O Globo disse que Veja disse que Youssef disse que Pansera era pau mandado. O protegido doleiro nunca citou o nome do deputado. E a esposa foi presa com 200 mil euros na calcinha

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Do ministério de notáveis de Dilma Rousseff constará Celso Pansera, na pasta de Ciência e Tecnologia. Celso Pansera é o “pau mandado” que intimidou a família de Alberto Youssef, segundo o próprio doleiro, a mando de Eduardo Cunha.

As outras credenciais de Celso Pansera para a Ciência e Tecnologia são igualmente altíssimas: ele é dono de um restaurante “self-service”, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O nome do restaurante é Barganha. In O Antagonista

PANSERA DEIXOU PSB DE MARINA SILVA PARA VOTAR EM DILMA

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Carreira presidencial, Reginaldo Moreira
Carreira presidencial, Reginaldo Moreira

Nascido em São Valentim (RS), Pansera é um dos seis filhos de agricultores. Aos 26 anos, mudou-se para o Rio. Foi filiado ao PT, que deixou em 1992 para aderir ao grupo que fundou o PSTU. Pansera é dono de um restaurante em Caxias, o Barganha. “Achei o nome no dicionário. É um self-service.” Também dá aulas voluntárias de Português para carentes.

Quando o PSTU ganhou a direção do Sindicato dos Bancários em Caxias, do qual foi assessor, passou a militar na Baixada. Em 1998, trabalhou para a reeleição do então deputado federal do PSB Alexandre Cardoso, hoje prefeito da cidade. “Essa proximidade era incômoda. Isso abriu um fosso do ponto de vista ideológico e programático que acabou com a saída dele do PSTU”, disse Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ.

Cardoso e Pansera deixaram o PSB quando Eduardo Campos lançou-se candidato a presidente, e Pansera aderiu ao PMDB, que tem como seus partidários Cunha, Michel Temer e Renan Calheiros.

VEJA QUE A VEJA MENTIU MAIS UMA VEZ

veja doleiro

O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) afirmou ao G1 que não faz “sentido” dizer que é “pau mandado” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na CPI da Petrobras.

Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o doleiro Alberto Youssef afirmou que está sendo alvo de intimidação por um deputado federal que integra a comissão de inquérito.

Youssef não identificou o parlamentar, mas disse que é um “pau mandado” do presidente da Câmara. O doleiro contou ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, que o deputado tem feito intimidações as suas filhas e a sua ex-mulher.

Depois do depoimento, o site da revista Veja noticiou que Youssef se referia ao deputado Pansera.

A Veja é costumeira na rendosa mitomania, síndrome de Wallace, compulsão em mentir, em criar pseudologia fantástica como propaganda política. Não é um mentir patológico, que é um transtorno psicológico, mas por negociar notícias, transformando a imprensa em um balcão de negócios.

Na sexta (17), Pansera divulgou nota para dizer que, em nenhum momento, fez uso de sua condição de integrante da CPI da Petrobras para ameaçar ou pressionar familiares do doleiro Alberto Youssef.

Celso Pansera protocolou duas vezes na CPI requerimentos pedindo a quebra do sigilo bancário da ex-mulher e de duas filhas de Youssef. Para os advogados do doleiro, as solicitações foram uma forma de intimidá-lo.

“Isso não tem nenhum sentido. Eu faço [os requerimentos para a família do Youssef] porque a minha consciência fala para eu fazer. Ele [o doleiro] já fez delação perante a Justiça antes. É uma pessoa em que não se pode confiar”, disse Pansera ao G1

Alberto Youssef é um blindado intocável. Teve ou tem pra lá de cem empresas, e nenhuma delas foi investigada. Que é dono de empresas que funcionavam e desapareceram no ar, outras que estão em plena atividada, além das empresas fantasmas e de fachada. Para completar casou com uma conhecida doleira de traficantes de drogas.

Nasceu em Londrina em 6 de outubro de 1967. Faltam quatro dias para ele dar uma baita festa de aniversário.

Youssef ficou conhecido com o caso do Baneestado, quando teve sua primeira delação premiada concedida pelo juiz Moro, seu velho conhecido.

Mas as atividades criminosas de Youssef começaram como contrabandista.

In Wikipédia: “O nome Youssef sugere que sua família tenha vindo do Oriente Médio. Pois o seu nome é comum a judeus, curdos, coptas e árabes.

Quando pequeno, Youssef vendia salgados nas ruas de Londrina. Quando ainda adolescente, virou sacoleiro, trazendo mercadorias do Paraguai para revender no Brasil, sendo detido cinco vezes com muamba. Foi acusado de comprar em Ciudad del Este produtos encomendados e enviava-os pelos correios aos clientes. Na década de 90 Youssef teve ainda uma casa de câmbio na rua Pará, em Londrina”.

Note bem: apesar de detido cinco vezes pela polícia, abre uma casa de câmbio, dando início sua lucrativa e proveitosa profissão de doleiro.

OUTRAS PASSAGENS PELA POLÍCIA E PELA JUSTIÇA
Paixão
Paixão

In Wikipédia: Em 2002 veio à tona o caso do Banestado, onde o banco foi privatizado, sendo comprado pelo Itaú. O Banestado serviu para enviar irregularmente para o exterior US$ 30 bilhões. Era Youssef que administrava as contas CC5 (de não residentes) que eram utilizadas para essas remessas. Youssef foi condenado e admitiu ter movimentado US$ 5 milhões ilegalmente. Ainda em 2002, Youssef foi flagrado acompanhando um pagamento total de R$ 39,6 milhões da Companhia Paranaense de Energia (Copel) numa agência do Banco do Brasil em Curitiba. Segundo o Ministério Público (MP) do estado do Paraná e da Procuradoria Geral do Estado, os recursos se referiam à compra de créditos de ICMS de uma empresa falida, a Óleos e Vegetais Paraná S/A (Olvepar). A transação teve autorização de Ingo Henrique Hubert, então secretário da Fazenda. Youssef e outros envolvidos foram denunciados pelo MP por formação de quadrilha.

JAMAIS TEVE OS SIGILOS QUEBRADOS

gato sete vidas

Protegido da justiça, da polícia, da mídia, como recompensa pelos serviços prestados, Youssef continua intocável como uma virgem. Ele protege a esposa doleira e vários doleiros associados.

Quem vai quebrar o sigilo bancario? Quem vai quebrar o sigilo fiscal? Quem ousa saber das contas de Youssef abertas no exterior?

lava jato doleiro petrobras

— O Banestado foi a catapulta para Youssef se firmar como o maior doleiro do país. Ele saiu praticamente quebrado e se recuperou rapidamente. Hoje, todos os doleiros giram ao redor dele — afirma o então promotor Luiz Fernando Delazari, um dos primeiros a denunciá-lo, 10 anos atrás.

ZH – As acusações contra Youssef se avolumam. Encabeçou uma lista de réus da Operação Lava-Jato. Entre outros crimes, é acusado de cometer 3.649 vezes o de evasão de divisas. Entre 2011 e 2013, remeteu para o Exterior cerca de US$ 450 milhões. O dinheiro, de acordo com as investigações, saia do país para pagamentos de importações fictícias de empresas operadas por laranjas.

Segundo a PF, o dinheiro movimentado pelo doleiro circula no submundo do crime, envolve tráfico internacional de drogas e até contrabando de diamantes de uma reserva indígena em Mato Grosso.

Entre seus comparsas estão Maria de Fátima Stocker — braço financeiro de uma organização que fornecia cocaína para a máfia italiana, desmontada pela PF em março, e Nelma Kodama, que aparece em grampos como “Cameron Díaz”, presa com US$ 200 mil na calcinha, quando embarcava para Milão.

QUE NEGOÇÃO PEGA COM 200 MIL EUROS PAGA 15 MIL REAIS DE FIANÇA

Justiça fixa fiança de R$ 15 mil para doleira presa com 200 mil euros na calcinha.
Nelma Kodama, alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi denunciada por tentativa de evasão de divisas.

Noelma Kodama presa

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por Fausto Macedo


A Justiça Federal em São Paulo fixou fiança de R$ 15 mil para a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, presa em flagrante no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando embarcava para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos dentro da calcinha.

Se Nelma depositar os R$ 15 mil ela ficará livre do flagrante e terá sua prisão revogada neste caso em que foi denunciada pela Procuradoria da República por tentativa de evasão de divisas. Mas ela responderá ao processo criminal na Justiça e os 200 mil euros continuam confiscados judicialmente.

A AMANTE DO DOLEIRO VIRA CAPA DA PLAYBOY

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taciana camrgas dolares

Logo após ser preso em março de 2014, pela Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef pegou o telefone e mandou uma mensagem. Do outro lado da linha, quem recebeu o comunicado da prisão foi Taiana de Sousa Camargo, de 30 anos.

De salto alto e coberta por notas de dólares, a ex-amante do doleiro estampa a capa da revista Playboy de janeiro posando em quartos de hotel e jatinhos particulares. À publicação, ela contou que foi “a primeira pessoa para quem ele mandou uma mensagem quando foi preso”.

“Ele nunca mais me ligou depois daquela mensagem. Acho que ele primeiro pensou em se preservar. Fiquei magoada”, disse Taiana.

O romance começou em 2009 após Taiana se mudar para São Paulo, para trabalhar com vendas. Ela conta que foi apresentada a Youssef por uma amiga em comum e que o contato entre os dois se tornou frequente até se transformar em um tórrido caso de amor.

De acordo com a Polícia Federal, que quebrou o sigilo telefônico do doleiro, entre 2010 e 2013 eles se falaram ao telefone por 10.222 vezes. Ela conta que, durante o relacionamento, tomou conhecimento sobre casos de corrupção envolvendo o doleiro. In Contexto Livre

charge-calcinha 200 mil euros

DECAPITADO. A morte selvagem do jornalista Evany Jany José Metzker

A vida de Evany José Metzker, torturado e decapitado enquanto investigava traficantes e pedófilos na região mais pobre de Minas Gerais

CENA DO CRIME A carteira de identidade do  jornalista Evany José Metzker. Ela foi lançada numa área rural do município de Padre Paraíso, onde seu corpo foi achado (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
CENA DO CRIME
A carteira de identidade do jornalista Evany José Metzker. Ela foi lançada numa área rural do município de Padre Paraíso, onde seu corpo foi achado (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)

por FLÁVIA TAVARES| DE PADRE PARAÍSO, MINAS GERAIS
Revista Época

Na manhã do dia 13 de junho último, uma quarta-feira, o jornalista Evany José Metzker, também conhecido como Coruja, levantou-se, tomou café com um pedaço de bolo, que não dispensava, e avisou Cristiane, a filha da dona da pousada Elis, que precisava ir a uma cidade próxima. Metzker havia se comprometido a dar uma palestra naquela tarde no colégio da garota. Prometeu dar notícias se não conseguisse voltar a tempo. A viagem de Padre Paraíso a Teófilo Otoni, a 100 quilômetros dali, tomou-lhe quase o dia todo. A palestra que ele daria, sobre exploração do trabalho infantil, ficaria para a próxima semana. Metzker retornou à pousada, se desculpou com a pupila, saiu para jantar com o amigo Valseque e, no fim do Jornal Nacional, voltou ao hotelzinho de beira de estrada. Pediu que sua conta de três meses fosse encerrada. Disse que iria a Brasília no dia seguinte e, na volta, pagaria os R$ 2.700 que devia. Saiu novamente, deixando o ventilador e a luz do quarto ligados. “Eu vou ali e volto”, avisou. Metzker não voltou.

Na segunda-feira passada, dia 18, a Polícia Militar de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais, recebeu um telefonema. Moradores da roça haviam visto o que parecia ser um corpo na margem de uma estrada de chão batido, a 20 quilômetros do centro. Uma viatura foi ao local. Dois policiais encontraram um corpo sem a cabeça, que fora decepada já quase na altura dos ombros. As mãos da vítima estavam amarradas sobre a barriga, numa corda alaranjada – a direita sobre a esquerda. O homem estava seminu. Vestia apenas jaqueta, camiseta e meias pretas. Mais adiante, avistavam-se um pé do sapato social e uma calça preta. A armação dos óculos e uma lente estavam em outro ponto. O cadáver se decompunha rapidamente. Estava muito inchado – sobretudo os testículos. O perito apontou, mais tarde, que havia indícios de sangramento anal e hematomas na genitália. O crânio foi encontrado a 100 metros do corpo. Possivelmente fora arrastado por cachorros, que devoraram a pele e os olhos do homem. O maxilar estava quebrado, descolado da cabeça. A cena de horror não continha uma gota de sangue. O corpo fora arrastado até ali e o rastro ainda estava lá. O autor da monstruosidade não se preocupou em ocultar o crime ou a identidade de sua vítima. Deixou o cadáver na lateral da pista, a poucos metros de um barranco profundo. A seu redor, os documentos espalhados: um título de eleitor, um RG, um CPF, três folhas de cheque, dois cartões da Caixa Econômica e uma carteira funcional do jornal Atuação. Todos em nome de Evany José Metzker, de 67 anos. A camiseta preta ainda trazia do lado direito do peito uma coruja amarela, marca do blog de Metzker, Coruja do Vale. Nas costas, em letras maiúsculas, estava escrito: IMPRENSA.

Metzker tinha profundo orgulho de ostentar o título de repórter. Dizia para o colega Valseque Bomfim, também blogueiro de Padre Paraíso: “Nós somos jornalistas. Investigativos. Temos de investigar”. Valseque resistia em firmar com Metzker uma parceria entre os blogs, como propunha o forasteiro com insistência. Metzker chegara à cidade havia pouco tempo. Valseque passou, então, a frequentar o quarto dele na pousada. “O Metzker não me contava sobre as apurações que estava fazendo. Só falava que queria ajuda, que queria trabalhar junto”, conta Valseque. Metzker havia montado uma pequena redação em seu quarto. Pediu a Elizete, dona do hotel, um roteador exclusivo, para ter acesso estável à internet. Dispôs três mesas no pequeno cômodo, onde instalou uma impressora, seu notebook e por onde espalhava muitos papéis. Fumava incessantemente seus Hiltons e Hollywoods. O cheiro de tabaco impregnou paredes, colchão e travesseiro, talvez de forma irreversível. Elizete teme nunca mais conseguir alugar o quarto. “Eu chamava ele de Paulo Coelho”, diz Elizete. “Ele tinha cavanhaque, era caladão. Só escrevia, trabalhava e fumava. Nunca chegava depois das 10 da noite e jamais trouxe mulher para cá.” Nos poucos momentos em que se descontraía, Metzker dava conselhos às filhas de Elizete. Inclusive a Cristiane, que queria ser jornalista e para quem ele fez uma carteirinha de repórter aprendiz. Repetia que elas precisavam estudar e levar uma vida regrada, como a dele. Metzker não falava muito do passado, nem com a própria mulher, Ilma. Mas contou às meninas que fora desenhista da polícia. Fazia retratos falados. De fato, desenhava muito bem. Também dizia que fora militar, sem entrar em detalhes. Só vestia roupas sociais e gostava de tingir o cavanhaque, que alternava com um espesso bigode.

Metzker iniciou a carreira de repórter em 2004 e tinha orgulho de se apresentar como jornalista

A profissão de jornalista foi construída a partir de 2004. No ano anterior, Metzker conhecera Ilma. Ele era de Belo Horizonte, mas trabalhava em Montes Claros, dando suporte de informática em um hospital. Ilma estava ali acompanhando o primeiro marido, que tinha câncer. Meses depois da morte do marido, Ilma retomou contato com Metzker. Numa tarde de dezembro de 2003, Metzker foi visitá-la em Medina, uma cidade pequena e charmosa do interior de Minas. Ficou. Lá, montou o jornal Atuação, que imprimia numa gráfica de Montes Claros. Fazia denúncias sobre a administração da cidade, sobre ruas esburacadas e sobre a falta de atendimento nos postos de saúde. Queria mais. Dez anos depois de dar início a sua carreira de repórter, sentia que não era reconhecido por seu trabalho. Em 2014, então, passou a viajar pela região, buscando notícias mais quentes. Mantinha bom relacionamento com policiais, militares e civis, de todas as cidades por onde passava. Seu blog, que lhe rendeu o apelido de Coruja, noticiava muitas ocorrências policiais. Percorreu quase todo o nordeste de Minas, passando por Almenara, Divisa Alegre, Itinga, Araçuaí, Itaobim… Hospedava-se em uma dessas cidadezinhas e, nos finais de semana, voltava a Medina, para ficar com Ilma e com os três filhos dela, que criou como seus. Quando os pequenos anúncios no blog escasseavam, fazia bico bolando logotipos para empresinhas das cidades. Vivia com pouco. Queria construir uma reputação, ser referência. “Aos poucos, as pessoas começaram a procurar ele para contar o descaso das autoridades”, diz Ilma, que nunca viu um diploma de jornalista do companheiro. Metzker lhe garantia que havia estudado. “Ele era muito responsável, só publicava se tivesse certeza, documento.”

Seguindo sua turnê investigativa, no dia 13 de fevereiro deste ano Metzker encontrou morada em Padre Paraíso. Na entrada da cidade, um letreiro enuncia que este é o “Portal do Vale do Jequitinhonha”. É a chegada à região com os piores índices de desenvolvimento de Minas Gerais – a área representa menos de 2% do PIB do Estado. Não há político em campanha que não prometa uma salvação para o infame “vale da miséria”. Padre Paraíso se espalha por dois morros, rasgada ao meio pela BR-116, a estrada que liga o Ceará ao Rio Grande do Sul. São quase 5.000 quilômetros, trafegados pesadamente por caminhões. Padre Paraíso, com seus pouco menos de 20 mil habitantes, é aquele tipo de cidade que nasceu em torno de um posto de gasolina. Casebres ladeados de borracharias e botecos margeiam a estrada. Há um pequeno centro comercial, movimentado e bem popular. A tradicional igreja na pracinha está oprimida pelas dezenas de templos evangélicos que a cercam. A casa mais bonita da cidade é a da prefeita Dulcineia Duarte, do PT. Cabeleireira, ela assumiu a candidatura do marido, Saulo Pinto, impugnada pela Justiça Eleitoral.

A VIÚVA Ilma Chaves Silva Borges,  mulher de Metzker. Os dois se conheceram num hospital de Montes Claros, onde ele trabalhara na área de suporte de informática (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
A VIÚVA
Ilma Chaves Silva Borges, mulher de Metzker. Os dois se conheceram num hospital de Montes Claros, onde ele trabalhara na área de suporte de informática (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)

É uma cidade de passagem. Caminhoneiros estacionam nos postos para descansar, beber, farrear. Numa rua paralela à rodovia, um pequeno bar de madeira abriga as negociações entre os motoristas e os aliciadores de menores para prostituição. “Este é um dos problemas mais graves que temos aqui”, diz o tenente Sandro da Costa, da Polícia Militar. “Já flagramos uma criança de 10 anos fazendo sexo oral em um mendigo por R$ 5.” Não há descrição mais bem acabada da miséria. “Muitos pais vendem os filhos para a prostituição, é a fonte de renda da família”, completa o tenente. À noite, algumas garotas se exibem na margem da BR-116, e, numa nova modalidade de crime, quando o caminhoneiro desce para negociar o programa, garotos o abordam, assaltam e agridem. Metzker se interessava pelo assunto. Começou a investigar a rede de prostituição infantil nas cidades da região. Seria o tema de sua palestra na escola da aprendiz de repórter. Não se sabe quanto ele avançou na apuração.

Padre Paraíso tem um pequeno destacamento da Polícia Militar, com 13 homens e duas viaturas. Uma está com os pneus carecas; a outra, sem freio. A caminhonete, que alcançava as áreas rurais mais longínquas, ficou destruída num acidente em 2013. Não foi reposta. A propósito, o acidente aconteceu porque o soldado que a dirigia adormeceu. Como a delegacia de Padre Paraíso fecha às 18 horas e nos finais de semana, qualquer ocorrência nos intervalos tem de ser registrada em Pedra Azul, a mais de 150 quilômetros dali. Os PMs levam o criminoso na viatura, frequentemente sentado ao lado da vítima, que vai depor. Dirigem por horas, prestam esclarecimentos e voltam sonolentos pela BR. É em Pedra Azul também que a delegada de Padre Paraíso, Fabrícia Nunes Noronha, dá seus plantões semanais – ela manteve a rotina mesmo depois de o corpo de Metzker ter sido encontrado. Padre Paraíso não tem comarca, juiz. A lei está longe.

Com tão pouca vigilância, o crime prospera. Em 2014, foram seis vítimas de assassinato. Neste ano, já foram cinco. Dois dos crimes mais recentes são bárbaros, como o que matou Metzker. Um deles foi uma chacina, que vitimou três idosos e uma criança de 7 anos. No outro, um casal de caseiros foi morto a marteladas. “O ranço de violência da cidade vem dos tempos dos garimpos”, diz o tenente Costa. “A cultura é de resolver tudo na bala, na morte.” O tráfico de drogas foi substituindo, aos poucos, o lucro com as pedras águas-marinhas que rendiam fortunas. O crack se espalhou. Metzker tentava mapear as estradas vicinais, de terra, que serviam de rota de fuga de traficantes – e seu corpo foi encontrado justamente numa delas. Ele passou a se interessar também por outros dois esquemas criminosos na área: a compra e venda de motos roubadas, que são depois usadas como mototáxi, e o aterro de terrenos protegidos pelas leis ambientais. Se já estão livres das investigações policiais, os bandidos certamente não querem um jornalista fuçando em seus negócios. Fazer jornalismo em regiões como o Vale do Jequitinhonha é mais do que profissão, do que um diploma que autorize alguém. É um ato de coragem, de enfrentamento da falta de estrutura mínima de segurança, da miséria humana explorada por criminosos.

Não está claro se Metzker estava no faro de algo certeiro. Em seu blog, ele publicou apenas histórias menos ameaçadoras, como a do uso de carros públicos para fins particulares ou a de um garoto que tinha sérios problemas bucais e estava sem atendimento. Elizete, a dona da pousada, provocava Metzker: “Tô achando o senhor muito fraquinho. Essas historinhas aí não estão com nada”. O jornalista replicava, pacientemente. “Calma, menina. Muita coisa ainda vai mudar nesta cidade.” A polícia recolheu o notebook e as anotações de Metzker para tentar identificar alguma pista. A delegada Fabrícia, primeira a comandar a investigação, insiste que há a possibilidade de um crime passional. Ilma, a mulher de Metzker, nega com firmeza. “Ele me dava notícia de cada passo que dava. A gente trocava recado sem parar. Ele nunca tinha ido a Brasília antes, a história não fecha.” Na noite em que desapareceu, Metzker enviou a última mensagem pelo WhatsApp para a mulher, dizendo que ia jantar e que eles se falariam mais tarde. “Nunca vou esquecer o que aparece no celular: ‘Metzker, visto pela última vez às 19h03’”, Ilma chora.

A morte brutal de Metzker não mobilizou as forças policiais do Estado de Minas Gerais imediatamente. Depois que o corpo foi liberado do IML e seguiu para Medina, três investigadores de Padre Paraíso começaram lentamente as diligências. A delegada Fabrícia viajou na noite de terça-feira para seu plantão rotineiro em Pedra Azul. Um dos investigadores avisou logo que só atenderia a reportagem na quarta-feira se fosse até as 16h30, quando ele iria para a faculdade. Apesar da barbárie, o silêncio foi absoluto. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, não disse palavra sobre o caso. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também não. Nem mesmo o secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, pronunciou-se. Todas essas autoridades, mesmo provocadas por ÉPOCA, permaneceram caladas. (Na tarde da sexta-feira, Pepe finalmente falou. Disse que o caso é grave e vai acompanhá-lo.)

Após ÉPOCA noticiar em seu site a falta de empenho nas investigações, o governo de Minas se mexeu. Uma equipe de Belo Horizonte chegou a Pedro Paraíso na noite de quarta-feira: um delegado, quatro investigadores e uma escrivã. Na quinta-feira pela manhã, eles estavam no local onde o corpo foi encontrado. De lá, seguiram para a delegacia, onde pediram o material apurado até ali pelos policiais da cidade. Antes do meio-dia, o acesso ao inquérito já estava bloqueado para os investigadores locais. Não havia nenhuma pista de quem decapitou o jornalista Metzker.

TESTEMUNHA O blogueiro Valseque Bomfim, que publica notícias policiais. Ele ouviu dizer que “pegaram o homem errado” (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)
TESTEMUNHA
O blogueiro Valseque Bomfim, que publica notícias policiais. Ele ouviu dizer que “pegaram o homem errado” (Foto: Leo Drumond/Nitro/Época)

Emerson Morais, o delegado de Belo Horizonte que assumiu o caso, comandou as investigações, em 2013, do assassinato de Rodrigo Neto, jornalista de Ipatinga, no Vale do Aço de Minas. Rodrigo denunciava a atuação de policiais corruptos e homicidas da região. Um mês depois, o fotógrafo Walgney Carvalho também foi morto, depois de ter dito pela cidade que sabia quem havia assassinado Rodrigo. Um policial civil foi condenado pela morte de Rodrigo. Um outro rapaz, conhecido como Pitote, ainda será julgado por envolvimento nos dois crimes. O delegado Morais foi procurado pelo blogueiro Valseque, o amigo de Metzker. Valseque contou que fora ameaçado. Um amigo disse a ele que um homem havia perguntado por Valseque num bar. Quando soube que Valseque estava na cidade, comentou que “pegaram o homem errado”. Seu blog, Lente do Vale, publica o mesmo tipo de matérias que o de Coruja.

Metzker não pôde ser velado – o cheiro do corpo decomposto extravasava mesmo com a urna lacrada. Não houve flores. A filha mais velha, Sara, não teve tempo de chegar de Belo Horizonte para se despedir do pai. À meia-noite de segunda-feira, dez parentes e amigos acompanharam o corpo até o cemitério de Medina. O caixão de Metzker ainda não foi coberto com terra ou cimento. Aguarda a documentação para o sepultamento completo. O caso segue aberto, assim como a sepultura de Metzker.

A corrupção seja investigada no executivo, no legislativo e no judiciário

Faixa da passeata deste 15 de março
Faixa da passeata deste 15 de março

 

O povo pediu nas ruas o fim da corrupção.

Que ela seja investigada já! no executivo, no judiciário e no legislativo.

Que o “Abre-te, Sésamo” aconteça em todas as cavernas das prefeituras, das câmaras municipais, dos governos estaduais, das assembléias legislativas, dos tribunais, do governo da União, do Congresso Nacional.

Que todas as cavernas sejam aclaradas. Nas reitorias, nos cartórios, nas estatais, nos quartéis, no fisco, nos serviços terceirizados, nos leilões da justiça, nas quermesses do executivo, nas Anas, nos pedágios…

Que sejam analisadas todas as outorgas, notadamente de fontes de água, de entrega de ilhas marítimas e oceânicas; todas as concessões para explorar os minérios do Brasil, a começar pelo ouro, pelo nióbio, pelos diamantes, pelos meios de comunicação de massa; todos os precatórios assinados pelos desembargadores, e pagos por prefeitos e governadores; todas as isenções fiscais que beneficiam as castas, as elites protegidas pelo sigilo (fiscal e bancário); todas as anistias concedidas pela justiça secreta do foro especial.

Que seja fiscalizado todo o dinheiro arrancado do povo, via impostos diretos e indiretos, para autarquias, planos de saúde, serviços de informações estratégicas, pesquisas de opinião pública, fundações, ONGs, hospitais, igrejas, maçonaria, partidos políticos, promotores culturais, proxenetas e pedófilos dos esportes amadores, escolas e hospitais particulares…

Que sejam exterminados o tráfico de dinheiro, de minérios, de órgãos humanos, de prostitutas infantis; o mercado negro de venda de sentenças judiciais, do dólar paralelo; o contrabando de medicamentos, de madeira nobre; as máfias dos fiscais, dos alvarás, das obras e serviços fantasmas e dos agiotas das campanhas eleitorais…

 

Que prometem o judiciário e o legislativo? Apenas o governo da União anuncia o combate do bem contra as almas sebosas

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A presidente Dilma Rousseff esteve reunida com nove ministros e o vice, Michel Temer, no Palácio do Planalto. Após o encontro, os ministros da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, e de Minas e Energia, Eduardo Braga, fizeram um pronunciamento a respeito das manifestações do último fim de semana e reafirmaram que o governo está ouvindo as manifestações e aberto ao diálogo. Cardozo reconheceu que o país precisa passar por uma mudança, pois, só assim, conseguirá superar os desafios. Além disso, os ministros disseram que não vão retirar os programas sociais.

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Não vão retirar os programas sociais

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Durante o pronunciamento do ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, a palavra “humildade” foi usada para dizer que o governo reconhece que é preciso mudar, e que para chegar a essa mudança é preciso à união de todos os que estão no poder, seja da base aliada ou da oposição.

“Reitero que até o final da semana, a presidente da República, assim como anunciou no seu programa de reeleição, irá lançar um projeto para auxiliar as empresas a implementar um mecanismo que ajude a coibir e investigar a corrupção. É preciso ter humildade para reconhecer que o momento é delicado e que é necessário uma mudança. O governo está aberto ao diálogo com todos, oposicionistas ou não, e estamos abertos a debater com a sociedade brasileira. A presidente Dilma Rousseff governa para 200 milhões e não apenas para os que votaram nela”, comentou Cardozo.

Já o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, reforçou as palavras de Jose Eduardo Cardozo:

“O governo sabe que temos um desafio grande, e que é preciso enfrentá-lo. O governo buscou até o esgotamento da sua capacidade com o Tesouro para combater esse momento, e tentando manter todos os programas sociais. Todos esses ajustes são com o único objetivo de continuar crescendo, e alcançando o nível que queremos chegar. Mas para vencer desafios, é preciso coragem para mudar. Reforço que esses novos ajustes serão necessários para que possamos deixar a nossa economia saudável por emprego e distribuição de renda. Um governo que tem compromisso com a transparência e a eficiência, não pode se esconder neste limite, e é isso que nós estamos fazendo, anunciando que chegamos a esse limite”, anunciou o titular da pasta de Minas e Energia.

Ao ser questionado sobre como a presidente ficou após ver todas aquelas pessoas nas ruas protestando contra a corrupção e contra seu governo, o ministro Eduardo Cunha lembrou-se do passado político de Dilma Rousseff para mostrar que ela aceita qualquer manifestação, desde que democrática.

“A presidenta Dilma sofreu uma prisão lutando pela democracia, ela perdeu a sua liberdade para que conseguíssemos nossa democracia, portanto, ela encarou as manifestações de ontem com esse sentimento. Sentimento de quem prega a liberdade de reivindicações, desde que democráticas, e as reivindicações que tivemos nos últimos dias foram totalmente democratas”, explicou Cunha.

Para encerrar, o ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, comparou as manifestações do último fim de semana com as que aconteceram em 2013, e que ao contrário do que ocorreu há um ano e meio, desta vez existe uma causa direta, a corrupção.

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Desta vez existe uma causa direta, a corrupção

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“As manifestações de ontem, foram totalmente diferente das manifestações de 2013, antes foram reclamados outras coisas difusas, hoje o povo se manifesta pela corrupção. A grande verdade, é que a corrupção é muito antiga no Brasil, mas hoje ela é investigada e punida. Na história brasileira, desde a constituição de 88, passando por todos os governos, o Brasil trabalha para que possamos investigar coisas como essas”, encerrou Cardozo. Fonte Jornal do Brasil 

HSBC: A Safra da propina dos leilões de Fernando Henrique e outros tráficos

A Operação Lava Jato na investigação do tráfico de drogas e diamantes, por acaso, simples acaso, descobriu os corrompidos da Petrobras pelas mais poderosas empreiteiras. Assim ficaram cobiçosamente encobertos os nomes e as arcas dos traficantes de drogas e diamantes. Esse cobertor pertence à sociedade anônima da polícia e da justiça.

Sempre acontece. O dinheiro grosso das drogas e outros tráficos nunca aparece. Que a partilha fica para deuses e santos nos paraísos. Que no inferno deste vasto mundo foram criados dezenas de legais paraísos fiscais. Bem legais, e as chaves entregues aos banqueiros.

No lava do HSBC, o tráfico do dinheiro dos leiloeiros das estatais do Brasil e da Petrobras nos tempos de Fernando Henrique.

Investigar o HSBC é investigar os negócios realizados pelo banqueiro Edmond J. Safra e irmãos.

 

Da família Safra a maior fortuna do Brasil

Edmond J. Safra
Edmond J. Safra

Transcrevo da revista Exame/ Editora Abril:

Filho de uma família judia com origem na Síria [e Líbano], José (como gosta de ser chamado) nasceu no Líbano em 1938 e só chegou ao Brasil em 1962 – apenas anos depois se tornou brasileiro naturalizado, motivo pelo qual ele aparece no ranking da Forbes entre os brasileiros. Herdou da família, além do apreço pelo conservadorismo, a habilidade de multiplicar dinheiro.

Banqueiros de berço. Desde o século XIX, o clã Safra é formado por banqueiros, todos judeus halabim, uma das mais renomadas classes mercantis do Oriente Médio de comerciantes e empresários de vários ramos. Os primeiros Safra trocavam dinheiro e forneciam crédito, mas o primeiro banco da família foi aberto em Beirute pelo pai de Joseph, Jacob Safra, na década de 20. Jacob casou-se com Esther, sua prima, e com ela teve oito filhos.

Três deles, Edmond, Joseph e Moise, seguiram a profissão. Naturalizados brasileiros, eles se tornaram, aos poucos, banqueiros de renome internacional, sendo que o primogênito, Edmond, trabalhou no banco do pai desde os 16 anos e vendeu sua parte aos irmãos para abrir outros bancos sozinhos. Acumulou uma fortuna bilionária até ter uma morte trágica, em Mônaco, onde vivia com a esposa Lily Safra (ex-dona do Ponto Frio).

O banqueiro foi morto em um incêndio dentro de sua própria casa, em 1999. A suspeita é de que a tragédia tenha sido provocada por assaltantes, mas até hoje não se sabe ao certo o que teria acontecido.

A morte de Edmond desencadeou a briga entre os outros dois irmãos pela divisão da herança da família. Donos do banco Safra no Brasil, Joseph queria comprar a parte de Moise, mas eles não chegavam a um consenso sobre o valor do negócio. Depois de dois anos, fecharam um acordo: cinco bilhões de reais para Moise e o comando para Joseph.

Na época do impasse, em 2004, eles criaram o J. Safra, que opera nos mesmos setores e oferece serviços aos clientes do Safra. Comandado por Alberto, filho de Joseph, o J. Safra ocupa hoje o lado oposto ao Banco Safra na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. Moise, quatro anos mais velho que o irmão, também aparece na lista, mas com uma fortuna menor, de 2,4 bilhões de dólares.

Paixões e negócios. Os negócios de Joseph prosperam desde então dentro e fora do país (bom negociador, fala inglês, francês, espanhol, italiano, árabe e hebraico). Hoje, segundo a Forbes, seu filho mais velho, Jacó, supervisiona as operações da família banqueira na Europa e nos Estados Unidos. Enquanto isso, seus outros dois filhos, David e Alberto, gerenciam o Banco Safra no Brasil, o sétimo maior do país em ativos, com negócios concentrados em private bank.

Da vida pessoal, pouco se sabe de Joseph. Porém, nas raras entrevistas que concedeu, deixou claro que gosta de levar uma vida simples ao lado da esposa Vicky e dos quatro filhos– e tem outras paixões, além de cuidar do seu banco. O gosto por livros caros e raros, que fazem deles um dos maiores colecionadores de obras do país, é uma delas. A torcida pelo Corinthians é outra. Essa o leva até os estádios com os filhos e uma tropa de seguranças, claro.

HSBC comprou o império bancário dos Safra

Suiça Leaks

Na Wikipédia:

Quando tinha dezesseis anos, Edmond abandonou a escola e começou a trabalhar no banco de seu pai, envolvido nos negócios de metais preciosos e de troca de moeda estrangeira.

Edmond fundou uma sociedade que cuidava de câmbio em Milão, iniciando sua carreira no mercado de moedas e metais preciosos entre Milão, Zurique, Amsterdã e Genebra.

Em 1952, a família mudou-se para o Brasil, onde Edmond e seu pai fundaram sua primeira instituição financeira brasileira em 1955.

Em 1956, Edmond Safra mudou-se para Genebra para fundar a sociedade financeira e comercial SUDAFIN, que, em 1959, foi convertida para seu primeiro banco, o Trade Development Bank, o qual cresceu de um para cinco bilhões de dólares nos anos 80. Ele aproveitou o clima de negócios favorável e estendeu seu império financeiro, fazendo dele um ponto de honra para satisfazer seus ricos clientes do mundo todo.

Em 1966, ele fundou o Republic National Bank of New York, com um capital de onze milhões de dólares, que foi reconhecido internacionalmente como o primeiro banco dos Estados Unidos em transações de ouro e metais preciosos. Mais tarde, filiais do Republic foram estabelecidas em Londres, Paris e em Genebra. E assim o Republic ficou incluído tanto nas bolsas de valores da América como nas da Europa. O Republic National Bank, com oitenta e oito agências espalhadas por todo o mundo, se tornou o terceiro maior banco da região metropolitana de Nova York, atrás de Citigroup e Chase Manhattan. Em 1988, ele fundou o Safra Republic Holdings S. A. Republic, uma holding bancária. Em 1999, Safra vendeu seu império bancária para o HSBC, por bilhões de dólares.

Ética e Valores

Por Gabriel Priolli

Custo da corrupção na Petrobrás, estimado pelo Ministério Público Federal, a partir da Operação Lava-Jato: R$ 2,1 bilhões.

O que provoca: grande escândalo na mídia, comoção nacional, crise institucional, governo paralisado, articulação golpista, sensação de fim de mundo iminente.

Valor dos depósitos de 8.667 ricaços brasileiros no HSBC da Suíça, fugindo à tributação no país e, portanto, desviando recursos públicos: R$ 20 bilhões.

O que provoca: cobertura jornalística pífia, nomes de envolvidos omitidos, silêncio do governo, silêncio do parlamento, silêncio da justiça, desinteresse dos cidadãos, indiferença geral e irrestrita.

Conclusão inescapável: o zelo ético dos brasileiros pode ser no mínimo dez vezes menor que o necessário à pretendida moralização do país.

 

 

Por que a Operação Lava Jato esconde o tráfico de diamantes?

Em entrevista concedida a Pedro Cifuentes, publicada no jornal espanhol El País, o delegado Marcio Adriano Anselmo,  que iniciou a investigação, que resultou na Operação Lava Jato, foi por acaso que se chegou ao esquema de Paulo Roberto Costa.

Significa que a investigação inicial visava outros crimes, que a imprensa escondeu dentro do esquema de vazamento de informações como propaganda política, durante a campanha presidencial (eleições do primeiro e do segundo turno), que visava eleger Aécio Neves.

Derrotado o candidato tucano, por que a imprensa não concede nenhuma linha aos demais doleiros envolvidos, que “transferiam somas elevadas ao estrangeiro, usando uma rede com mais de cem empresas de fachada e centenas de contas bancárias que remetiam milhões de dólares para a China e Hong Kong. As companhias, pura cosmética financeira, simulavam importações e exportações com o único propósito de receber e mandar dinheiro, sem comércio algum de produtos ou serviços reais.

As autoridades judiciais calculam que a quantia desviada chega a 10 bilhões de reais. O dinheiro provinha principalmente do tráfico de drogas, do contrabando de diamantes e do desvio de recursos públicos (nesse caso, como seria posteriormente revelado, em obras encomendadas pela Petrobras a grandes empreiteiras, com orçamentos de bilhões de reais, dos quais eram sistematicamente desviados pelo menos 3% em subornos). Posteriormente, e independentemente da origem do dinheiro lavado, os valores eram reintroduzidos no sistema mediante negócios de postos de gasolina, lavanderias e hotéis”.

Até hoje não foram revelados os nomes dos traficantes de diamantes e de drogas, os principais e poderosos beneficiados pelo tráfico de dinheiro da Operação Lava Jato. Também ficaram encantados os postos de gasolina e hotéis.

O mesmo doleiro, o mesmo juiz, o mesmo advogado da Operação Lava Jato participaram do Caso Banestado, também relacionado com o tráfico de diamantes.

Relata Allan de Abreu:

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado investiga uma suposta ligação do comércio ilegal de diamantes provenientes do garimpo do rio Grande com um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas da história brasileira, responsável pelo envio de pelo menos US$ 30 bilhões (R$ 89,7 bilhões) para o exterior. “Estamos investigando o caso”, confirma a senadora e membro da CPMI Serys Slhessarenko (PT-MT), sem revelar mais detalhes. “No momento oportuno, vamos revelar tudo.” No entanto, o Diário apurou que, por sete anos – de 97 até maio deste ano – o garimpo, localizado entre Frutal (MG) e Guaracia, tornou-se cenário de um mercado negro de diamantes muito bem organizado.

CPI Banestado: Tráfico de diamantes

Tráfico. Conexão Rio Preto

 

por Allan de Abreu

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado investiga uma suposta ligação do comércio ilegal de diamantes provenientes do garimpo do rio Grande com um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas da história brasileira, responsável pelo envio de pelo menos US$ 30 bilhões (R$ 89,7 bilhões) para o exterior. “Estamos investigando o caso”, confirma a senadora e membro da CPMI Serys Slhessarenko (PT-MT), sem revelar mais detalhes. “No momento oportuno, vamos revelar tudo.” No entanto, o Diário apurou que, por sete anos – de 97 até maio deste ano – o garimpo, localizado entre Frutal (MG) e Guaracia, tornou-se cenário de um mercado negro de diamantes muito bem organizado que só parou por causa de sucessivas blitze de órgãos ambientais e da Procuradoria da República.

Neste período, o esquema chegou a movimentar entre US$ 150 milhões (R$ 448,5 milhões) e US$ 200 milhões (R$ 598 milhões) com a compra, venda e remessa ilegal das pedras preciosas para a Europa e Ásia. Tudo feito discretamente, sem a declaração de um centavo do valor movimentado à Receita Federal. Contrabandear pedras preciosas é o mais novo método de atuação do esquema descoberto pela CPI do Banestado. Por meio dele, Frutal, um pequeno município de 46 mil habitantes na divisa com o Estado de São Paulo, pode se unir a uma rede de cidades que já agrega Rio Preto, Campinas e Belo Horizonte, também investigadas pela CPMI. O início de toda irregularidade está bem no meio do rio Grande, nas balsas de onde os mais de 100 garimpeiros retiravam diariamente diamantes de vários tipos e quilates. Pela lei informal do garimpo, estes trabalhadores ficavam com 12% do valor da pedra, e os donos das balsas com 36%. Os 52% restantes eram negociados entre os balseiros e os donos da área: Vicente Paulo do Couto e os sócios João de Deus Braga e Antônio Marques Silva, o Marquinhos.

Abacaxi
Marquinhos chegou a Frutal há cerca de uma década. Nos primeiros anos, plantava abacaxi em uma pequena propriedade rural. Isso até 1997, quando descobriu que o rio Grande possuía muito diamante. Em sociedade com Braga, conseguiu no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Ministério das Minas e Energia, uma licença para explorar os diamantes do local para fins de pesquisa científica. A pesquisa, no entanto, limitou-se a comprovar a existência de diamantes no Grande. Depois disso, o que se viu foi o início de um grande esquema de contrabando de pedras preciosas. Em pouco tempo, milhares de garimpeiros das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste aportaram no meio do rio, que se transformou numa espécie de mini Serra Pelada-famoso garimpo do Pará. Nem todos os dias se encontravam pedras valiosas no rio. A maioria delas eram pequenas, apelidadas de “chibiu”, e tinham pouco valor. Mas relatos dos garimpeiros do local dizem que não era nada incomum pegar diamantes cujo valor inicial alcançava US$ 400 mil (R$ 1,196 milhão), US$ 700 mil (R$ 2,093 milhões).

O mais valioso de todos, segundo eles, foi um diamante rosa, vendido por US$ 1,3 milhão (R$ 3,887 milhões). Por serem detentores da área, cabia a Marquinhos e Braga, de um lado, e Couto, de outro (ele também obtivera uma área para “pesquisa” no rio) o papel de primeiros intermediários no tráfico de diamante. Os três davam a chamada “primeira vista” na pedra – os primeiros atravessadores do esquema. Daí em diante é que começavam os lucros assustadores. Couto, Braga e Marquinhos tinham vários compradores de diamantes. O Diário apurou pelo menos sete deles, todos profundos conhecedores do assunto. “Só de olhar uma vez para a pedra eles já dão o valor”, conta uma pessoa conhecedora do esquema.

Pelo menos um deles é belga. Chegou a montar um escritório no Centro de Frutal para facilitar a compra e venda de diamantes ilegais. Mas os mais poderosos do grupo são os irmãos Gilmar Vales Campos e Geraldo Campos, donos da Giacampos Diamond Ltda., empresa mineradora e exportadora de pedras preciosas de Patos de Minas, no Triângulo Mineiro. Ambos já estão na lista de investigados da CPI do Banestado. De acordo com reportagem da revista “IstoÉ”, Gilmar teria assumido o controle do garimpo ilegal chamado Roosevelt, em Rondônia, bem no meio de uma reserva indígena. A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estimam que US$ 20 milhões (R$ 59,8 milhões) em diamantes tenham sido contrabandeados por mês do garimpo para o exterior.

Marcar diamante
Aos irmãos se juntam, segundo relato do próprio Couto, Luís Honorato e Fernando Romaria, de Belo Horizonte (MG), Douglas Faria Miguel, de Ituiutaba (MG), Lúcio Cornélio e Isalto Donizette Ferreira, de Franca (SP) e Alcione Máximo Queiroz, de Frutal. Estes dois últimos confirmam, em entrevista gravada por telefone, que compraram “alguma coisinha”. Formam um grupo coeso e fechado, regido por uma lei que eles próprios denominam “marcar diamante”. Funciona assim: o dono da balsa oferece o diamante a Braga, Couto ou Marquinhos. Estes sempre dão um preço abaixo daquele pedido pelo balseiro. Na primeira oportunidade telefonam para algum membro do grupo e avisam do diamante. O comprador vem então a Frutal e oferece um preço intermediário entre o que os donos da área ofereceram e o garimpeiro pediu. Negócio fechado, a diferença entre o preço inicial de Braga, Couto ou Marquinhos e o do garimpeiro é rateada por igual entre estes e o negociante.

O passo seguinte é passar a pedra para outro membro do grupo. Na terceira negociação, o trio de Frutal também lucra utilizando a mesma estratégia: “anunciando” a pedra. Sempre no mesmo esquema, a um lucro que chega a 100% para cada atravessador. Neste caminho, suspeita-se que o diamante sirva de instrumento para a lavagem de dinheiro. As negociações continuam, até que surja a oportunidade de levar a pedra ilegalmente para o exterior e ficar com o maior dos lucros – os compradores estrangeiros costumam oferecer muito dinheiro por um diamante. Um exemplo de negócio bem sucedido é o de Gilmar. Segundo pessoas ligadas ao garimpo do rio Grande, foi ele quem comprou o diamante rosa de US$ 1,3 milhão (R$ 3,887 milhões) saído do rio Grande, e vendeu para o exterior por US$ 10 milhões (29,9 milhões) – um lucro de fantásticos 670%.

O traslado é feito por meio de aviões particulares do grupo, em pistas de Belo Horizonte, Uberlândia, Goiânia e São Paulo. Tudo às escondidas. Se a polícia flagrar o embarque, há uma estratégia pré-montada: o comprador estrangeiro apresenta a nota fiscal de compra do país destinatário. E legaliza, do estrangeiro, o mercado negro de diamantes. O destino das pedras é quase sempre os mercados especializados no comércio de pedras preciosas em Antuérpia, na Bélgica, Tel Aviv, em Israel, e Hong Kong, na China. Nestes locais, empresas do mundo todo comercializam diamantes. Pedras legalizadas se misturam às clandestinas, dificultando ainda mais a descoberta do esquema. A reação imediata do governo brasileiro para coibir este mercado clandestino foi promulgar a lei 10.743, em outubro deste ano. Ela determina a implantação do Sistema de Certificação do Processo de Kimberly (SCPK), documento de registro obrigatório para todos os diamantes brutos localizados no Brasil. Mas a lei não é garantia de que o mercado negro de diamantes vá acabar no País, segundo pessoas do ramo.

Desde o início deste ano, quando os órgãos de fiscalização intensificaram as blitze no rio Grande, os traficantes de diamantes pararam de freqüentar Frutal. Atualmente, somente algumas balsas ainda se arriscam, barulhentas, a retirar cascalho do rio Grande dia e noite. Mas Braga, Couto e Marquinhos não têm do que reclamar. Chegaram a comprar carros importados do ano, casas luxuosas em Frutal e fazendas na região. Agora, a Receita apura uma suposta incompatibilidade de bens do trio com as declarações anuais de Imposto de Renda. Em breve, a CPI do Banestado pretende ouvir todos os envolvidos. “Vamos colher o depoimento dessas pessoas, em data oportuna”, diz a senadora petista.

Os tentáculos do crime:
1 – No garimpo

– O valor dos diamantes encontrados no rio Grande era rateado da seguinte forma
:: 12% ficava com o garimpeiro
:: 36% ficava com o dono da balsa, ou balseiro
:: 52% era negociado entre o dono da balsa e o dono da área: Vicente Paulo do Couto, João de Deus Braga ou Antônio Marques Silva, o Marquinhos

2 – Marcar diamante

:: Nesta última negociação, o balseiro dava um preço e os donos da área outro, sempre muito menor. Falhado o acordo, o dono da área convidava um negociador de diamantes para ir até Frutal. O atravessador oferecia então um preço intermediário entre o oferecido pelo balseiro e o do dono da área. A diferença então era rateada por igual entre o atravessador e o dono da área

3 – A negociação continua

:: O primeiro atravessador logo revendia a pedra para um terceiro. Os nomes são sempre os mesmos, em um total de seis pessoas, a fim de não levantar suspeitas. Quando o diamante chegava ao terceiro atravessador, o dono da área volta a entrar no negócio, anunciando para ele o interesse de um quarto comprador. O lucro da negociação, mais uma vez, era rateado entre as partes. Os lucros em cada negociação podiam alcançar 100%

4 – O envio para o Exterior

:: O maior negócio, no entanto, ocorria quando surgia a oportunidade de levar o diamante ilegamente para o Exterior. Utilizando aviões particulares, o grupo embarcava as pedras em pistas de São Paulo, Belo Horizonte, Uberlândia e Goiânia. Se o embarque fosse descoberto pela Polícia Federal, a saída já estava garantida: o comprador vinha do estrangeiro com uma nota fiscal de compra da mercadoria e levava as pedras

5 – A diluição das pedras clandestinas no mundo

:: Quase sempre o destino das pedras eram os mercados de diaman tes de Antuérpia (Bélgica), Tel Aviv (Israel) e Hong Kong (China), os maiores do mundo. Lá, os diamantes de origem ilegal eram misturados aos legalizados, e vendidos para joalherias de várias partes do mundo

Os números da fraude:
US$ 150 milhões é o valor movimentado entre 1997, quando o garimpo no rio Grande foi criado, e o início deste ano, segundo pessoas conhecedoras do esquema

US$ 1,3 milhão é o valor avaliado na primeira negociação (entre balseiro e dono da área) para o maior diamante encontrado no garimpo, do tipo rosa

Mais de US$ 10 milhões é por quanto estima-se que esse mesmo diamante tenha sido vendido, na ponta

Envolvidos confirmam esquema em MG

Vicente Paulo do Couto, um dos donos da área de garimpo no rio Grande, em Frutal, confirma a participação no esquema de contrabando de diamantes. “Eu dava a primeira vista”, diz. Mas nega que tenha tido qualquer lucro na história. “Não participava do negócio em si, não levei nada. Só indicava para os compradores”, diz. Couto cita, um a um, os compradores de diamantes do rio Grande. “Conheço todos eles”, diz. Ele confirma que o grupo contrabandeava as pedras para o exterior. “Se (o garimpo) estiver produzindo, dá muito lucro. Já ouvi falar em um giro entre US$ 2 milhões (R$ 5,98 milhões) e US$ 3 milhões (R$ 8,97 milhões) por mês”, afirma. Couto sabe que o comércio era ilegal. “Não poderia vender nada daquilo. O certo era apresentar a mercadoria ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), mas isso nunca foi feito”, diz.

Os maiores compradores de diamantes do Grande, segundo ele, eram os irmãos Gilmar e Geraldo Campos, “dos maiores do País”. Os dois são de Patos de Minas (MG). Na última quarta-feira, Gilmar não quis falar por telefone com a reportagem do Diário. “Só trato deste assunto pessoalmente”, disse. Em carta publicada pela revista “IstoÉ” a respeito da sua suposta participação no garimpo ilegal do Roosevelt, em Rondônia, Gilmar afirma ser pecuarista e agricultor em Minas Gerais e sócio da Giacampos Diamond Ltda., “empresa mineradora e exportadora de pedras preciosas, que realiza todas as suas operações rigorosamente de acordo com a legislação vigente”. “Nunca liderei qualquer quadrilha de contrabandistas de diamantes”, afirma, na revista. Antônio Marques Silva, o Marquinhos, dono de outra área do garimpo no Grande, também diz que exerceu o papel de “primeira vista” nos diamantes. Mas, assim como Couto, nega participação direta no negócio. “Apenas avaliávamos o valor das pedras (para os donos das balsas)”, diz.

Marquinhos contradiz Couto ao afirmar que “todo o comércio de diamantes do rio Grande era declarado à Receita Federal”. “O Gilmar, o Fernando (Romaria) eram compradores legais. Nunca existiu nada escondido”, diz. Alcione Máximo Queiroz, um dos atravessadores, confirma que já comprou diamantes do Grande, “coisa pequena”. O mesmo é dito por Isalto Donizette Ferreira. “Comprei alguma coisinha, mas logo parei”, afirma. João de Deus Braga, sócio de Marquinhos e também detentor de uma área de garimpo no rio Grande, não foi localizado na semana passada. A reportagem deixou vários recados na sua residência e no celular, mas não houve retorno até a tarde de ontem. Fernando Romaria e Luís Honorato não foram localizados em Belo Horizonte. O mesmo ocorreu com Douglas Faria Miguel em Ituiutaba e Lúcio Cornélio em Franca.

CPI investiga empresas de Rio Preto

Além do garimpo no rio Grande, a CPMI do Banestado investiga uma suposta conexão rio-pretense no esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro que teria movimentado US$ 30 milhões (R$ 89,7 milhões), mas que poderia incluir ainda remessa de gemas e jóias para o exterior. Durante as quebras de sigilo bancário obtidas pela CPI, diversas contas do esquema foram identificadas. Ao menos uma delas, a Almatos, teria sido supostamente usada pela conexão de Rio Preto nas remessas ilegais. A identificação da conta ocorreu após denúncia de Hilário Sestini Júnior, ex-diretor da empresa Atlas Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, investigada pela CPI do Banestado. Os membros da CPI estiveram em Rio Preto entre os dias 20 e 21 de outubro e entre os dias 17 e 18 de novembro. Ouviram 12 pessoas, entre elas pedreiros e motoristas, que serviram como laranjas do suposto esquema. Segundo o senador Antero Paes de Barros (PMDB-MT), a CPI vai recomendar ao Ministério Público o indiciamento dos empresários investigados.

Deputado tem pai garimpeiro

A luta para a regularização do garimpo no rio Grande conta com uma força poderosa em Brasília. O deputado federal Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) esteve ao menos duas vezes em 2002 com o então presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rômulo José Fernandes Barreto Mello. “Na época, os donos da área de garimpo procuraram o Nárcio, porque tinha acabado de ocorrer uma blitz da polícia”, diz a chefe de gabinete do deputado, Mônica Rocco. Segundo ela, Rodrigues pediu mais agilidade na concessão do licenciamento ambiental pelo Ibama, condição necessária para a regularização da atividade. Depois desta reunião, no início de 2002, houve mais um encontro entre o deputado e Mello.

De acordo com Mônica, o que motivou a atitude de Rodrigues foram “os 500 empregos em jogo no local”. Mas as razões que motivaram o lobby do deputado podem ser outras. O pai de Nárcio, Sebastião Rodrigues, é dono de uma balsa de extração de diamantes no local. “A balsa funcionou por dois anos”, diz Sebastião. “Mas nunca dei sorte. O diamante maior que eu peguei valia R$ 14 mil (R$ 41,8 mil)”, diz. Desde 2002, quando começaram as blitze no local, o equipamento está parado nas margens do rio. Mônica nega, porém, que isso tenha motivado o deputado a tentar legalizar o garimpo em Brasília. “O deputado é absolutamente blindado neste ponto”, diz.

Pedras estão entre as melhores do País

Os diamantes encontrados no rio Grande estão entre os melhores do País, segundo o geólogo da Companhia Vale do Rio Doce Fernando Latorraca. “As pedras não são muito grandes, mas são muito limpas e coloridas, o que valoriza o diamante”, explica. O geólogo fez pesquisas no solo da microrregião de Frutal entre 2000 e 2002 para a empresa Intergemas Mineração, de Brasília. Há vários tipos de diamantes no rio Grande: rosa (o mais raro e valioso), azul, negro, vermelho e branco (em tonalidades que variam entre transparente, leitoso e fumê). “São as impurezas que dão estas diferentes colorações à pedra”, diz Latorraca. Pedras de até dois quilates (cada grama equivale a cinco quilates) são denominadas “chibiu”, e têm pouco valor mercadológico – de US$ 100 (R$ 299) a US$ 150 (R$ 448,5) o quilate. A valorização é gradativa até o diamante rosa, cujo quilate chega a valer entre US$ 10 mil e US$ 20 mil. Segundo os garimpeiros, a maior pedra encontrada no rio Grande tinha 80 quilates. O valor estimado é de R$ 4,8 milhões.

Latorraca explica que o diamante é formado em rochas chamadas de kimberlitos, constituídas de minerais como ferro e magnésio. As rochas de kimberlito foram formadas por restos de erupções vulcânicas, muito comuns na região oeste de Minas Gerais há 60 milhões de anos, no período Cretáceo, segundo Luiz Antônio Chieregati, geólogo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), órgão do Ministério das Minas e Energia. “Essa região era uma verdadeira chaminé, por onde penetravam vários kimberlitos, principalmente na Serra da Canastra”, explica Chieregati. No manto da Terra, num espaço a 150 quilômetros de profundidade, as altas temperaturas e a pressão fizeram com que os átomos de carbono do kimberlito se cristalizassem em pedaços de diamantes.

Quando chegava à superfície, o kimberlito esfriava e endurecia rapidamente. Muitos deles foram parar no leito do rio Grande, que nasce no sul de Minas e passa muito próximo à Serra da Canastra. Levados pelas águas, os kimberlitos se transformavam em aluviões, como são chamados os cascalhos de onde os garimpeiros extraem o diamante. O atual garimpo no rio Grande surgiu em 1997. Mas, segundo Latorraca, não é a primeira vez que garimpeiros se aventuram a encontrar diamantes no meio do rio. Antes da construção da barragem de Marimbondo por Furnas, há cerca de 30 anos, os garimpeiros ficavam nos locais de correnteza do rio, onde o cascalho ficava retido. “Estes são os melhores locais para a extração de diamante. Tanto que, ainda hoje, com o rio represado, as balsas costumam se posicionar nestes locais”, explica o geólogo da Vale. O primeiro garimpo na região, porém, foi na terra, em um povoado de Frutal denominado Vila do Bandeira. Em 1946, Geraldo Catarino teria iniciado a lavra no local. Cinco anos depois, o então presidente da República, Getúlio Vargas, teria dado permissão de lavra para o garimpo artesanal na área.

Como surgem os diamantes:

1- Um dos materiais mais duros da natureza, o diamante é constituído de carbono puro cristalizado. A pedra se forma em rochas chamadas kimberlitos (a palavra deriva do Vale de Kimberley, região da África do Sul rica em diamantes), que surgem no manto da Terra a partir de minerais como o ferro e o magnésio. As altas temperaturas e a forte pressão fazem com que os átomos de carbono se cristalizem em pedaços de diamantes

2 – Há cerca de 60 milhões de anos, esses kimberlitos afloraram à superfície terrestre na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais, por meio de pequenas erupções vulcânicas

3 – Muitos destes kimberlitos foram, então, levados pelas águas do rio Grande, cujo curso passa muito próximo da Serra da Canastra, e viraram aluviões – o cascalho que os garimpeiros tiram diariamente do rio na tentativa de encontrar no meio deles algum diamante

4 – Encontrar diamantes no meio dos kimberlitos, porém, não é tarefa das mais fáceis. Em geral, uma dessas rochas pode conter um cristal de diamante para cada 40 milhões de partes de kimberlito

Apenas a justiça prende e condena. Tolerância Zero para os grandes crimes. Basta de impunidade

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Estou mais preocupado com a pirataria dos minérios, principalmente do nióbio. Com a impunidade, que nossa justiça é cara, tarda e falha. Com os traidores da Pátria. Que “leiloaram” a Vale e, agora, pretendem entregar o que resta da Petrobras e o Pré-Sal. E com medo do terror, dos que tramam o retorno da ditadura. E com os genocídios de pobres, de negros, de homossexuais. A prostituição infantil. Os despejos judiciais. Com a escravidão que persiste, e o tráfico de órgãos e de moedas. Com o tráfico de diamantes e drogas descoberto pela Operação Lava Jato. Tráfico escondido pela imprensa.

As grandes corrupções geram as pequenas. Nunca o contrário. Quem rouba tv a cabo, e cobra, é a milícia nas favelas. Quem compra produto falsificado pode estar enganado ou tem um salário de merda. Quem fura fila é ministro do STF. Fura e demite o funcionário que reclama. As meninas falsificavam carteirinha de estudante para entrar em locais proibidos para menores de dezoito anos. Hoje pode ser uma necessidade para não ir a pé para a escola. Essa de tolerância zero uma campanha dos proprietários de ônibus e outros empresários. Se um coronel comanda uma máfia, natural que o guarda aceite um pequeno trocado como suborno. O exemplo tem que vir de cima.

 

Operação Lava Jato. Dez bilhões de reais desviados. O dinheiro provinha principalmente do tráfico de drogas, do contrabando de diamantes

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Interessante! ninguém fala os nomes dos bilionários traficantes de drogas e diamantes. Que a Operação Lava Jato envolve outros doleiros, além de Alberto Youssef, e todos atuando no tráfico de moedas, apesar de velhos conhecidos da Polícia Federal e do juiz Sergio Moro. Porque foram presos na Operação Banestado.

O esquema da Operação Lava Jato é o mesmo da Operação Banestado, assim como o Mensalão do PT foi a continuação do Mensalão Mineiro do PSDB.

Parece que prevaleceu o interesse de apenas vazar informações eleitoreiras, para beneficiar a candidatura presidencial de Aécio Neves.

Latuff
Latuff

 

Um duro golpe no establishment empresarial, político (e possivelmente bancário) do Brasil

 

por Pedro Cifuentes/ El País/ Madri

Na sede regional da Polícia Federal em Curitiba, onde trabalham os agentes que deram início à Operação Lava Jato, o ambiente é de prudente satisfação. “Jamais imaginamos um caso tão grande… Nem em sonho”, admite Marcio Adriano Anselmo, o delegado que iniciou a maior investigação por corrupção na história brasileira. Anselmo tampouco imaginaria que uma modesta investigação contra três especialistas em lavagem de dinheiro, em Brasília e São Paulo, acabaria por conduzi-lo a Londrina (sua cidade natal, a 400 quilômetros de Curitiba), feudo do contrabandista Alberto Youssef, um velho conhecido da PF, cujas confissões acabariam detonando um escândalo de ressonância mundial.

Há 16 meses, em julho de 2013, Anselmo havia voltado seu foco para Carlos Habib Chater, um doleiro que havia anos operava em Brasília. Chater havia sido recentemente vinculado a um polêmico ex-deputado de Londrina, José Janene (PP-PR), morto em 2010. Mantinha uma rede de lavagem de dinheiro criada por seu pai (preso, como ele, há dois meses), e a PF sabia que fazia contatos em São Paulo com outro doleiro, Raúl Henrique Srour, que havia sido condenado em 2005 na chamada Operação Banestado, mas já terminara de cumprir pena. A partir de agosto, quando a Justiça autorizou escutas telefônicas, descobriu-se também que Chater trocava continuamente mensagens telefônicas sobre suas atividades com um desconhecido. “Era uma operação de pequena para média”, diz Anselmo. “Não tínhamos nem ideia do que iríamos encontrar.”

A equipe de Anselmo era formada por mais dois agentes. A investigação prosseguiu de forma discreta durante várias semanas. Depois de analisar milhares de operações bancárias, os três policiais vislumbraram um esquema com empresas fantasmas e transferências injustificadas. Avançaram lentamente, até que no começo de outubro o caso teve seu primeiro ponto de inflexão: a pessoa que tantas mensagens trocava com Charter via smartphone era Alberto Youssef, o mesmo especialista em lavagem de dinheiro que, num acordo de colaboração em 2004, havia se livrado de uma pena muito mais longa na Operação Banestado – por coincidência, o primeiro caso financeiro importante julgado pelo jovem juiz Sergio Moro, da 13ª. Vara Criminal Federal de Curitiba.

“Não podíamos acreditar que fosse Youssef”, conta Anselmo. “Foi um momento inesquecível.” Além de levar o caso para Curitiba, a descoberta significava que o doleiro e contrabandista havia violado seu acordo de delação premiada; estava novamente na ativa. Continuaria em operação o esquema supostamente desbaratado anos antes? A palavra Petrobras, até então, não aparecia nem remotamente no caso. Mas o reaparecimento de Youssef aproximava os policiais de outro foco importante da investigação: a escorregadia figura de Nelma Kodama, “a Dama do Mercado”, influente doleira paulista que, além do mais, era amante de Youssef. Kodama havia se safado do caso Banestado porque “foi a única pessoa a quem Youssef não delatou”, segundo os policiais, “seja por amor ou para que continuasse o negócio”. “Ela sempre havia movimentado grandes quantias de dinheiro, somas muito elevadas vinculadas a grandes comerciantes do setor de importação e exportação. Mas até aquele momento havia conseguido se livrar. […] Era uma pessoa muito complicada, considerava-se inalcançável, mostrava muita confiança em si mesma.”

“Continuávamos sendo uma equipe muito pequena, mas mesmo assim continuamos puxando o fio”, recorda outro agente. Mas faltavam as provas… “Era possível que se tornasse um caso maior do que o esperado, mas nem isso.” A palavra ‘Petrobras’ só apareceu pela primeira vez nos autos da Operação Lava-Jato em janeiro deste ano. Foi, como tantas vezes, por um descuido: especificamente um presente. Os agentes comprovaram que Youssef acabava de comprar um carro de luxo (300.000 reais) em nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da empresa petroleira de capital misto. “Achamos isso muito estranho”, afirma um agente. “O salário de um diretor da Petrobras pode superar os 100.000 reais (40.000 dólares) mensais.” Com um meio-sorriso, Anselmo relembra que “foi aí que a temperatura começou a subir de verdade”. Os policiais se lembraram de que o falecido ex-deputado Janene, sócio de Chater, havia sido o responsável por colocar Paulo Roberto Costa à frente da Diretoria de Abastecimento da empresa, em 2004. E ampliaram o campo de atuação: “Começamos a investigar outras pessoas e, pela primeira vez, compreendemos que podia se tratar de um caso histórico”.

O carro dado por Youssef a Costa era justificado como sendo o pagamento por supostos “serviços de consultoria”. Havia milhares de notas fiscais por “serviços de consultoria”. Poucas semanas depois, veio à tona uma gigantesca máquina de lavagem de dinheiro. Os suspeitos transferiam somas elevadas ao estrangeiro, usando uma rede com mais de cem empresas de fachada e centenas de contas bancárias que remetiam milhões de dólares para a China e Hong Kong. As companhias, pura cosmética financeira, simulavam importações e exportações com o único propósito de receber e mandar dinheiro, sem comércio algum de produtos ou serviços reais.

As autoridades judiciais calculam que a quantia desviada chega a 10 bilhões de reais. O dinheiro provinha principalmente do tráfico de drogas, do contrabando de diamantes e do desvio de recursos públicos (nesse caso, como seria posteriormente revelado, em obras encomendadas pela Petrobras a grandes empreiteiras, com orçamentos de bilhões de reais, dos quais eram sistematicamente desviados pelo menos 3% em subornos). Posteriormente, e independentemente da origem do dinheiro lavado, os valores eram reintroduzidos no sistema mediante negócios de postos de gasolina, lavanderias e hotéis.

O chamado Petrolão veio a público em 17 de março, quando a Polícia Federal deteve 24 pessoas (entre eles os doleiros mencionados nesta reportagem) por evasão de divisas em seis Estados. A imprensa brasileira ainda não citava o nome da Petrobras no noticiário. Ele só apareceria três dias depois, quando Paulo Roberto Costa foi detido, após a comprovação de que estava destruindo documentos relativos à sua longa relação com Youssef. Ambos chegaram a um acordo de colaboração com a Justiça e se tornaram delatores em troca de uma redução da pena. “Aí é que o caso explodiu”, admite Anselmo. Os três policiais passaram a ser quinze (cinco delegados e dez agentes). A investigação ganhou proporções gigantescas, com suspeitas crescentes sobre a implicação de altos executivos de empresas e políticos que eram citados nos depoimentos dos arrependidos.

Youssef, Costa e um diretor da empresa de engenharia Toyo-Setal, Julio Camargo, revelaram a existência de um clube de 13 empreiteiras que dividiam entre si os contratos com a Petrobras. As revelações indicavam que parte do dinheiro pago em subornos durante 10 ou 15 anos se destinava aos cofres de vários partidos políticos. Um duro golpe no establishment empresarial, político (e possivelmente bancário) do Brasil: as construtoras investigadas são responsáveis por oito das dez maiores obras do país. O presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, afirmou com preocupação que o caso tem potencial para parar o Brasil, caso as nove maiores empresas sob suspeita sejam finalmente declaradas inidôneas para assinar contratos com o setor público.

Há pouco mais de duas semanas ocorreu o segundo momento que o delegado Anselmo e sua equipe (e também muitos brasileiros) jamais irão esquecer: a detenção, na sexta-feira, dia 14, de 21 diretores de nove grandes empresas que juntas somavam contratos no valor de 59 bilhões de reais com a maior empresa da América Latina. Batizaram a operação de Juízo Final. O sábado, dia 15, como lembraram com orgulho na sede da PF em Curitiba, era o Dia da República. E no domingo, dia 16, o aniversário da Polícia Federal. Nesse mesmo dia, 16 meses depois de o delegado Anselmo voltar seu foco para a casa de câmbio que Carlos Chater mantinha num posto de gasolina em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff declarou, na Austrália, que a Operação Lava-Jato “poderia mudar o Brasil para sempre”.