Chegou a hora de acabar com as greves de teatro, que elegeram vários pelegos deputados. E com as greves combinadas com os sindicatos patronais, que sempre terminam com o aumento das mensalidades escolares. O professor tem que defender o ensino público. Ter a coragem de fazer greve para valer, pela qualidade do ensino e salários dignos. Os professores de Goiás completaram quarenta dias de greve.
Prova oral dos professores: governador e deputados correm risco de tirar zero
por Antero Paes de Barros
O governo Silval está perdido na condução da greve dos professores estaduais. Primeiro, deu uma demonstração de pouco-caso com os profissionais da educação, preferindo judicializar o movimento e depois só voltando a negociar porque foi pressionado. E mais: por inércia, o governador e o PMDB acabam chancelando a omissão do PT, que conduz há anos a Secretaria de Educação e nunca esboçou colocar em prática uma política pública para o setor. O quadro lamentável aponta para o “legado” negativo que Silval vai deixar nas áreas sociais do Estado.
E quando negociou com os professores, Silval usou de uma manobra que desrespeita a inteligência dos mato-grossenses. A última proposta, rejeitada pelos mestres, é um primor em empurrar o problema para frente, com promessa de aumentos que serão pagos pelos futuros governadores.
Na verdade, o atual governo desarrumou as finanças do Estado e essa situação se reflete na ponta mais fraca, nos servidores e nas áreas sociais, educação, saúde e segurança, que são administradas hoje aos trancos e barrancos, sem planejamento, sem metas, sem políticas públicas discutidas com a sociedade.
O maior exemplo do descalabro na aplicação do dinheiro público em Mato Grosso é o crescimento absurdo dos gastos da Assembleia Legislativa. Situação que é passivamente aceita e diligentemente cuidada pelo atual governo. A Assembleia recebeu em 2012 recursos na casa de 270 milhões de reais. Este ano, o governo vai repassar 500 milhões de reais para o L0egislativo estadual.
O governador e o presidente da Assembleia podem começar explicando para a população: qual é a justificativa para repassar, de um ano para outro, 230 milhões de reais a mais para a Assembleia? Não tivemos aumento no número de deputados. E a Assembleia não tem hospitais; não tem postos de saúde; não tem escolas; não tem creches; não tem delegacias e nem quartéis para administrar. Qual a razão para receber 230 milhões a mais de um ano para o outro? Com o que exatamente a Assembleia vai gastar 500 milhões de reais em 2013? Os professores deveriam perguntar.
A relação entre o parlamento milionário e os professores sem reajustes gera uma situação de completa incoerência. Os deputados “ajudam” os professores na negociação com o Executivo, pressionam para que o governador faça propostas, mas não abrem mão de suas benesses. Uma parte dos milhões da Assembleia Legislativa poderia servir já ao reajuste dos profissionais da Educação. Por que os deputados não colocam essa possibilidade na mesa de negociação? Os professores deveriam perguntar.
Os profissionais da rede de estadual de Educação reivindicam dobrar o poder de compra em até sete anos; realização imediata de concurso público; chamamento dos classificados do último concurso; garantia da hora-atividade para interinos; melhoria na infraestrutura das escolas; aplicação dos 35% dos recursos na educação como prevê a Constituição Estadual; autonomia da Secretaria de Estado da Educação na gestão dos recursos da área.
Os professores de Mato Grosso prestariam mais um grande serviço à sociedade, e de quebra ajudariam o próprio movimento, se fizessem uma prova oral com o governador e os deputados estaduais. O ponto da prova: o orçamento milionário da Assembleia. E a pergunta que não quer calar: com o que Legislativo vai gastar 500 milhões de reais em 2013? Silval e os deputados correm o risco de levar pau na prova. Sem explicação convincente, a nota é zero.