Muro das Lamentações. Papa Francisco repete Bento XVI

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As três religiões do deserto – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – adoram um mesmo Deus.

Repetindo Bentro XVI, o papa Francisco rezou em silêncio pela paz diante do Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado do judaísmo, e depositou no local um bilhete escrito, com a oração do pai-nosso, ensinada por Jesus.

Francisco foi recebido pelo rabino chefe Samuel Rabinovitch, que preside à Fundação que gere este lugar santo judaico, e ouviu uma explicação histórica, em inglês, sobre a história do Templo de Jerusalém, diante de uma pequena maqueta.

O rabino recitou depois um salmo dedicado à cidade santa de Jerusalém, recitado também na liturgia católica.

O Papa aproximou-se depois do Muro e rezou em silêncio durante alguns minutos, retirando o bilhete do envelope para recitar a oração, escrita pela sua própria mão, em espanhol.

Fotos de Bento XVI

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Será o Benedito, um papa negro de alma branca?

Os cristãos acreditam em profecias (um dos Evangelhos, o Apocalipse de João é um livro exclusivamente profético) e no aparecimento do Anti-Cristo, que seria um falso papa ou profeta do final dos tempos.

Os evangélicos condenam os católicos pela pecado de idolatria (culto de imagens, inclusive adoração ao papa).

Até para muitos católicos, o Anti-Cristo seria um papa de nome Pedro e/ou negro.

Diferentes profecias continuam usadas como propaganda política.

Obama foi apresentado como o “papa negro”. Na última campanha presidencial, voltaram a falar do perigo de um presidente negro na mais poderosa nação do mundo.

Escreveu Maquiavel: “Jamais ocorre qualquer acidente grave em uma cidade ou província que não tenha sido prevista por adivinhos ou por revelações, por prodígios ou outros sinais celestes”.

Para Franco Cuomo constitui uma necessidade existencial: “a urgência de conhecer, sem cessar, o próprio futuro, ao qual se tentou dar resposta, em épocas diferentes, recorrendo-se a práticas adivinhatórias que às vezes confiavam no acaso e outras vezes nos deuses. Aos adivinhos que falavam por conta própria e aos sacerdotes que interpretavam os oráculos nos templos juntaram-se depois, ao longo dos séculos, profetas designados pela vontade popular – ou pela própria divindade, na tradição bíblica -, a fim de receber as mensagens de Deus e divulgá-las. A estes últimos se soprepuseram por fim, na era cristã, as manifestações diretas de entidades que, através de aparições e outros eventos considerados miraculosos pelos crentes – ou talvez inexplicáveis à luz da razão -, comunicaram previsões de interesse universal.  Fenômenos deste gênero foram se intensificando, em vez de rarearem, na idade moderna, provocando uma ressonância que alcançou o ponto culminante em eventos como os de Fátima e Medjugori. Se revisarmos a história das grandes profecias que alimentaram através dos  séculos as mais indecifráveis fantasias humanas – e continuam a alimentar até hoje -, descobriremos que correspondem a uma matriz comum, da qual brotam surpreendentes semelhanças nos mais famosos oráculos de todas as religiões, desde aquelas dos antigos caldeus e egipícios à epístola evangélica, corânica e talmúdica. Sem excluir as sibilas do mundo pagão greco-romano e os abalos cosmogônicos da mitologia germânica”. Sem excluir o totemismo e o animismo ainda cultuado na África e nas três Américas.

As profecias fazem parte da prática de várias ciências, como a medicina, a astronomia, a geografia, a política etc. Um bom cientista político é um profeta.

Importante salientar que estudiosos negam a existência de qualquer profecia sobre um papa negro. A confusão teria nascido do título de um livro satanista de Anton LaVey, contando como criou a seita ‘Church of Satan’.

O padre-geral da Companhia de Jesus chamado de “Papa Negro” entra nesta lista de “indesejáveis”.

As profecias são palavras de catequese religiosa e, também, poderosas armas de propaganda política.

Para a preocupação dos racistas – no Brasil, Benedito XVI tem o nome de Bento -, ou dos pregadores e crentes na proximidade do fim do mundo, a Igreja Católica tem cardeais com pele escura (morena), e inclusive um negro papável.

Cardeal Francis Arinze
Cardeal Francis Arinze

O melhor perfil escrito sobre o cardeal negro nigeriano Francis Arinze, 72, tem a assinatura de Clarice Spitz:

O cardeal nigeriano Francis Arinze, 72, amigo próximo de João Paulo 2º e influente na hierarquia da Igreja Católica, pode se tornar o primeiro papa comprovadamente negro a chefiar a Santa Sé.

A Igreja Católica não tem registros sobre a raça dos mais de 200 papas que já comandaram o posto máximo desde Pedro e não se pode afirmar com segurança se houve papas negros já que a fotografia é uma invenção do fim do século 19.

Sabe-se, no entanto, que três deles, que ocuparam a chefia do papado entre o século 2 e o século 5, tinham origem africana: Vitor 1º, Melquíades e Gelásio 1º.

Santo Agostinho, um dos maiores pensadores cristãos, era africano, mas não negro.

Mário Sérgio Cortella, 51, professor titular de Teologia da PUC-SP, diz acreditar na existência de papas negros. “O cristianismo nasce numa região de não-brancos, a Palestina. Jesus de Nazaré não era branquinho de olhos azuis como afirmam nos filmes de Hollywood”, afirma.

Apesar de a Igreja Católica ter apoiado a escravidão na América Latina, por exemplo, Cortella destaca que a questão da negritude importa para o mundo-pós-renascentista. “Afirmar que Arinze seria o primeiro papa negro é absolutamente surpreendente.”

Para o frei Davi Santos, 53, diretor-executivo da ONG Educafro, que coordena 255 cursinhos pré-vestibular para negros e carentes no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, a eleição de Arinze abre espaço para a luta contra o racismo.

“Se eleito, ele vai ser um grande sinal de chamada à consciência de toda a humanidade frente à discriminação em escala mundial”, afirmou.

No entanto, frei Davi alfineta o cardeal nigeriano que, segundo ele, esqueceu-se de combater os desafios do continente mais pobre do planeta. “Se Arinze quisesse denunciar o abandono da África já poderia ter feito enquanto cardeal.”

Conheça os principais candidatos 

Empregada domestica veste avental e tem cara negra

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Esta visão das choferes de fogão faz parte do mito mineiro. Não é racismo. A realidade que o carnaval leva para as ruas.

Um jornalista processou outro por ser chamado de negro de alma branca. E se fosse o contrário: branco de alma negra?

Negro de alma branca não ofende. Tem um sentido dubitativo

Negro de alma branca é uma expressão popular criada pelos escravos. Depois explico.

Escreve Fábio Pannunzio:

O blogueiro Paulo Henrique Amorim vai ter que se retratar novamente em face do jornalista Heraldo Pereira. A decisão acaba de ser tomada pelo juiz Alex Costa de Oliveira, do Distrito Federal, que acolheu os argumentos do repórter e apresentador da Rede Globo de que o acordo celebrado entre ambos em 15 de fevereiro passado não foi cumprido.

No acordo proposto por PHA e aceito por Heraldo, o dublê de porta-voz da ala mensaleira do PT e da Igreja Uniuversal se comprometeu a publicar em sua própria página eletrônica , na Folha de São Paulo e no Correio Braziliense um texto pedindo desculpas a Heraldo. O texto chegou a ser publicado, mas o blogueiro introduziu uma série de comentários que zombavam dos termos do acordo e adulteravam o propósito da retratação. Entre esse comentários, PHA escreveu que retratação não é reconhcimento de culpa, e ameaçou processar todos os jornalistas que afirmassem que ele se utilizou do jargão racial para atingir HP.

De acordo com o juiz Alex Costa de Oliveira, a publicação da retratação pela Folha aconteceu somente depois de vencido o prazo estabelecido na sentença que homologou o acordo.

ambém não foi cumprido o pagamento de R$ 30 mil de indenização, destinados por Heraldo Pereira ao Mosteiro de São Bentos de Brasília. PHA depositou apenas as duas primeiras parcelas e suspendeu os pagamentos. “Como se nota, eram seis parcelas de R$ 5.000,00 e o réu depositou apenas duas, nos dias 13.03.2012 e 13.04.2012. Houve o descumprimento [também] dessa cláusula” asseverou o magistrado.

Agora, PHA terá 20 dias para republicar o mesmo texto, sem comentário, em seu blog e nos dois jornais. Se não o fizer, estará sujeito à aplicação de uma multa de R$ 10 mil por dia.

Paulo Roque Khouri,  advogado que representa HP no processo, comemrou a decisão. Segundo ele, “O problema do Sr. Amorim era com a Justiça brasileira e foi ela própria quem deu resposta de modo firme: decisão judicial é para ser cumprida e ponto final. Como não cumpriu o acordo agora vai sentir no bolso o deboche à Justiça Brasileira.”

(Transcrevi trechos)

 

 

3. Negro de alma branca. Será o Benedito?

Será o Benedito nomeia três livros bem conhecidos.

De onde vem a expressão Será o Benedito?

É só fazer uma travessura e lá vem a vó com aquela cara que mistura decepção e impaciência: “mas será o Benedito?” Como muita coisa na língua portuguesa, a origem dessa expressão tem inúmeras versões, todas de difícil comprovação em registros formais – jornais da época, livros ou outras formas de comunicação escrita -, explica o professor de português Ari Riboldi, autor de três livros sobre a origem das palavras e expressões.

A versão mais aceita é a de que a pergunta teria surgido na década de 1930, em Minas Gerais. O então presidente Getúlio Vargas demorava muito para nomear um interventor para aquele Estado. Naturalmente, a demora gerou inquietação entre os inimigos políticos de um dos candidatos ao posto, cujo nome era Benedito Valadares, que perguntavam “Será o Benedito?”.

Pois foi. Valadares foi nomeado interventor em 12 de dezembro de 1933 e, nos meios políticos da época, foi tão conhecido quanto sua expressão é entre os falantes. Era considerado uma raposa, cuja esperteza, descreveu em suas memórias, só era superada pelo próprio Getulio.

Entre seus feitos, indicou Juscelino Kubitschek para a chefia da Casa Civil de Minas Gerais e, depois, para a prefeitura de Belo Horizonte. Além de lançar o que foi um dos mais importantes presidentes brasileiros, o Benedito da expressão também virou cidade: é em sua homenagem que foi nomeado o município de Governador Valadares.
Uma variação da expressão é ainda mais curiosa: “será o pé do Benedito?” O professor Riboldi, porém, desiste: se não há comprovação total da história de que Benedito era o governador Valadares, como saber de quem era esse pé? (Portal Terra).

Por que município de Valadares, quando o governador era mais conhecido pelo nome de Benedito?

Ate prefiro o nome Valadares, que me lembra uma importante família do sertão de Pernambuco.

A Igreja Católica prefere chamar o atual papa de Bento, quando o nome dele em português é Benedito. Explicarei que foi uma escolha racista. Preconceituosa.

Benedito Valadares foi nomeado interventor em 15 de dezembro de 1933. Ficou no cargo até a queda de Getúlio, 4 de novembro de 1945.

Em outubro de 1939, Mário de Andrade escreveu Será o Benedito!:

Transcrevo trechos:

A primeira vez que me encontrei com Benedito, foi no dia mesmo da minha chegada na Fazenda Larga, que tirava o nome das suas enormes pastagens. O negrinho era quase só pernas, nos seus treze anos de carreiras livres pelo campo, e enquanto eu conversava com os campeiros, ficara ali, de lado, imóvel, me olhando com admiração. Achando graça nele, de repente o encarei fixamente, voltando-me para o lado em que ele se guardava do excesso de minha presença. Isso, Benedito estremeceu, ainda quis me olhar, mas não pôde agüentar a comoção. Mistura de malícia e de entusiasmo no olhar, ainda levou a mão à boca, na esperança talvez de esconder as palavras que lhe escapavam sem querer:

— O hôme da cidade, chi!…

Deu uma risada quase histérica, estalada insopitavelmente dos seus sonhos insatisfeitos, desatou a correr pelo caminho, macaco-aranha, num mexe-mexe aflito de pernas, seis, oito pernas, nem sei quantas, até desaparecer por detrás das mangueiras grossas do pomar.

***

Nos primeiros dias Benedito fugiu de mim. Só lá pelas horas da tarde, quando eu me deixava ficar na varanda da casa-grande, gozando essa tristeza sem motivo das nossas tardes paulistas, o negrinho trepava na cerca do mangueirão que defrontava o terraço, uns trinta passos além, e ficava, só pernas, me olhando sempre, decorando os meus gestos, às vezes sorrindo para mim. Uma feita, em que eu me esforçava por prender a rédea do meu cavalo numa das argolas do mangueirão com o laço tradicional, o negrinho saiu não sei de onde, me olhou nas minhas ignorâncias de praceano, e não se conteve:

– Mas será o Benedito! Não é assim, moço!

Pegou na rédea e deu o laço com uma presteza serelepe. Depois me olhou irônico e superior. Pedi para ele me ensinar o laço, fabriquei um desajeitamento muito grande, e assim principiou uma camaradagem que durou meu mês de férias.


Não creio que o negrinho da narrativa pensou no interventor mineiro. Nem Mário de Andrade.

Atente que Mário de Andrade usou um ponto de exclamação.