MADRI. Marcha do Podemos clama: “É a hora da mudança”

A marcha da mudança convocada pelo partido Podemos encheu a Puerta del Sol em Madrid, neste sábado. No discurso de encerramento, Pablo Iglesias afirmou: “Hoje não estamos aqui para protestar, estamos aqui para dizer que o momento é agora”.

 

Cabeça da marcha dos cem mil
Cabeça da marcha dos cem mil

podemos 01

podemos 4

podemos 3

podemos 2

A Marcha da Mudança terá juntado neste sábado em Madrid mais de cem mil pessoas, segundo os cálculos de publico.es.

Durante a manifestação as palavras de ordem mais gritadas foram “Sim podemos”, “É a hora da mudança” e “O povo unido jamais será vencido”.

No discurso de encerramento, Pablo Iglesias começou por lembrar o exemplo do Syriza, interrogando e afirmando: “Quem dizia que não é possível? Quem dizia que um governo não pode mudar as coisas? Na Grécia fez-se em seis dias do que outros governos fizeram em anos”.

O líder do Podemos denunciou a seguir que “as políticas de Rajoy não criam emprego” e que “os salários não permitem às pessoas sair da pobreza”.

Referindo que as políticas de austeridade dividiram a Espanha em duas, “os que ganharam e os que estão pior que antes: os de cima e os de baixo”, Iglesias afirmou: “À mudança, os de cima chamam experimentação e caos, os de baixo chamamos democracia”.

O líder do Podemos apelou depois à recuperação da soberania pelas pessoas, tirando-a ao FMI, à Comissão Europeia e aos mercados.

Fazem falta sonhadores. Fazem falta Quixotes. Estamos orgulhosos com esse sonhador a cavalo. Não permitamos que os golpistas nos roubem o sonho. O nosso país não é uma marca, a Espanha são as suas pessoas”, afirmou também Pablo Iglesias, defendendo que a sua conceção de pátria é aquela que “assegura que todas as crianças vão limpas e calçadas para uma escola pública”.

O líder do Podemos terminou o seu discurso declarando: “Este é o ano da mudança, podemos sonhar e podemos vencer!”

 

Seis milhões para ouvirem a missa do Papa em Manila

O papa bate récord de multidão em Manila, celebrando missa para seis milhões de católicos. Pope draws record crowd é uma das manchetes do Manila Standard Today

papa cinco milhões filipinos

filipinas multidão

multidao papa

Ao quarto dia da visita a este bastião católico da Ásia, milhões de fiéis começaram a chegar bem cedo ao parque Rizal, situado junto ao mar. Tal como na véspera, por causa de uma tempestade tropical que se abateu sobre a região, o mar de gente coloriu-se com impermeáveis de plástico coloridos para se proteger da chuva. Principalmente amarelo, a cor do Vaticano.

Jorge Bergoglio fez a sua entrada no papamóvel, circulando por entre a multidão sob fortes aplausos. Na missa, falada em inglês e tagalog, exortou os filipinos a serem “missionários” em toda a Ásia. “É um dom de Deus, uma bênção! Mas também é uma vocação.”

papa móvel

papa abaraça

O cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle, respondeu ao desafio do Papa, dizendo que “todos os filipinos gostariam de partir amanhã com a Sua Santidade, mas não para Roma! Partiriam para as periferias, os bairros de lata, as prisões, os hospitais. Iriam também evangelizar o mundo da política, das finanças, das artes, das ciências, da cultura, da educação e das comunicações.”

Depois da missa, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicou que “o Papa quis nesta viagem dar um impulso a uma via concreta para uma sociedade filipina mais coerente com os valores cristãos”, justificando assim a insistência do Papa nas desigualdades que persistem nesta sociedade muito católica.

Durante a sua visita de quatro dias, Francisco denunciou as profundas desigualdades e a corrupção. Também lançou apelos em defesa da família tradicional, denunciando o “relativismo”, as “ameaças insidiosas”, a “confusão” sobre o casamento.

“A grande ameaça ao plano de Deus, segundo a Bíblia, é a mentira”, afirmou o Papa, acrescentando que “o diabo é o pai da mentira e esconde seus embustes sob a aparência da sofisticação e do fascínio por ser moderno como todo mundo”. Segundo o pontífice argentino, o diabo “distrai com o chamariz dos prazeres efêmeros, de passatempos superficiais”. “Esbanjamos os dons que Deus nos deu brincando com artefatos banais, esbanjamos nosso dinheiro no jogo e na bebida, encerramo-nos em nós mesmos e não nos centramos nas coisas que realmente importam”, afirmou. Além disso, Francisco ressaltou o papel da mulher na sociedade, salientando que elas “têm muito a dizer”. “Muitas vezes somos machistas, mas uma mulher é capaz de ver as coisas com outros olhos, com um olhar diferente”, afirmou.

papa francisco fora do procolo

“Não é possível uma família sem sonhar”

 

O seu discurso às famílias iniciou-se com o verbo sonhar. Falando em espanhol e recorrendo a um tradutor, o Santo Padre proferiu as afirmações que marcaram a sua intervenção:

“Não é possível uma família sem sonhar.”

“Sem sonhar perde-se a capacidade de amar.”

“Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos e da minha esposa e também com os meus pais e avós.”

“Não percam a capacidade de sonhar.”

“Nunca deixem de ser noivos”

Foram três os aspetos que o Papa Francisco apresentou sobre a figura de S. José: repousar no Senhor, levantar-se com Jesus e Maria e ser voz profética. E, desde logo, o Papa Francisco contou uma pequena história referindo o facto de ter na sua escrivaninha uma imagem de S. José que dorme: sempre que algo o preocupa o Santo Padre escreve num pequeno papel o seu problema e coloca-o debaixo da imagem para que S. José repouse sobre o problema e o ajude a solucionar.

Para ouvir o chamamento de Deus é preciso pois rezar em família:

“Para ouvir e aceitar o chamamento de Deus, para construir uma casa para Jesus, deveis ser capazes de repousar no Senhor. Deveis encontrar em cada dia o tempo para rezar.”

O Santo Padre referiu de seguida o segundo aspeto: levantar-se com Jesus e Maria. Ou seja, enfrentar a vida, aprender a amar, a perdoar, a ser generosos e não egoístas. Mas também a saber dizer não às colonizações ideológicas da família – declarou o Papa Francisco que citou o Papa Paulo VI pela defesa da vida durante o seu pontificado.

Finalmente, o terceiro aspeto: S. José é uma voz profética e também nós devemos ser – disse o Papa – exortando os cristãos a não terem medo de afirmar a sua fé em Jesus Cristo:

“Não escondais a vossa fé, não escondais Jesus, mas colocai-O no mundo e oferecei o testemunho da vossa vida familiar.”

 

Memes poéticos de Marilu Fagundes

Marilu

 

SONHOS

A cidade dorme.
Quantos sonhos pairam no ar…
Em leitos aquecidos, por amores vividos,
Me ponho a imaginar, a energia, a magia da Poesia.

Os sonhos de meninas, pequenas bailarinas,
Os dos meninos, super heróis…
Amores da juventude inquieta, insegura,
Responsabilidades de homens e mulheres maduras.

Tantos sã, os sonhos sonhados.
Quantos amores buscados.
Nesse interím de doce magia.

A manhã chega implacável,
Tirando-nos o torpor… Despertar?
SIM! EM NOVA NOITE VOLTA A SONHAR!

 

Marilu bom dia

 

NADA SEI

Ando devagar porque ja tive pressa
E levo este sorriso porque já chorei demais
Me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei

 

marilu sou

 

OS VENTOS DE OUTONO

 

Bailam a carregar as folhas

Que teimam ao solo cair

Mortas amarelecidas

Como minh’alma

Que tenta passar por entre flores,

Que tenta viver amores,

Que como as folhas ruiram

Caíram, e pelos ventos foram carregadas.

 

grandes tempestades marilu

Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado,
Ainda exista amor, pra recomeçar

 

Marilu luar

 

Poetas cantam poetas: Janice Japiassu e Têreza Tenório

O DISCURSO E O DESERTO

por Janice Japiassu

 

Com o acre mel do deserto

De ouro veste-se o nome

Pronunciado na guerra.

 

O sol fecunda as espadas

Retesa o arco certeiro

E o sete nasce da pedra

 

No silêncio alumioso

Da noite mal-assombrada

Mistura o grito viçoso

Eis a palavra afiada

Nos pastos da solidão

Dentro do silêncio limpo

Voz de toda precisão

 

Foto Haroldo Castro
Foto Haroldo Castro

 

CANÇÃO À JANICE JAPIASSU

por Terêza Tenório de Albuquerque

 

Guardiã do tempo rublo,

dize-me qual é a luz

que inunda teu universo

de amplos átrios azuis.

 

– Ardente o sol de verão

inunda de luz meus paços,

as pastagens, a campina,

estrebarias e gado.

 

Guardiã de torre sólida

desaliante do templo,

dize-me qual o segredo

que habita teu pensamento.

 

– O nome que minha boca

murmura em suspiro oculto

do cavaleiro que vejo

lá das ameias o vulto.

 

Guardiã do canto amargo

hino de guerra e de amor,

tu tens a mágoa dormida,

eu me aniquilo de dor.

 

– Amor ódio no peito,

a mão mantendo a espada,

a fronte erguida, o desejo

de me dissolver, mais nada.

 

Guardiã da estação rude,

seca e sombria, o lamento

da tua voz é levado

nas asas curvas do vento.

 

Agora a nós só nos resta

o corredor do silêncio.

 

 

 

La gente primero se moviliza, y luego aparece el concepto del porqué y para qué. El concepto surge más tarde que la acción

Entrevista a Michael Hardt

 

indignados resignação5

 

por Lola Matamala
Michael Hardt da clases de Crítica Literaria y Filosofía Comparada en la Universidad de Duke, y a la vez, no deja de pensar y analizar el mundo a través de la política. La muestra se refleja en Imperio, Multitud, Commonwelth y, su último libro, Consolidation. En todos ellos, también aparece la firma de Antonio Negri, uno de los pensadores italianos más destacados en las últimas décadas.

En esta entrevista, Hardt responde a algunas cuestiones que se enmarcan en el pasado y en el futuro más inmediato en la política nacional e internacional.

Aunque usted vive en Estados Unidos, conoce la celebración de las próximas elecciones para el Parlamento Europeo. ¿Qué opinión le merece esta convocatoria?

El espacio nacional no es el único campo en donde hay que luchar porque en Europa es donde está el terreno de batalla, y aunque es complicado que se unan l@s activistas de Italia, de Grecia, de Alemania o de otros países, considero hay que crear ese espacio europeo de lucha. Otra cuestión es la cuestión electoral de l@s europe@s y yo no creo que haya contradicción entre una crítica muy fuerte de la representación electoral y participar en las elecciones, y particularmente en esta próximas: es posible hacer las dos cosas. En el terreno europeo se pueden hacer algunos progresos con una nueva forma electoral y se puede participar sin pensar que es la única manera de la acción política. Votar es algo importante pero con un objetivo claro o con una buena línea de conducta que estuviera basada en que la izquierda tuviera más representación parlamentaria a la vez que se produjeran movilizaciones y acciones protagonizados por los movimientos sociales.

Y para usted en qué consistiría esa representación de un gobierno de izquierdas en el Parlamento Europeo?

Sobre los gobiernos de izquierdas, recuerdo una pregunta que le hicieron a Deleuze. El respondió que no hay un gobierno de izquierdas, hay un gobierno que da espacio a la izquierda, y en estas europeas, se puede crear un gobierno con elementos de apertura progresista para toda Europa, solamente en el sentido que de espacio a una acción autónoma para la verdadera acción autónoma de los movimientos sociales. Tradicionalmente, se ha pensado que los movimientos sociales representaban la herramienta desde el punto de vista táctico y los partidos eran la parte estratégica. Ahora es el momento de utilizar el partido como táctica en la estrategia de los movimientos sociales. Sólo así tiene sentido la participación en las elecciones.

Michael, cambiando de tema, aunque esté estrechamente relacionado, en este 2014 se cumplen tres años de las primaveras árabes. Desde su punto de vista, hay un antes y un después en los países que protestaron contra sus respectivos gobiernos?

Considero que sí que hay un antes y un después y que la multitud continuará resistiendo porque es como un león que se ha despertado. Pero también ha sido horrible para algunos países. Egipto es el ejemplo de cómo el autoritarismo militar y el fundamentalismo religioso crece y ocupa todo el terreno. En este país, son las únicas opciones y el efecto es que se van abandonando los deseos revolucionarios como espacio para la expresión: ha habido una trágica derrota. En Siria esa dinámica es aún mucho más dramática y cruel. Ciertamente, esto es un fase muy desalentadora en el proceso.

Y cuando también faltan pocos días para el tercer aniversario del 15M ¿cree que sigue vivo?

¡Por supuesto que el 15M está vivo! Los movimientos sociales como el 15M son ríos kársticos que flotan en la superficie un tiempo y que luego van al subsuelo, para, más tarde, volver a la superficie. Tal vez, si no lo vemos ahora, es que, de momento, flota fuera de la vista. Cuando regrese, será diferente.

¿Se podría decir que tiene una influencia anticapitalista o al menos antineoliberal?

El 15M se compone de muchos elementos y algunos de ellos tienen dificultades para ir juntos. Lo elementos antineoliberales son ciertamente una parte importante del 15M tanto en sus acampadas como en sus ocupaciones en los últimos- recientes- años. Pero,lo más importante, desde mi punto de vista, no es sólo el rechazo a las privatizaciones, sino, junto con eso, un deseo por lo común.

España está en el punto más alto de la práctica y del desarrollo teórico de los movimientos sociales, no solo con lo de las hipotecas, de la deuda, etc. Para mi, es un momento de laboratorio en España. Hay experimentos con nuevos partidos, con otras formas que son muy interesantes, muy positivas, muy ricos. No estoy diciendo que sean modelos para otra parte del mundo, porque aún no tienen la respuesta, pero es un momento de una gran experimentación,

Entonces, desde su punto de vistas ¿estamos por delante de Italia en ese laboratorio de ideas?

Si, al menos para mi, y para Toni Negri también. En España hay un increíble desarrollo de ideas y prácticas.

Es curiosa su respuesta, porque,desde el punto de vista de la crisis económica, estamos en medio de Grecia e Italia…

Por ejemplo, los historiadores que estudian la Revolución Francesa ya nos dicen que la gente que sufre más, no tiene por qué luchar más.

Usted aboga por el común como protagonista de las luchas…

Las pruebas en los campamentos y ocupaciones de los últimos tres años han sido pruebas para el común, específicamente para hacer común en el espacio metropolitano. En el caso de Turquía y en Brasil en el 2013 nacen como respuesta contra las amenazas hacia espacio urbano. En Turquía la chispa fue el proyecto de construcción de un un centro comercial en Gezi Park, y en Río de Janeiro fue la subida del precio del transporte. Sin embargo, en las protestas como respuestas a estas estrategias neoliberales, la gente no demandaba que el gobierno ejerciera mayor control y que lo público les protegiera de la privatización, n o. Se pretendía que la ciudad tuviera un espacio común caracterizado por el libre acceso a lo colectivo y en donde se tomaran las decisiones democráticamente. Es una manera, por la cual, el común ha sido el espacio central de las nuevas luchas .

Pero cree que a priori, las personas que protestan saben que están luchando por ese común que usted describe o sólo responden a un hecho que se ha producido en su ciudad?

En muchas países, la gente primero se moviliza, y luego aparece el concepto del porqué y para qué. El concepto surge más tarde que la acción.

Michael, y volviendo al Estado Español, en su última visita ha hablado sobre el concepto del tiempo en la sociedad industrial de Thompson. Ahora, ante el cambio de la situación laboral de millones de personas ¿cómo puede incidir ese tiempo “libre” en sus vidas?

Thompson analizó las formas que el trabajo en la producción industrial cambió profundamente en nuestro sentido del tiempo. El tiempo en la sociedad moderna capitalista cambia nuestro tiempo, cuantifica en unidades homogéneas que dividen el día.

Me gustaría entender cómo hoy nuestro sentido del tiempo es cambiante. En un libro reciente llamado “24/7”. Jonathan Crary pone en evidencia que nuestro “incrustamiento” en las nuevas tecnologías como internet o las redes sociales está creando una nueva temporalidad que rompe las fronteras tradicionales, no sólo entre el trabajo y el ocio, sino además entre el sueño y el desvelo. El autor plantea el debate sobre si la constante disponibilidad del email, de las compras online, de los entretenimientos y las innumerables pantallas que llaman nuestra atención, socavan las bases para una vida sin capitalismo. Esto no responde solamente a la cantidad de personas que sufren trastornos del sueño y a que los fármacos para el insomnio prevalezcan: esta carencia de tiempo para el sueño, es una buena manera de entender nuestro nuevo y contemporáneo sentido del tiempo.

 

Reflexão de um monge

por Tarcísio Laureano

 

Tarcisio Laureano
Tarcisio Laureano

Meu sonho é morar num convento de freiras e a semana inteira aos teus pés vou rezar.

Tocando o sino da igreja, cuidando das flores do altar.

Rezando baixinho e, em silêncio, aos céus confessar:

Que tu, madre superiora, és causa e efeito das loas que meu coração inquieto vive a versejar.

 

 

Na força dos filhos teus

Gigante por natureza, enfastiado de amores vil.
Fulgurando os séculos, entorpecido em berço esplendido,
Minado pela podridão dos sentimentos de alguns,
Na vasta fronte dos egoísmos dos filhos teus…

Gigante por natureza, pleno de amores mil.
Na ânsia de ouvir os que não calam o direito à indignação.
Os que têm nas veias o sangue que flama.
Na justa voz, agora o grito que clama dos filhos teus…

Gigante por natureza, nutrido de esperanças.
Se ergue no desejo de ser desperto,
Por cérebros de pensamentos em sonhos e anseios.
No limite das aflições, em altiva atitude, na força dos filhos teus.

________________________________________

TEXTO: Lufague
FOTO: Thatiane Soares

AUDIODESCRIÇÃO: ( A noite em uma rua do Centro, um pequeno grupo de ativistas se protegem com uma placa de madeira contra os estilhaços que voam das bombas de efeito moral e de gás. Em primeiro plano está um poste antigos com datação por volta de 1930 )

poste

CELSO JAPIASSU E A VISITA DOS AMIGOS MORTOS

Celso

VISITA

Celso Japiassu

 

 

Homens e mulheres que foram meus amigos
penetram no meu sono.
Estão mais jovens do que eram
na hora de sua morte.

Têm o mesmo rosto de quando
havia futuro nos seus dias.

Esses mortos foram meus amigos.
Conheço-os pelo nome, conheci suas almas
e o ritmo dos seus passos.

Agora eles penetram silenciosamente no meu sono.
Trazem algum mistério
que desperta e me convida
para um sono maior e mais profundo.

—-
Seleta de Moacir Japiassu

¿Por qué Brasil y ahora?

por Juan Arias

La policía se enfrenta a los manifestantes alrededor del estadio. TASSO MARCELO (AFP)
La policía se enfrenta a los manifestantes alrededor del estadio. TASSO MARCELO (AFP)

 

Está generando perplejidad, dentro y fuera del país, la crisis creada repentinamente en Brasil por el surgir de las protestas callejeras, primero en las ricas urbes de São Paulo y Río, y ahora extendiéndose a todo el país e incluso a los brasileños en el exterior.

Por el momento son más las preguntas para entender lo que está aconteciendo que las respuestas a las mismas. Existe solo un cierto consenso en que Brasil, envidiado hasta ahora internacionalmente, vive una especie de esquizofrenia o paradoja que aún debe ser analizada y explicada.

Empecemos por algunas de las preguntas:

¿Por qué surge ahora un movimiento de protesta como los que ya están casi de vuelta en otros países del mundo, cuando durante diez años Brasil vivió como anestesiado por su éxito compartido y aplaudido mundialmente? ¿Brasil está peor hoy que hace diez años? No, está mejor. Por lo menos es más rico, tiene menos pobres y crecen los millonarios. Es más democrático y menos desigual.

¿Cómo se explica, entonces, que la presidenta Dilma Rousseff, con un consenso popular de un 75%, -un récord que llegó a superar al del popular Lula da Silva-, pueda ser abucheada repetidamente en la inauguración de la Copa de las Confederaciones, en Brasilia, por casi 80.000 aficionados de clase media que pudieron darse el lujo de pagar hasta 400 dólares por una entrada?

¿Por qué salen a la calle a protestar por la subida de precios de los transportes públicos jóvenes que normalmente no usan esos medios porque ya tienen coche, algo impensable hace diez años?

¿Por qué protestan estudiantes de familias que hasta hace poco no hubiesen soñado con ver a sus hijos pisar una universidad?

¿Por qué aplaude a los manifestantes la clase media C, llegada de la pobreza y que por vez primera en su vida han podido comprar una nevera, una lavadora, una televisión y hasta una moto o un coche de segunda mano?

¿Por qué Brasil, siempre orgulloso de su fútbol, parece estar ahora contra el Mundial, llegando a empañar la inauguración de la Copa de las Confederaciones con una manifestación que produjo heridos, detenciones y miedo en los aficionados que acudían al estadio?

¿Por qué esas protestas, incluso violentas, en un país envidiado hasta por Europa y Estados Unidos por su casi nulo desempleo?

¿Por qué se protesta en las favelas donde sus habitantes han visto duplicada su renta y recobrada la paz que les había robado el narcotráfico?

¿Por qué, de repente, se han levantado en pie de guerra los indígenas que poseen ya el 13% del territorio nacional y tienen al Supremo siempre al lado de sus reivindicaciones?

¿Es que los brasileños son desagradecidos a quiénes les han hecho mejorar?

Las respuestas a todas esas preguntas que producen en tantos, empezando por los políticos, una especie de perplejidad y asombro, podrían resumirse en pocas cuestiones.

En primer lugar se podría decir que, paradójicamente, la culpa es de quien les dio a los pobres un mínimo de dignidad: una renta no miserable, la posibilidad de tener una cuenta en el banco y acceso al crédito para poder adquirir lo que fue siempre un sueño para ellos (electrodomésticos, una moto o un coche).

Quizás la paradoja se deba a eso: al haber colocado a los hijos de los pobres en la escuela, de la que no gozaron sus padres y abuelos; al haber permitido a los jóvenes, a todos, blancos, negros, indígenas, pobres o no, ingresar en la universidad; al haber dado para todos accesos gratuito a la sanidad; al haber librado a los brasileños del complejo antaño de culpa de “perros callejeros”; al haber conseguido todo aquello que convirtió a Brasil en solo 20 años en un país casi del primer mundo.

Los pobres llegados a la nueva clase media han tomado conciencia de haber dado un salto cualitativo en la esfera del consumo y ahora quieren más. Quieren, por ejemplo, unos servicios públicos de primer mundo, que no lo son; quieren una escuela que además de acogerles les enseñe con calidad, que no existe; quieren una universidad no politizada, ideologizada o burocrática. La quieren moderna, viva, que les prepare para el trabajo futuro.

Quieren hospitales con dignidad, sin meses de espera, sin colas inhumanas, donde sean tratados como personas. Quieren que no mueren 25 recién nacidos en 15 días en un hospital de Belem, en el Estado de Pará.

Y quieren sobre todo lo que aún les falta políticamente: una democracia más madura, en la que la policía no siga actuando como en la dictadura; quieren partidos que no sean, en expresión de Lula, un “negocio” para enriquecerse; quieren una democracia donde exista una oposición capaz de vigilar al poder.

Quieren políticos con menor carga de corrupción; quieren menos despilfarro en obras que consideran inútiles cuando aún faltan viviendas para ocho millones de familias; quieren una justicia con menor impunidad; quieren una sociedad menos abismal en sus diferencias sociales. Quieren ver en la cárcel a los políticos corruptos.

¿Quieren lo imposible? No. Al revés de los movimientos del 68, que querían cambiar el mundo, los brasileños insatisfechos con lo ya alcanzado quieren que los servicios públicos sean como los del primer mundo. Quieren un Brasil mejor. Nada más.

Quieren en definitiva lo que se les ha enseñado a desear para ser más felices o menos infelices de lo que lo fueron en el pasado.

He escuchado a algunos decir: “¿Pero qué más quiere esta gente?” La pregunta me recuerda la de algunas familias en las que después de dar todo a los hijos, según ellos, estos se rebelan igualmente.

Se olvidan a veces los padres de que a ese todo le faltó algo que para el joven es esencial: atención, preocupación por lo que él desea y no por lo que a veces se le ofrece. Necesitan no solo ser ayudados y protegidos, llevados de la mano, quieren aprender a ser ellos protagonistas.

Y a los jóvenes brasileños, que han crecido y tomado conciencia no solo de lo que tienen ya, sino de lo que aún pueden alcanzar, les está faltando justamente que les dejen ser más protagonistas de su propia historia, más aún cuando demuestran ser tremendamente creativos.

Que lo hagan, eso sí, sin violencia añadida, que violencia ya le sobra a este maravilloso país que siempre prefirió la paz a la guerra. Y que no se dejen coptar por políticos que intentarán montarse sobre su caballo de protesta, para vaciarla de contenido

En una pancarta se leía ayer: “País mudo es un país que no muda”. Y también, dirigido a la policía: “No disparéis contra mis sueños”. ¿Alguien puede negar a un joven el derecho a soñar?.

La policía arresta a dos manifestantes en Porto Alegre, al sur del país. (Foto REUTERS, STRINGER:BRAZIL)
La policía arresta a dos manifestantes en Porto Alegre, al sur del país. (Foto REUTERS, STRINGER:BRAZIL)

CARTA AO AMIGO

por Nei Duclós

chamado Roland Heydes, n


Embora não acredites

estou tão habitado

que pareço um mar



Não só pelos peixes que possuo

das mais variadas espécies

não só pelas aves que me sobrevoam

Mas também pelas ilhas de corais

pelos arrecifes, pelos icebergs que em silêncio

navegam seus volumes submersos

E principalmente

pela quantidade de rios

que deságuam em mim



Estás longe

e lembrei teus olhos

cheios de medo e desconfiança

Hoje está chovendo



Quando chover

sei que vais sentar um pouco

reler teus manuscritos do tempo do colégio

e tentar fazer coisa nova

ou pior, sonhar com eles

até que um vazio incômodo

te derrube por terra



Quando chover, em vez de chorar

lembra de mim

que não cedi um palmo


Ilustração Roland Heydes