A sessão do impeachment, presidida pela ladrão Eduardo Cunha, teve todo tipo de baixaria. Foi uma cusparada na cara do povo
O deputado Tiririca resumiu os votos da maioria dos seus colegas em uma representação fiel, verdadeira, que a imprensa golpista considera um deboche:
“Pela Florentina de Jesus, pelo meu cachorro Lulu, pela minha irmã Duculina, pela minha esposa, minha amante e minha namorada, meu filho que vai nascer em 2020, eu voto sim”.
O parlamentar, que mudou o voto na última hora, também disse “sim” à abertura de processo de impeachment, criticou às referências a familiares usadas por diversos colegas para justificar a manobra para cassar o mandato presidencial.
Na hora de votar para valer, Tiririca foi simples e menos folclórico do que a maioria dos colegas pró-impeachment. “Pelo meu país, meu voto é sim”, declarou no plenário.
Escrevem Rogério Galindo e Mariana Balan:
Dos 367 deputados federais que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no domingo, apenas 32 fizeram alguma menção à hipótese de crime de responsabilidade ou às pedaladas fiscais em seus discursos. Outros 335, o que equivale 1 91% dos votos pró-impeachment, não mencionaram o real tema em discussão e fizeram apenas discursos genéricos.
Em tese, o que estava sendo discutido na sessão de domingo era o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) relativo ao pedido de impeachment da presidente. Ou seja: o que os deputados deveriam dizer era se o relatório apontava ou não crime de responsabilidade da presidente – caso contrário, o processo não deveria seguir para o Senado.
As menções a Deus foram mais comuns entre os eleitores pró-impeachment do que as menções às pedaladas. Houve 45 menções a Deus ou à religião do parlamentar: 40% a mais. As menções às famílias dos deputados, foram muito mais comuns: 134 parlamentares pró-impeachment citaram em seu voto os pais, filhos, netos, bisnetos e até noras, irmãs ou tias falecidas. Isso equivale a 418% das menções ao crime de responsabilidade.
Outros 59 deputados fizeram menções vagas a “corrupção”, “roubalheira” ou outras palavras semelhantes, sem no entanto fazer ligação entre isso e o que estava efetivamente sendo julgado em plenário.
Veja videos:
O voto dos golpistas:
O voto de Tiririca:
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