Suspeitos de homicídio podem liderar bancadas?

As escolhas do Presidente interino do Brasil, Michel Temer, continuam a ser sinónimo de polémica. A mais recente recaiu sobre André Moura, a braços com a Justiça, para liderar a bancada do Governo na câmara baixa.

Por Sónia Bexiga

Oje/ Portugal – Com a população, e o mundo, ainda a digerir as nomeações que Michel Temer fez para a sua equipa governamental, questionando sobretudo os sete ministros envolvidos na Operação Lava Jato, eis que se conhece o novo líder da bancada do Governo na câmara baixa do parlamento brasileiro: André Moura.

Que é como quem diz o braço-direito de Eduardo Cunha, presidente suspenso da Câmara dos Deputados, ou o deputado do Partido Social Cristão (PSC) suspeito de homicídio e corrupção. Sem que Temer tenha comentado ou explicado, rapidamente se instalaram leituras sobre esta escolha, naturalmente apontando para um “contar de armas” obrigatório para um Governo que não foi eleito e que por isso tem de se apoiar no parlamento para efetivamente governar.

Quanto a André Moura, segundo avança a Agência Brasil, neste momento, é suspeito de uma lista assinalável de crimes, e como tal, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em três processos por desvio de fundos públicos quando era prefeito (presidente da Câmara) de Pirambu, no Estado de Sergipe; está também a ser investigado por tentativa de homicídio e por envolvimento no desvio de fundos da Petrobras; e ainda responde a processos na Justiça de Sergipe e no Tribunal de Contas da União (TCU).

Eduardo Cunha ameaça Temer: “Eu posso ser o início do fim de um governo que nem começou”

Pelo desabafo de Eduardo Cunha, parte dos ministros do STF conspira o golpe, como moleques de Michel Temer, testemunha de defesa do torturador e assassino coronel Brilhante Ustra, e três vezes secretário de Segurança de São Paulo, inclusive para acoitar os mandantes do Massacre do Carandiru.

Anthony Garotinho, em seu Blog: Ontem conversei por telefone com um deputado federal do PR amigo íntimo de Eduardo Cunha. Ele tinha estado com Cunha minutos antes em sua residência oficial. Fez algumas afirmações que são de arrepiar os cabelos. Talvez não seja próprio revelar todas, mas uma, com certeza, já deve ter chegado a Michel Temer. Eduardo Cunha disse em alto e bom som a seguinte frase: “Se eu for abandonado não vou sozinho para o sacrifício. É bom que alguém diga a Michel (Temer) e a (Romero) Jucá que eu posso ser o início do fim de um governo que nem começou”. O amigo de Cunha me revelou que nunca tinha visto Eduardo no estado que o encontrou nessa visita. Cunha estava abatido, ansioso e com espírito de vingança.

Em um certo momento da conversa ele deixou transparecer que, na sua opinião, o Supremo não tomaria a decisão que tomou sem uma sondagem prévia ao presidente do Senado, Renan Calheiros e ao próprio Michel Temer. Cunha desconfia de traição embora Temer tenha sido um dos primeiros a ligar para ele assim que o ministro Teori Zavascki concedeu a liminar para suspender o mandato e afastá-lo da presidência da Câmara. Uma das afirmações que chamou a atenção do deputado do PR amigo de Eduardo Cunha foi a seguinte: “Não sou bobo. Tem gente que manda matar e depois vai chorar no velório ao lado da viúva. Se estão pensando que vou aceitar solidariedade sem uma solução concreta estão enganados”. Disse também que sabia que uma parte da assessoria próxima de Michel, referindo-se a Moreira Franco, estava dando graças a Deus pela sua situação. Demonstrou ainda grande irritação com Leonardo Picciani, que resistiu, segundo informações que chegaram a ele, a assinar uma nota de solidariedade pelo momento que estava vivendo. Eduardo também reafirmava que não renunciaria chegando a dizer que seu substituto, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) é uma espécie de Severino Cavacanti (ex-presidente da Câmara) melhorado e que não duraria nem 15 dias no cargo.

Foram feitas outras afirmações que prefiro não revelar porque, afinal de contas, são quase que uma chantagem a ministros do STF a quem Eduardo Cunha afirma categoricamente que lhe devem muitos favores.

Como a fonte é altamente confiável é bom Michel Temer se preparar para dias nervosos, afinal Eduardo Cunha como amigo é um perigo, e como inimigo é mais perigoso ainda. Imaginem na situação de ex-amigo. Eu não sei porque sou casado com Rosinha há 34 anos e nunca tive outra esposa. Mas dizem que os piores estragos que podem ser feitos na vida de um homem são por ex-mulheres e ex-amigos.

 

 

Para jornal O Globo, Cunha merece ser consolado

Toda campanha de ódio deve ser banida. E de vingança. Que prevaleça sempre a Justiça. Mas o texto abaixo do Globo, que compartilho, e peço a leitura, vende um Cunha diferente. Um simples e piedoso cristão preocupado com a família. Quando sempre foi visto, por muitos aliados e adversários, como um psicopata. Um insensível que usou a presidência da Câmara como se fosse um primeiro-ministro, e o parlamentarismo o regime de governo do Brasil. Humilhou, ofendeu, e tudo fez para desestabilizar a presidenta Dilma, na conspiração de um golpe, pelo terceiro turno de Aécio Neves, pela traição de Michel Temer que já atua politicamente como presidente. Quem ousou tanto, tenha a coragem de enfrentar as consequências dos seus atos e fatos. Ninguém pode ficar impune, e acima da Constituição. Quem elegeu o presidente Eduardo Cunha e o vice Waldir Maranhão da câmara baixa do Congresso Nacional não foi o povo, e sim a maioria dos deputados federais que cassaram Dilma Rousseff. Um voto de quem sabia que, segundo o artigo 80 da Constituição brasileira, o presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na linha de sucessão do presidente da República, logo após o vice-presidente, sendo chamado em caso de impedimento ou vacância de ambos os cargos. Isso ocorre para dar a maior legitimidade possível a decisão, pois os deputados são considerados representantes do povo e os senadores representantes dos estados. Após esse assumem o presidente do Senado Federal e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Quiçá fique assim explicado o comportamento tardio do STF ao afastar Cunha. Se Cunha era competente e justo e honesto para presidir a Casa do Povo e o Brasil, se faz campanha contra Waldir Maranhão. Por quê? O falso puritanismo republicano advém do voto do Waldir contra o impeachment.

O jornal O Globo, da família Marinho, roga o consolo dos deputados e senadores, e todo o carinho do povo para o transtornado e coitadidinho do Cunha. Leia aqui

 

 

 

 

Eduardo Cunha o diabo insecreto

Eduardo Cunha é o político perfeito do século XIX que acha que o século XXI não é suficiente para o desmascarar.

por Miguel Esteves Cardoso
Público/ Portugal


Continuo fascinado pelos protagonistas do impeachment da Presidente Dilma Rousseff. O vilão mais Dickensiano é Eduardo Cunha, o Presidente da Câmara dos Deputados.

Eduardo Cunha é sublimemente descarado. Arnaldo Jabor e muitas outras pessoas inteligentes dizem que ele é um psicopata. Mas com admiração. E como quem o desculpa: os psicopatas não sentem culpa.

Eduardo Cunha não é apenas um beato hipócrita cuja fé em Deus não é abalada pelo pragmatismo de ter milhões de francos suiços em bancos da mesma nacionalidade.

Eduardo Cunha, quando votou pelo impeachment da Presidente Dilma, disse “Que Deus tenha misericórdia desta nação. Voto sim”.

Eduardo Cunha é membro da igreja Assembleia de Deus. Quando fala faz questão de aborrecer quem o ouve. É esse o toque de génio: não quer passar por esperto. Ouvi-lo falar é como morrer devagarinho.

Defende-se – mas pouco. O valente deputado Glauber Braga, quando votou contra o impeachment da Presidente Dilma, começou assim: “Eduardo Cunha, você é um gangster (…) A sua carreira cheira a enxofre (…) Eu voto Não”.

Eduardo Cunha apresentou-o com uma frieza e exactidão que mostraram logo quem dominava não só o reino do Mal como o reino do Bom.

Há, na representação política brasileira, uma sinceridade que revela a gula e as vantagens da corrupção. Eduardo Cunha é o político perfeito do século XIX que acha que o século XXI não é suficiente para o desmascarar.

Jair Bolsonaro é apenas um fascista estúpido.

Eduardo Cunha provou do veneno que fez beber a Dilma

Os mistérios da justiça brasileira

Público/Portugal
Editorial

No dia em que a destituição de Dilma Rousseff estava a ser votada no Parlamento brasileiro, Glauber Braga, um deputado que foi contra o impeachment, disse o seguinte: “Você é um gangster, o que dá sustentação ao seu posto cheira a enxofre”. O destinatário desta afirmação era Eduardo Cunha, o presidente da Câmara de Deputados, um dos políticos mais odiados do Brasil. Mas Glauber não foi o único a manifestar o que lhe ia na alma sobre esta personagem tão controversa. Outros parlamentares, mesmo alguns dos que apoiaram a destituição de Dilma, lhe apontaram o dedo premonitório, vaticinando que ele seria o próximo a sair. E tinham razão. Nesta quinta-feira, um juiz do Supremo Tribunal Federal decidiu suspendê-lo do seu mandato de deputado e de presidente do Parlamento. O pedido de afastamento de Eduardo Cunha tinha sido feito há cinco meses pelo procurador-geral da República e estava desde então parado no Supremo Tribunal Federal. O poder do deputado, reforçado pelo bem-sucedido processo de impeachment, fazia com que muitos duvidassem da sua saída, mas as subtilezas da justiça (ou será da política?) brasileira acabaram por contribuir para este desfecho. E assim, o mesmo juiz que há cinco meses não dava andamento ao pedido do procurador fazendo aumentar as desconfianças de parcialidade e inacção sobre o Supremo, decidiu inesperadamente pelo afastamento de Cunha do Congresso. Para tal, não bastaram os fortíssimos argumentos do Ministério Público, segundo os quais Eduardo Cunha usava o seu cargo de deputado para “constranger, intimidar parlamentares, réus, colaboradores, advogados e agentes públicos com o objectivo de embaraçar e retardar investigações [da Operação Lava-Jato”]. Já o pedido de urgência para afastar Cunha, apresentado por um partido, foi mais eficaz para acordar o Supremo. Mistérios! O coveiro de Dilma provou do seu próprio veneno e fica agora sem a imunidade de que necessitava para fugir à justiça e isso é uma boa notícia. A má é que o seu substituto também está sob investigação judicial, por corrupção e lavagem de dinheiro.

 

 

As 11 razões para afastar Eduardo Cunha, segundo Janot

Em dezembro do ano passado, o procurador apresentou seus motivos para pedir o afastamento de Cunha

por A.B.
El País/ Espanha

Em dezembro do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma denúncia em que pedia que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fosse afastado de seu cargo por entender que ele usava da função para se beneficiar. Eis uma síntese das 11 razões que embasam o pedido de Janot, considerado pelo ministro Teori Zavascki para determinar o afastamento de Cunha do cargo.

1. O deputado teria usado requerimentos para chantagear o empresário Julio Camargo e o grupo Mitsui a pagarem 5 milhões de dólares em propina após a compra de navios sonda pela Petrobras

2. O peemedebista também se usou de requerimentos parlamentares para pressionar donos do grupo Schahin para manter contratos com o doleiro Lúcio Funaro. Como pagamento, recebeu a quitação de dívidas de alguns carros que estão em nome de uma produtora pertencente à família de Cunha

3. O presidente da Câmara tentou intimidar a advogada Beatriz Catta Preta ao pedir que seus aliados a convocassem para depor na CPI da Petrobras

4. O deputado interferiu para que a CPI da Petrobras contratasse a empresa de arapongas Kroll com o objetivo de desmentir o que estava sendo dito por delatores da Lava Jato

5. O peemedebista tentou convocar na CPI familiares do doleiro Alberto Yousseff como maneira de pressioná-lo, já que é um dos delatores da Lava Jato

6. Tentou mudar uma lei para que delatores não pudessem corrigir os seus depoimentos.

7. Demitiu o diretor de informática da Câmara, Luiz Eira, que o contrariou

8. Usou cargo de deputado para receber vantagens indevidas para aprovar parte de medida provisória de interesse do banco BTG.

9. Fez “manobras espúrias” para evitar investigação na Câmara com obstrução da pauta com intuito de se beneficiar

10. Ameaçou o deputado Fausto Pinato, ex-relator do processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara

11. Voltou a reiterar ameaças a Fausto Pinato.

 

 

 

 

O satanismo de Eduardo Cunha

Continuidade no ciclo de aperfeiçoamento e valorização do Bolsa Família desde a sua criação. Assim pode ser definida a medida anunciada na tarde deste domingo pela presidenta Dilma Rousseff durante ato pelo Dia do Trabalhador, no Vale do Anhangabaú, São Paulo. Com a correção, o benefício médio pago a 13,8 milhões de famílias poderá alcançar R$ 176 mensais, 9% a mais que o recebido em abril.

A medida passa por um decreto da presidenta autorizando reajuste de 6,5% na linha de extrema pobreza do país, hoje fixada em R$ 77 mensais. Este aumento na linha, instituída pelo plano Brasil sem Miséria, garante a complementação.

O mesmo percentual será aplicado à linha da pobreza, que estabelece o limite de renda de acesso ao benefício do Bolsa Família. Com isso, poderão ter acesso ao benefício famílias com renda de até R$ 164 mensais por pessoa.

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, primeiro-ministro e vice de Michel Temer, classificou o reajuste como uma “irresponsabilidade fiscal”.

Tudo que é feito para os pobres Cunha, recheado de milhões e milhões de dólares, condena. É uma pessoa cruel e gananciosa, acostumado a roubar verbas destinadas a programas sociais, notadamente, construção de casas populares, bairros operários, vilas rurais. É um inimigo do povo, que se esconde nas igrejas, para que ninguém veja sua alma sebosa, seu satanismo, que consiste na negação e inversão de práticas e crenças cristãs.

Cunha acaba de votar um aumento de 78 por cento para o judiciário, e essa generosidade, para quem já recebe vencimentos além do teto constitucional, na ditadura parlamentarista do presidente da Câmara é mais do que legal…

Com o reajuste, de janeiro de 2011 a junho de 2016, o benefício médio do Bolsa Família acumulará aumento de 29% acima da inflação.

A dotação do Bolsa Família para este ano é de R$ 28,1 bilhões, integralmente preservada na programação financeira do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

O decreto presidencial também alcançará os benefícios variáveis pagos pelo Bolsa Família por criança até 15 anos, gestante ou nutriz. Neste caso, o valor autorizado passa de R$ 35 para R$ 38. São pagos até 5 benefícios desse tipo por família. Já o benefício pago a jovens entre 15 e 17 anos passará de R$ 42 para R$ 45 mensais, até o limite de dois benefícios por família.

Esses poucos reais para os mortos de fome, Cunha considera um luxo, um fausto que estimula a malandragem, a preguiça – uma abundância de quem se deita em berço esplêndido em um paraíso fiscal.

O pior tipo de homem de todos os tempos

O que vale aqui é o macho PMDB como simbologia de um dos piores tipos de homem da existência. O que recebe e não dá quase nada em troca

 

 

por XICO SÁ
El País/ Espanha

Em mais um serviço de utilidade pública deste cronista de costumes que vos bafeja a nuca, alerto, mulheres de todas as cores e credos, para os perigos de um tipinho de homem da pior categoria que circula livremente por aí, epa: o macho PMDB. Alto teor de periculosidade. Supera qualquer homem-bouquet e até o homem de Ossanha, dois dos tipos mais vexaminosos da minha catalogação masculina —vide bula ao final deste texto.

O macho PMDB é o tipo de cafa que repete no amor e na vida o mesmo comportamento dos Cunhas e Renans do Parlamento. Sabe aquele canalha que faz você pensar “pior sem ele”? O tal vive disso. E assim toca o terror ad infinitum. Vive desse medo que alimenta a cada segundo. O medo no Brasil, aliás, meu amigo Mauro Zafalon, é uma das melhores apostas no vaivém das commodities. O medo no Brasil vale muita grana.

O que seria da audiência dos programas policiais sem isso? Amedrontar no Brasil é negócio graúdo, o medo vendido à custa dos velhos preconceitos, haja cacau para as firmas de segurança. Corta pra mim, sujeito probo e moralista, amedrontar é vender uma pá de coisas, bem sabemos. Medo no Brasil é indústria, medobrás etc. Conheço muita gente que vive de susto… Espanto é dinheiro.

O macho PMDB não é homem que é homem, não passa de um aproveitador, não sabe que homem que é homem não sabe, nem sequer procura saber, o que é estria ou celulite

 

O homem PMDB, pois, aquele por quem você faz todo sacrifício e o tal lhe deixa na mão, sempre. Por mais que você se sacrifique, no acerto, ele diz: “Não foi isso que combinamos”. Os fofoqueiros de plantão, em Brasília ou na vizinhança aí em Juazeiro do Norte, sempre dão razão ao homem peemedebista, veja os nossos jornais. Mais uma vitória do macho PMDB, gritam as manchetes, orgulhosas.

Assim no relacionamento amoroso como no Governo. O homem dessa estirpe tem muito crédito, não se sabe como nem o porquê, muito menos o merecimento. Eis um mistério do planeta, como diriam os meus brothers dos Novos Baianos.

Não adianta. No dia-a-dia do lar, pior ainda. Você ali, toda gostosa comendo a sua granola matinal e ele, corvo dos infernos, mirando você de cima a baixo, no puro intuito de rebaixá-la.

Você diz, pela enésima vez: como posso me humilhar diante de um cara desse tipo. E repete o jogo perverso. O peemedebista, digo, o peemedebesta, o peemedebosta, humilha diante de qualquer miragem de estria ou celulite. O macho PMDB não é homem que é homem, não passa de um aproveitador, não sabe que homem que é homem não sabe, nem sequer procura saber, o que é estria ou celulite.

O homem PMDB é pior que a saúva na arte de acabar com o Brasil, como previu Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), grande naturalista francês. O macho peemedebesta está mais para a a adaptação da metáfora formigueira feita pelo escritor Mário de Andrade no livro Macunaíma: “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”.

MacunaEmo

O homem PMDB está mais, justiça seja feita, para um MacunaEmo, mistura da preguiça da lenda Macunaíma com o chororô de um jovem roqueiro Emo. Nessa historinha, ele leva tudo que quer, sempre. Cargos de todos os escalões e todos os “por foras” possíveis.

O homem PMDB, amiga, é como me contava agorinha aqui no Rio a Jô Hallack, grande cronista, é aquele que só te ferra. Mesmo assim você pensa: sem ele eu tô frita. E não está. Ele já lhe trairia de qualquer jeito. Mesmo quando você é Governo, digo, Dilma, e já o contemplou de véspera. O macho peemedebesta é um traidor de nascença, sempre te passará a perna.

Boa, Jô, ele já trairia de qualquer forma. Este tipinho de homem, baby, é aquele que te explora e nada deixa em troca. Nem te defende na hora que precisas. Não te defende nem diante de um trombadinha da avenida Nossa Senhora de Copacabana. É pura chantagem. Serve para quê um homem desses? Nem para te levar, no passeio do amor, do lado de dentro da calçada, como manda a etiqueta amorosa.

Você o valoriza como um lorde, um milorde de Game of Thrones, e o besta, o peemedebista, nem ai para a hora do Brasil. Só pensa em lobby e cargos e mais cargos. Na real, esse cara está noutra.

O macho PMDB é o pior dos moralistas. Cagado e cuspido um Eduardo Cunha. Condena qualquer desvio da tradição, da família e da propriedade, embora viva na putaria de Brasília como qualquer outro. Condena qualquer desvio de conduta, embora, como o presidente da Câmara, viva, desde o PC Farias, como o mais faminto mamífero dos esquemas –cansei de vê-lo mendigando grana de PC em muitas salas de espera do Rio e São Paulo, ele sabe que estou falando daquele flat na Vila Olímpia. Aquele narigão não me engana. PC o achava um mala, me dizia, mas o cara era caixa de bufunfa na Telerj, a companhia telefônica carioca, como desprezá-lo?

Medo no Brasil é indústria, medobrás etc. Conheço muita gente que vive de susto… Espanto é dinheiro

 

Saí do prumo, desculpa. O que vale aqui é o macho PMDB como simbologia de um dos piores tipos de homem da existência. O que recebe e não dá quase nada em troca. O que faz questão de não cumprir os tratos, sempre jogando na confusão que a mídia, cúmplice na narrativa canalha, adora.

O homem PMDB é pior que a saúva ou qualquer praga. Não há cafajeste que se compare. O cafa, mesmo minimamente, cumpre, comparece. O homem PMDB, esquece. Este só cobra caro e nada dá de volta. Quase um assalto. Um assalto sentimental ou político. Que sirva pelo menos para levar quem aceita este jogo para a terapia. Imediatamente. Pense nisso, Denise, a garçonete que me fala de amor no quiosque do posto 5 de Copacabana, pense também, igualmente, respeitável presidenta Dilma.

Agora explicando, como prometi, o homem-bouquet: Aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa cheio de dramas e nove-horas, cheira a rolha, balança a taça, sente o amadeirado. Gostar de vinho bom, velho Baco, não é um delito. Pecado mesmo é arrotar esse conhecimento ridículo por horas nas oiças da moça.

Ah, o Homem-Ossanha, só rindo. Trata-se daquele cara que repete o comportamento da música “Canto de Ossanha”, quanta obviedade, samba de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “O homem que diz vou/ Não vai!”Aquele que tira a maior onda no mundo virtual e, na hora agá, quase nada. Coitado.

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O medo irracional de Cunha

Até os veneráveis ministros do Supremo não parecem ter pressa em tirá-lo de cena e dizem que vão “estudar” como impedir que possa transformar-se dentro de alguns dias na segunda autoridade da República

 

Cunha é o político mais temido e até invejado por seu poder. Quando mais atacado, mais forte se sente

por JUAN ARIAS
El País/ Espanha

Se alguém de fora quisesse analisar o fenômeno Eduardo Cunha, não poderia deixar de se perguntar: “Por que todos têm medo dele?”.

É um medo irracional ou real? Esse medo poderia ainda se agravar se for verdade que, na iminência de poder ser preso, o presidente da Câmara dos Deputados brasileira tenha já preparada uma delação premiada (acordo para confessar em troca de vantagens judiciais) cujos documentos conserva lacrados em um cofre, talvez fora do país, e que fariam tremer meia República. Serão seus segredos a força de seu poder?

E se tudo fosse um blefe?

“O medo da sombra (imaginário) é maior que o medo do escuro (real). O homem joga com as aparências, bandido, manipulador, imagina o que os outros imaginam que sabe”, diz Augusto Messias, catedrático da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e membro da Academia Nacional de Medicina do Brasil.

Condenado e até depreciado por 90% da sociedade por ter acumulado tanto peso de corrupção e cinismo sobre suas costas, Cunha é, na verdade, o político mais temido e até invejado por seu poder. Parece que acaba ganhando sempre. Quando mais atacado, mais forte se sente.

Do Sansão bíblico se dizia que sua força residia em sua cabeleira. Onde reside a de Cunha?

A sociedade que não conhece o emaranhado de leis jurídicas e regulamentos não entende por que com todas as incriminações contra ele pode continuar presidindo a Câmara dos Deputados e ser a terceira autoridade da República.

Depois de cada investida contra ele, cada vez que parece enredado em uma nova disputa acaba ressurgindo como uma ave fênix. E volta a desafiar todos.

Dizem que quanto mais atacado, mais cresce. E ainda não renunciou a um sonho: ser, ainda que somente por um dia, presidente da República.

Se o Supremo não se apressar em despojá-lo da presidência da Câmara até poderá conseguir. Nesse dia, se chegar, o Brasil deveria estar de luto.

O que a sociedade vê é que até a oposição fecha os olhos para não o enfrentar. Que a Câmara segue firme a seu lado, como se viu no aplauso que recebeu quando votou a favor da destituição da presidenta Dilma Rousseff. E agora fará parte do possível novo Governo do que hoje é vice-presidente, Michel Temer.

Todos iriam querê-lo a seu lado, se não fosse corrupto. Até Dilma Rousseff tentou, em vão.

Alguns o quereriam mesmo sabendo o que é. Existe entre os políticos um mórbido fascínio inconfessável por essa força, para alguns diabólica, do personagem.

Até os veneráveis ministros do Supremo não parecem ter pressa em tirá-lo de cena e dizem que vão “estudar” como impedir que possa transformar-se dentro de alguns dias na segunda autoridade da República.

Uma das chaves do caso Cunha, talvez a mais importante, foi revelada neste jornal pelo agudo analista da alma humana Xico Sá há mais de um ano, quando o qualificou como “o pior tipo de homem de todos os tempos”.

Em seu texto, Xico, a quem acredito me une uma certa cumplicidade em nossa formação juvenil, antecipou o que poderia ser a verdadeira força oculta de Cunha: “Vive desse medo que alimenta a cada segundo”.

Um medo perigoso. Ao que parece, disse há algum tempo que “morreria matando”, E está começando a matar a presidenta da República. E ele continua vivo.

E assim, Cunha, em vez de morrer com os filisteus depois de ter quebrado as colunas do templo, poderia acabar até se salvando deixando morrer abandonados pelo caminho os seus inimigos, que podem ser muitos.

A luta, até a da Justiça, com Cunha não parece fácil.

Tem razão, Xico, o monstro “vive do medo que alimenta”.

Medo que parece contagiar a todos, dada a reverência com a qual é tratado até pela mais alta corte de Justiça.

Temer também terá medo de Cunha?

A ver.

Temer: “as tarefas difíceis eu entrego à fé de Cunha”

247 – Um vídeo publicado nesta quinta-feira (28) pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em seu Facebook, aponta a estreita relação entre o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB e citados na Operação Lava Jato.

“Eu tenho do Eduardo Cunha um auxílio extraordinário na Câmara Federal. Se você quiser dar uma tarefa das mais complicadas para o deputado Eduardo Cunha, ele simplifica porque trabalha muito”, disse.

Segundo Temer, quado Cunha se manifesta “está presente a sua fé”. “E a fé é que mobiliza as pessoas. Então as tarefas difíceis eu entrego à fé do Eduardo Cunha”.
Assista ao vídeo aqui 

É isso aí: no governo golpista Cunha será ministro sem pasta, presidente da Câmara dos Deputados, primeiro ministro e vice-presidente da República. Será o faz tudo. E todo o Brasil sabe de quanto Cunha é capaz. Tem um longa ficha corrida. Mais suja que poleiro de tucano.