É uma operação policial com dor. Com tortura. Que assédio moral é tortura psicológica.
Além de stalking.
Escreve Fernando Brito: “O relato repugnante enviado a Paulo Henrique Amorim sobre as condições em que estão sendo mantidos há três meses os detentos – sem condenação ou julgamento – da Operação Lava Jato se configura em um escândalo de proporções internacionais”.
Escreve Janise Carvalho: “Essa denúncia é muito grave precisa ser investigada urgentemente, e caso se comprove a veracidade, esse juiz “murrinha” deve ser não apenas afastado, mas punido. Porque tudo isso é só pra conseguir DELAÇÃO SOB ENCOMENDA, mirando a presidenta Dilma!”
Parece que a dita dura já começou. Em uma democracia verdadeira, os três poderes – o judiciário, o legislativo e o executivo – agiriam.
Trata-se de uma violação dos direitos humanos. Nenhum preso, pobre ou rico, merece um tratamento desumano e cruel.
Uma operação que vem sendo manipulada politicamente. E que virou propaganda da imprensa golpista.
A Justiça justiça esclareça se a Operação Lavo Jato visa destruir a frágil e noviça Democracia brasileira, e roubar a Liberdade do povo com o retorno da ditadura, conforme os modelos vitoriosos aplicados em Honduras e Paraguai. Um modelo que, em recente entrevista, sem pejo, imoral e traiçoeiramente foi proposto pelo ex-presidente Fernando Henrique.
Acrescente-se que pesa sobre togados e policiais da Lava Jato outra denúncia grave: de que são fanáticos simpatizantes do PSDB, partido de FHC, com participações, na campanha presidencial, favoráveis ao derrotado candidato Aécio Neves.
Texto Joana Queiroz/ A Crítica/ Manaus – A advogada Marcelaine Santos Schumann, a “Elaine” ou “Ane”, de 36 anos, pagou R$ 7 mil para que pistoleiros executassem ou deixassem aleijada a bacharel em direito Denise Almeida da Silva, de 34, atingida com um tiro no estacionamento da academia Cheik Clube, no Centro de Manaus, no dia 12 de novembro. Marcelaine acreditava que Denise tinha um caso com o seu amante, o empresário Marcos Souto – todos os envolvidos são casados.
Na montagem a mandante do crime está destacada, ao seu redor, nos vidros estilhaçados, estão os demais envolvidos no crime, como o amante e a universitária baleada, Denise (Rafael Froner)
Em contato com a reportagem, Denise negou conhecer Elaine e Marcos: “Eu não sou a amante desse homem (Marcos) que sequer conheço, assim como não conheço essa mulher (Elaine). Sou casada e vivo muito bem com o meu marido”. “O que aconteceu é que há pelo menos um ano essa mulher começou a ligar para a minha casa, para mim e para o meu marido. Ela dizia que tinha encontrado algumas ligações com o número do meu celular na conta do telefone do amante dela. Algumas vezes eu e o meu marido fomos seguidos pelo carro do amante dela. Ele chegou a ligar para o meu celular dizendo que queria se encontrar comigo para me pedir desculpas pelos insultos e ligações que ela fazia, mas não aceitei e acabou acontecendo o que vocês já sabem”, conta.
Denise Almeida da Silva sobreviveu após levar um tiro no pescoço, dentro do seu Mercedes-Benz
Ainda por telefone, Denise explicou que a história não é como parece. “O meu marido não é o corno da jogada. Ele sabia de tudo, sofria comigo e estava sempre ao meu lado. Eu a descrevo (Elaine) como uma pessoa sem noção que passa a perseguir a outra baseada em suspeita. É uma psicopata”, finalizou.
Marcelaine (direita) é suspeita de encomendar morte de Denise
Agência TA – O marido de Denise, o advogado Erivelton Barreto, 34, confirmou o stalking (perseguição) da advogada Marcelaine Santos Schumann, que fazia ligações frequentes para seu celular, dizendo ser mulher do citado amante e afirmando que Denise se envolvera com ele.
No dia do atendado, Marcelaine viajou para o Nordeste e voltou no dia 20 de novembro para Manaus, mas viajou novamente para os Estados Unidos, retornando hoje, quando foi presa.
Ela desembarcou acompanhada do marido Edmar Costa e do advogado José Bezerra de Araújo.
A socialite desembarcou em Manaus por volta de 12h16 desta segunda-feira (5) e seguiu para exame de corpo de delito no o Instituto Médico Legal (IML)Marcelaine dos Santos Schumann foi encaminhada à Penitenciária Feminina. Foto Sandro Pereira
Marcelaine dos Santos Schumann teve a prisão preventiva decretada, no mês passado, pelo juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri.
Dos três tiros disparados contra Denise, dois a atingiram e uma das balas se alojou na coluna cervical na altura do pescoço.
Além de Marcelaine, três pessoas foram presas em dezembro do ano passado. Rafael Leal do dos Santos, de 25 anos, conhecido como “Salsicha”, foi quem atirou contra a universitária. O homem afirmou que recebeu R$ 3.500 para realizar o crime. Ele foi preso no município de Anori, a 234 km de Manaus, onde estava abrigado na casa do avô.
Segundo a Polícia Civil, após ser preso, Rafael confessou a tentativa de homicídio e apontou a participação de Charles “Mac Donald” Lopes Castelo Branco, de 27 anos, suspeito de negociar o assassinato com a mandante, e Karen Arevalo Marques, de 22 anos, que intermediou o aluguel da arma.
O trio improvisado, de mortos de fome, contratado pela dondoca. Até para matar a elite paga uma miséria
Acontece muito no trabalho. A danação do assédio moral e do assédio sexual. Idem o assédio extrajudicial com assinatura de um advogado. O assédio judicial. O policial. O stalking da Gestapo dos serviços de proteção ao crédito, que são organizações de espionagem da ditadura econômica. Que quebram os sigilos fiscal e bancário da classe média baixa. Inclusive tem acesso a informações pessoais cadastradas em hospitais, planos de saúde, universidades, agência de empregos etc.
O bullying (o bulismo) vai do ensino do primeiro grau às universidades, com toda sua perversidade como acontece hoje na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), aterrorizada por uma onda de estupros.
Nada mais humilhante e degradante do que sofrer uma prisão arbitrária, uma despejo judicial, do que assinar um atestado de pobreza para ter acesso à justiça gratuita.
O brasileiro não tem privacidade. E o pobre, nenhum direito.
Toda violência psicológica pode causar depressão, suicídio, traumas para toda vida. Mazelas de um país que ainda tem escravidão. Que o povo está submetido a violências físicas. Que persiste a tortura. E cresce a lista de desaparecidos.
O Brasil um país em que ainda persiste o trabalho escravo. Neste Brasil brasileiro, não cordial, foi preciso que, recentemente, Dilma Rousseff assinasse uma lei de regulamentação do trabalho das domésticas.
A criação de diretoria de Relações Humanas (RH), nas empresas privadas, eliminou o recrutamento de pessoal por sargentões. Mas o Brasil cruel e desumano – dos tempos da conquista colonial portuguesa e da escravidão oficial – persiste até nesta diretoria, porque apesar do curso de psicologia, a alma de feitor encorpora a chefia do RH, de quem se espera, quando mulher, o latente instinto maternal. Mas acontecem ações cruéis de assédio moral e assédio sexual.
A ditadura de Castelo Branco acabou com a estabilidade no emprego, que passou a ser provisório e precário. No capitalismo selvagem não poderia ser diferente. Mas demissões sem justa causa podiam ser evitadas em dias de risco.
O artigo 473 da CLT determina que o trabalhador pode faltar ao serviço sem desconto de salário em casos de:
– falecimento do cônjuge, pai, mãe, filhos, irmão ou pessoa que viva sob sua dependência econômica (quando declarada na CTPS) – até dois dias consecutivos;
– casamento – até três dias consecutivos;
– licença-paternidade – até cinco dias consecutivos.
Há diversas situações em que a falta é permitida por lei, e demitir um funcionário justamente neste dia não passa de puro stalking.
Existem outros dias de risco para o suicídio: ser demitido no aniversário, em datas que aumentam o número de casos de morte dada a si mesmo como no Natal e na virada do Ano Novo.
Todo RH sabe que diferentes fatores aumentam a probalidade de suicídio:
Desemprego ou dificuldades económicas que alteram o estatuto familiar;
Problemas no trabalho;
Morte do cônjuge ou de amigos íntimos;
Família atual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.
Perdas precoces de pessoas importantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos);
Experiência de humilhação social recente
Escreve Oziel Alves: OS PERIGOS DA DEPRESSÃO NATALINA
“A depressão de Natal, ou Blue Christmas, como é conhecida nos países de língua inglesa, pode ser considerada irrelevante em função de sua característica transitória e sazonal. Afinal, frustrações fazem parte da vida de qualquer pessoa e, muitas vezes, possuem resultados até positivos. No entanto, o que poucos sabem é que a parte submersa desse iceberg é bem mais perigosa do que se pode imaginar. Para aquelas pessoas que já estão em depressão profunda – e elas representam 340 milhões em todo o planeta – Natal e Ano Novo podem ser a gota d’água para o suicídio”. Leia mais
Um RH que demite em dia de risco considero um assassino. Que o Brasil quebre o tabu. Um suicídio pode ser um ato premeditado por terceiros. A inveja é o primeiro crime bíblico. O primeiro passo é fragilizar psicologicamente a vítima.
Em Wikipédia. O INDUZIMENTO AO SUICÍDIO um crime previsto no artigo 122 do Código Penal Brasileiro, e classificado como um crime contra a vida, que consiste no açular, provocar, incitar ou estimular alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Induzimento ao suicídio é a criação de propósito inexistente, ou seja, a pessoa que se suicida e que não tinha essa intenção ou objetivo inicialmente.
Esse crime é consumado com o efetivo suicídio ou resultado lesão corporal de natureza grave.
Idem induzimento sem produção de resultados (fato atípico).
Não esquecer que o assédio sexual, o assédio moral e o stalking, que sempre terminam na demissão de um funcionário, são ações de tortura, de tortura psicológica de invisíveis marcas. Ações de ódio e inveja que levam a vítima à depressão, a irreparáveis traumas e ao suicídio. Em muitos casos, o assediador mata com as próprias mãos ou contrata um assassino profissional. Não tem a inteligência satânica de induzir um suicídio.
Na inveja que permeia a vida dos incapacitados para o trabalho.
Depois de ganhar o prêmio de melhor Repórter Esportivo do Ceará, fui demitido sem justa causa. Nesta mesma semana, fiz uma matéria com o goleiro Birigui dos juniores do Ferroviário Atlético Clube que ganhou o prêmio de melhor matéria em todos os segmentos do estado Ceará. Essa matéria saiu no Globo Esporte local, e iria passar na edição nacional do Globo Esporte. Um mau caráter chamado Paulo César Norões, que só tem o segundo grau, e trabalhava como repórter porque o pai era diretor da Verdes Mares, resolveu pegar a minha matéria, regravar o meu texto, fazer a passagem e a entrevista com Birigui, e mandar a mesma para o Globo Esporte nacional, com a concordância do pai e do editor do programa. A matéria saiu no Globo Esporte nacional. Reclamei em vão. Uma semana depois fui demitido. Eu ganhava, na época, cinco mil reais por mês, e fui trabalhar na Tv Cidade Sbt, em Fortaleza, por 600 reais.
Na Globo, recebia mais de 300 cartas de telespectadores. Ele recebia umas 10 cartas. A maioria desses imbecis foram demitidos tempos depois, por roubarem à Verdes Mares.
Segui a minha carreira! Esta é uma pequena história sobre a inveja. Um dia, faço um filme sobre a inveja.
Esse canalha me prejudicou em todos os sentidos, mas ele, e mais ninguém, conseguem tirar a minha dignidade. Sempre fui um Jornalista honesto e competente. Perguntem há quem trabalhou comigo. Confirmem esta história no Ceará. Quem tiver hombridade vai confirmar.
—
Nota do redator do blogue: publico o testemunhal de André Beltrão por vários motivos. Primeiro para enaltecer seu idealismo e amor à profissão. Idem para afirmar que o Brasil precisa de uma política de direitos autorais que proteja os jornalistas e não os empresários. E mais: as redações são gaiolas de ouro, e os jornalistas trabalham como prisioneiros, que a profissão está demasiadamente hierarquizada por feitores que promovem assédio moral, assédio sexual, stalking e censura.
O paradoxal da história da Imprensa: o ditador Getúlio Vargas, no Estado Novo, regularizou o trabalho do jornalista. Trinta anos depois, o triunvirato da ditadura militar de 64 regularizou a profissão.
Sabe o ditador que o dono do jornal não tem a ousadia de ser oposicionista.
Vários nomes da imprensa (PJ) contratam uma equipe de terceirizados, preferencialmente estudantes e velhos jornalistas da lista negra, que escrevem as matérias que o figurão assina.
Acontece o mesmo com renomados marqueteiros (marreteiros), na maioria ex-contatos de agências de publicidade, analfabetos em ciências política e comunicação social. No caso do Mensalão: foram punidos Marcos Valério, um vendedor, e seu sócio diretor de arte. Um profissional de criação não tem tempo para se envolver em negociatas, e nada conhece dos feudos da corrupção, desde que passa as 24 horas do dia preocupado em encontrar e planejar a estratégia de campanhas de publicidade e/ou propaganda, em idealizar os melhores filmetes, spots e jingles, em escrever o texto preciso , em selecionar a foto ícone, em resumir a mensagem em um slogan e em um símbolo. Coisa que os Marcos Valério não sabem fazer.
Aconteceu com Mosquito, e o stalking terminou com um misterioso suicídio. Vem sucedendo com o mais conhecido, internacionalmente, cartunista brasileiro Carlos Latuff, ameaçado pela polícia do governador Sérgio Cabral. No exílio permanece o premiado jornalista Mauri König, ameaçado de morte pelos delegados caça níqueis do governador Beto Richa.
Em Recife, a polícia prendeu o jornalista Ricardo Antunes, por seis meses, pela plantação de ter negociado com o bacharel em Jornalismo, Antônio Lavareda, uma notícia por um milhão de dólares – a notícia mais cara do mundo. Preço jamais visto na História da Imprensa. Contra esta arbitrariedade fui anticandidato a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco. Coloquei Ricardo Antunes como vice-presidente. A chapa registrada, e única concorrente da chapa continuísta, deu, sem querer, uma nada consta contra Ricardo Antunes. Fiz o domado sindicato, indiretamente, defender Ricardo Antunes contra os secretários jornalistas do governador Eduardo Campos, que chamou Ricardo Antunes de “pobre coitado” e “infame”.
É neste Pernambuco ditatorial, da antiga Sorbonne, que se promove o assédio a Noelia Brito. Exemplo dessas costumeiras mensagens no Brasil:
Da escuridão do Reluz, Noelia Brito vem recebendo os corruptos, criminosos, nefastos, fúnebres avisos de morte anunciada: “os imeios contendo xingamentos e ameaças para que não fizesse qualquer menção ao caso da licitação do Reluz em nenhum dos espaços onde escreve. Dois dias após as ameaças, portanto, no dia 23 de agosto, o jornal Correio Braziliense revelou que um apadrinhado de Geraldo Julio fora o vencedor da licitação milionária destinada à instalação de luminárias na capital pernambucana. O resultado dessa licitação já havia sido anunciado, com antecedência, nos classificados de jornais e pelo Blog Carta Polis”.
Acrescenta Noelia Brito: “Antes das ameaças por email, esta blogueira já vinha sendo vítima de uma série de ataques difamatórios em postagens realizadas por perfis falsos plantados no grupo Direitos Urbanos, do Facebook, no Blog de Jamildo, onde assina coluna semanal, e no Facebook, em perfis “fakes”.
O caso já foi denunciado à Polícia Federal, “já que as verbas do Reluz são federais, e os crimes cometidos pelos bandidos que tentam calar a voz desta blogueira são federais”, informa Noelia Brito. Leia mais
Hoje, faltando sete dias para as eleições sindicais, criaram uma página cronada, enganadora, mentirosa quem nem eles – os governistas. Uma página que apareceu de maneira sorrateira, anônima, falsa, covarde, safada, infiltrada. Coisa de vândalo. De vassalo do imperador. Que pratica o stalking. De feitor do patrão. Que pratica o assédio moral e o assédio sexual nas redações. De patrão que paga o salário do medo e da fome. Nunca mais Salomés. Nunca mais passaralhos.
Eles criaram a página você sabe porquê – oposiçAo jornaLUSTAS. Confira:
Oposição, sim, possui acento no “a ” de autonomia. Que a chapa Você Sabe Porquê vai ter assento no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco. Que jornalustas são eles.
ESTA PÁGINA “OPOSIÇÃO JORNALUSTAS” foi criada pelo serviço de espionagem.
Os bandidos que batem e censuram jornalistas são capazes de tudo.
É assim que eles querem ganhar o pleito.
São capazes de tudo para eternizar o continuísmo, as chapas batidas e o servilismo.
Já solicitamos ao Facebook apagar a página reversa, oposta, perversa, maldosa.
Sempre fui convicto de que o jornalismo é um instrumento transformador de pessoas e de realidades. Creio nesse ofício como um meio de mudanças, ainda que isso implique em algum risco. Já fui espancado quase à morte e tive de mudar de cidade em outra ocasião por ir ao limite de minhas possibilidades em busca da verdade em que acredito. Mas nada é mais triste do que o terror psicológico imposto por um inimigo onisciente e onipresente. Um inimigo invisível que se esconde no anonimato e é capaz de nos tirar o convívio da família e a liberdade de movimentos.
Não imaginei chegar a esse nível de tortura psicológica ao coordenar a equipe da Gazeta do Povo que revelou a corrupção na Polícia Civil do Paraná, um dos estados mais ricos do Brasil. As ameaças de metralhar minha casa se estenderam à minha família. Durante cinco dias tivemos de mudar de hotel várias vezes, protegidos por guarda-costas. Meu filho de 3 anos foi quem mais sofreu com a rotina de tensão e medo. Minha mulher se recusou a ir comigo para o exílio no Peru. Preferiu ficar distante de mim, o alvo das ameaças. Não a julgo. Ela pensou antes na segurança do nosso filho.
Durante dois meses fui acolhido em Lima graças à generosidade do Comitê de Proteção aos Jornalistas e do Instituto Prensa y Sociedad, com apoio da Gazeta do Povo. Esse exílio forçado me levou a mil reflexões. Como é difícil tomar decisões quando se está sozinho, longe de casa. Mas era preciso tomar decisões, ainda que por e-mail ou pelo Skype. Foi assim, à distância, que recebi de minha mulher a notícia de que ela ficaria de vez na cidade onde se refugiou após as ameaças. De volta ao Brasil, tento aceitar a distância de mais de mil quilômetros do meu filho.
Vejo com uma boa dose de angústia a repetição de um drama pessoal. Em 2003, tive de me mudar de Foz do Iguaçu para Curitiba por causa de ameaças após uma reportagem revelando o consórcio do crime formado por policiais e ladrões de carros na fronteira do Brasil com o Paraguai. A mudança me impôs uma distância de 700 quilômetros dos meus dois filhos mais velhos, do primeiro casamento. Nada mais triste do que um pai não poder desfrutar do convívio com os filhos, não poder acompanhar seu crescimento. Uma história que agora se repete com meu filho mais novo.
A intenção com essas reportagens era revelar o que as pessoas têm o direito de saber, de forma a plantar uma semente de indignação em cada uma delas, para que cada uma, dentro de suas possibilidades, pudesse fazer algo para melhorar a realidade de todos à sua volta. Eu só não imaginava que isso fosse impactar de forma tão negativa a realidade das pessoas mais próximas a mim. Espero, sinceramente, que ninguém mais precise pagar um preço tão alto por acreditar que o jornalismo é um instrumento para melhorar nossa realidade, por revelar injustiças, delatar governos corruptos, expor uma polícia arbitrária.
A informação é do secretário de Imprensa, Evaldo Costa. Publica o Jornal do Comércio: Oficialmente, as queixas à desorganização da Arena Pernambuco foram tratadas pelos integrantes do governo como um “microclima gerado nas redes sociais”. O secretário estadual de Imprensa, Evaldo Costa, garantiu que a maioria dos torcedores saiu satisfeita após o confronto entre Espanha e Uruguai. “O que existiu foram 87 pessoas que criaram um clima nas redes sociais, com críticas. Muitas delas nem ao estádio foram”, rebateu o auxiliar, munido de informações da empresa que realiza o monitoramento das novas mídias para o governo do Estado.
Que empresa monitora as redes sociais? Quanto embolsa do povo, e do meu imposto indireto, para rastrear quem exerce a democrática liberdade de opinar. Espionagem pra quê? Isso cria uma legenda de medo. É assédio moral. E stalking. O governador deve uma explicação.
Essa de futebol paixão das multidões já era. Privatizado pela Fifa, os estádios construídos com o dinheiro do povo têm os espectadores selecionados pelos preços dos ingressos. Uma autoridade até sugeriu o uso de paletó e gravata. Mas os cartolas ingleses ficaram contra. Pode ir com camisa comprada em grifes autorizadas. É isso aí: Todos os produtos vendidos dentro e nas imediações de cada estádio precisam ser de patrocinadores da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
Em Salvador as negras baianas exigiram vender acarajé. Vão arranjar pra elas um cantinho bem escondidinho e de difícil acesso. Essa exceção ficou aberta depois de muita agitação nos terreiros da Bahia. Precisou baixar uma romaria de pais de santo. Os cartolas ficaram com medo de algum feitiço. Aconteceu o consentimento quando se descobriu que uma ventania mais forte pode derrubar o Engenhão no Rio, e o teto do Maracanã desabou com uma chuva.
Informa Ricardo Antunes: “Só teremos seis baianas, na Fonte Nova, vendendo acarajé na Copa das Confederações”.
Vão ser proibidos no Minerão: pão com queijo e cachaça de alambique.
Pernambuco não pode vender o tradicional bolo pé-de-moleque. No Rio de Janeiro, Sérgio Cabral vende Pezão.
Acrescenta Ricardo: “Futebol no Brasil virou Teatro de Ópera. Pelo menos nos jogos da seleção será assim. Povo não entra pois o ingresso é caro e a FIFA privatizou a outrora paixão popular. Todo mundo branco, bonito e bem comportado. Antes gente fina ia pra cadeira; e gente, que não tinha grana, ia pra geral. Meninos eu vi. Era preto, branco, mestiço, mulato, moreno, sarará e amarelo. Todos juntos. Esperamos 64 anos para, numa nova Copa, celebrarmos ao mundo nossa ‘democracia racial’ e a inserção ‘dos pobres rumo à classe média’. Será que aconteceu mesmo? Tiraram o povo da festa”.
Dizem que o ministro Joaquim Barbosa vai de toga. Para não passar nenhum vexame.
+++
P.S. O blogue de Ricardo Antunes,Leitura Crítica, continua censurado por algum juiz ou desembargador. Que a justiça brasileira anda fazendo o serviço sujo da censura, realizado na ditadura militar por um coronel, gorila fardado. A censura judicial explica porque os tribunais funcionaram sem parar nos tempos que Jango, que vice-presidentes e governadores foram cassados, e o Congresso fechado. Proibido de escrever sobre política, e de trabalhar, Ricardo, para não enferrujar, arrisca falar de futebol e variedades numa página do Facebook. E de graça. Uma notícia de Ricardo era cotada, pela polícia de Eduardo Campos, em um milhão de dólares. Para completar, Ricardo, depois de torturado nos porões da Sorbonne – foram quase seis meses de prisão ilegal, arbitrária e inquisitorial system – vem sofrendo stalking, por parte de parlamentares da linha dura do governador de Pernambuco.
Outro abuso nos estádios: os luxuosos camarotes dos governadores. Oferecem do bem bão e do melhor. Não sei quem paga. Tem ar condicionado ambiente. Várias dependências. Sala de estar, com dois ambientes, mesa de reuniões e bar, uma bela sala de jantar e amplo quarto com closet e banheiro. O quarto para um sono tranquilo, ou descansar ou fazer outras coisas. Acesso a Internet Wi-Fi. Tv a cabo. Varanda para assistir os jogos. Um luxo só.
A mesma farra dos camarotes no carnaval, e no carnaval fora de época. No São João de Caruaru são 31 dias de festa, ou melhor, 31 um dias de camarote do prefeito.
No Coliseu de Roma, que funcionou durante 500 anos, os imperadores tinham camarote.
Os camarotes voltaram no esplendor da Renascença com os teatros. Uma divina mordomia da realeza. Um privilégio, um abuso, uma ostentação, um desperdício de dinheiro público, uma exibição de riqueza e luxo e luxúria que precisa acabar. E já.