Diversificar e aperfeiçoar os instrumentos de comunicação do Sinjope. O atual é um arre-medo. Tão vazio quanto a abandonada sede

trabalhador salário direitos trabalhistas indignados

 

Por que ninguém visita o blog do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco? Você sabe porquê.

Os meios de comunicação de massa dos patrões não publicam nenhuma notícia do interesse dos jornalista como profissão. Este é o nosso único meio de comunicação. Clique aqui. Veja que é um blog que defende a Arena da Mata de São Lourenço.

Um blog dos jornalistas tem que publicar tudo. Tem que ser transparente. Verdadeiro. Corajoso. Começa pela política salarial, pelas despesas secretas do sindicato, pelo teatro de greves, e pelo lançamento de uma maquete eleitoreira como desculpa para o abandono da sede do Sinjope, e justificativa para o continuísmo governista de uma chapa que pretendia ser batida.

O Sinjope reflete  a pelegada da Fenaj e a destruição da gloriosa ABI.

 

indignados salários empresas estrangeiras

Leia a entrevista de Pedro Pomar, publicada originalmente pelo jornal Extra Pauta, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. Parece que ele está falando da Fenaj e do filiado Sinjope, associado do secretário de Imprensa do governador Eduardo Campos e outros secretários jornalistas amigos do patronato. 

Extra Pauta: Quais foram os pontos fortes e os pontos fracos da atual gestão da Fenaj?

Pedro Pomar: Até alguns anos atrás, a direção da Fenaj dedicou-se, quase exclusivamente, à luta pelo diploma e pelo Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). Mesmo nessa seara, contudo, colecionou mais derrotas do que vitórias. O clímax desse plano inclinado foi a decisão do STF de derrubar o diploma. A direção da Fenaj “esqueceu-se” de denunciar, para o conjunto da sociedade, que o Sindicato das Emissoras de Rádio e Televisão de São Paulo (Sertesp), liderado pela TV Globo, agiu como parte no processo. Mais recentemente, a Fenaj voltou-se para outras questões: estimulou o projeto de lei que cria um Piso Salarial Unificado para a categoria, passou a preocupar-se com a integridade física dos jornalistas, criou a Comissão da Verdade dos Jornalistas. A pressão das bases fez com que a direção “caísse na real” e entendesse que precisava agir em outras frentes. Mas isso ainda é insuficiente, tal o estado de desmantelamento em que se encontra nossa categoria. É flagrante a inoperância da Fenaj como entidade de coordenação nacional dos sindicatos. Ela precisa subsidiá-los no enfrentamento com os grandes grupos empresariais do setor, especialmente os que agem em escala nacional e regional. Ela precisa liderá-los em grandes campanhas nacionais de filiação de jornalistas, contra o assédio moral, ou mesmo em negociações coletivas. A precarização das relações de trabalho chegou a um ponto crítico, que exige uma atuação institucional da Fenaj, em colaboração com as centrais sindicais combativas, para tentar frear o processo perverso de “pejotização” dos jornalistas. Na presente conjuntura, chamou atenção a omissão da Fenaj no tocante às agressões sofridas pelos jornalistas durante a cobertura das manifestações de protesto. A federação limitou-se a emitir uma nota de protesto contra as violências policiais. Mas não se movimentou, como entidade nacional de representação dos jornalistas, para exigir das autoridades e das empresas medidas de proteção mais efetivas contra a truculência da Polícia Militar e contra manifestantes hostis.

 

EP: Um dos principais problemas da categoria é a dificuldade em se organizar para sair em defesa dos seus direitos. O que a Fenaj pretende fazer para superar este problema?

PP: Nós da Chapa 2 defendemos que é urgente uma reaproximação entre Fenaj, sindicatos e a categoria, que precisa se traduzir em maior sindicalização dos jornalistas. Hoje a maior parte dos colegas está fora dos sindicatos, por variadas razões: ações ilegais dos patrões contra as atividades sindicais nas redações; a alta rotatividade nas redações; a fragmentação e atomização da categoria, na qual prevalece hoje a condição do assessor ou assessora de imprensa; o tipo de formação, acrítica e despolitizante, oferecido por muitos cursos de jornalismo; erros cometidos por algumas direções sindicais etc. Uma campanha nacional de sindicalização liderada pela Fenaj, seriamente planejada e levada a cabo com determinação pelos sindicatos, é uma das primeiras medidas para enfrentar essa situação de distanciamento (e com isso fortalecer os sindicatos e a categoria). Os jornalistas precisam voltar a se filiar aos seus sindicatos! Outra medida: diversificar e aperfeiçoar os instrumentos de comunicação da Fenaj. O site da Fenaj, para exemplificar, é incrivelmente antiquado e pouco atraente. Nós jornalistas temos obrigação de fazer jornalismo sindical (e comunicação sindical) de primeiríssima qualidade. O site da Fenaj é um modelo negativo.

 

EP: Quais são as principais propostas da sua chapa?

PP: O combate às demissões, à precarização e ao assédio moral; a retomada da luta pelo diploma e por uma atualização da regulamentação profissional; e a conquista de medidas capazes de garantir maior proteção à integridade física dos jornalistas estão entre nossas prioridades. São lutas que nenhum dos nossos sindicatos poderá levar isoladamente e que exigem pressão sobre o poder público, particularmente o governo federal e o Congresso Nacional. Será preciso, por exemplo, retomar, com as centrais sindicais combativas, a luta pela estabilidade no emprego (direito que a Ditadura Militar suprimiu em 1966) e pela adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a chamada demissão imotivada. Enfrentar a precarização, por sua vez, exigirá campanhas sistemáticas de combate às contratações fraudulentas, bem como pressão sobre Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e tribunais para coibir e punir os desrespeitos à legislação. A “sinergia multimídia”, acúmulo e desvio de funções e o desrespeito à jornada legal e aos direitos autorais serão alvo de nossas iniciativas. A PEC do Diploma foi aprovada pelo Senado, essa foi uma vitória importante, mas está parada na Câmara dos Deputados. Só será aprovada com enorme mobilização da categoria e com amplo diálogo com outros setores da sociedade. Quanto à maior segurança para o trabalho dos jornalistas, nosso programa inclui, além da pressão pela aprovação do projeto de lei que federaliza crimes contra jornalistas, a imediata implantação da resolução do Congresso dos Jornalistas de Rio Branco (2012) de negociar com os grupos de mídia um protocolo com medidas de segurança. Também queremos propor ao governo um programa de proteção a jornalistas ameaçados.

 

EP: De que maneira as entidades sindicais dos jornalistas podem ir além das questões corporativas e se inserir no atual contexto ligado às questões sociais?

PP: Jornalistas são trabalhadores, pertencem à classe trabalhadora, portanto estão interessados em questões que dizem respeito ao conjunto da sociedade. Por exemplo: queremos ensino público e saúde pública de qualidade, portanto apoiamos a destinação de recursos da ordem de 10% do PIB para a educação pública, bem como defendemos maiores verbas para o Sistema Único de Saúde (SUS) — e o fim de favores fiscais para os setores do ensino privado e da medicina privada. A Fenaj e os sindicatos de jornalistas devem apoiar pautas como a desmilitarização da Polícia Militar e o fim da impunidade dos torturadores, pois são coerentes com o combate à herança da Ditadura Militar e com a luta por maior democracia em nosso país. Há, porém, um ponto central da agenda das entidades sindicais dos jornalistas que, a nosso ver, coincide com a agenda geral da sociedade: é a luta pela democratização da mídia. O chamado “oligopólio midiático” constitui-se hoje num obstáculo ao avanço da democracia e da igualdade social e racial no Brasil. Além de elitistas e conservadoras, as grandes empresas que controlam o setor (em flagrante afronta à Constituição Federal) são também as mesmas que atuaram pesadamente contra o diploma de jornalismo. São as mesmas que demitem em massa, que precarizam as relações de trabalho, que impõem jornadas extenuantes, que sobrecarregam os jornalistas com tarefas simultâneas, “multimídia”, em diversas plataformas. Por isso nós da Chapa 2 apoiamos o projeto de lei de iniciativa popular (PLIP) de democratização da mídia, impulsionado pelo FNDC. Estranhamos muito a posição do presidente da Fenaj e candidato situacionista à reeleição, que além de retirar-se do FNDC escreveu artigo manifestando discordar da campanha em favor desse projeto de lei. Não há antagonismo em lutar pelo PLIP e continuar pressionando o governo para que tome medidas concretas de regulação da mídia e de democratização do setor. A posição da direção atual da Fenaj é comodista e leva ao imobilismo.

 

EP: Como a Fenaj poderia articular as pautas regionais de modo que elas tornem-se nacionais?

PP: Muitas das pautas “regionais” na verdade são nacionais. As empresas tendem a agir de modo cada vez mais uniforme e as práticas predatórias rapidamente se disseminam de norte a sul, de leste a oeste. A melhor defesa contra as agendas patronais é a atuação conjunta sindicatos-Fenaj. Que pressupõe diálogo permanente e troca de informações. Obviamente, o modelo de ação vertical e centralizadora vigente hoje na Fenaj impede a necessária circulação de informações e opiniões. A direção da Fenaj não pode ser um “clube de amigos”, ela tem de agir como liderança aberta ao diálogo e capaz de auxiliar os sindicatos com agilidade.


Por Regis Luís Cardoso

 salário3

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

Deixe um comentário