Minas deve subir no ranking de salários dos professores

por José de Souza Castro

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Em 30 anos, a partir de 1979, os professores estaduais mineiros fizeram 15 greves, somando 640 dias parados na luta por salários menos injustos. Não faltou empenho dos trabalhadores no ensino público, mas os resultados foram pífios. Minas continuou sendo um dos Estados que pagavam salários mais baixos a seus professores. Em 2010, ocupava o 18º lugar, embora fosse o terceiro Estado em arrecadação de tributos e em Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil.

Foi preciso o PT assumir o poder para que o Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino de Minas Gerais visse luz no fim do túnel. Conforme ESTE artigo assinado pela coordenadora-geral, Beatriz Cerqueira, o Sind-UTE MG só via trevas, até assinar um acordo com o governo Fernando Pimentel.

“E o que assinamos no dia 15 de maio não foi por bondade de governo, foi resultado de anos de luta”, escreveu Beatriz Cerqueira. “E continuamos mobilizados! Este documento foi o começo da recuperação do que perdemos na última década. Aqui em Minas a pauta da educação se transformou na pauta dos movimentos sociais! Não lutamos sozinhos. E isso causa ainda mais medo na casa grande!”, conclui.

Entre outras conquistas, o acordo prevê o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional aos professores para uma carga horária de 24 horas semanais. Ao longo de dois anos, será concedido reajuste de 31,78% na carreira do Professor de Educação Básica, ficando assegurado o pagamento daquele piso salarial. O reajuste será feito em três parcelas, durante dois anos, e o valor ficará incorporado ao salário, para fins de aposentadoria.

A primeira das três parcelas, a ser paga a partir do próximo mês de junho, é de apenas R$ 190, o que corresponde a um aumento de 13,06% para o Professor de Educação Básica. O que dá bem a ideia de quanto ganha pouco esse professor. E explica porque minha irmã mais velha, a Maria Afonsa, quando se aposentou como professora num grupo escolar da cidade onde morava (Bom Despacho), passou a costurar camisas em casa, para vender.

Ela teria ficado feliz, se não tivesse morrido antes desse generoso aumento salarial, por tantos anos esperado. “Conquistamos as mesmas condições para trabalhadores e aposentados”, disse Beatriz Cerqueira, ao comentar o acordo na assembleia dos professores. E prosseguiu:

“Nós acabamos com o subsídio como forma de remuneração, mantivemos os níveis de percentuais da carreira, de promoção e progressão, conquistamos a garantia de reajustes anuais para todas as carreiras, não apenas os profissionais de magistério, 60 mil novas nomeações de concurso público, aprovação de perícia médica para aposentadoria de trabalhadores da lei 100, ou para os que estão em ajustamento funcional.”

O acordo foi elogiado por políticos petistas, como o deputado estadual Rogério Correia, que fez questão de comparar com episódios recentes envolvendo governos tucanos: “É importante ressaltar a diferença do que está acontecendo, no Paraná, com professores espancados, pela PM, a mando do governo do PSDB, a greve que já dura 60 dias em São Paulo, a greve no Pará e em Goiás, com exemplos que não devem ser seguidos”, enfatizou ele em sua página na Internet.

Depende ainda dos deputados estaduais mineiros transformar em lei o acordo, para que ele passe a vigorar. O governo prometeu enviá-lo à Assembleia Legislativa para apreciação em regime de urgência. Rogério Correia é líder do Bloco do Governo e espera a aprovação da proposta já no início de junho. Como Pimentel tem folgada maioria na Assembleia, é possível que Minas, finalmente, passe a ocupar um lugar menos vergonhoso no ranking estadual dos salários dos professores. Décimo oitavo lugar, nunca mais!

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Salário dos professores

São Paulo paga pior, por exemplo, que Nairobi (Quênia), Lima (Peru), Mumbai (Índia) e Cairo (Egito). Em praticamente toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores aos do professor do Ensino Fundamental em São Paulo.

Toda eleição o debate dos temas segurança, educação e saúde. As mesmas perguntas para candidatos a presidente, a governador e a prefeito. O mais escolas, mais segurança, mais hospitais. E não se discute as reformas de base

A farsa dos debates diversionistas, teatrais e demagógicos

 

debate liberdade opinião

Por que em todas campanhas os candidatos são enquadrados no enleado de discutir mais escolas, mais soldados e cadeias?

Não se faz escola sem professores. Sem professores com salário digno.

Hitler construiu vários campos de concentração. Stalin transformou presídios em clínicas psiquiátricas. São Paulo tem um efetivo de soldados estaduais maior do que as forças armadas de vários países, e reclama que o governo paralelo divide o mando do Estado com Alckmin. São Paulo possui cem mil soldados, e tem o maior tribunal do mundo, com 360 desembargadores na ativa.

Ninguém discute as riquezas roubadas, as privatizações das empresas estatais, que enriqueceram tubarões, piratas estrangeiros e nativos, nem o salário mínimo do mínimo, os gastos bilionários das campanhas eleitorais, a corrupção no executivo, no legislativo, no judiciário.

Ninguém faz nada que preste para o povo. Escolas sim, padrão Fifa. Mais hospitais sim, padrão Fifa. Polícia sim, mais desmilitarizada. Social. A justiça também social. Reformas já, com plebiscito.

 

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O senador José Hermírio de Morais, há meio século, foi candidato à reeleição com o slogan “mais escolas, mais saúde, mais segurança”, e perdeu. Faz tempo que o povo não acredita nessas promessas “me engana que eu gosto”.

Outro slogan batido é “mudar”. Mudar o quê cara pálida? A mudança depende de um plebiscito para acabar com as mamatas das elites, com os feudos na justiça, com os seculares privilégios dos palacianos.

O debate político no Brasil é um simulacro, um fingimento, um circo, um disfarce da democracia montada pela grande mídia, que seleciona as perguntas do povo, para dar seriedade a uma campanha censurada pelos tribunais eleitorais.

No final, ganham os candidatos que investiram mais grana de origem desconhecida e misterioso destino. Candidatos que se elegem com os caixas 1 e 2 recheados de moedas, que os tesoureiros chamam de “sobras da campanha”. É isso aí, apesar dos gastos bilionários, sobra dinheiro…

  Steve Greenberg
Steve Greenberg

De mal parecido sofrem os professores

Jean Wyllys

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Quando a reivindicação de uma categoria é justa, quando essa categoria está unida, determinada, acontece o que estamos vendo nas ruas da Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro tem uma das piores distribuições de renda e uma burguesia com mentalidade ainda escravista. Um gari no Rio, trabalhando em condições insalubres, ganha muito pouco.

Todo mundo sabe que R$ 803,00, salário antes do reajuste de 9%, não faz jus aos que livram a cidade dos seus dejetos. Eles defendem que o piso vá de R$ 803,00 para R$ 1,200,00, mais adicional e outros direitos trabalhistas: o que pedem é tão pouco que a resposta do prefeito dá vergonha alheia; eles têm direito a muito mais! A população está reclamando que pagam caro, que suas ruas estão imundas, que é um absurdo, mas não compra a briga. Não são poucos os que não veem problema em atacar a greve para defender um governo que os escraviza.

Será que quem se diz contra a paralisação e ataca o legítimo movimento de um grupo de homens e mulheres que ganha 803 reais por mês aceitaria fazer uma experiência de um dia na função? Ou acham que resolvem o problemas de salários defasados desde o governo de Cesar Maia somando um adicional de insalubridade para fingir que é maior do que realmente é? A maioria que se posiciona contra os garis afirma que foi oportunismo da parte deles ter iniciado a greve justo durante o carnaval. Devem pensar: “Ah…que absurdo pararem de nos servir logo no carnaval, que é quando a gente mais gosta de emporcalhar a cidade”. É também vergonhosa a postura do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio do Rio de Janeiro, que não tem apoio das bases. Seus dirigentes criminalizam os grevistas e, para dar fim aos atos, acertaram com a Prefeitura a demissão dos que não voltassem ao trabalho após a assinatura de um acordo que é apenas vantajoso para o lado dos mais fortes.

Ah, e ainda inventaram que há infiltração partidária na greve. Por acaso, como sempre, do Psol. Quem me dera todos esses garis serem filiados ao Psol! Eu teria muito orgulho disso! Mas quem fala em infiltração partidária esquece de falar das doações à campanha do prefeito de algumas lideranças do sindicato que hoje se colocam do lado dos patrões, da filiação de alguns deles a partidos da base governista, enfim… parece que aí não veem interesses políticos. Enquanto isso, a Prefeitura não recebe os garis; prefere colocar escolta armada para forçar o trabalho dos que não estão no movimento por medo de perder seus empregos, já que foram anunciadas a demissão de 300 profissionais. Escolta? Estão tratando garis como bandidos! Agora parece que todo aquele que protesta e exerce seus direitos constitucionais é um bandido no Rio de Janeiro. Os garis afirmam estar sendo ameaçados caso não furarem a greve. A Justiça do Trabalho também considera a greve ilegal. Como pode um gari, um serviçal invisível que tem “apenas” a função de limpar a nossa sujeira, reivindicar aumento? Gostaria de ver esses juízes tentando sustentar suas famílias com o salário de um gari…

De mal parecido, sofrem os professores do ensino público que também ganham um salário que mais parece piada de mau gosto para ajudar a construir o futuro do país, e a resposta do prefeito Eduardo Paes sempre é a mesma: bala de borracha! Gás lacrimogêneo! Ele já parece o policial do vídeo do Porta dos Fundos! Nossos garis são verdadeiros heróis. Essa bravura merece ser valorizada com a pressão e a solidariedade da sociedade!

RJ: ‘Grande ato e passeata contra a violência do Estado’ é esta tarde

PROFESSOR RIO

 

Diário Liberdade – A greve da categoria da educação já ultrapassa os dois meses de duração. Na quinta feira, organizam debate sobre as mobilizações.


A greve da categoria da educação já ultrapassa os dois meses de duração e tem enfrentado toda classe de repressão e intoxicação midiática, por enquanto com notável êxito. Segundo o Sepe-RJ, a última manipulação veio diretamente da Prefeitura, quem segundo o sindicato terá “tentado confundir a categoria e a sociedade” divulgando informações falsas sobre as reivindicações do Professorado.

Quanto à repressão, à escandalosa ação violenta da PM (ainda estão na memória as agressões e detenções de faz pouco mais de uma semana no desalojo da Câmara do Rio de Janeiro), somam-se agora ataques cibernéticos. Assim, o site do Sepe foi alvo de uma sabotagem na noite de sábado, resultando na perda de informações do site. O sindicato “estranha que tal tipo de ataque ocorra em um momento de grande mobilização das redes estadual e municipal e a coincidência de tal ataque ocorrer às vésperas do grande ato e passeata contra as violências do Estado programados para ocorrer nesta segunda-feira (dia 7 de outubro), com concentraçao na Candelária, a partir das 17h”.

Mobilização nessa tarde

O Sepe-RJ convoca uma passeata unificada para hoje (segunda-feira) pelas 17:00 horas, com saída da Candelâria. É no âmbito da histórica greve do ensino no Rio de Janeiro, brutal e repetidamente reprimida pela PM ao serviço de Paes e Cabral, e os convocantes esperam “um grande ato e passeata contra as violências do Estado”.

O sindicato da categoria chama a mobilizar-se nessa tarde com o seguinte texto de convocação:

“A educação pública no Rio de Janeiro está ameaçada. Paes e Cabral, fecham escolas e turmas, superlotam salas de aulas e berçários de creches, pagam salários miseráveis e promovem aprovação automática.

Isso tudo para desviar o dinheiro público para empresários e promover a privatização da educação.

Os educadores estão em greve, desde do dia 8 de setembro, para defender uma educação pública de qualidade e ao invés de receber o sindicato para buscar resolver os problemas, Paes e Cabral, chamam a Polícia militar que joga bombas e gás de pimenta nos educadores.

Não podemos aceitar mais essa violência!

Chega de repressão!

Queremos negociação e revogação do Plano aprovado de forma autoritária no dia 30 de setembro!

Queremos uma Educação Totalmente Publica e de Qualidade para todos, sem deslocação de verba publica parafundões privadas, como a Fundação Roberto Marinho e o Instituto Ayrton Senna.

Venha lutar em defesa da educação pública, antes que ela desapareça!”

greve professor polícia

Cabral, Paes, os professores e o festival de horrores no Rio

por Mauro Donato

 

 

professores

Enquanto toda a polícia do Rio de Janeiro — pelo menos parecia que toda a polícia carioca estava lá no sábado à noite –, cuidava de uma reintegração de posse absurda (era o dono do lugar – o povo – que o ocupava), a menina Rebeca Carvalho, de 9 anos, estava sendo estuprada e assassinada na favela da Rocinha.

A barbárie do sábado se repetiu ontem durante todo o dia, avançando pela noite, com cenas de guerra e mais arbitrariedades inaceitáveis.

E com PMs numa quantidade inimaginável. Nunca soube que havia tanta polícia assim. Por que a gente nunca vê esse policiamento todo nas ruas? Se assim fosse, não nos sentiríamos numa situação de tanta insegurança. Contra perigosíssimos professores a PM demonstra uma valentia que lhe falta nas áreas realmente carentes de coragem (os professores já haviam apanhado em outras duas oportunidades na semana retrasada na Secretaria de Educação).

Os professores do Rio estão em greve há 45 dias, exigindo algo básico a qualquer trabalhador: um plano de cargos e salários. O que equivale a dizer que crianças estão sem aulas aos mesmos 45 dias. Por quanto tempo o prefeito Eduardo Paes levará este assunto como algo a ser desprezado, enquanto Cabral joga seus cães em cima de senhoras de 60 anos?

O festival de horrores a que as noites cariocas têm sido submetidas ultrapassou os limites. Há meses.

Táticas militares contra professores, acuando-os dentro da Câmara (enquanto a nova celebrity Comandante Mauro – E10 – distraía-os por uma porta, um destacamento invadiu o local pela outra) sem um documento legal que exigisse a desocupação. Havia sido apresentado uma ordem judicial de mais de um mês antes, a mesma que foi utilizada contra estudantes que fizeram a ocupação em protesto pela CPI dos transportes.

Bradando uma lei inconstitucional, policiais mascarados e sem identificação promovem a detenção de manifestantes mascarados sob alegação de anonimato (quando questionados, respondem com um “não te interessa”); ruas bloqueadas por cordão de PMs impedindo moradores de alcançarem suas casas; as fajutagens de infiltrados lançando molotovs contra as próprias tropas para incentivar a violência digna de filmes de terror; a criação da tal CEIV (Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas) com poderes de quebra de sigilos; o tratamento protecionista que dá para a grande mídia e as borrachadas na mídia independente. Medidas totalmente autoritárias no intuito de impedir o cidadão de manifestar-se.

O Rio está em maus lençois. Cabral é um animal político morto. Em razão disso apertou o botão do “dane-se” (para não baixarmos o nível). Ele sabe que não tem o menor futuro e resolveu jogar o jogo de guerra. Deveria ter um mínimo de dignidade, arregaçar as mangas e consertar o máximo possível de estragos que causou em vez de ficar vendo coisas ao evocar a “interferência de movimentos internacionais” que estariam querendo “desestabilizar sua gestão”.

Tenha dó. Cabral está conseguindo a proeza de piorar ainda mais a situação a cada noite que passa. E ainda falta um ano para ele desocupar a cadeira, mesmo que seja sem spray de pimenta.

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Salário piso de professor uma vergonha: menos de 500 dólares

Publica o portal Terra:Com a recente ratificação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da Lei 11.738/2008, que institui o piso salarial nacional dos profissionais do magistério público da educação básica, os governos precisam cumprir com o pagamento mínimo de R$ 1.187 para professores que têm uma jornada de 40 horas semanais. O Terra levantou com as secretarias de Educação, no mês de outubro, os valores pagos em cada Estado e no Distrito Federal e, nos seis que ainda não pagam o piso, questionou o que pretendem fazer para se enquadrar à legislação. Confira quanto ganham os professores estaduais no País.

Veja mapa

É uma vergonha esse pisoteado piso. E tem governador e sobram prefeitos safados que pagam menos.

Quando um professor reclama, eles chamam a polícia.

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