Dono do restaurante BOS BBQ diz que idade mental do brasileiro é de 14 anos

Elihu Duayer
Elihu Duayer

A última edição da revista The Economist traz uma reportagem preconceituosa, xenófoba e escravocrata sobre o mercado de trabalho no Brasil e em especial à produtividade dos trabalhadores. Com o título “Soneca de 50 anos”, a reportagem diz que os brasileiros “são gloriosamente improdutivos” e que “eles devem sair de seu estado de estupor” para ajudar a acelerar a economia.

O único estupor do trabalhador brasileiro é não reclamar dos salários indignos, do banco de horas extras, dos assédio moral e sexual existentes nas empresas multinacionais.

A reportagem diz que após um breve período de aumento da produtividade vista entre 1960 e 1970, no tempo da ditadura militar, a produção por trabalhador estacionou ou até mesmo caiu ao longo dos últimos 50 anos. A paralisia da produtividade brasileira no período acontece em contraste com o cenário internacional, onde outros emergentes como Coréia do Sul, Chile e China apresentam firme tendência de melhora do indicador.

“A produtividade do trabalho foi responsável por 40% do crescimento do PIB do Brasil entre 1990 e 2012 em comparação com 91% na China e 67% na Índia, de acordo com pesquisa da consultoria McKinsey. O restante veio da expansão da força de trabalho, como resultado da demografia favorável, formalização e baixo desemprego”, diz a revista.

A reportagem adianta que uma série de fatores explicam a fraca produtividade brasileira. O baixo investimento em infraestrutura é uma das primeiras razões citadas por economistas. Além disso, apesar do aumento do gasto público com educação, os indicadores de qualidade dos alunos brasileiros não melhoraram. Esquece a revista: Principalmente depois da expansão do ensino privatizado.

Acrescenta The Economist: Um terceiro fator menos óbvio é a má gestão de parte das empresas brasileiras. Acontece que foi a propaganda dessa “má gestão” que fez Fernando Henrique convencer os trabalhadores da necessidade de privatizar as estatais.

Há ainda a legislação trabalhista. A revista diz que muitas empresas preferem contratar amigos ou familiares menos qualificados para determinadas vagas para limitar o risco de roubos na empresa ou de serem processados na Justiça trabalhista. A revista também cita que a proteção do governo aos setores pouco produtivos ajuda na sobrevivência das empresas pouco eficientes.

 

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A intenção da revista é defender privilégios colonialistas. Que as grandes e médias empresas são estrangeiras. O Brasil se tornou o país das montadoras e oficinas. Da exportação de matérias primas. E da lavoura de exportação. Quando milhões de brasileiros passam fome, e são dependentes da esmola do bolsa família.

As empresas da pirataria internacional, da globalização unilateral, recebem empréstimos dos bancos oficiais, terrenos e prédios e isenções fiscais para se instalarem no Brasil, vide o exemplo recente da Fiat em Pernambuco. E, ainda, como lucro: uma mão de obra barata e serviçal, liderada pelos sindicatos corruptos.

As internacionais prestadoras de serviços – eletricidade, internet, telefonia, planos de saúde, bancos, água, mercado de alimentos, ensino universitário, transportes etc – são fiscalizadas por prostitutas respeitosas. As agências reguladoras foram criadas para a farsa de fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada, e controlar a qualidade na prestação do serviço, estabelecer regras para o setor, inclusive preços sempre aumentados.

A reportagem ouviu um empresário norte-americano que é dono do restaurante BOS BBQ no Itaim Bibi, em São Paulo. Blake Watkins diz que um trabalhador brasileiro de 18 anos tem habilidades de um norte-americano de 14 anos. “No momento em que você aterrissa no Brasil você começa a perder tempo”, disse o dono do restaurante BOS BBQ, que se mudou há três anos para o País.

Que faz este colono aqui, perdendo tempo, o tempo que é ouro para ele? Pelo racismo da declaração este malandro da KKK deveria ser preso ou expulso.

Blake Watkins é o colono símbolo de um sistema escravocrata. Um trabalhador do restaurante BOS BBQ no Itaim Bibi recebe que salário mínimo do mínimo? Trabalha quantas horas por dia? Recebe horas extras?

A duração decente do trabalho precisa atender a cinco critérios, conforme recomendação da Organização Internacional do Trabalho:

• preservar saúde e segurança;
• ser favoráveis à família;
• promover a igualdade entre os sexos;
• aumentar a produtividade; e
• facilitar a escolha e a influência do trabalhador quanto à jornada de trabalho.

Nada disso acontece nas empresas internacionais que colonizam o Brasil.

Josetxo Excurra
Josetxo Excurra

Por que Eduardo Campos desistiu de transformar o histórico conjunto de prédios do Tacaruna em uma “fábrica de cultura”?

Do portal da Universidade Federal de Pernambuco transcrevo:

entranhas do abandono

Livro conta a história da Fábrica Tacaruna, prédio do período açucareiro, hoje à espera de restauração

A Fábrica Tacaruna, na divisa entre o Recife e Olinda, com sua chaminé imponente riscando o céu, foi a primeira e mais moderna refinaria da América do Sul e também a primeira construção em cimento armado do continente. Nenhum detalhe escapa ao historiador cearense Limério Moreira da Rocha, 82 anos, autor do livro Usina Beltrão/ Fábrica Tacaruna – História de um empreendimento pioneiro.

A segunda edição do livro, ampliada, tem apresentação de Antônio Paulo Rezende, professor da Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Sempre que passava pela Avenida Agamenon Magalhães, a caminho de Olinda, onde lecionava na Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso), via aquele belo prédio se acabando com o matagal em volta e me preocupava muito”, confessa Limério, que chega a comparar a imensa construção a “um transatlântico encalhado no mangue”.

Para fazer a primeira edição, em 1991, o historiador contou com a colaboração de Hélio Beltrão, neto do construtor da Fábrica Tacaruna, Antônio Carlos de Arruda Beltrão, que ajudou no acesso a fontes primárias de informações e documentos. Ele também pesquisou em bibliotecas e nos acervos do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde foi fundada a Companhia Industrial Açucareira, que tinha entre seus sócios diversos pernambucanos.

Desde que Usina Beltrão/ Fábrica Tacaruna chegou às livrarias, 20 anos atrás, muitos novos fatos foram registrados no livro. A falência da indústria dos famosos cobertores até a passagem do prédio ao domínio do estado. A edificação também foi incluída como Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico (ZEHP) e tombada como patrimônio material de Pernambuco. Batizado como Centro de Cidadania Padre Henrique, depois de passar às mãos da Secretaria da Criança e da Juventude, o imóvel foi palco até mesmo de prévias carnavalescas e shows musicais de grande porte. Até que o Ministério Público de Pernambuco obteve na Justiça uma liminar proibindo as apresentações no local.

“Noutro local e com a qualidade dos espaços interiores, a fábrica teria sido alvo, diante daquela proximidade do Centro de Convenções, o melhor local para instalar um Centro Cultural (…), mas nada se faz e tudo se aceita sem reclamar. Um estado de ausência que espanta. Perdemos para a Bahia a Coleção Abelardo Rodrigues e vamos deixar outras irem, para felicidade de estados vizinhos, sem ligar a mínima. Somos felizes assim?”, questiona o arquiteto José Luiz Mota Menezes, no prefácio do livro.

Em 2012, teve início uma suposta campanha pela restauração. Publicou o Jornal do Comércio: “Uma tentativa de recuperar o imóvel chegou a ser ensaiada em 2003, quando a Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco iniciou a obra de restauração das cobertas do prédio principal, para implantação da Fábrica Cultural Tacaruna. O projeto não teve continuidade e a coberta colocada nove anos atrás exibe sinais de desgaste, com partes esburacadas. Desde o ano passado (2011), a antiga fábrica é gerenciada pela Secretaria da Criança e Juventude”. Esquisita essa passagem administrativa. Indicava o fim da “Fábrica Cultural”.

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Da reportagem do JC:“O galpão de concreto armado foi um dos primeiros construídos com essa técnica em Pernambuco, é um dos mais antigos do Nordeste”, alerta o arquiteto José Luiz Mota Menezes, estudioso da evolução urbana. A Secretaria da Criança e Juventude pretende restaurar o prédio e instalar no local um centro para oferecer uma série de atividades à população jovem, com museu e biblioteca.

De acordo com o secretário-executivo de Articulação e Projetos Especiais, Joelson Rodrigues, o governo não pode divulgar as atividades previstas para o centro. Mas adianta que o serviço de restauração do prédio principal começa ainda este ano (2012), em setembro ou outubro, com recursos do Estado. O prazo de execução é de 12 meses, para obras de conservação.

“Nesse período, vamos recuperar a estrutura do imóvel para deixá-lo em condições de uso. O trabalho prevê a restauração do piso, telhado e elevador, bem como a instalação de aparelhos de ar condicionado”, informa Joelson Rodrigues. A meta do governo do Estado é abrir o centro em 2014, como mais uma atividade vinculada à Copa do Mundo do Brasil.

Joelson Rodrigues disse que galpões sem importância histórica existente no terreno serão demolidos e refeitos. “Estamos firmando parcerias financeiras e de tecnologia, que serão anunciadas depois.” O projeto de restauração do prédio principal já foi analisado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

“Solicitamos alguns pequenos ajustes e devolvemos o projeto à secretaria há cerca de um mês. Estamos aguardando o retorno com as modificações”, informa a arquiteta da Fundarpe, Rosa Bonfim. A proposta, diz ela, não altera a forma da edificação histórica. O prédio da antiga fábrica de tecidos é de propriedade do governo do Estado de Pernambuco.

O governo de Eduardo Campos foi marcado por inaugurações de obras inacabadas e 1001 promessas não realizadas. A Fábrica de Cultura foi mais um projeto jogado no lixo.

 

 

Fábrica Tacaruna símbolo de um novo Brasil e o velho colonialismo e coronelismo de Eduardo Campos contra a indústria nacional e o progresso social representado por Delmiro Gouveia

Delmiro Gouveia para construir a Fábrica Tacaruna teve que enfrentar poderosos inimigos. E hoje, quem ficar contra a quermesse Fiat-Eduardo Campos, acontecerá o mesmo.

Se Pernambuco tivesse coragem, oposição, assembléia legislativa independente e uma livre câmara de vereadores e promotoria pública e tribunal de contas e faculdades e estudantes de História,  não haveria tanto integrismo para os piratas italianos.

Vários escritores escreveram sobre a Fábrica Tacuruna. O livro mais recente é do cearense Limério Moreira da Rocha: “Usina Beltrão – Fábrica Tacaruna – história de um empreendimento pioneiro”. O prefácio do arquiteto e historiador de arte José Luiz Mota Menezes.

A obra detalha a história da Usina Beltrão/ Fábrica Tacaruna, pioneira no refino de açúcar na América do Sul (e primeira construção em cimento armado do continente). No seu intuito de reconstituir essa história, o autor, à luz de acervos pesquisados no Arquivo Nacional e em instituições pernambucanas, trouxe à superfície informações – algumas inéditas – e testemunhos sobre a glória e a decadência do empreendimento, traçando a trajetória de suas figuras mais ilustres.

Sobrevivente de crises, maus-tratos, descaso oficial, dentre outras ocorrências, o chamado Conjunto Fabril Tacaruna é hoje tombado pelo estado de Pernambuco e está subordinado à Secretaria da Criança e da Juventude, que implantará no espaço o Centro de Cidadania Padre Henrique.

Graduado em estudos sociais, licenciado e bacharel em história, Limério Rocha nasceu em Russas, em 1931, e radicou-se no Recife, nos anos 50. Foi professor de História do Brasil, História da América e Geo-História na Fundação de Ensino Superior de Olinda – Funeso. Também escreveu “Russas: sua origem, sua gente, sua história”, e “Russas: 200 Anos de Emancipação Política”.

Quem se atreverá a escrever os novos e obscuros capítulos da história da Fábrica Tacaura, manchada pelo coronelismo de Eduardo Campos?

livro

A história de um cearense que desafiou o seu tempo. Deu chicotadas no vice-presidente da República e raptou como amante a filha do governador de Pernambuco. Era um empreendedor arrojado e consciente de seu papel social. Quando hoje nenhum empresário pensa no bem-estar dos seus empregados. O que prevalece é um baixo salário como lucro

EDUARDO CAMPOS
EDUARDO CAMPOS

CONTRA

DELMIRO GOUVEIA
DELMIRO GOUVEIA

Escreve Rebecca Fontes:Em meados do século XIX, nascia na fazenda Boa Vista, em Ipu, diocese de Sobral, a 291 km de Fortaleza, Delmiro Gouveia. O menino, filho do cearense Delmiro Porfirio de Farias e da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia, veio ao mundo no dia 5 de junho de 1863 para ser o pioneiro da industrialização do Nordeste: foi o primeiro empresário a empregar a energia hidráulica da queda do Angiquinho, na cachoeira de Paulo Afonso, para colocarem funcionamento as máquinas de sua indústria – a Companhia Agro-Fabril Mercantil, no Recife. O feito histórico ocorreu no dia 26 de janeiro de 1913.

Angiquinho usina delmiro

USINA DE ANGIQUINHOS delmiro

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usina delmiro

No ano seguinte, Gouveia inaugurou sua fábrica de linhas que, com as marcas Estrela (nacional) e Barrilejo (estrangeira), passou a dominar o mercado brasileiro, conseguindo também forte atuação nas praças argentina, chilena e peruana, desbancando os produtos similares estrangeiros. A expansão continuou até atingir a Bolívia, a colônia inglesa de Barbados, as Antilhas e a América do Norte. Ainda no mesmo ano (1914), o empresário iniciou a construção de estradas para a circulação de riquezas até Vila da Pedra (AL), atual Delmiro Gouveia, onde residia, findando por abrir 520 km de vias carroçáveis. Com isso, também foi o pioneiro na introdução do automóvel no sertão.

Mas até chegar à condição de industrial de sucesso, Gouveia enfrentou muitos desafios e inimigos. A história rumo ao sucesso começa com a mudança de sua família do Ceará, em 1868, para Pernambuco. De bilheteiro na estação do trem urbano de Olinda, passando por despachante de barcaças, Gouveia começa, aos 20 anos, a se interessar pela compra de peles de cabras e ovelhas para exportação, servindo de intermediário entre produtores de couro e comerciantes estrangeiros: No mesmo ano, 1883, casa-se com Anunciada Cândida de Melo Falcão, a Iaiá.

Anunciada Cândida tinha 13 anos quando ficou noiva de Delmiro
Anunciada Cândida tinha 13 anos quando ficou noiva de Delmiro

Em 1886, passa a trabalhar por conta própria e por comissão, estabelecendo-se como negociante de couros, vindo a tomar-se, 11 anos depois, no Rei das Peles, acabando por assumir, em 1897, a presidência da Associação Comercial de Pernambuco. Dois anos depois, à frente da Usina Beltrão, de refino e embalagem de açúcar, implanta no Recife o que hoje seria chamado de centro de diversões. Constrói um mercado modelo sem similar no Brasil.

O projeto, denominado Mercado Coelho Cintra, inaugurado a 7 de setembro de 1899, foi o primeiro do Recife a utilizar luz elétrica e incluía carrossel, retreta, teatro, regatas, hotel, bares e velódromo. Com preços baixos, o Mercado incomodou a concorrência, gerando inimigos poderosos, como o prefeito Esmeraldino Bandeira e o todo poderoso da política pernambucana, o presidente do Senado Federal e vice-presidente da República, Francisco de Assis Rosa e Silva. No ano seguinte, seus inimigos políticos incendeiam o complexo e Gouveia é jurado de morte pelos oligarcas da família Rosa e Silva (rosistas). No ano seguinte, 1901, perseguido, foge para a Europa.

Já separado da mulher, em 1902, o empresário rapta e volta para o Brasil com a adolescente Carmela Eulina do Amaral Gusmão – filha do governador de Pernambuco do período 1899-1900, o desembargador Sigismundo Antônio Gonçalves, um rosista de destaque -, estabelecendo-se em Alagoas. Quando Gouveia chegou a Pedra, a 280 km de Maceió, em 1903, havia ali pouco mais de cinco casebres em torno de um terminal da ferrovia que unia Piranhas a Petrolândia (AL), pela qual circulava um trem por semana. Ele contava então com 40 anos. Em 1904, nascem três filhos da união com Eulina.

Carmela
Carmela

Delmiro Gouveia viajou diversas vezes à Europa e aos Estados Unidos e viu de perto os efeitos revolucionários que a utilização da energia elétrica tivera na indústria. Quando conheceu o distrito da Pedra, sua proximidade da cachoeira de Paulo Afonso e as possibilidades de explorar racionalmente toda aquela região, teve a idéia de realizar ali um grande projeto. Assim, em 1909 o empreendedor dá início aos estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso, com aproveitamento parcial de capitais e know-how estrangeiros. O interesse estava voltado ao abastecimento de energia elétrica para funcionamento das máquinas importadas para a Companhia Agro-Fabril Mercantil. Com a indústria inaugurada em 1914, o distrito passou a contar com uma população de cerca de 5 mil pessoas.

A vila operária construída por Delmiro Gouveia
A vila operária construída por Delmiro Gouveia

As residências eram servidas de luz elétrica, água corrente e esgotos. Havia oito escolas, sendo duas profissionais. Dali partiam cinco estradas de rodagem e as terras em redor, beneficiadas pela irrigação, produziam algodão, mandioca, feijão, milho e arroz. Havia criação de gado zebu e holandês e estavam sendo realizadas experiências com novos cruzamentos. A região de Pedra, na confluência de quatro estados, servida por ferrovia e banhada pelo São Francisco, funcionava como corredor de todo comércio do sertão. Tropas de burros pertencentes à firma Iona e Cia., com sede em Maceió, traziam peles e couros do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe. Em Pedra, elas eram tratadas e enfardadas. Seguiam de trem até Piranhas, desciam o São Francisco até Penedo e por mar chegavam a Maceió, de onde eram exportadas. Em pouco tempo, o empresário recuperou a fortuna (perdida quando fugiu do Brasil) e o título de Rei das Peles. A firma -com dois sócios italianos, Lionelo lona e Guido Ferrário – chegou a possuir 200 burros de carga. [Lampião foi um dos almocreves]

Três anos depois da inauguração da fábrica, isolado na cidade que ajudou a construir, o pioneiro da industrialização do Nordeste foi assassinado a bala, no dia 10 de outubro, aos 54 anos de idade, em seu chalet, sob circunstâncias misteriosas e nunca esclarecidas.

Monumento em memória de Delmiro no local em que foi assassinado
Monumento em memória de Delmiro no local em que foi assassinado

Quanto a Fiat vai pagar pelo prédio do Tacaruna?

por Celso Marconi Lins

fachada com boi

Antiga Fábrica da Tacaruna. Fotos de Orlando de Almeida Calado
Antiga Fábrica da Tacaruna. Fotos de Orlando de Almeida Calado

Fernando Carrilho sabe de toda a história em torno da Fábrica Tacaruna para transforma-la em Centro Cultural, sem dúvida. Não devia ter assinado uma matéria no JC simplesmente dizendo que o prédio ‘está abandonado’.

Está abandonado por quem? Por esse Governador que abandonou todos os instrumentos culturais existentes. E ainda diz que quer salvar o Brasil!

Ontem foi a quinta-feira da inauguração de obras inacabadas.

O povo não vai aos museus porque estes sim são inteiramente abandonados.

Esse centro tecnológico da Fiat na Fábrica Tacaruna é somente um ‘uso de espaço’ e não uma ação cultural de Pernambuco. Poderia ser em um novo prédio em qualquer local, muito melhor que fosse mesmo em Goiana. Como seria bom se as pessoas penetrassem sem alienação nas questões…!!!!

Quanto será que a Fiat vai pagar pra ter o prédio do Tacaruna?

O teatro de Eduardo Campos: a entrega da Tacaruna para as excelências da Fiat

FabricadaTacaruna

 

Anunciava o portal do governo de Pernambuco até recentemente:

“Patrimônio Histórico – Fábrica Tacaruna

A Fábrica Tacaruna é considerada como o conjunto arquitetônico fabril mais importante de Pernambuco. Inaugurada em 1895, é formada pela unidade industrial e uma torre. Foi projetada por Delmiro Gouveia para ser a primeira fábrica de açúcar em tablete do país. Na segunda metade do século 20 passou a funcionar como indústria têxtil. Agora no século 21, é propriedade do Estado e se tornará, após reforma, em um centro multicultural“.

Conversa fiada. Promessa para enganar os bestas.

 

Chaminé da Fábrica Tacaruna tem 75 metros de altura
Chaminé da Fábrica Tacaruna tem 75 metros de altura

Nordeste com: Situada na localidade conhecida por Sítio Tacaruna, na atual Avenida Agamenon Magalhães, na divisa dos municípios Recife-Olinda, Pernambuco, a Fàbrica Tacaruna foi construída entre 1890 e 1895, pela Companhia Industrial Açucareira.

Tendo como presidente Pedro da Cunha Beltrão, a Usina Beltrão/Fábrica Tacaruna foi criada com os seguintes fins: comprar, beneficiar e vender os produtos de baixa qualidade da indústria açucareira nacional; fundar duas grandes refinações no Rio de Janeiro e uma no Recife, dotada de aparelhos para produzir álcool puríssimo e esterilizado; e montar indústrias congêneres em qualquer parte do Brasil.

Foi a primeira e mais moderna refinaria da América do Sul e a primeira construção em concreto armado do Brasil.

Além de se destacar pela qualidade estética e técnica de sua edificação, a Usina Beltrão tinha características especiais: mecanização da produção, luz elétrica, cooperativa com sistema de atendimento médico, moradia para os funcionários e operários, sistema de água canalizada para a operação das máquinas. Chamava a atenção a chaminé de 75m de altura, então considerada a mais alta da região, assentadas sobre seis fundas estacas.

Arruda Beltrão ficou à frente da usina até 1899, quando a firma foi adquirida pela firma Cunha & Gouveia, comandada pelo empresário cearense Delmiro Gouveia, um dos pioneiros da industrialização do país, e pelo usineiro José Maria Carneiro da Cunha.

Foi um curto período de administração, no qual Delmiro Gouveia incorporou inovações, como a aquisição de novos maquinismos de procedência inglesa e alemã. Mas, as contendas políticas acirradas – ambos os sócios eram adversários do governador Sigismundo Gonçalves – e as crises do setor açucareiro conspiravam contra o projeto dos empresários.

De 1917 a 1924, a usina ficou sob o controle da firma Mendes, Lima & Cia. Neste último ano, a Companhia Manufatora de Tecidos do Norte, do grupo Menezes, comprou a indústria para transformá-la em Fábrica Tacaruna, empreendimento que resultou bem-sucedido durante três décadas.

Entre 1960 e 1963, segundo o escritor Limério Rocha relata em seu livro “Usina Beltrão – Fábrica Tacaruna – história de um empreendimento pioneiro”, a fábrica atingiu o auge em termos de produtividade, passando a fabricar cobertores de luxo do tipo lã e sintético, com toda a produção vendida. Ritmo que persistiu até meados da década de 1970, quando o controle acionário da indústria foi assumido pela Tecelagem Parahyba do Nordeste, de propriedade da família Severo Gomes. Acabaram-se as produções luxuosas, as quais deram lugar a peças populares.

Desativada em 1982, a Fábrica Tacaruna foi entregue ao Banco Econômico, como pagamento de vultosas dívidas. O espaço já estava, então, incluído, pelo governo municipal, nas chamadas Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico.

Em 1994, o conjunto fabril foi tombado como patrimônio histórico e artístico pelo governo estadual. Em 1996, seria declarado de utilidade pública para fins de desapropriação. Fonte: Revista Algo Mais, fevereiro de 2013.

Nota do redator do blogue: A entrega da Fábrica Tacaruna aos piratas italianos lembra a luta de Delmiro Gouveia contra os piratas ingleses. A mando deles, Delmiro foi assassinado.

Delmiro construiu a primeira hidroelétrica das Américas, em Paulo Afonso, que foi desmontada e jogada no Rio São Francisco.

Delmiro não pegou dinheiro do governo para as suas grandes obras. Em Pedra:

Em 1913, começou a funcionar a usina denominada Angiquinho, fornecendo energia elétrica para todo o vilarejo. A Companhia Agro-Fabril Mercantil, indústria que fabricava linhas de coser, foi instalada em 1914, atraindo muitos moradores para a região e trazendo o desenvolvimento.

A fábrica proporcionou grande geração de empregos, transformando aquela área na primeira vila operária do Sertão. Além da energia elétrica, a vila dispunha ainda de água encanada, telégrafo, telefone, tipografia, capela, cinema, lavanderias, fábrica de gelo, grandes armazéns de depósitos e escola para crianças e adultos. Os habitantes não pagavam pela água e pela luz consumidas, mas não podiam portar armas nem consumir bebidas alcoólicas. Quem jogasse lixo nas ruas recebia multa para se conscientizar do seu erro e preservar a limpeza pública. As casas dos moradores tinham um alpendre largo na frente, ao estilo das construções italianas, e possuíam quatro cômodos. Grande foi o progresso e enorme a prosperidade da vila graças ao arrojado empreendimento, que concorria com poderosos grupos multinacionais.

Além da Fábrica Tacaruna, Delmiro construiu em Recife o que podemos chamar de primeiro shopping das Américas, onde hoje funciona o comando da polícia militar. Veja a semelhança das construções.

Fábrica Tacaruna
Fábrica Tacaruna
Quartel do comando da polícia militar
Quartel do comando da polícia militar hoje
A primeira fachada do Quartel do Derby, quando era o shopping de Delmiro
A primeira fachada do Quartel do Derby, quando era o shopping de Delmiro

O “shopping” de Delmiro foi misteriosamente incendiado. E ele assassinado em 1917.

Debaixo da torre da fábrica, Delmiro esteve escondido quando raptou a filha do governador. Foi um dos seus inúmeros casos amorosos.

Nenhuma das excelências da Fiat têm a visão social de um Delmiro. Suas excelências virão explorar a mão de obra barata e aproveitar as doações de prédios e terrenos, empréstimos bancários a perder de vista, isenções e outras ajudas do mais puro entreguismo.

O presente da Fábrica Tacaruna terá o mesmo destino da doação do terreno da Fábrica Bacardi, na valiosa Bacia do Pina.

Estas fábricas ciganas, quando termina a isenção fiscal, correm para outros lugares, favorecidas pelas ‘desinteressadas’ benesses de governadores e prefeitos.

 

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O caro presente do presidenciável Eduardo Campos para a Fiat

por Noelia Brito

Fábrica Tacaruna, prédio principal
Fábrica Tacaruna, prédio principal

 

Como é que Eduardo Campos pode doar a Fábrica Tacaruna para uma empresa multinacional se esse imóvel foi desapropriado pelo governo do Estado para uma finalidade pública e por milhões? E tem mais: quando foi feita a desapropriação, para favorecer os proprietários da Fábrica tacaruna e prejudicar o Município do Recife, alguém deu uma certidão falsa afirmando que a Fábrica não devia IPTU, quando na verdade devia milhões.

Eu denunciei essa fraude à Corregedoria do TJPE, ao Ministério Público de Pernambuco e à Polícia Civil e agora Eduardo vem e doa o imóvel pra multinacional FIAT? Que história é essa? Cadê o resultado da investigação sobre a fraude tributária e administrativa no prédio da Fábrica Tacaruna?

Centro de Excelência, pois sim! Só se for Centro de Excelência em Fraudes Tacagota! Por que vocês acham que uma certa mafiazinha fez de um tudo pra me tirar da Procuradoria da Fazenda Municipal do Recife???

 

A DOACÃO DE EDUARDO CAMPOS

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Comenta o escritor, romancista e poeta Fernando Monteiro: Ele pode, sim, simplesmente na base do: “EU QUIS  – e ai e Ney e fim” (lembram?), um tipo de administração altamente “democrática” que corre o risco de ser levada, talvez, para todo o país…

 

A DIMENSÃO ESCONDIDA DO TACARUNA

O conjunto edificado do Tacaruna foi  tombado em 1994 como patrimônio histórico e artístico pelo Governo Estadual e, em 1996, é declarado de utilidade pública
O conjunto edificado do Tacaruna foi tombado em 1994 como patrimônio histórico e artístico pelo Governo Estadual e, em 1996, é declarado de utilidade pública

por Aluizio Câmara

 

A Dimensão Escondida, de Edward T. Hall, procura abordar o território do humano sob a visão da utilização do espaço necessário ao seu equilíbrio. Acontece que para os homens, essa dimensão é cultural. Nesse ponto, precisamos conceber e gerenciar os modos como trocamos experiências nas cidades em que vivemos. Precisamos entender que as ações e transformações que acontecem em nossa cidade têm uma implicação direta no nosso modus operandi, na nossa evolução cultural (isso dito no sentido de mudança). Não podemos ignorar essa dimensão subliminar de nossas ações.
O projeto pensado para a antiga Fábrica Tacaruna previa um centro de referência ao lugar, contando sua história e, por consequência, a história da evolução industrial de Pernambuco. Além disso, pretendia-se um centro de referência cultural, abrigando um museu de arte contemporânea capaz de conjugar a junção e a gestão de importantes coleções, a exemplo das coleções pertencentes ao MAC-Olinda e a coleção Marcantonio Vilaça. Seria um lugar de formação e capacitação, com a criação do Centro de Formação de Profissionais da Cultura, com áreas de abrangência nas artes audiovisuais, cênicas e patrimônio. Treze profissionais foram selecionados por concurso e cumpriram formação, em convênio com a França, em grandes centros de formação de referência internacional (no meu caso específico o curso de Museologia da Escola do Louvre).
A proposta era que desenvolvêssemos o projeto pedagógico dos futuros cursos de formação, algo que foi feito sob a égide da AGECIF – um centro de formação de profissionais da cultura em Paris (http://www.agecif.com/), responsável por vários projetos de grande relevância. Estudei o exemplo de diversas “Friches Industrielles” (indústrias reabilitadas), na minha monografia de formação do primeiro ano do Louvre, sob a orientação de Michel Colardelle, então diretor do Museu de Artes e Tradições Populares da França, responsável por sua transformação em Museu da Civilização Europeia e Mediterrânea. Trabalhei juntamente com Roland May, então diretor do departamento de conservação preventiva dos Museus da França, para analisar e propor condições de condicionamento e conservação de nossas coleções.
Estive, ainda, com diversos profissionais envolvidos em projetos semelhantes ao da Fábrica Tacaruna, a exemplo de Anne Lacaton, arquiteta do Palais de Tokyo – site de creation contemporaine ( http://www.palaisdetokyo.com ) – e Jérôme André, responsável pelos projetos do Grand Hornu ( http://www.grand-hornu.eu/ ), uma antiga fábrica de refinamento de carvão, inscrita no inventário da UNESCO como Patrimônio Mundial. Além destas, pude acompanhar o funcionamento do Le Magazin de Grenoble ( http://www.magasin-cnac.org/ ), um centro de arte contemporânea instalado em um antigo atelier de Gustave Eiffel, construído no momento da exposição universal de Paris, e o Lieu Unique de Nantes (http://www.lelieuunique.com/ ), um centro cultural que funciona em uma antiga fábrica de biscoito L.U..
Tudo isso para dizer que dediquei quatro anos de minha vida à Fábrica Tacaruna, pensando um dia ver a luz iluminar a escuridão, possibilitando ver que a cultura é algo mais do que uma retórica vazia de significado nos discursos da atualidade. Mas a minha mágoa não vai muito além do que poderia significar o meu tempo despendido ao assunto, porque ele transpassa a pedra. O meu aprendizado trago comigo e tento aplica-lo nos projetos em que me envolvo. Resignado, esperava ao menos um lugar que possibilitasse a transformação das mentalidades e re-significasse o entendimento e o valor da cultura, como ponto forte da chamada economia criativa.
Acredito na Educação pela Arte, à maneira de Herbert Read. As pessoas que comemoram a entrega da Fábrica Tacaruna à FIAT, alguns de grande inteligência e que merecem todo meu respeito, parecem não querer compreender o valor e a importância do subjetivo, ao trocar a cultura pela indústria do automóvel. Não compreendem a reverberação dessa dimensão escondia. A NÃO SER QUE O ANÚNCIO DA TRANSFERÊNCIA PARA OUTRO SÍTIO DESSE GRANDE CENTRO CULTURAL, IDEALIZADO PARA O TACARUNA, AINDA VENHA A SER EFETIVADO, GARANTINDO RECURSOS DE MESMA GRANDEZA, DE FORMA QUE POSSA ENALTECER O PROTAGONISMO CULTURAL DE NOSSO ESTADO.
Consumado o centro de estudos automobilísticos, na Fábrica Tacaruna, NÃO NOS ESQUEÇAMOS DAS RUAS E DA CONVIVÊNCIA COMPARTILHADA DO AUTOMÓVEL COM TODOS OS OUTROS MEIOS DE DESLOCAMENTO. Deixemos de enxergar o carro apenas como objeto de valor. Podemos pensar mais! A Peugeot e a Citroen criaram o INSTITUTO PELA CIDADE EM MOVIMENTO (http://www.ville-en-mouvement.com/). Podemos desenvolver estudos que abranjam a totalidade dos elementos relacionados à mobilidade urbana. O CENTRO EM TELA PODERIA SER IGUALMENTE UM LUGAR DE DESENVOLVIMENTO DE DESIGN DE MOBILIÁRIO URBANO, DE BICICLETAS, DE TRANSPORTE COLETIVO. UM LUGAR QUE PENSASSE A RUA ENQUANTO ESPAÇO PÚBLICO DE EXCELÊNCIA. Seria uma contrapartida louvável da FIAT e um grande gesto de reconhecimento da integralidade da cidadania por parte do Governo de Pernambuco e da Prefeitura da Cidade do Recife.

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DEPOIS DE DUAS DÉCADAS SEM USO

Desde o governo do avô Miguel ao do neto Eduardo Campos e outros governadores, que a fábrica Tacaruna está abandonada. Certo que havia pressão dos construtores de shoppings e centros de convenções, para que o prédio não fosse usado para atividades culturais, educacionais e de lazer, como teatro, cinema, centro de convenções e feiras internacionais, de esportes, museu, universidade, biblioteca, parque, passeio público etc. E, principalmente, mercado público.

Publica o blog de Jamildo, destacando fotos os “desgastes” do prédio, justificando assim a doação do prédio e do imenso terreno arborizado:

CENTRO DE PESQUISA DA FIAT

Governador Eduardo Campos termina o governo assinando a doação do conjunto arquitetônico Tacaruna e terrenos para a Fiat
Governador Eduardo Campos termina o governo assinando a doação do conjunto arquitetônico Tacaruna e terrenos para a Fiat

por Marcela Balbino

Desativado há 21 anos, o prédio da antiga Fábrica Tacaruna, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, ganhará nova utilidade com a implantação de um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Engenharia Automotiva. Ao menos esta foi a promessa pactuada nesta quinta-feira (3) pelo governo do Estado, Prefeitura do Recife, Fiat Chrysle e Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar).

A unidade irá abrigar cerca de 500 profissionais, entre engenheiros, pesquisadores e técnicos. O local também será integrado aos demais centros mantidos pela montadora italiana.

Atualmente, as marcas da situação de abandono estão presentes na edificação. Portas quebradas e mato crescendo nas janelas denunciam o abandono do edifício, tombado como patrimônio histórico estadual. As paredes pichadas denunciam a falta de cuidado com o lugar, que está sem uso desde 1992. Apenas um vigia faz a segurança do local.

A doação do terreno foi uma contrapartida do governo do Estado para Fiat, que havia prometido um espaço para abrigar o centro. Segundo o vice-presidente mundial de manufatura em Pernambuco, Stefan Ketter, o novo espaço era o ponto que faltava para completar o ciclo da implantação da Fiat no Estado.

Inicialmente, o centro deve funcionar nas dependências do C.E.S.A.R. A estrutura consistirá em escritórios de projetos e galpões para bancos de provas e laboratórios destinados ao desenvolvimento de motores e veículos. A previsão para o início das obras ainda não está acertada.

Quando entrar em funcionamento, o Centro de Pesquisa Automotivo vai compor o eixo de desenvolvimento tecnológico do segmento, que abrange o Porto Digital e a Faculdade Automotiva do Senai.

No ritmo frenético de inaugurações, o governador Eduardo Campos fez questão de comparecer ao evento para assinatura da carta de intenções com a Fiat. “Na hora que chega um centro de inovação, nós ajudamos a consolidar outros setores, como por exemplo a indústria naval. Esse tipo de iniciativa consolida os esforços de aumentar a participação industrial na economia”, pontuou Campos.

TACARUNA UM EDIFÍCIO TOMBADO

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Em 1890 são iniciadas as obras de implantação da Usina Beltrão, a primeira e mais moderna refinaria da América do Sul, na área conhecida por Tacaruna, limítrofe entre os municípios de Recife e Olinda. O projeto da usina primava pela qualidade estética e técnica da edificação observando, na sua concepção e construção, detalhes até então pouco ou nunca utilizados como: uso do concreto armado em um estabelecimento industrial; instalação de luz elétrica; criação de cooperativa com sistema de atendimento médico e construção de moradia para os funcionários e operários da usina; e sistema de água canalizada para a operação das máquinas da empresa. Em 1895 as obras da Usina são concluídas.

Entre 1897 e 1899 a Usina Beltrão é comprada pela firma Cunha & Gouveia, liderada pelo empresário Delmiro Gouveia. A perseguição política a Delmiro Gouveia e sucessivas crises no setor açucareiro, forçam a Usina a fechar suas portas, assim permanecendo por 27 anos.

O conjunto edificado é adquirido, em 1924, pela Companhia Manufatora de Tecidos do Norte que o transforma em indústria têxtil, passando a se chamar Fábrica Tacaruna. Seu funcionamento é considerado favorável no período de 1925 a 1955. O uso se mantém até 1980 quando a produção diminui vertiginosamente.

Em 1975 o controle acionário da Fábrica é assumido pela Tecelagem Parayba do Nordeste. Em baixa produtividade, a Fábrica passa a produzir cobertores a preços populares encerrando definitivamente suas atividades industriais em 1992.

O conjunto fabril é tombado em 1994 como patrimônio histórico e artístico pelo Governo Estadual e, em 1996 é declarado de utilidade pública para fins de desapropriação.

Finalmente a partir de 1998 iniciam-se os estudos para a implantação do novo uso – Centro Cultural – no conjunto da fábrica.

Estas transformações no uso do edifício são emblemáticas e simbólicas, coincidindo com os ciclos econômicos vividos pela região nos últimos 100 anos. O primeiro uso – usina de açucar – representa o período agrícola; o segundo – indústria textil – a transformação econômica para a produção industrial de manufaturados; e, finalmente, a proposta atual – centro de cultura – representa o setor de serviços, aliando a produção cultural com a moderna indústria do turismo. Esta proposta cultural foi desaprovada pelo governador Eduardo Campos.