O único brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel teve a cidadania cassada

Peter Brian Medawar
Peter Brian Medawar

Zoólogo britânico, de origem brasileira, nascido em 1915, no Rio de Janeiro, e falecido em 1987, em Londres. Partilhou o Prémio Nobel da Fisiologia e da Medicina, em 1960, com o físico e virólogo australiano Macfarlane Burnet, pela descoberta do fenómeno de desenvolvimento de tolerância do sistema imunológico, quando verificou que animais adultos, injetados durante os primeiros tempos de vida com células de outro organismo, aceitavam transplantes de pele desses organismos.

Presidente Dutra cassou a cidadania de Peter Medawar  

A Segunda Guerra Mundial trouxe, entre outros horrores, um tipo de combate utilizando bombas e bombardeiros, causando um aumento marcante do número de vítimas com queimaduras graves. Com a descoberta da penicilina em 1928 por Alexander Fleming (que recebeu o Prêmio Nobel de Medicina, em 1945) os antibióticos passaram a ter um papel decisivo no controle das infecções, e assim, muitos destes pacientes “grande queimados” sobreviveram. Com esta nova realidade, a necessidade de se encontrar alternativas de tratamento para os pacientes com grandes áreas de queimadura se tornou iminente e o uso de enxertos de pele para tratamento destes casos passou a ser crucial. Em casos de queimaduras de pequena extensão, eram realizados auto-enxertos de pele apresentando quase sempre bons resultados. No entanto, em casos de grandes áreas de queimaduras, a possibilidade de auto-enxerto não era viável e tentativas começaram a ser feitas utilizando-se fragmentos de pele autólogos, ou seja, de outros doadores (aloenxerto).

Neste contexto, Peter Medawar teve um papel de destaque. Nascido em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1915, perdeu a nacionalidade brasileira por uma intransigência do então ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, por causa do serviço militar, mudando-se para Oxford onde cursou zoologia. Na Inglaterra, Peter Medawar se interessou pela questão dos enxertos de pele, cujos resultados mostravam claramente que auto-enxertos eram aceitos e que aloenxertos eram rejeitados. Observou que um segundo enxerto do mesmo doador era rejeitado mais precocemente ainda. Desenvolveu então, modelos experimentais para compreender os mecanismos envolvidos na rejeição, até então desconhecidos. Após extensos e cuidadosos experimentos em coelhos, Medawar estudou parâmetros importantes como tempo, dose, especificidade da primeira e da segunda rejeição, assim como as alterações clínicas e histológicas. Com estes experimentos históricos realizados em 1944 e publicados em 1945, foi demonstrado que a rejeição ao aloenxerto era imunológica. Medawar redescobriu as leis do Transplante apresentadas anteriormente por Schöne e Tizzer, definindo as bases da imunologia de transplante de tecidos.

Mais tarde, na década de 50, Medawar descobriu que a imunidade ao enxerto poderia ser desencadeada também por células mortas e por extratos celulares. Os conceitos de alo-reconhecimento, dos linfócitos como células imunocompetentes e da reação do tipo hipersensibilidade retardada com componente principalmente celular e não humoral foram definitivamente estabelecidos. Por todo o seu trabalho, Peter Medawar foi agraciado com o prêmio Nobel de Medicina em 1960.

Brasil, o vazio intelectual da humanidade

Antigamente no Brasil, era possível ser professor universitário por notório saber. Também se concedia pensões especiais para intelectuais e cientistas e artistas. Pelos relevantes serviços prestados ao país.

Hoje conheço muitos que morrem na miséria. Principalmente professores e jornalistas. Idem pintores, músicos, escritores.

Quando o cara morre, colocam o nome em ruas, escolas e promovem outras homenagens fúnebres. Existem outros que são completamente esquecidos. É o caso de Peter Medawar.

 Assim fica explicado: a Argentina tem 25 prêmios Nobel. O Brasil, nenhum.

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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