México. La mansión sospechosa, el tren y la constructora se vuelven escándalo internacional

The New York Times, LA Times, Financial Times, Univisión, BBC Mundo, y The Associated Press (AP), a través de un cable que retoman medios como The Washington Post y Miami Herald, reseñan este día cómo una de las empresas que ganó la concesión del tren México-Querétaro, licitación que fue anulada la semana pasada, edificó la casa donde vive el Presidente Enrique Peña Nieto junto a su esposa Angélica Rivera Hurtado y sus hijos, la cual está valuada en 86 millones de pesos, unos 7 millones de dólares.

Una investigación realizada por el equipo de Aristegui Noticias, la cual fue publicada de manera íntegra por SinEmbargo y otros medios de circulación nacional, da cuenta de la lujosa y moderna residencia ubicada en Lomas de Chapultepec, una de las zonas de más alta plusvalía en la capital mexicana, en la que mora la familia Peña Rivera. La investigación reveló cómo la mansión, conocida como “La Casa Blanca”, no está registrada a nombre de Enrique Peña Nieto, tampoco al de Angélica Rivera ni a los de sus hijos, sino al de Ingeniería Inmobiliaria del Centro, una empresa que pertecene a Grupo Higa.

Grupo Higa, a través de su filial Constructora Teya, integra el consorcio de empresas nacionales y extranjeras al que fue revocado la licitación para construir el tren de alta velocidad México-Querétaro. Este grupo fue clave en el gobierno de Enrique Peña Nieto en el Estado de México al estar involucrado en la construcción de obras millonarias y en el arrendamiento de aeronaves para el gobierno mexiquense.

 

LA CASA DE 86 MILLONES DE PEÑA NIETO

 

Sin embargo, hay algo más que demuestra la estrecha relación de Peña Nieto con Grupo Higa: una casa en Lomas de Chapultepec, en la Ciudad de México. La “casa blanca” de Enrique Peña Nieto. Esta es la historia:

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La investigación comprueba que el Estado Mayor Presidencial (EMP) resguarda la casa de Sierra Gorda 150, y que el Presidente Enrique Peña Nieto y su esposa participaron personalmente con el arquitecto que diseñó la residencia, para que el trazo se ajustara a sus necesidades familiares.

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La casa tiene estacionamiento subterráneo, planta baja y nivel superior con tapancos. Un elevador conecta todos los niveles. El jardín tiene sala y comedor techados. En un inicio, la azotea tenía jacuzzi y bar, pero la casa ha sido modificada en esta área. La planta baja tiene piso de mármol. En el primer piso están las recámaras: en un ala están seis para los hijos de la familia, mientras que en la otra está la habitación principal con vestidor, baños separados y área de spa.

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El color blanco cubre toda la casa, la cual tiene un sistema de luces para crear ambientes: puede tornarse rosa, naranja o violeta. Desde la calle pueden observarse las dos palmeras que crecen en el jardín.

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El diseño de la residencia estuvo a cargo del arquitecto Miguel Ángel Aragonés y sus fotos aún se exhiben en http://www.aragones.com.mx, con el título “Casa La Palma”.

 

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Los planos están disponibles en el portal archdaily.com, llevan el logo de Aragonés y la ubican en la calle Sierra Gorda. También muestran una fecha: octubre de 2010, un mes antes de que Peña Nieto y Rivera se casaran.

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Los interiores que exhibe el portal web de Aragonés, son los mismos donde Angélica Rivera posó para ¡Hola! La sala, los escalones y los muebles son idénticos en ambas imágenes.

 

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El arquitecto Aragonés confirmó que diseñó la casa del Presidente en una entrevista que dio al periodista Alberto Tavira, en el programa “Los despachos del poder”, de TV Azteca. El programa se transmitió el 26 de octubre de 2013.

 

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–Es público que hiciste la casa del ahora Presidente de la República, Enrique Peña Nieto, ¿fue un reto?

 

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–Siempre es un reto trabajar para alguien con esa importancia y esa capacidad, con ese nivel de inteligencia, ¿no? Siempre es difícil tratar de captar lo que alguien específicamente necesita. Sí se vuelve un reto, sobre todo que yo suelo trabajar para mí, no suelo tener clientes…

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Por que Eduardo Campos desistiu de transformar o histórico conjunto de prédios do Tacaruna em uma “fábrica de cultura”?

Do portal da Universidade Federal de Pernambuco transcrevo:

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Livro conta a história da Fábrica Tacaruna, prédio do período açucareiro, hoje à espera de restauração

A Fábrica Tacaruna, na divisa entre o Recife e Olinda, com sua chaminé imponente riscando o céu, foi a primeira e mais moderna refinaria da América do Sul e também a primeira construção em cimento armado do continente. Nenhum detalhe escapa ao historiador cearense Limério Moreira da Rocha, 82 anos, autor do livro Usina Beltrão/ Fábrica Tacaruna – História de um empreendimento pioneiro.

A segunda edição do livro, ampliada, tem apresentação de Antônio Paulo Rezende, professor da Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Sempre que passava pela Avenida Agamenon Magalhães, a caminho de Olinda, onde lecionava na Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso), via aquele belo prédio se acabando com o matagal em volta e me preocupava muito”, confessa Limério, que chega a comparar a imensa construção a “um transatlântico encalhado no mangue”.

Para fazer a primeira edição, em 1991, o historiador contou com a colaboração de Hélio Beltrão, neto do construtor da Fábrica Tacaruna, Antônio Carlos de Arruda Beltrão, que ajudou no acesso a fontes primárias de informações e documentos. Ele também pesquisou em bibliotecas e nos acervos do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde foi fundada a Companhia Industrial Açucareira, que tinha entre seus sócios diversos pernambucanos.

Desde que Usina Beltrão/ Fábrica Tacaruna chegou às livrarias, 20 anos atrás, muitos novos fatos foram registrados no livro. A falência da indústria dos famosos cobertores até a passagem do prédio ao domínio do estado. A edificação também foi incluída como Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico (ZEHP) e tombada como patrimônio material de Pernambuco. Batizado como Centro de Cidadania Padre Henrique, depois de passar às mãos da Secretaria da Criança e da Juventude, o imóvel foi palco até mesmo de prévias carnavalescas e shows musicais de grande porte. Até que o Ministério Público de Pernambuco obteve na Justiça uma liminar proibindo as apresentações no local.

“Noutro local e com a qualidade dos espaços interiores, a fábrica teria sido alvo, diante daquela proximidade do Centro de Convenções, o melhor local para instalar um Centro Cultural (…), mas nada se faz e tudo se aceita sem reclamar. Um estado de ausência que espanta. Perdemos para a Bahia a Coleção Abelardo Rodrigues e vamos deixar outras irem, para felicidade de estados vizinhos, sem ligar a mínima. Somos felizes assim?”, questiona o arquiteto José Luiz Mota Menezes, no prefácio do livro.

Em 2012, teve início uma suposta campanha pela restauração. Publicou o Jornal do Comércio: “Uma tentativa de recuperar o imóvel chegou a ser ensaiada em 2003, quando a Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco iniciou a obra de restauração das cobertas do prédio principal, para implantação da Fábrica Cultural Tacaruna. O projeto não teve continuidade e a coberta colocada nove anos atrás exibe sinais de desgaste, com partes esburacadas. Desde o ano passado (2011), a antiga fábrica é gerenciada pela Secretaria da Criança e Juventude”. Esquisita essa passagem administrativa. Indicava o fim da “Fábrica Cultural”.

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Da reportagem do JC:“O galpão de concreto armado foi um dos primeiros construídos com essa técnica em Pernambuco, é um dos mais antigos do Nordeste”, alerta o arquiteto José Luiz Mota Menezes, estudioso da evolução urbana. A Secretaria da Criança e Juventude pretende restaurar o prédio e instalar no local um centro para oferecer uma série de atividades à população jovem, com museu e biblioteca.

De acordo com o secretário-executivo de Articulação e Projetos Especiais, Joelson Rodrigues, o governo não pode divulgar as atividades previstas para o centro. Mas adianta que o serviço de restauração do prédio principal começa ainda este ano (2012), em setembro ou outubro, com recursos do Estado. O prazo de execução é de 12 meses, para obras de conservação.

“Nesse período, vamos recuperar a estrutura do imóvel para deixá-lo em condições de uso. O trabalho prevê a restauração do piso, telhado e elevador, bem como a instalação de aparelhos de ar condicionado”, informa Joelson Rodrigues. A meta do governo do Estado é abrir o centro em 2014, como mais uma atividade vinculada à Copa do Mundo do Brasil.

Joelson Rodrigues disse que galpões sem importância histórica existente no terreno serão demolidos e refeitos. “Estamos firmando parcerias financeiras e de tecnologia, que serão anunciadas depois.” O projeto de restauração do prédio principal já foi analisado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

“Solicitamos alguns pequenos ajustes e devolvemos o projeto à secretaria há cerca de um mês. Estamos aguardando o retorno com as modificações”, informa a arquiteta da Fundarpe, Rosa Bonfim. A proposta, diz ela, não altera a forma da edificação histórica. O prédio da antiga fábrica de tecidos é de propriedade do governo do Estado de Pernambuco.

O governo de Eduardo Campos foi marcado por inaugurações de obras inacabadas e 1001 promessas não realizadas. A Fábrica de Cultura foi mais um projeto jogado no lixo.

 

 

Lançamento do Dicionário Amoroso do Recife

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“Quem é do Recife, quem já viveu no Recife ou quem passou um tempo no Recife, sempre dirá: eu tenho um caso pessoal com esta cidade”.

O Dicionário Amoroso do Recife é obra de toda uma vida na cidade, “um lugar possuidor de visco e modo de ser” que acompanhou e acompanha Urariano Mota sempre.

No Dicionário, os significados vêm “na nuvem da memória e do sentimento. A memória a falar daquilo que a marcou. Falando para todos os humanos a humanidade do Recife”.

Dicionário Amoroso do Recife

Amanhã, sexta-feira, às 19 horas, na Livraria Cultura, no Paço da Alfândega, no Recife Antigo, o romancista Urariano Mota estará autografando o Dicionário Amoroso do Recife.
O Dicionário é fruto de um escritor que ama a cidade acima de tudo. Não foi à toa que o grande maestro Spok, o cara e a cara do frevo renascido, se referiu ao livro como se visse o Recife falando para os recifenses e para qualquer pessoa de fora, no Rio, em São Paulo, ou além das fronteiras do Brasil. Como um novo Pernambuco falando para o mundo.
De A até Z, o livro é um passeio pelas Igrejas, pela primeira Sinagoga das Américas, pelos terreiros, pelos mercados públicos, pelo elogio emocionante dos heróis do povo da cidade.
Um dicionário da humanidade pernambucana. Da gente do Recife, “da encantadora gente do Recife, que às vezes sufoca a gente de emoção e ternura, de um carinho que rasga o solo como uma flor no asfalto duro”.
De Eutanasinha, a criança flagrada na inocência da fantasia de princesa do carnaval. De Clarice Lispector a ver o frevo na rua. Da descoberta de uma qualidade rara em Dom Hélder Câmara. E muitas homenagens, recuperação de pessoas ilustres e queridas do Recife, desta vez salvas para sempre como exemplos e modelos de pessoas da cidade.
Quem? Não perguntem quem, perguntem como são e vivem essas pessoas. Do ser que são virá a sua fama.
Humor, poesia, drama, como de resto é feita uma cidade grande cujo crescimento se dá na memória e no afeto.
E mais: o novo centro do Recife.
E qual o gênero da cidade? Recife é macho ou fêmea?
Revelações como a passagem de Gagárin no Recife, a origem do nome Zumbi para um bairro. E as mulheres do Marrocos, o teatro de sexo do sonho dos meninos. O Mercado da Boa Vista. As redações do Recife, lembrando nomes que os jovens fotógrafos e jornalistas nem sabe que existiram.  Eis o trecho de um verbete:

“No registro cotidiano do Recife, muito espanta hoje o seu sentido de flagra, mais rápido que o de um fotógrafo de esporte no momento do gol. No precioso arquivo de Olegária, aparecem ladrões meninos ou adultos no instante do furto. Como se fosse de repente, naquele momento tão suave e sub-reptício que ninguém vê, Wilson mostrava em preto e branco os dedos escorregando em uma bolsa de mulher, no centro do Recife. O seu flagrante não media conveniências. Flechava, ou melhor, flashava meninos miseráveis, sem banheiro no mocambo, defecando à luz do dia em um canal da cidade.

Olegária nos contou que tamanha era a intimidade do pai com famosos, que ele chegou a fotografar misses de Pernambuco nuas. Para nossa infelicidade não restaram as provas, porque Wilson, honestíssimo, devolvia os negativos às donas. (O que eram os costumes secretos e a gentileza do fotógrafo.) Ele trabalhou no Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco e Folha da Manhã.“

Este é um Dicionário para o Recife “que está mais em seu povo que em todos os monumentos, pontes, rios e edifícios. Aquela cidade que vista de cima, no avião que chega, acende um calor, uma alegria e uma felicidade sem palavras, somente fogo íntimo”.
“Estamos de volta, Recife”, e quem volta suspira em silêncio, pouco importando se esteve fora um mês, um ano ou dois dias.

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VOCÊ TEM UM ENCONTRO MARCADO COM URARIANO MOTA

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Brasil não entra na lista das 90 melhores cidades do mundo. Perde para Argentina, Chile, Uruguai e Peru

O Brasil possui as piores cidades, porque não faz nada que preste para o povo. Os prefeitos são ladrões. As cidades ideais para se viver são selecionadas pelos indicadores: saúde, violência e estabilidade,  educação, infra-estruturas e meio ambiente, e  entretimento.

A América Latina não aparece entre as  50.

Na América do Sul estão listadas Buenos Aires – é a melhor – no posto 62; seguida por Santiago de Chile no 63. Montevideo ficou no 65, Lima no 81.

O Brasil quase não entra na lista das cem melhores cidades para se viver no mundo. Río de Janeiro está no 92 lugar, Bogotá 111, e Caracas 118.

A investigação anual é realizada pela Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist.

Em ordem decrescente, as dez cidades ideais são: Melbourne (Australia), Viena (Áustria),Vancouver, Toronto e Calgary (as três no Canadá), Adelaida e Sidney (ambas australianas), Helsinki (Finlândia), Perth (Austrália) y Auckland (Nova Zelândia).

As grandes fortunas brasileiras residem no exterior, e possuem dupla nacionalidade (ou três).

Por dever de ofício, residem no Brasil os mandatários do executivo, do legislativo e do judiciário. Até o presidente do Superior Tribunal de Justiça comprou apartamento em Miami.

Para essa classe de tecnocratas e burocratas, os prefeitos constroem guetos de luxo, e ilhas de fantasia para os turistas.

As obras faraônicas da Copa do Mundo deste ano, e das Olimpíadas em 2016, possuem o jeitinho brasileiro dos lá de cima levar vantagem em tudo.

Para o povo viver melhor nada se faz. Veja a proposta mais recente:

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Os edificios kitinetes – a verticalização das casas populares – lembram os túmulos carneirinhos, que no Brasil imenso não existe espaço para a construção de cemitérios.

O povo em geral, os zumbis do capitalismo selvagem e depredador, vai agora viver em edifícios sardinhas de 30 a 60 metros quadrados.

Diferentemente das cinzentas cidades brasileiras, os prédios argentinos pagarão menos impostos por ter jardins nos telhados.

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Informa uma reportagem de Marcia Carmo, para BBC Brasil: “Arquiteto com especialização em economia urbana, Chain lembrou que Buenos Aires integra o grupo chamado C40 (Climate Leadership Group, que reúne cidades que debatem saídas para preservação do meio ambiente) e que a nova meta de Buenos Aires será a exigência de que os novos edifícios já sejam erguidos com os jardins no telhado.

“A medida sancionada é optativa e pretende estimular a criação destes pontos de vegetação. Mas neste ano enviaremos outro texto à Legislatura com a exigência de que novos prédios já tenham esses espaços verdes”, afirmou.

A ideia, afirmou, é que a medida seja aplicada nos bairros onde são registradas as concentrações de construções na cidade. “Quanto maior o numero de construções, maior a necessidade (de áreas verdes) para vivermos melhor”, afirmou.

Buenos Aires é uma cidade conhecida por seus parques, que começaram a surgir entre os séculos 19 e 20, e pela preservação de áreas verdes entre os prédios, chamadas de “pulmón de manzana” (quadra verde).

Via Mangue destrói o verde e o azul, acinzentando o Recife, “Cidade das Águas”

Um americano que morou em São Paulo por três anos resolveu criar um lista com motivos pelos quais odiou viver no Brasil. Ele é casado com uma brasileira e não gostou muito da experiência. A lista inicial tinha 20 motivos, mas um fórum gringo resolveu continuá-la.

Transcrevo dois ítens:

39- Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país. Os ônibus intermunicipais de luxo são eficientes, mas o transporte público é inconveniente, caro e desconfortável para andar. Consequentemente, o tráfego em São Paulo e Rio é hoje considerado um dos piores da Terra (SP, possivelmente, o pior). Mesmo ao meio-dia podem ter engarrafamentos enormes que torna impossível você andar mesmo em um pequeno trajeto limitado, a menos que você tenha uma motocicleta.

40- Todas as cidades brasileiras (com exceção talvez do Rio e o antigo bairro do Pelourinho em Salvador), são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center.

Shopping construído na Bacia do Pina, Recife
Shopping construído na Bacia do Pina, Recife

Conheça os outros dezoitos motivos. No Recife, o sonho da classe média alta é viver no alto de uma alta torre. E a vida acontece assim: Pega o carro e vai para um escritório. E depois pega o carro para a viagem de retorno. Quando o trânsito piorar deve fazer de helicóptero este percurso de ida-e-volta. Como já acontece em São Paulo. E no Rio de Janeiro. O governador Sérgio Cabral vive trepado em um helicóptero. Do alto a paisagem permanece sempre linda. Que as elites não sofrem do medo das alturas. Apenas têm medo do povo. Medo e nojo.

As novas pontes são feias. As ruas e estradas de uma monotonia de dar sono no motorista e passageiros. Não proporcionam nenhuma beleza. Pior ainda: destroem a beleza da paisagem.

A Via Mangue, ora em construção, para facilitar o acesso do Aeroporto Guararapes a um shopping de João Paes Mendonça, e às altas torres que serão erguidas na Bacia do Pina, tornou-se um super, super faturado mostrengo de cimento. Que é fácil diferenciar o que é belo e o que é feio, horrendo, nocivo, aberração.

Via Mangue, Recife
Via Mangue, Recife
Estrada da Graciosa (1873), Brasil. Fotografia: Mauro Nogueira
Estrada da Graciosa (1873), Brasil. Fotografia: Mauro Nogueira

Os engenheiros (não pode ser coisa de um arquiteto, de um artista) pegam um mapa, colocam uma régua em cima, e traçam uma linha reta. Não entendem que Iara é a Senhora das Águas. Que a Mãe-d’água tem curvas.

IARA

Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Olavo Bilac

Iara
Iara

Eles não entendem das curvas de uma mulher. Nem amam a Mãe Terra.

Encosta o ouvido
no morno ventre
da Mãe Terra.

(…)
Se queres sentir
o cheiro fresco do verde,
o doce gosto de chuva.
Se teu sexo anseia
arranhar-lhe o ventre,
arando a vida.
Se tuas penetrantes mãos
cavar-lhe o útero –
onde a semente
será jogada,
onde a semente
encontrará abrigo -,
sejas amigo.
Porque quando teu corpo
não mais te servir,
a Terra Mãe te desobrigará
de tão enfadonha
pesada carga.
Talis Andrade

A linha reta da Via Mangue
A linha reta da Via Mangue
Tianmen Mountain Road – Hunan, China
Tianmen Mountain Road – Hunan, China

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Serra do Rastro, Santa Catarina
Serra do Rastro, Santa Catarina

A BELEZA ROUBADA

O meio ambiente devastado pela especulação imobiliária, pela grilagem de terras e de águas, pelos aterros para a construção de shoppings e de altas torres & toda estrutura urbana presenteada com o dinheiro dos cofres públicos, apenas para atender esse novo Recife, sem povo, das elites provincianas e turistas da classe média baixa dos países do Primeiro Mundo.

O acesso ao shopping Rio Mar, construído com o dinheiro do povo
O acesso ao shopping Rio Mar, construído com o dinheiro do povo
POLUIÇÃO VISUAL. Via Mangue, afeando o Rio, encobrindo o azul - a beleza das águas que dão nome ao Recife, chamada de "Cidade das Águas", "Veneza Brasileira"
POLUIÇÃO VISUAL. Via Mangue, afeando o Rio, encobrindo o azul – a beleza das águas que dá nome ao Recife, chamada de “Cidade das Águas”, “Veneza Brasileira”

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The Atlantic Road, Noruega
The Atlantic Road, Noruega
Ponte de Dhongal, China
Ponte de Dhongal, China

A Via Mangue teve seu nome mudado para Celso Furtado, para não lembrar os manguezais destruídos pelos aterros clandestinos e oficiais. Uma proposital destruição do verde. Da natureza.

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Foto do Blog de Priscila Krause
Foto do Blog de Priscila Krause

O melhor arranha-céus do mundo é na China e é de Rem Koolhaas

Edifício do atelier do arquitecto holandês é a sede da televisão estatal chinesa CCTV. Entretanto, continua a luta pelo título de edifício mais alto do Ocidente: Willis Tower ou One World Trade Center?

CCTV

A sede da CCTV, em Pequim. Fotos David Gray
A sede da CCTV, em Pequim. Fotos David Gray

O melhor arranha-céus do mundo em 2013 é a sede da televisão estatal chinesa CCTV, em Pequim, projectada pelo atelier do arquitecto holandês Rem Koolhaas, também autor da Casa da Música, no Porto. O prémio surge dez anos depois de Koolhaas ter escrito uma espécie de manifesto intitulado Matem o Arranha-Céus, onde se queixava da falta de imaginação na construção desta tipologia de edifício. Agora o Prémio Pritzker mostrou-se grato por ser reconhecido por “uma comunidade que está a tentar tornar os arranha-céus mais interessantes”.

O anúncio dos vencedores foi feito quinta-feira e foi o corolário de quase um ano de trabalho do júri, que analisou mais de 60 projectos. O inconfundível edifício assinado pelo OMA – Office for Metropolitan Architecture de Koolhaas em Pequim foi distinguido por, “em vez de competir na corrida pela maior altura e pelo estilo através de uma torre tradicional elevando-se rumo ao céu, a volta do CCTV propõe uma verdadeira experiência tridimensional” aos 234 metros, como disse o júri.

A decisão do Council on Tall Buildings and Urban Habitat, a autoridade mundial no campo dos arranha-céus, deixou para trás outros três edifícios que com ele competiam pelo título: o canadiano The Bow, projectado pela Foster + Partners de David Foster, o londrino The Shard, de Renzo Piano, e Sowwah Square, em Abu Dhabi, pela Goettsch Partners. A eleição anual é feita a partir de uma escolha por categoria geográfica, sendo eleitos os melhores no continente americano, europeu, asiático e no Médio Oriente e África.

Na sua apresentação do projecto na cerimónia de quinta-feira, em Chicago, Rem Koolhaas lembrou o seu manifesto: “Quando publiquei o meu último livro, Content, em 2003, um dos capítulos chamava-se Matem o Arranha-Céus. Basicamente era uma expressão de desilusão com a forma como a tipologia do arranha-céus era usada e aplicada. Não achava que restasse muita vida criativa nos arranha-céus. Por isso, tentei lançar uma campanha contra os arranha-céus na sua forma mais desinspirada.”

Brincando com o facto de estar a ser premiado por um arranha-céus e com o facto de essa “declaração de guerra” ter sido ignorada, o arquitecto agradeceu aos seus pares pelo prémio, que tiveram de votar quatro vezes até encontrarem o vencedor. O público presente na cerimónia foi também convidado a votar e o resultado coincidiu com a escolha do júri.

Entretanto, o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH) tem uma outra tarefa importante em mãos, cujos resultados devem ser conhecidos na próxima semana: há dois edifícios em luta pelo título de edifício mais alto do Ocidente – sendo que não existe uma medida específica para o que é considerado um edifício elevado, um arranha-céus ou mesmo uma mega-estrutura. Mas há critérios, como explica o CTBUH no seu site. E agora, a velhinha Willis Tower de Chicago (mais conhecida como Sears Tower e um dos ícones da silhueta da cidade do Illinois) bate-se com o novo One World Trade Center, em Nova Iorque, para se poder apelidar de “mais alta”.

Em causa não estão dúvidas quanto a medidas: é certo que o edifício construído após a queda das Torres Gémeas nos atentados de 11 de Setembro de 2001 tem 541 metros (1776 pés, em tributo à data da Declaração de Independência dos EUA) e que a Willis Tower no centro da terceira maior cidade dos Estados Unidos 442 metros, não incluindo as antenas que a encimam (527 com as ditas antenas). A dúvida reside no topo. No cimo do One World Trade Center está uma antena ou um pináculo? Se os 30 membros da comissão que se reuniu sexta-feira para avaliar o caso concluírem que é uma antena, Chicago volta a sentar-se no trono – as antenas de telecomunicações são consideradas acrescentos amovíveis nos edifícios e não são contabilizadas para a altura final.

Actualmente (e desde 2010), o edifício mais alto do mundo é o Burj Khalifa, no Dubai, com 828 metros de altura.

Joana Amaral Cardozo

Jornal Público, Portugal

Mais oito fotos

Recife excludente, feia, feita para carros e prédios horríveis, todos iguais, de 40 andares para cima

Para acabar com a construção de uma monstruosa capital de Pernambuco se faz necessário que apenas uma promotora continue promotora do Meio Ambiente. Foi assim que surgiu o Movimento Volta Belize.

Escreve Rud Rafael: “Todos sabemos que a saída de Belize da Promotoria do Meio Ambiente deveu-se a uma tentativa de esvaziamento de uma das poucas instâncias com a qual a sociedade civil pode (?) contar.

Belize tinha obtido importantes vitórias contra o poder econômico local e estava apenas no começo.
O fato é que estamos vivendo um processo de desmonte do Recife, um processo de higienização fascista que pretende banir os pobres da cidade para criar uma Recife excludente, feia, feita para carros e prédios horríveis, todos iguais, de 40 andares para cima, que projetam suas enormes sombras na nossa praia escurecida, com calçadas minúsculas, em que não podemos caminhar com segurança e sem espaços públicos. Uma cidade triste, bem retratada por O Som ao Redor.
Nós tínhamos com Belize um diálogo aberto.
Ela ouvia realmente a sociedade civil.
Isso assustou o poder público e privado. E não deu outra. Belize foi afastada arbitrariamente.
Por que é tão importante que Belize volte?
Para que seja retomado o trabalho socioambiental iniciado por ela.
Pela Ilha do Zeca! Pelo Coque!
Para dar voz aos que são silenciados!
Por isso é tão importante que, mais uma vez, a gente se faça representar, através de nossa advogada Liana Cirne Lins, no Conselho Nacional do Ministério Publico, onde o pedido de nulidade do afastamento de Belize será julgado, no dia 7 próximo.
Conheça a campanha boicotada pela imprensa recifense
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Por que o Recife não tem nenhum passeio público?

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Bacia do Pina - Beleza Roubada
Bacia do Pina – Beleza Roubada

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Na Bacia do Pina – um dos lugares previstos para construir áreas de lazer – vão levantar torres de edifícios para novos ricos e estrangeiros, construir shoppings e condomínios de luxo. Toda  beleza da paisagem vai ser proibida para o povo.

Compare com Curitiba. Leia reportagem publicada hoje pela Gazeta do Povo

Parque Iguaçu
Parque Iguaçu
Bosque do Papa
Bosque do Papa
Bosque Gutierrez
Bosque Gutierrez

Novas ideias para um outro Passeio

por Cristiano Castilho

uem deu suas pernadas pelo Passeio Público na última semana percebeu algo diferente. Em meio às mesas do restaurante do espaço, pranchas de papel eram vistas penduradas em um aramado improvisado. Nelas, diversas representações do primeiro parque da cidade. Algumas, futuristas, traziam a imagem de um prédio em espiral, todo envidraçado. Outras, mais modestas, mostravam um grande parque a céu aberto, repleto de crianças, e totens com fatos históricos acontecidos ali, no banhado que virou parque há 127 anos.

As mais novas ideias para a revitalização do Passeio Público vêm dos alunos do curso de especialização em Construções Sustentáveis da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), coordenado pelo professor doutor Eloy Casagrande Júnior, um teimoso. Pois foi ele que, em março, desengavetou um projeto concebido por alunos norte-americanos em 2006 – que não foi para frente na época.

Agora, sua turma de arquitetos e engenheiros civis e ambientais teve como tarefa propor sugestões para uma revitalização arquitetônica-ambiental do parque que quer voltar a estar na moda. Os 25 alunos se dividiram em seis equipes. Cada uma apresentou um projeto, que ficou exposto no Passeio Público por oito dias, – de 4 a 12 de maio.

“Colocamos em exposição para os frequentadores criticarem e comentarem”, justifica o professor, também criador do original e premiado Escritório Verde, em 2011.

Os alunos entrevistaram frequentadores do Passeio, moradores do entorno e trabalhadores do local. Na carona das respostas, montaram projetos que envolvem cultura, arquitetura e meio ambiente. “Muito factíveis”, garante. Algumas soluções propostas já são utilizadas no exterior, provando que o que há de comum entre os projetos é a ousadia. “Não são pequenas ações, remodelações ou ajustes. São projetos ousados e arquitetonicamente atrativos”, afirma.

Contato

Assim como aconteceu em março, Casagrande já manteve contato com Sérgio Pires, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Segundo o professor, Pires teve uma impressão geral “excelente”. Sua opinião foi reforçada pelo secretário de Meio Ambiente, Renato Eugênio de Lima, que “acha que algumas ideias podem ser abordadas.”

A exposição do que pode vir a ser o “futuro Passeio” segue agora para o Ippuc e também para algumas universidades. Quanto mais pitacos, neste caso, melhor. “Queremos participar da ação e participar das discussões, já que temos todas essas ideias”, justifica Casagrande, o “teimoso do Passeio”.

No papel
Integrando os seis projetos, algumas propostas elaboradas pelos alunos do professor Eloy Casagrande Júnior se destacam:

Gaiolas interativas

Criação do sistema phantom mesh, utilizado em zoológicos da Nova Zelândia e Austrália. Com uma tela fina, quase transparente, substitui as de arame e facilita a visualização dos animais.

Restaurante

“Como está hoje, o restaurante não funciona”, diz Casagrande. Os alunos propuseram a criação de quiosques e cafés pelo parque. Outra ideia é transformar o restaurante em uma praça de alimentação para diversificar as opções de refeição.

Feira orgânica

Aumentar a interação com a feira que ocorre aos sábados. Utilizar parte do Passeio Público como uma horta orgânica, possibilitando também a educação ambiental para crianças.

Água

Utilizar a água como “tema”. Criar aquário ampliado e interativo.

Museu

Fotos antigas, exposições culturais e relatos de epi­sódios acontecidos no Passeio fariam par­te do museu, um link físico entre passado e presente.

Playground

Remodelar o parquinho das crianças, e modernizar o espaço através do incentivo ao arborismo.

Mirante

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Em forma de espiral – “ou de DNA” –, um edifício envidraçado ofereceria uma visão panorâmica. No topo, um mirante. “Ninguém nunca viu o Passeio de cima”, argumenta Casagrande.

Palco

Reformar e criar uma agenda de shows para o palco do parque: mais um espaço para bandas curitibanas.

[Quais são os espaços públicos do Recife?
A Cidade está cada vez mais cinzenta e feia.
Isto é, o cimento cobre o que resta de verde e vai comendo o azul das beiradas dos rios e das lagoas.
Veja a diferença:
Parque Tanguá à noite
Parque Tanguá à noite
Túnel do Parque Tanguá
Túnel do Parque Tanguá
Trilha João e Maria no Bosque Alemão
Trilha João e Maria no Bosque Alemão
A Casa Encantada no Bosque Alemão
A Casa Encantada no Bosque Alemão