por Jessica Santos de Souza – Coletivo AJA – Fotógrafos Ativistas
Foto Ponte Jornalismo
Reintegração de posse é sempre triste.
A PM sempre foi truculenta, mas nos últimos tempo não tem cumprido o combinado com os movimentos.
Não há mínimas condições de retirar as famílias e os policiais atacam senhoras e crianças sem nem piscar os olhos.
Até quando veremos imagens de crianças chorando e policiais fortemente armados. Até quando ouviremos nosso “nobres” colegas jornalistas tentando falar em vandalismo quando há uma legítima revolta?
O que você faria se estivesse indo para o trabalho e fosse atacado sem nem saber o porquê? Talvez corresse, talvez pegasse o primeiro objeto e tacasse de volta.
Solidariedade as famílias (FLM fala em pelo menos 800 pessoas) que só queriam um teto para morar e tiveram que passar horas cercadas por uma instituição que precisa ser desmilitarizada e repensada já que serve aos poderosos e não a população.
FOTO: Zanone Fraissat. Comenta Fotógrafos Ativistas: RESERVAMOS O DIREITO DE NÃO PUBLICAR NENHUM TEXTO COM ESSA FOTO. ESSE CLIQUE CAPTURA A REALIDADE. O QUE VOCÊ VÊ?:
FOTÓGRAFOS ATIVISTAS
Editorial
SOMOS A POLICIA MILITAR…
E assim escutamos o refrão dessa música.
Isso se considerarmos isso uma música.
O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos sofrendo repressões a cada ATO, a cada voz esbravejada da sociedade.
O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos presos a cada AÇÃO, a cada caminhada em prol da Liberdade.
O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos morrendo a cada REPRESSÃO, a cada luta a favor da MUDANÇA.
Sim, “isso” é a nossa Policia, aliás é a policia de quem aceita ter uma policia militar e despreparada…
Nunca apoiaremos a REPRESSÃO em todos os seus níveis.
Falta polícia em Pernambuco. Várias cenas de bandidagem já aconteceram em frente à casa da família de Eduardo Campos, ex-candidato a presidente do Brasil.
Na véspera do seu enterro, jornalistas e cinegrafistas foram assaltados por dois bandidos armados. Que levaram três relógios. Ninguém foi preso.
Banners utilizados na campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e do ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco amanheceram rasgados em frente à casa da família Campos, no bairro de Dois Irmãos no Recife, na manhã deste sábado (13). A data marca um mês após o trágico acidente aéreo que vitimou o ex-governador e outras seis pessoas na cidade de Santos, no litoral de São Paulo.
Esse material de propaganda foi retirado das ruas a mando do Tribunal Regional Eleitoral. Quem cumpriu a ordem judicial deve ser investigado.
Eduardo Campos era uma pessoa querida, não tinha inimigos. E os candidatos que disputam a presidência da República e o governo de Pernambuco jamais seriam capazes de dar um tiro no pé para patrocinar um estranho e inusitado e perigoso evento político, que apenas beneficia Marina que, no momento, faz a campanha do choro, e que a suspeita revista Veja diz ser “vítima da fúria do PT”.
Se Dois Irmãos, um dos bairros da elite recifense, permanece despoliciado, podemos avaliar a falta de segurança nos bairros da classe média baixa e nas favelas.
EM NOVA PEÇA DE CAMPANHA, VEJA AGORA VITIMIZA MARINA
247 – Na ausência de um novo escândalo, a revista Veja desta semana optou por dedicar sua capa a uma peça de propaganda em favor de Marina Silva, candidata do PSB à presidência da República.
Na capa “A fúria contra Marina”, a revista acusa o Partido dos Trabalhadores de promover baixarias contra a candidata que, hoje, representa a esperança de vitória de setores mais conservadores da sociedade brasileira na disputa presidencial de outubro. “Nunca antes neste país se usou de tanta mentira e difamação para atacar um adversário como faz agora o PT”, diz o subtítulo.
Veja não se referia às diversas tentativas frustradas comandadas por ela própria para tentar impedir vitórias do PT em 2002, 2006 e 2010, como as capas sobre os dólares de Cuba, o apoio financeiro das Farc ao PT ou os pacotes de dinheiro entregues na Casa Civil – teses que jamais se comprovaram.
O tema da reportagem desta semana é a crítica que começou a ser feita, pelo PT, a algumas contradições de Marina. O texto de Veja lista o que chama de “as 6 mentiras de Dilma”. Seriam as seguintes: Marina vai abandonar o pré-sal, será um novo Collor, Banco Central independente significa miséria para os brasileiros, Marina é sustentada por banqueiros, vai acabar com o Bolsa-Família e vai tirar R$ 1,3 trilhão de reais da educação e da saúde.
O problema é que muitas dessas “mentiras” estão mais próximas da realidade do que da fantasia. Foi a própria Marina quem, em seu programa de governo, negligenciou o pré-sal, dedicando algumas poucas linhas ao grande vetor da economia brasileira nos dias de hoje.
Sobre o fato de ser sustentada por banqueiros, é uma verdade absoluta. Afinal, Neca Setubal, herdeira do Itaú doou 83% dos recursos que bancam seu instituto. E graças a essa generosidade passou a falar em nome da candidata, defendendo uma agenda que atende ao interesse de bancos privados, com propostas como a independência do Banco Central.
Sobre ser um novo Collor, a crítica do PT não é dirigida à personalidade de Marina, mas sim à sua falta de sustentatação política e ao fato de se colocar acima dos partidos, com sua promessa de uma “nova política”.
Ao vitimizar Marina, Veja sinaliza que, hoje, acredita mais na candidata do PSB do que em Aécio Neves, do PSDB, como alternativa mais viável para derrotar o PT. Hoje, faltam pouco mais de vinte dias para as eleições presidenciais, período que comporta mais três capas de Veja.
Ao que tudo indica, o arsenal de denúncias da revista se esgotou e resta apelar a novas peças de propaganda política.
Estufar o peito e bradar “mídia manipuladora” muitas vezes faz com que sejamos confundidos com adolescentes rebeldes e criadores de mitos.
Mas quando vemos a fotografia da ativista Sininho (Elisa Quadros Sanzi) inserida por meio de fusão em outra imagem, “recortada” através de ferramentas como o photoshop como pode ser observado na Veja desta semana, passamos do mito para o hiper-realismo (a manipulação de imagens, digitalmente ou não, é amplamente condenada no jornalismo).
Quando vemos que um ato em desagravo ao deputado Marcelo Freixo contou com a presença de vários artistas e lotou o auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ devido às invencionices criadas a respeito do envolvimento do deputado com os autores do disparo de rojão, percebemos que paciência tem limite.
No evento estavam presentes artistas como Caetano Veloso, que escreve para o Globo (a TV não teve como ignorar e noticiou o ato no Jornal Nacional desta segunda-feira tendo a lividez cínica de, ao final, dizer que “entendia o desconforto” de Freixo, mas que “estava segura de que havia cumprido fielmente seu papel de informar”. Informar? Mentir mudou de nome?).
Quando vemos a nota tímida, minúscula, quase um rodapé de página, anunciando que um segurança do metrô admitiu que foram funcionários que acionaram os botões “secretos” de emergência que cortaram a energia das estações — e não, como gritavam as manchetes garrafais endossando a versão do governador Alckmin e seu fiel escudeiro Fernando Grella, os “vândalos” de sempre –, comprova-se que existe má fé.
Credibilidade é tudo, já dizia a campanha publicitária de um determinado jornal que hoje faz parte desse grupo “orquestrado”, para usar termo tão caro a eles. Se hoje subestimam a inteligência de seus leitores e pouco se preocupam com o fato de jogarem no lixo os escrúpulos e o compromisso com a verdade, de que servem? A quem se destinam? Por quem são financiados, quais os reais interesses na depredação da honestidade — afinal, o que querem esses imensos black blocs corporativos? Por que dão destaque a uma manipulação de foto na qual o aparelho auditivo de Fidel Castro foi deletado (igualmente condenável), mas inserem uma pessoa num outro cenário que não aquele em que a foto foi realizada?
A tal “mídia manipuladora” soltou suas travas de vez. Perdemos todos, pois o contraponto, o embate saudável é que colabora para um ambiente intelectualmente profícuo, para elucidação de casos, para aceitação das diferenças.
As manifestações de rua são necessárias e democráticas.
Existe o vandalismo gratuito. Tipo depredação dos equipamentos urbanos e comunitários, que acontece com ou sem protesto de rua.
Os serviços públicos estão sucatados. Basta uma olhada nas escolas pichadas e o quebra-quebra de cadeiras, o desvio da grana da merenda escolar, o bulismo, os estupros de menores.
Nos hospitais e postos de saúde, as filas, o roubo de medicamentos, a gazeta dos médicos, os prédios sujos, as mortes por infecção hospitalar, e os macabros atestados de óbito por causa desconhecida.
No Brasil nada cordial, a queima de mendigos, os linchamentos, a violência policial.
Cresce a lista de pessoas desaparecidas, e de presos sob a guarda do Estado, as chacinas e as mortes de “bandidos” pés-rapados na farsa dos tiroteios, uma selvajaria que levou o governador Geraldo Alckmin a proibir que os soldados prestem socorro às vítimas da violência. Para evitar assassinatos dentro de viaturas militares.
Publicado no último dia 12, jornal O Dia. Rio de Janeiro, no Morro do São João, no Engenho Novo, uma invasão da polícia de Sérgio Cabral terminou com um jovem morto.
A vítima foi identificada como José Carlos Lopes Junior que, coincidentemente, morreu no dia do aniversário de 19 anos. Após o intenso tiroteio, dezenas de moradores da favela, que conta com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde janeiro de 2011, fecharam a Rua Barão de Bom Retiro, onde incendiaram dois ônibus.
Transcrevo de reportagem de Flavio Araújo e Marcelo Victor: Pai do rapaz morto, José Carlos Lopes fez grave denúncia contra os milicos da UPP: “Mandaram meu filho ajoelhar e o assassinaram. Que polícia é essa? Por isso que sumiram com o Amarildo e não acontece nada”, disse, referindo-se ao auxiliar de pedreiro morto após sessão de tortura em julho, na Favela da Rocinha.
Denunciam as Mães de Maio: O jornal “A Cidade”, de Ribeirão Preto, publicou uma matéria (e uma seqüência de fotos espetacular) que dá mais algumas amostras do grau de selvageria, despreparo e descontrole da polícia de Alckmin.
Adolescentes entre 12 e 17 anos foram agredidos e ameaçados depois de uma confusão em uma escola na pequena cidade de São Simão. O estopim foi o roubo de um cartão de memória de um aluno. Houve quebra-quebra e depredação. Seguiu-se um “protesto”. A PM foi chamada.
De acordo com a publicação, um menino de 12 anos foi levado pelo braço. Garotos e garotas foram algemados e forçados a se ajoelhar no chão. Três meninas foram jogadas na viatura depois de ser capturadas pelos cabelos e apanhar.
O confronto no colégio representa, de certa forma, um microcosmo do que vem acontecendo nas manifestações. Se a PM não consegue conter um grupo de crianças, como vai lidar com milhares de adultos?
Um certo capitão Maurício Tavares explicou o seguinte: “Essas crianças têm índole violenta. É preciso cuidado. As pessoas podem se machucar gravemente”.
Para o capitão de fila de melão: as “crianças têm índole violenta”, e ele comanda fardados pacíficos”.
Em Itajaí, Santa Catarina,a comunidade do bairro Cordeiros, deteve um suspeito de ter assaltado uma lanchonete na tarde desta quinta-feira 13.
O homem linchado e amarrado no poste por populares tem 26 anos, mas não registra passagens pela polícia.
Em São Luiz, a população do Bairro Radional amarrou um homem também acusado de roubo, no dia 8 de junho de 2012.
No Paraná, em 6 de setembro último, um idoso causou transtornos no Conjunto Vivi Xavier, zona Norte de Londrina. Vivendo sozinho em uma pequena casa de fundos na Rua Elvis Presley, Antonio Borges teve um surto e acabou sendo agredido e amarrado a um poste.
Em janeiro último, no dia 6, um “ladrão” foi surpreendido quando tentava invadir uma casa na Vila Roberto, em Birigui (SP).
Toda imprensa deu destaque aos estudantes da faculdade Cásper Libero, de São Paulo, que no trote deste ano, no último dia 11, amarrou um calouro ao poste por mais de 40 minutos.
No mesmo trote uma uma estudante aparece com uma banana na boca. Segundo relatos dos estudantes, as meninas e alguns meninos tinham que reproduzir sexo oral na fruta ou em um pepino.
Assédio moral e assédio sexual: treino de felação
Além disso, uma estudante teria ficado ferida nas mãos e nas pernas após ter peças das roupas cortadas à tesoura. Muitos alunos ficaram apenas de cueca ou de calcinha e sutiã.
Os futuros estupros depois serão escondidos, como aconteceu na Universidade Federal de Juiz de Fora, Minhas Gerais.
Jornal Estado de São Paulo: “As forças de segurança venezuelanas invadiram neste domingo simultaneamente a casa de Leopoldo Lopez e a de seus pais, na tentativa de prender o opositor que acusa o presidente do país, Nicolás Maduro, de ser responsável pela morte de três pessoas em manifestações contra o governo na semana passada”.
Esquece o Estadão de informar que Leopoldo Lopes é um fugitivo da justiça.
Bandas de López destrozan Chacao
Los grupos de choque de la derecha que buscan sembrar caos en la ciudad se han concentrado en el municipio Chacao, del cual Leopoldo López, hoy prófugo de la justicia y jefe de estas bandas violentas, fue alguna vez alcalde.
El actual alcalde del municipio, Ramón Muchacho, dejó ver por Twitter, desde tempranas horas de ayer, su desesperación por la falta de control de los grupos vandálicos en su jurisdicción.
El mismo Muchacho difundió en su cuenta la fotografía que muestra destruida la agencia del Banco de Venezuela, ubicada en la avenida Francisco de Miranda con la calle Élice,
Desde @ramonmuchacho pasó la noche reportando heridos. A las 9:38 pm escribió: “Salud Chacao ha atendido 7 heridos hasta esta hora. Seguimos en el sitio, pero ambulancias no pueden pasar barricadas”, además de que quemaron cauchos, potes de basura y causaron destrozos en la sede de Salud Chacao.
También dijo que los policías del municipio “hacen todo lo que pueden dentro de sus facultades legales y físicas! Superman no existe!”. Del msmo modo, fijó posición respecto a los hechos de violencia: “Imagino que todos los sectores del país fijarán posición sobre lo que está ocurriendo en @Chacao. Aquí la mía: lo repudio!”
Dispararon contra las oficicinas del Ministerio del Poder Poular para el Transporte Terrestre
La avenida Francisco de Miranda fue víctima de la anarquíaAsí quedó la agencia del Banco de Venezuela
Para o Estado de S. Paulo existe o vandalismo bom e o ruim:
“Lopez não estava em nenhuma das residências vistoriadas pela polícia na ação que começou no fim da noite deste sábado e se estendeu até a manhã deste domingo. Testemunhas disseram que os vizinhos batiam em panelas e frigideiras para protestar contra o que eles consideram uma ordem de detenção arbitrária. O líder da oposição não é visto desde a entrevista que concedeu à imprensa na noite de quarta-feira.
‘Maduro, você é um covarde’, escreveu Lopez em uma mensagem postada no Twitter, após as forças de segurança deixarem as casas. O jornal venezuelano El Universal publicou na quinta-feira uma cópia de suposta [?] ordem de prisão de Lopez sob acusações que vão do vandalismo ao terrorismo.
A caça ao opositor durante a madrugada foi acompanhada de mais uma noite de protestos contra o governo, nos quais os policiais dispararam bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar um grupo de cerca de 500 estudantes”.
Fica registrado que o Estado de S. Paulo é contra a polícia usar balas de borracha, de efeito moral e dar tiros com balas de borracha.
A mudança de comportamento do jornal paulista talvez sirva de um alerta para a violenta polícia do governador Geraldo Alckmin, líder da oposição ao governo da União.
Eles são bandidos, eles são inconsequentes, eles são despolitizados, eles são vândalos, eles são vendidos, eles são fascistas, eles são anti-éticos.
Eles não.
Vocês. A cada noite que sai, a cada mascara que cai, a cada bomba que explode eles querem mais, enquanto você segue sentado vendo os jornais ditarem o que você deve saber. Eles morrem, eles apanham, eles são julgados, eles correm, eles assanham, eles são encarcerados. Enquanto você segue apontando dedos, procurando culpados, eles tentam mudar o mundo. Eles são utópicos, eles são caóticos, eles são voláteis, eles são neuróticos. Eles são vocês. O que os preocupa não é o grito dos corruptos, dos assassinos do Estado, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética, sua única preocupação é o silencio dos que sonham. Hoje existe uma guerra acontecendo bem embaixo dos seus olhos, essa guerra não tem matiz política, não tem lado, é uma batalha ambidestra contra o status quo, contra os conservadores, contra o estabelecido. Uma batalha pela vida, pelo ser humano, pela destruição dos padrões e a reconstrução de uma nova sociedade.
Bem vindos ao Ano de Kali do sânscrito Kālī काली (que significa, literalmente, “A Negra”)A lenda conta que, numa luta entre Durga e o demônio Raktabija, cada gota do sangue deste demônio se criava um novo demônio. Durga e Shiva, ao tentar matar os vários demônios que surgiam a cada gota de sangue, criavam ainda mais demônios. Quando estão prontos para desistir da batalha, surge Kali, que a cada corte que faz, bebe o sangue de seu inimigo, acabando assim com os demônios. Mas Kali não é uma deusa ou deus do mal pois, na verdade, o papel de ceifadora de vidas é absolutamente indispensável para a manutenção do mundo.
AUDIODESCRIÇÃO: Foto colorida. Em uma truculenta ação dos policiais do batalhão de choque de São Paulo, um dos policiais segura uma escopeta apontando para manifestante que estão no chão e rendidos. Segundos depois o mesmo policial atira contra uma manifestante de joelhos no chão.
ali fora
dejetos
e
entulhos
se misturam
com
orgulho
de quem diz amar
a cidade
quase
em cinzas
empresário não é
mais
cidadão
que eu
por isso,
vejo no fogo
espetáculo social
e na revolta
espetáculo essencial
dentre todas as coisas
em chamas
minha cidade é
uma
delas
eu sou a outra
‘dame más gasolina!’
—
.
AUDIODESCRIÇÃO DA FOTO DE THIAGO STONE: Em close está um amontoado de entulhos, madeiras de cavalete e ao centro uma lixeira de plastico estão sendo consumidos pelo fogo.
.
Diante deste queima da cidade de São Paulo, o poema de protesto de FÁBIO CHAP é de uma ironia surrealista. Um humor negro que denuncia a orquestração que a imprensa faz com o noticiário das passeatas de protesto e a bravura bárbara da polícia para defender dos “vândalos” uma lixeira.
Contados, contadinhos: quinhentos milhões roubados. É muito mais. Devem ser bilhões. Eis a roubalheira dos passivos fiscais da Prefeitura de São Paulo. Falta a relação dos corruptores ativos que comiam. Dos empresários que sonegavam impostos, pagando milionárias propinas.
“CHAMA O SECRETÁRIO E OS PREFEITOS QUE EU TRABALHEI. ELES TINHAM CIÊNCIA”
Publica 247: Frase foi dita pelo suposto chefe da máfia dos fiscais de São Paulo, Ronilson Bezerra Rodrigues; sim, suposto, porque a fala indica que talvez houvesse gente graúda acima dele; o fiscal trabalhou com o secretário Mauro Ricardo, indicado por José Serra para comandar as finanças da capital paulista; em outra gravação, Ronilson foi ameaçado pelo fiscal Luis Alexandre Cardoso Magalhães; “eu não vou sozinho nessa porra… eu te dei muito dinheiro… não vou ser bode expiatório”; grampos indicam que o escândalo ainda irá muito mais longe
Segundo os promotores, foi depois de março deste ano, quando o grupo descobriu que a Controladoria da Prefeitura de São Paulo estava investigando todos eles por suspeita de enriquecimento ilícito. Luis Alexandre sentiu que poderia sobrar só para ele e começou a gravar reuniões do grupo e fazer cópias do material para se proteger. O Ministério Público confirmou que as vozes são de Luiz Alexandre Magalhães e Ronilson Bezerra Rodrigues.
Abaixo trecho completo da conversa:
Luis Alexandre – Eu não tava nessa sozinho. Eu tenho todos – todos – os números de certificado. Eu não vou ser bode expiatório.
Ronilson – Isso aí pra mim é uma ameaça.
Luis Alexandre – Não, é um aviso. Eu não vou sozinho nessa porra.
Ronilson – Não vai. Porque eu vou estar contigo.
Luis Alexandre – Eu, o Lallo e o Barcellos não vamos pagar o pato nessa porra toda.
Di Lallo – Não vai, não vai.
Ronilson – Você não vai precisar me entregar. Sabe por quê?
Luis Alexandre – Eu levo a secretaria inteira. Vai todo mundo comigo. Eu te dei muito dinheiro. Te dei muito dinheiro.
Ronilson – Você sabe por que que você me deu dinheiro? Você sabe por quê? Porque eu te deixei lá.
Luis Alexandre – Isso. Então tá todo mundo junto.
Ligados à Secretária de Finanças na gestão do prefeito Gilberto Kassab e do secretário Mauro Ricardo, oriundo da equipe do prefeito anterior José Serra, os fiscais são acusados de fazer parte de uma quadrilha que pode ter desviado mais de R$ 500 milhões dos cofres municipais por meio do abatimento irregular de dívidas de ISS – Imposto Sobre Serviço, o principal tributo do município.
Segundo investigação com origem em março na Controladoria Geral do Município, criada pelo atual prefeito Fernando Haddad, o grupo concedia “habite-se” para grandes construtoras de imóveis por meio de recebimentos pessoais por fora dos meios normais. Num dos casos apurados, uma construtora com dívida de R$ 480 mil de ISS conseguiu liberar a construção e entrega de um prédio recolhendo apenas R$ 12 mil aos cofres públicos. No dia anterior à concessão do documento liberatório, um dos presos hoje recebeu depósito de R$ 407 mil em sua própria conta corrente.
A primeira versão, a da manchete, é sempre a da polícia. Depois é que há – quando há – o espaço para as testemunhas, para o contraditório. Quando a polícia mata, não há reação. Todos estes assassinatos geraram protestos, os dois últimos resultando em ônibus e caminhões queimados e mais violência policial como resposta. Para a periferia, a resposta é sempre mais repressão, mais violência.
No Rio de Janeiro, por sua vez, não podemos nos esquecer de Amarildo. Mas ele é apenas um dos milhares de “desaparecidos” nas UPPs. Torturado violentamente, não é do interessa do Estado encontrar seu corpo e, na verdade, não era sequer do interesse do Estado que seu caso tomasse as ruas. No dia 17 de outubro, um “novo caso Amarildo”, na favela de Manguinhos: Paulo Roberto, de 18 anos, foi espancado por PMs até a morte. Dado curioso: durante um protesto em Manguinhos pela morte de Paulo Roberto, uma adolescente de 17 anos foi… baleada. Em nenhum desses casos a versão principal, na mídia, é a das vítimas.
No dia 26, o mesmo em que Severino foi assassinado, o coronel da PM Reynaldo Rossi foi agredido por adeptos da tática conhecida por Black Bloc no centro de São Paulo. A versão da mídia, baseada em relatos da PM e em vídeos nem sempre completos foi a de que o pobre policial havia sido agredido de graça enquanto trabalhava na contenção dos “vândalos”. A versão de quem estava presente foi a de que o coronel, descontrolado, exigia documentos de identificação de qualquer um que se aproximasse, mesmo jornalistas, e que partiu em direção a um mascarado para, com violência, efetuar uma prisão sem qualquer acusação – como a Polícia Militar está tão acostumada a fazer.
“Porte de vinagre” foi criminalizado
Frente a isto, as pessoas em volta reagiram e “partiram pra cima” do coronel, que foi defendido por um policial armado e sem uniforme, um conhecido P2, ou agente infiltrado. Ora, muitos dos presentes depois suspeitaram de toda a ação. O que fazia um coronel sozinho em meio a mascarados em um protesto e, pior, o que fazia um policial sem uniforme ou identificação no local? De qualquer forma, em momento algum a “grande mídia” buscou o outro lado. Ouviram a polícia, o governador, a presidente (que ofereceu “ajuda” federal, ou seja, ofereceu-se para apoiar a repressão com mais força), e até mesmo a esposa do coronel. Mas não ouviram as testemunhas que estavam presentes – e muito menos foram capazes de ligar sua figura à repressão de junho, com vítimas inclusive entre os jornalistas desta mesma mídia.
Ao ligar a TV em busca dos noticiários, é possível, como já fazem muitos na internet, “brincar” de bingo e esperar que as palavras “vândalos”, “criminosos”, “provocaram a reação da PM”, “a PM reagiu” dentre outras, sejam pronunciadas pelos âncoras. Não importa qual noticiário ou qual canal de TV: invariavelmente, a criminalização dos protestos acontece.
Mais grave que isto, aliás, é a ideia passada pelos jornais de que a PM apenas reage à violência dos protestos quando, na verdade, é a PM a primeira a agredir, a efetuar prisões sem qualquer motivo, a realizar revistas vexatórias (circula pela internet a foto de uma garota que teve sua vagina vasculhada por uma policial no meio de um protesto), a criminalizar mesmo o “porte de vinagre”, como durante os protestos de junho.
Manter a situação sem tocar nas feridas
As notícias na mídia impressa, por sua vez, em geral destacam não apenas a versão “oficial” da polícia e do Estado, mas ao cobrir protestos dão destaque ao “vandalismo”, e não às razões pelas quais se chegou naquele ponto. É o sensacionalismo puro, cruel, que criminaliza e praticamente pede por uma “reação” policial. Jornalistas são alvos preferenciais das forças policiais, mas seus patrões estão mais interessados em criminalizar os manifestantes – raramente assim chamados – enquanto fazem vista grossa às agressões policiais.
Não há como comparar a ação de indivíduos, em geral poucos, que porventura queimem lixeiras, pichem muros ou depredem agências bancárias com paus e pedras e a ação violenta de uma polícia que mata diariamente, armada com bombas, gás e, algumas vezes mesmo com armas com munição letal. O repúdio à violência dos chamados Black Blocs não pode ser mais alto, mais consistente que o necessário repúdio à violência policial. Ora, quantos foram mortos ou mesmo feridos gravemente pelos Black Blocs desde que a tática começou a ser usada no país, durante os protestos de junho? Agora contemos quantos negros, pobres, moradores de periferia foram torturados, espancados e mortos pela PM apenas em um mês. Ou melhor, apenas em uma semana!?
A violência das ruas jamais poderá ser equiparada à violência do Estado. E “quem começou primeiro” faz diferença. Não se trata de birra ou de brincar de “ovo e galinha”, mas de compreender que a violência estatal está presente desde sempre. Está na gênese do Brasil, na concepção da polícia e das ditas forças de segurança, que em geral servem para garantir o controle da periferia, para que esta não exploda e incomode as elites. A mídia, ao reportar sem qualquer questionamento a posição das forças de segurança (sic), ao tratar como nota de rodapé a posição das vítimas e de seu entorno, contribui para a manutenção do status quo, este que significa a repressão violenta ao protesto e, em muitos casos, a repressão antes mesmo do protesto.
Enquanto jovens são assassinados na periferia ou são espancados pela polícia nas ruas do país, a mídia guarda para si o papel de mantenedor dessa situação, sem questionar, sem tocar nas feridas, mesmo que ela mesma seja alvo da violência policial.
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De óculos, Paulo Henrique Santiago dos Santos, 22, é transferido de São Paulo para CDP do Belém, como acontece com os criminosos do PCC. O estudante nega agressão contra o coronel Rossi da PM
Nota do redator do blogue: Os governadores Alckmin e Sérgio Cabral decretaram uma lei marcial nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro para prender manifestantes, e enquadra=los como membros de facções criminosas.
Principalmente os estudantes que gritam “fora Alckmin”, “fora Cabral”.
ESTUDANTE CONTINUA PRESO POR TENTATIVA DE ASSASSINATO E ASSOCIAÇÃO A UMA DESCONHECIDA FACCÃO CRIMINOSA. NINGUÉM FALA DA ESTRANHA ATUAÇÃO DO CORONEL ROSSI, DISTANTE DA TROPA E SALVO POR UM INFILTRADO
O desembargador Alex Zilenovski negou nesta um pedido de habeas corpus para o estudante Paulo Henrique Santiago, de 22 anos, preso em flagrante por tentativa de homicídio e associação criminosa depois de ser identificado como um dos agressores do coronel Reynaldo Simões Rossi em manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), no último dia 25.
Santiago já teve a liberdade provisória negada pela 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital na semana passada.
A defesa do estudante contratou o perito Ricardo Molina para tentar demonstrar, com imagens de um vídeo, que ele não teria participado das agressões contra Rossi. Um laudo será apresentado à Justiça. “As imagens mostram ele inerte, sem nenhum movimento de agressão. Ele não está participando da agressão. Infelizmente, por acaso do destino, saiu numa foto e foi preso”, disse o advogado Guilherme Silveira Braga.
De acordo com Braga, a gravação mostra que havia mais manifestantes na região, mas que a maioria não agiu com violência. Agora, o habeas corpus passará por uma nova análise em julgamento com três desembargadores.
A imprensa propagou que o coronel foi agredido com uma barra de ferro. Agora se diz o certo: pedaço de pau.
Soldado infiltrado tira Rossi do cerco dos manifestantes. O coronel não estava no comando da tropa
Se olharmos a História percebemos que levantes populares são uma constante no passado: os hebreus se rebelaram e fugiram dos egípcios, os escravos romanos sob comando de Espártaco quase destruíram Roma, entre tantos outros exemplos. Em nosso passado recente percebe-se que desde o século XVII começam a haver levantes libertários no mundo ocidental. Originalmente se rebelavam contra a opressão do clero e da nobreza nos campos e nas cidades. Intelectuais iluministas tentavam compreender o fenômeno e as explicações eram das mais variadas.
Para alguns membros do pensamento iluminado – que surgia dentro da burguesia como uma forma de resistência ao mercantilismo e às “justificativas” divinas para os privilégios feudais – tais levantes eram uma forma de expressão popular e, dessa forma, justificada pela opressão. Para outros iluministas, mesmo avessos à nobreza e ao clero a destruição de campos, igrejas e símbolos dessas duas castas era um grande barbarismo.
Do século XVII em diante percebemos que cada geração descobriu formas próprias de resistência, baseados nas condições que se apresentavam para a luta social. Algumas vezes tais manifestações mostravam o desconhecimento de quem era o verdadeiro inimigo.
O movimento ludista – atribuído a um indivíduo que pode não ter existido chamado Ned Ludd – é um exemplo. Na transição do século XVIII para o XIX o sistema capitalista dava seus primeiros passos. Não se sabia muito bem o que era – tanto que sequer era chamado dessa forma. Os trabalhadores seguidamente perdiam seus empregos devido ao desenvolvimento de novas tecnologias. Cada máquina podia substituir cem funcionários.
Como os ludistas agiram? Simples, quebrando as máquinas. Eles não conseguiam ver que a máquina não era o inimigo e sim o dono da máquina que explorava sua força de trabalho. Como sempre, os donos do poder reagiram e uma violenta repressão caiu sobre esses operários: qualquer um que se rebelasse seria violentamente perseguido e quem quebrasse uma máquina teria a pena de morte decretada. Ainda, para proteger os interesses econômicos os soldados dos exércitos nacionais passaram a defender as fábricas.
No desenvolvimento dos levantes populares ao longo do século XIX, uma das formas de resistência era impedindo que as forças armadas – que defendiam o capital e não os cidadãos (alguma mudança?) – tivessem livre trânsito. Como as ruas eram estreitas, a população bloqueava com entulhos fazendo barricadas nas ruas. Desse jeito, os soldados tinham seu poder de mobilidade e formação de combate limitados. O povo podia, mesmo com paus, pedras e outras armas artesanais enfrentar as forças regulares, pois atacavam nas barricadas, nas sacadas e topo dos prédios.
Isso ocorreu na Revolução Francesa, nas jornadas de 1830 e 1848 e deixou de acontecer pelo fato dos estados perceberem e reformularem as cidades para impedir esse tipo de organização. Essa é uma das causas pelas quais a Comuna de Paris ter falhado: Napoleão III depois dos acontecimentos de 1848 reorganizou as ruas de Paris para que fossem largas e dificultar a construção das barricadas que necessitavam de muito mais materiais e eram rapidamente destruídas pelos soldados que tinham condições de fazer suas formações ofensivas sem riscos de ataques pelos flancos (prédios).
Ainda no século XIX, mas principalmente no século XX, os trabalhadores se organizavam em grandes sindicatos e partidos de esquerda (algumas vezes até supranacionais) e com movimentos solidaristas os trabalhadores faziam amplas greves gerais que paralizavam as nações e ameaçavam os donos do capital.
A estruturação do Estado de Bem Estar Social foi uma espécie de vacina “natural” utilizada pelos países e a ultima grande greve parece ter acontecido no glorioso Maio de 1968.
Ao mesmo tempo, no século XX houve movimentos pacifistas que colocavam em xeque o poder militarista das nações ao não enfrentar os opressores com armas e sim com a simples desobediência civil – não trabalhavam ou não obedeciam às ordens de quem os subjugava. A Índia sob o comando de Gandhi é o maior exemplo de resistência pacífica, conseguindo a libertação do jugo britânico. Outro grande exemplo é a conquista dos direitos civis pelos afro-descendentes nos Estados Unidos sob o comando de Martin Luther King Jr.
Em outros momentos simplesmente eclodia rebeliões das mais variadas formas e espontâneas quando a tirania era grande e colocava em risco a própria sobrevivência das populações ou quando a exploração era demasiada. As Intifadas palestinas contra os opressores israelenses tanto no século XX como no XXI são exemplos.
No final do século XX e início do século XXI surgiu uma nova forma em que as manifestações passaram a ser realizadas. Essas são conhecidas vulgarmente como Black Blocs e conjugam em si algumas características do nosso tempo.
Em um primeiro plano percebemos que os jovens que aderem aos Black Blocs sempre utilizam os rostos tapados por capuzes, lenços ou camisetas. Sim, isso é algo lógico se pensarmos que estamos vivendo em um mundo onde câmeras estão em todos os lugares e é muito fácil a identificação dos cidadãos. Tendo em vista que o Estado tem uma premissa a autodefesa, certamente tentará identificar e enquadrar esses cidadãos nos rigores da lei.
Muitos críticos – inclusive parte daqueles que lutaram contra os militares durante o período ditatorial – dizem que quando se manifestavam estavam de peito aberto e rosto desnudo. E comparam isso como se essa nova geração fosse um bando de covardes.
Estranho, pois todos os guerrilheiros abandonavam sua vida civil e iam para a clandestinidade. Trocavam de nome, corte ou cor de cabelo, cidade, estado. Eram mecanismos para ocultar a própria identidade. Mesmo assim, o regime postava cartazes com os rostos dos cidadãos e muitos caíram presos por isso. Isso são formas diversas de ocultar a própria face e se livrar da repressão.
Outra característica é a violência descabida não apenas contra os símbolos do capitalismo como o patrimônio público e privado. Isso é um fato interessantíssimo se formos analisar sociologicamente. No passado – e vamos pegar no século XX – os trabalhadores brasileiros é que detinham uma grande organização. Havia um princípio teórico e prático de ação: a mobilização através de greves. Nos períodos ditatoriais (Estado Novo e Regime Militar) muitas vezes a resposta foi de grupos armados enfrentando o sistema, mesmo assim havia um inimigo a ser combatido e com formas e objetivos claros de intervenção.
Nos dias de hoje percebemos uma grande desestruturação de valores políticos, culturais e sociais. Isso é um reflexo da pós-modernidade que descentralizou completamente as lutas político-sociais. Diante de um quadro de levante popular sem uma organização central e com objetivos claros tende-se à violência descabida.
Há uma espontânea ação de destruição. Os objetivos são menos claros que dos antigos ludistas, que viam e centralizavam nas máquinas a sua rebeldia. Agora os Black Blocs são desprovidos de uma coordenação geral e se juntam espontaneamente através das redes sociais. Existem dos mais variados interesses políticos. Ou seja, ideologicamente é pulverizado. Não há um comando da esquerda, do centro ou da direita.
É por isso que os Black Blocs assustam tanto, pois é um movimento espontâneo que surge exatamente em um momento de completo afastamento da classe política do resto da Nação. Não segue os padrões conhecidos, não possui uma agenda definida e pode eclodir em qualquer momento sob qualquer bandeira, desde que consiga sensibilizar simpatizantes pelas redes sociais (que são incontroláveis). O Estado ainda não sabe como enfrentar essa “ameaça”.
Ou seja, os Black Blocs são a síntese da pós-modernidade dos dias atuais: inexistência de uma única causa, ora individualismo ora a irracionalidade de uma multidão, a busca pelo anonimato, um ódio contra a máquina do sistema, mas não se sabe bem o que é o sistema, pois as novas gerações estão cada vez menos politizadas.
Isso leva a grandes equívocos para a compreensão dentre nossos intelectuais, em sua grande maioria presos aos valores e conhecimentos do século XX. A direita vai enquadrá-los como criminosos (sim atacam os símbolos do capital e o patrimônio) e arruaceiros. A esquerda sem ter o controle sobre o movimento vai enquadrá-la como vândalos e analisá-los com o desdém de uma multidão despolitizada. E disso resulta que a direita os vêem como “anarquistas” e a esquerda como se fossem os “freikorps” que surgiram na Alemanha pré-nazista. Um verdadeiro erro de ambas as partes.
Como pode ser visto, os Black Blocs não são um simples bando de arruaceiros. Eles refletem a forma espontânea que ressurgiu a luta social nesse novo mundo pós-moderno do século XXI: o capitalismo triunfou de tal forma que as lutas sociais foram pulverizadas e ninguém mais vislumbra a exploração capitalista no âmago de todos os problemas sociais da humanidade.
Enquanto isso, dezoito milhões de pessoas morrem de fome todos os anos (e a cada seis anos mais de cem milhões). O capital gera mais exclusões e sofrimento às nações e comunidades como nunca antes visto na nossa História.
Se analisarmos friamente, os Black Blocs são apenas uma entre tantas contradições do sistema capitalista. Apesar de tudo, mesmo que possamos julgar suas ações de forma errônea, são os Black Blocs que estão nas ruas lutando por um país e um mundo melhor.
Para deter a ação dos Black Blocs não adiantará a repressão, pois para cada mascarado que seja desmascarado e preso, outros dez poderão ir para as ruas se forem sensibilizados pelas redes sociais. A melhor forma para lidar com eles é melhorando a sociedade ou criando (ou recriando) formas mais eficientes e politizadas de luta popular.