicou que “essa investigação se refere à descoberta de um setor próprio, setor de operações estruturadas, que cuidava do pagamento de propinas em dinheiro no Brasil”. [Esse setor próprio sempre foi chamado de caixa 2. Ele existe em todas as empresas que sonegam, pagam propinas a fiscais de renda e rendas. Vide Operação Zelotes]
— Essa é uma novidade porque já tínhamos visto pagamentos no exterior pela empresa Odebrecht. Dentro dessa empresa, existe um sistema informático de controle dos pagamentos, com distribuição de alçadas dentro da empresa. Temos diversas diretorias envolvidas, não somente a Petrobras, mas também de infraestrutura, estádio de futebol, canal do sertão, enfim, diversas áreas da Odebrecht. [Nos estádios de futebol as safadezas foram divulgadas antes da realização da Copa do Mundo, e as investigações e inquéritos continuam emperrados, engavetados. A novidade “canal do sertão”, tudo indica, que Carlos Fernando dos Santos Lima pretende criminalizar, talvez paralisar a salvadora transposição da águas do Rio São Francisco que vai abastecer centenas de cidade, acabando com os famigerados industriais da seca]
A também procuradora da República Laura Gonçalves Tessler afirmou que “existia de fato uma estrutura profissional de pagamento de propina dentro da Odebrecht, que não se tratava de pagamentos esporádicos, mas sistemático de propinas”.
Laura disse que diversas tabelas foram apreendidas, o que, segundo ela, reforça a convicção de que o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht não só sabia, como também participava dos acertos, que ocorreram até novembro de 2015.
— Chega a ser assustador, porque mesmo com a efetivação da prisão do senhor Marcelo Odebrecht, ainda se teve a ousadia de continuar o pagamento de propina em detrimento do poder público.
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima explicou ainda que os recebedores das propinas estão sendo investigados, mas não serão presos nessa etapa da Lava Jato. [Fica explicada a liberdade de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados que, apressada e escandalosamente, com a corda no pescoço, comanda a votação do golpe a jato do impeachment da presidenta Dilma Rousseff]
— Também há uma investigação quanto aos recebedores, que está em fase inicial. Boa parte deles será levada em condução coercitiva para prestar esclarecimentos. [O certo seria primeiro intimar para espontaneamente depor. Por que o prende e arrebenta? A prisão debaixo de vara, que humilha, que não separa inocentes de culpados? Trata-se de um assédio judicial, um assédio moral, uma tortura psicológica, apenas possíveis nas ditaduras, sendo a da justiça a pior delas]
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Ao texto de R7 acrescentei comentários entre colchetes. (T.A.)