Esse juiz jamais será capa da Veja

por Fábio José de Mello

Será que vai ter delação premiada? Vazamentos? Holofotes do imprensalão? Vinheta na Globo News? Paneladas? Indignação? Histeria?

Quanto tempo vai demorar para aparecer no imprensalão alguma denúncia contra o juiz, que ousa investigar o impoluto sacrossanto governo FHC?

No ano passado ele já mostrou que não ocupa o cargo a passeio. O jornalista Marcelo Auler publicou em seu blog, em 17 de dezembro, a seguinte notícia: “A Operação Sangue Negro que está sendo realizada nesta quinta-feira (17/12) pela Procuradoria da República do Rio de Janeiro com a Polícia Federal cumprindo 9 mandados judiciais assinados pelo juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substituto no exercício da titularidade da 3ª Vara Federal Criminal, atinge negociações feitas entre a Petrobrás e a empresa holandesa SBM na época do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1997). O presidente da Petrobras era Joel Renno.”

Discreto (comportamento oposto ao do cidadão das Araucárias), o juiz Valpuesta está deixando muito tucano com as penas ouriçadas.

Escreve Fernando Brito:

Juiz resolve apurar corrupção na Petrobras desde FHC. Não, não é o Moro…

Na Folha, hoje:

“O juiz substituto da 3ª Vara Federal do Rio, Vitor Barbosa Valpuesta, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras de 1999 a 2012.

A denúncia, feita pelos procuradores em dezembro, torna-se agora uma ação penal, tendo como réus os ex-funcionários da Petrobras Jorge Zelada, Renato Duque, Pedro Barusco e Paulo Roberto Buarque Carneiro, além dos ex-representantes da SBM no Brasil Julio Faerman e Luís Eduardo Campos Barbosa.

O juiz Vitor Valpuesta entendeu haver indícios mínimos do cometimento dos crimes apontados na denúncia, como corrupção ativa, passiva e evasão de divisas, e determinou a abertura da ação, em decisão de 13 de janeiro.”

Valpuesta é um juiz novo – era promotor de Justiça até alguns anos – e tem um comportamento discreto. Só apareceu nos jornais porque substituiu o magistrado fanfarrão que passeava com os carrões apreendidos a Eike Batista, no caso que se tornou tristemente famoso.

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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