Jornalistas que não apóiam Aécio têm casas invadidas no Rio de Janeiro. E são levados na marra: computadores, máquinas de filmar, de fotografar e telefones. Isso é roubo. É ditadura

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Roubar a ferramenta de trabalho de um jornalista considero um abuso. Isso tem cheiro de ditadura.

Aécio Neves quer o brilho de uma campanha que só mostre suas virtudes. Quer uma campanha de pó de arroz. Perfumada que nem talco. Uma campanha do lava mais branco.

Essas invasões começaram em Minas Gerais, estado que prende e mata jornalistas.

Todo ferramenta levada de um jornalista, a polícia jamais devolve; nem a justiça.

Aécio sabe da probreza dos jornalistas. Não são ricos que nem ele. Um jornalista compra um computador, uma máquina de filmar com sacrifícios inimagináveis.

Além de ser um atentado à democracia, é um ato de censura. Impede que o jornalista independente continue a exercer a profissão. É uma maneira de silenciar, de amordaçar.

Ação movida por Aécio leva Justiça a invadir até casa de jornalista

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro determinou nesta quarta-feira a execução de mandados de busca e apreensão contra seis pessoas suspeitas de difamar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a fim de recolher de suas residências computadores, pen-drives, câmeras fotográficas e outros aparelhos eletrônicos.

Os mandados de busca e apreensão do MP foram emitidos após pedido de investigação feito pelo próprio senador e teriam sido cumpridos todos já nesta quarta, três dias antes da Convenção Nacional do PSDB, quando a candidatura do senador à Presidência da República deve ser oficialmente lançada.

A equipe do senador, em nota, confirmou à BBC Brasil o “pedido de investigação dos crimes praticados contra o senador Aécio Neves por quadrilhas virtuais”. Aécio nega, no entanto, que tenha solicitado a “invasão” das residências.

“O PSDB, em nenhum momento, requereu a realização de busca e apreensão de quaisquer equipamentos ou documentos, sejam em residências ou em sedes de empresas”, diz sua assessoria. [Quer dizer que a polícia amiga e a justiça submissa foi além do pedido prende e arrebenta]

A jornalista Rebeca Mafra teve a casa invadida nesta tarde. Rebeca estava no trabalho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, quando recebeu uma ligação do porteiro do prédio onde mora, na Lapa, região central, dizendo que um delegado queria entrar em seu apartamento. Ao telefone, ele ameaçou arrombar a porta se Rebeca não estivesse lá em 15 minutos. Segundo a jornalista, por sorte uma vizinha tinha a chave e conseguiu abrir a porta.
A jornalista Rebeca Mafra teve a casa invadida nesta tarde. Rebeca estava no trabalho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, quando recebeu uma ligação do porteiro do prédio onde mora, na Lapa, região central, dizendo que um delegado queria entrar em seu apartamento. Ao telefone, ele ameaçou arrombar a porta se Rebeca não estivesse lá em 15 minutos. Segundo a jornalista, por sorte uma vizinha tinha a chave e conseguiu abrir a porta.

 

A jornalista Rebeca Mafra foi citada em um dos mandados. “Um grupo de sete oficiais revirou minha casa toda. Levaram um computador, chip da máquina fotográfica, um pen drive e dois HDs externos, tudo material de trabalho”, afirma. “Eu virei perseguida política de um dia para o outro.” [Como acontecia na ditaduras do Cone Sul. Na ditadura de Pinochet e outros brutais assassinos]

Ela nega que tenha escrito qualquer linha contra o senador. “Minha casa está uma ‘zona’. Não entendo o motivo e não tenho nada a ver com o Aécio. Eu nunca posto nada de política em rede social. Tenho amigos muito engajados que não sofreram abuso desse tipo. Eu não faço parte do eleitorado dele, mas nunca difamei ninguém.”

 

‘Padrão’ [da Gestapo]
De acordo com a assessoria do Senador, os pedidos teriam se limitado “aos que são padrão nesse tipo de investigação”.

Segundo o PSDB, a relação de pedidos do partido à Justiça seria a seguinte: “oitiva (ato de ouvir) de testemunhas, depoimento dos suspeitos já identificados como participantes da quadrilha, e providências para apuração se essas pessoas são remuneradas por terceiros pela execução dessas ações”.

Procurado pela reportagem, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) se limitou a informar que “o MPRJ recebeu representação do senador Aécio Neves e está realizando diligências, que incluem o cumprimento de mandados de busca e apreensão.”

O MP fluminense afirma ainda ter decretado sigilo “porque as diligências estão em andamento”.

Processo [secreto]
A BBC Brasil teve acesso a um mandato de busca e apreensão e também ao processo movido pelo Senador.

O texto do processo, assinado pelo promotor de justiça Luís Otávio Figueira Lopes, pede investigação de supostos crimes contra a honra do senador “através da colocação de comentários de leitores em sites de notícias”.

Ainda de acordo com o processo, os autores dos supostos comentários teriam a intenção de “alterar os resultados dos mecanismos de buscas na internet (por exemplo, o site Google), fazendo com que tais páginas – ainda que substancialmente irrelevantes – alcancem destaque nos resultados das pesquisas eletrônicas”. Fonte BBC Brasil.

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