Democracia à brasileira: Mauri König vai passar o Ano Novo escondido dos delegados de polícia do governador Beto Richa

Mauri König
Mauri König

Mauri König, um dos mais premiados jornalistas brasileiros, encontra-se em local incerto, escondido pelos amigos, como acontecia nos tempos da ditadura militar. Também como acontecia na ditadura, está ameaçado de morte pela banda podre da polícia. A polícia que sequestra, tortura e mata. A polícia do Paraná, comandada pelo governador Beto Richa.

É do chefe do executivo a responsabilidade de mandar investigar qualquer stalking policial. Urgente e principalmente em um caso de morte encomendada.

O caso König, pelo prestígio do seu nome, foi noticiado por toda imprensa internacional. E pela imprensa brasileira. Impossível para as autoridades provincianas – o governador, o presidente do Tribunal de Justiça e o presidente da Assembléia do Paraná – a encenação dos três macaquinhos: os ouvidos tapados, os olhos vendados, a boca fechada.

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Verbete da Wikipedia

Mauri König é jornalista, atua como repórter especial. Notadamente o Jornalismo Investigativo. É graduado em Letras e em Jornalismo, com pós-graduação em Jornalismo Literário. Trabalhou nos jornais Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Gazeta Mercantil, O Estado de São Paulo e atualmente é repórter especial da Gazeta do Povo, de Curitiba (PR). Em 20 anos de carreira, ganhou 22 prêmios de jornalismo, entre eles dois Esso, dois Embratel, três Vladimir Herzog.Também venceu por duas vezes o Lorenzo Natali Prize, concedido pela União Europeia. Recebeu ainda o Prêmio de Direitos Humanos da Sociedade Interamericana de Imprensa.  Publicou em 2008 o livro “Narrativas de um correspondente de rua”, reunindo 15 de suas maiores reportagens.

Verbete do Portal dos Jornalistas

Mauri König nasceu em Foz do Iguaçu (PR), em 26 de agosto de 1967. É graduado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste/PR), em 1991, e em Jornalismo pela União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC/PR), em 2004, com pós-graduação em Jornalismo Literário pelas Faculdades Vicentinas (Favi/PR) e Associação Brasileira de Jornalismo Literário (Abjl/SP), em 2008.

Começou a carreira, em 1991, como repórter do Jornal de Foz (PR). Na época, ainda cursando Letras pela Unioeste e ministrando aulas na rede pública, foi convidado a trabalhar em um seminário devido a suas experiência na edição do jornal do Centro Acadêmico de Letras da Unioeste. Em 1994, se transferiu para a sucursal local do jornal Folha de Londrina (PR), onde trabalhou como repórter de Geral por três anos.

Migrou para o rádio em 1997, como repórter da afiliada da rádio Bandeirantes na cidade. A volta à mídia impressa ocorreu no ano seguinte, quando foi correspondente no Paraná para O Estado de S.Paulo (SP). Em seguida passou pela reportagem dos jornais Gazeta Mercantil (SP) e O Estado do Paraná (PR), veículo pertencente ao Grupo Paulo Pimentel.

Correspondente do Estadão durante seis anos, atuava na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. “Fiz algumas coberturas longas sobre violência e conflitos de terra entre paraguaios e imigrantes brasileiros, os brasiguaios. Mas foi na Folha de Londrina que fiz minhas primeiras reportagens de cunho mais investigativo, algumas em parceria com um jornalista paraguaio, o César Palácios. Percebi que davam mais repercussão e o processo de produção instigava em mim um antídoto contra o conformismo. Comecei a pesquisar assuntos relevantes e passei a estudá-los melhor, a fazer apurações nas horas de folga e nos fins de semana. Muitas vezes, só quando estava com a reportagem quase toda apurada é que sugeria ao jornal. Fiz isso muitas vezes, em vários jornais onde trabalhei. Dessa forma, fui driblando a falta de tempo e de recursos, e ia emplacando uma reportagem atrás da outra.”

Jornalistas investigativo, passou por uma situação drástica quando ainda atuava em O Estado do Paraná. O próprio jornalista relata o ocorrido. “A situação mais drástica por que passei ocorreu em 19 de dezembro de 2000, no Paraguai, quando fui espancado quase à morte por três homens, um deles vestido com a farda da Polícia Nacional do país. Estava investigando o recrutamento ilegal de adolescentes para o serviço militar no Paraguai. Fui interceptado na minha quinta ida ao país, quando estava sozinho com o carro do jornal O Estado do Paraná. Parei numa suposta blitz numa estrada vicinal, os três me arrancaram do carro e começaram a me chutar e a bater com uma corrente e pedaços de pau. Um deles forçou o joelho nas minhas costas e enlaçou a corrente no meu pescoço. Começou a forçar enquanto os demais continuavam chutando. Quando eu estava praticamente perdendo os sentidos, ele puxou a corrente, levantou e deu mais alguns golpes com a corrente nas minhas costas. Eles riam muito e falavam em guarani (a língua nativa do Paraguai). A única coisa que disseram numa mistura de espanhol e português foi logo no início, quando tentei argumentar: “Você nunca mais vai voltar ao Paraguai”. De repente, foram embora. Destruíram minha máquina fotográfica e amassaram o carro. Com uma faca ou pedra, escreveram no capô: “Abajo prensa de Brasil”. Mesmo dolorido, consegui dirigir por uns 80 quilômetros até a sucursal do Diário Notícias em Ciudad del Este. O jornalista Juan Carlos Salinas avisou à imprensa paraguaia, que cobriu a agressão, e depois me levou ao consulado brasileiro. No Instituto Médico-Legal de Ciudad del Este encontraram mais de 100 hematomas no meu corpo. O Ministério Público paraguaio abriu um inquérito, arquivado um ano depois por ‘falta de provas’.”

Desde 2002, é repórter especial do jornal Gazeta do Povo. No começo, residia em sua cidade natal, porém oito meses após ser contratado foi transferido para Curitiba (PR). Em dezembro de 2012, foi ameaçado de morte, com Felippe AníbalDiego Ribeiro e Albari Rosa, em razão de reportagens que fez denunciando corrupção na Polícia Civil do Paraná.

Escreveu o livro Narrativas de Um Correspondente de Rua (Pós-Escrito, 2008) e participou da antologia Lo Mejor del Periodismo de América Latina II (FNPI, 2010).

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Possui dois Prêmios Esso (de 2001, pela matéria Dossiê Paraguai, mentira encobre crime no quartel, na categoria Regional Sul, e de 2004, pela matéria Mãos Às Armas, Meninos!, na mesma categoria), doisEmbratel (de 2001 e de 2005, na categoria Região Sul), três Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos(de 2001, pela matéria Dossiê Paraguai…, de 2004, pela matéria Terra da discórdia, e de 2005, pela série de reportagens Infância à deriva) um Jabuti, três Lorenzo Natali Prize (de 2002, pela matéria Dossiê Paraguai…, de 2006, pela matéria A infância no limite II – No bordel, a debutante da selva, e de 2007), e um Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, da Sociedade Interamericana de Imprensa em 2004, entre outros. Em 2012 foi agraciado com o International Freedom Press Awards, oferecido pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas.

Também ganhou o prêmio Jornalistas&Cia – Grande repórteres 2010, um certificado de que “Mauri König é um dos 15 mais premiados jornalistas brasileiros no período 1995-2010″.

É diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), no biênio 2012/2013.

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Apatia do povo

Como acontecia na ditadura militar de 64, o brasileiro anda com medo. Inclusive os jornalistas que não defendem os companheiros ameaçados pelo terrorismo policial e pelo assédio judicial, e pela Lei Lavareda de censura eterna.

 

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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