A Petrobras é tão brasileira quanto a Vale do Rio Mais do Que Doce para a pirataria internacional. Descobriram agora que venderam 30 por cento das ações do Banco do Brasil. A Petrobras é uma empresa de economia mista, bem misturada, bote mistura nisso. Dizia Evo Morales que o Brasil tem apenas 22 por cento das ações. Fica explicado o aumento do preço da gasolina. Os acionistas estrangeiros só pensam em comer o excremento do diabo.
Os negócios brasileiros dos campos de petróleo e gás parecem com os negócios de Eike Batista. Quanto mais campos de petróleo e gás Eike faturava, em leilões fajutos, mais pobre ia ficando.
Eike recebia dinheiro do BNDES para comprar os poços, ficava com os poços e o Brasil perdia os poços e a dinheirama. Assim começou a acontecer com o pré-sal que, na verdade, é doce que nem o Mar Doce da Amazônia onde campeia o tráfico de água e outras riquezas.
Reclama a imprensa vendida que o maior campo de petróleo do mundo – o de Libra – foi leiloado pelo preço mínimo. Mas, não diz qual seria o preço máximo. Um tostão a mais ou a menos, em uma feira de queima de petróleo, tanto faz.
Quero ver a grande imprensa contra as privatizações. Mas isso não acontecerá. Porque defende o estado mínimo.
Uma imprensa que sempre apoiou os leilões de Fernando Henrique e Lula, e que pressiona Dilma para que continue com os leilões do pré-sal e o entreguismo do nióbio e outras riquezas nacionais.
O leilão teve como vencedor um consórcio formado pela Petrobras, Shell, Total, CNOOC e CNPC. O bloco ofereceu à União 41,65% do óleo produzido, percentual mínimo definido em contrato. A Petrobras ficará com 40% do óleo extraído; o mínimo previsto era 30%.
A HISTÓRIA SE REPETE
por Heitor Scalambrini Costa
Naqueles anos, de triste recordação para o povo brasileiro, mal assumiu o governo, Fernando Henrique Cardoso (FHC) enviou ao Congresso um projeto de emenda constitucional que visava acabar com o monopólio da Petrobrás sobre a exploração e produção de petróleo.
Em 3 maio de 2013 completou 18 anos da histórica e heroica greve de 32 dias dos petroleiros, que em plena era FHC, foi fundamental como movimento de resistência para impedir a privatização da Petrobrás (ou PetroBrax como se chamaria). Naquele ano de 1985 foi autorizado pelo presidente da Republica que o exercito com tanques, metralhadoras e militares ocupassem as refinarias e reprimissem os trabalhador@s.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que liderou este movimento, acabou despertando um movimento nacional de solidariedade resultando no grito único de que “somos todos petroleiros”. Um alto preço foi pago, resultando na demissão de muitos trabalhadores, e de multas astronômicas para os sindicatos ligados a FUP. Com toda repressão a luta valeu a pena, e a Petrobrás não foi totalmente privatizada.
Agora, novamente, os petroleiros mostram o caminho em uma greve contra o leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos – a primeira licitação de área do pré-sal. Libra não é um mero campo, é um reservatório totalmente conhecido, delimitado e estimado em seu potencial de reservas em barris. Ou seja, esta área não é um bloco aonde a empresa petrolífera irá “procurar petróleo”. Constitui na maior reserva comprovada de petróleo brasileiro no pré-sal, descoberto pela Petrobrás em 2010, e uma das maiores descobertas mundiais dos últimos 20 anos, possuindo entre 12 e 14 bilhões de barris de petróleo (equivalente a dois terços das atuais reservas brasileiras).
No dia 17/10 a presidente Dilma Rousseff assinou um decreto que autoriza o envio, além das tropas do Exército, homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para garantir (?) a realização do leilão da área de Libra, que ocorrerá na segunda-feira (21/10) no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O Ministério da Defesa coordenará as ações com apoio do Ministério da Justiça, em uma operação denominada de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e será executada pelo Comando Militar do Leste, que contará com mais de 1.100 homens. Não está descartada a possibilidade de reforço da Marinha e até da Aeronáutica.
Mais uma vez a presidente Dilma decidiu imitar FHC, pois além de privatizar o petróleo, chama o exercito contra aqueles que denunciam o entreguismo, como o tucano fez em 1995. Além disso, alimenta a judicialização e a criminalização por parte da mídia. Sem dúvida ficará para a história pelo uso do exército, contra os manifestantes que defendem os interesses nacionais.
Contra os leilões do petróleo e pela soberania nacional. O petróleo é nosso.
Armadilha do bônus de R$ 15 bilhões feita pela ANP prejudica a estatal e está “mais próximo da concessão de FHC do que da partilha”
A entrevista de Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás no governo Lula, ao jornalista Paulo Henrique Amorim, sobre o leilão do campo de Libra, no pré-sal, é uma fundamentada denúncia – ainda que com a forma educada que caracteriza o entrevistado – de que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério das Minas e Energia (MME), para entregar às multinacionais a maior reserva do mundo, estão, premeditadamente, “contornando”, eludindo, trapaceando a nova lei do petróleo, assinada por Lula em 2010.
Como diz Gabrielli, “quando houve a transformação do regime regulatório do petróleo no Brasil, em 2010, essa mudança ocorreu porque, com a descoberta do pré-sal, os riscos de exploração passaram a ser pequenos. (…) O regime anterior, o regime de concessão [lei nº 9.478, de 1997]era adequado para áreas de alto risco exploratório. Esse regime exige, na entrada, um bônus alto, porque o concessionário passa a ser o proprietário do petróleo a ser explorado – e, portanto, ele vai definir a priori quanto vai dar ao Estado”.
Realmente, o que motivou a lei de Lula foi, exatamente, que as imensas reservas petrolíferas do pré-sal não ficassem submetidas à lei das concessões de Fernando Henrique, que entrega todo o petróleo a quem o extrair, em leilões cuja disputa se concentra no “bônus de assinatura” – uma espécie de “luva”, paga em dinheiro. O suposto fundamento dessa lei estava em que o vencedor do leilão não sabia se ia – ou não – encontrar petróleo. Mas o pré-sal é um oceano subterrâneo de petróleo. Que sentido há nas multinacionais pagarem alguns caraminguás para procurar petróleo em um oceano de petróleo?
Com a nova lei (lei nº 12.351 de 2010), que instituiu o regime de partilha de produção para o pré-sal, ressalta Gabrielli, “a lógica da competição é outra. Como diminui o risco de exploração – ou seja, se vai ou não encontrar petróleo – o grande elemento a definir passa a ser como partilhar o lucro futuro. Então, o grande elemento deve ser a participação no lucro-óleo que deverá voltar ao Estado”.
HISTÓRIA
Nas palavras do ex-presidente da Petrobrás, “Libra é realmente um caso excepcional. Libra é realmente um prospecto extraordinário. A Petrobrás, contratada pela ANP, fez a descoberta. Fez as perfurações exploratórias iniciais, já tem uma cubagem mais ou menos conhecida com volume e potencial já conhecidos, e ele é hoje não só o maior campo do mundo, mas da História. Se você pensar em um preço de valor adicionado (preço de exploração) de 10 dólares o barril, vezes, por baixo, 10 bilhões de barris, são 100 bilhões de dólares”.
A rigor, pela nova lei, que rege o pré-sal, o campo de Libra é uma “área estratégica” (artigo 2º, inciso V da lei nº 12.351) e, como consequência, é caso em que “a Petrobras será contratada diretamente pela União para a exploração e produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos sob o regime de partilha de produção” (artigo 12 da mesma lei).
No entanto, a ANP e o MME não somente passaram por cima desse artigo da lei, como estão tratando Libra como se estivesse sob o antigo regime de concessão. No regime de partilha de produção, o pagamento inicial, o “bônus de assinatura”, perde importância – aliás, nem deveria existir -, pois a disputa, como diz o nome, é em torno da partilha.
A fixação do “bônus de assinatura” em R$ 15 bilhões, obviamente colocou a ênfase neste – como é característica da lei das concessões de Fernando Henrique – e não na partilha da produção. Como aponta Gabrielli, “à medida que você coloca um bônus muito alto, a partilha do lucro no futuro é menor. Ao fixar o bônus alto, você tem uma visão de curto prazo, na exploração e no desenvolvimento de um recurso que já tem o grau de confirmação muito alto – não há dúvida de que tem petróleo lá (…). Mesmo com a certeza de que lá tem petróleo, você submete todo o ganho potencial futuro do Estado a uma parcela menor – o que é ruim, no novo conceito de partilha. Nessa operação de R$ 15 bilhões, o governo vai receber de imediato, mas a consequência disso é que, no lucro do futuro, o governo vai ficar com uma fatia menor”.
Obviamente, num campo com tal reserva, o lucro do futuro é muito – mas muito mesmo – maior que esses R$ 15 bilhões, que, a curto prazo, servem para beneficiar quem tem maior poder financeiro.
Com efeito, toda a lógica da nova lei está em garantir:
1º) Que as áreas estratégicas – definidas como as de “interesse nacional” – sejam não apenas operadas, mas exploradas pela Petrobrás, dispensado qualquer leilão.
2º) Que nos casos em que houver leilão, a definição do consórcio ganhador seja em função da maior quantidade de petróleo (ou gás e outros hidrocarbonetos) para a União. Essa é a essência do regime de partilha de produção: definir a maior parte possível em óleo para o país.
Amorim
PRIVILÉGIO
No momento atual, a Petrobrás está desenvolvendo os campos do pré-sal que a lei reserva a ela sob “cessão onerosa” (campos pagos à União com ações da Petrobrás): “ela tem quase 15 bilhões de barris de reserva, adquiriu o direito de produzir mais 5 bilhões através da cessão onerosa, portanto, tem 20 bilhões de barris para desenvolver”, nota Gabrielli.
Nessa situação, o “bônus de assinatura” de R$ 15 bilhões privilegia quem tem maior poder financeiro – ou seja, as multinacionais.
Pois, além dos 20 bilhões de barris que a Petrobrás tem para desenvolver, pela nova lei, a empresa é a operadora única no pré-sal, com um mínimo de 30% de qualquer consórcio: “Então, ela vai ser a operadora do campo de Libra, tendo ou não aumentada sua participação de 30%. Como ela vai entrar com 30% do campo, ela vai ter que pagar 4,5 bilhões – 30% de 15 bilhões é 4,5 bilhões. Isso é um dreno importante no caixa da Petrobrás, nesse momento. Porque Libra é um campo a mais de um portfólio já bastante robusto que a Petrobrás tem hoje, talvez um dos melhores portfólios de desenvolvimento e produção do mundo”, diz Gabrielli.
A política do governo, no entanto, é entregar o “maior campo da História” a um preço irrisório para o total da reserva – o bônus de assinatura mais, nos próximos 35 anos, apenas 40% do óleo – contentando-se com a engorda de um superávit primário (reserva para juros) apetitoso para os bancos.
“Eu me vejo na situação de fazer uma comparação com o processo de privatização do governo Fernando Henrique, que acelerou ou depreciou os valores de venda no processo de privatização para fazer caixa e segurar a moeda”, comentou o ex-presidente da Petrobrás.
Há, correlacionado com este, outro problema – e estratégico, por definição. A lei de Lula sobre o pré-sal evita o privilégio às multinacionais, estabelecendo, em caso de leilão, a disputa em torno de quantidades de óleo para a União, e não de pagamentos em dinheiro. Evidentemente, para o país, ter o petróleo é muito mais inteligente e vantajoso que receber uns trocados e ficar sem petróleo.
No entanto, a ANP e o MME estabeleceram, para o pré-sal, um valor para o barril (entre US$ 100,1 e US$ 120) e, com base nesse preço, um ridículo percentual mínimo de 41,65% para a União.
Para que estabelecer – num contrato de 35 anos! – um valor para o barril, se a partilha é do petróleo, ou seja, em óleo? Só existe uma razão: porque a ANP e o MME pretendem ceder o petróleo ao “consórcio” vencedor em troca de algum pagamento, ao invés de manter a parcela em petróleo, para que seja usada em prol do país. A conclusão de Gabrielli, portanto, é precisa:
“… o bônus de R$ 15 bilhões vai na contramão da ideia de que é preciso ter a maior parcela do lucro-óleo de volta para o Estado. Porque [esse bônus]é uma aproximação, do ponto de vista do efeito econômico, do modelo de concessão [de Fernando Henrique]. Mais próximo da concessão que da partilha”.
Fernando Henrique fatiou a Petrobras. E vendeu. Lula fez leilões que chamou de rodadas. Dilma faz a feira.
Se FHC fez, Aécio, Alckmin e Serra aprovaram. Quando Lula realizou as rodadas, Marina, Eduardo Campos e Dilma eram ministros. Nada mudou na política entreguista, apoiada pela grande imprensa e pelos partidos da direita.
Disse FHC que a venda da Petrobras era coisa de Serra, ministro do Planejamento.
É tudo farinha do mesmo saco. Taí! nenhum Delfim Neto, Roberto Campos, ministros da ditadura militar, jamais desaprovariam a atual política econômica de privatizações das riquezas nacionais: petróleo, gás, nióbio, água…
A única reclamação dos conservadores é a entrada da China na mamata. Eles reclamam que o Brasil deve ter um único dono: os Estados Unidos.
Isso acontece porque o Brasil não tem como defender suas riquezas das nações do fechado clube atômico.
Rio de Janeiro – O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse hoje que a atuação das Forças Armadas na proteção ao leilão do Campo de Libra, marcado para segunda-feira (21), garantirá o cumprimento de lei aprovada pelo Congresso Nacional. “Se não houvesse necessidade, não nos teriam chamado”, disse Amorim, ao comentar a solicitação de reforço pelo governo do Rio, que está preocupado com a ocorrência de protestos para impedir o evento.
“O governador [Sérgio Cabral] pediu o apoio das Forças Armadas porque considerou que as forças do estado não eram suficientes e isso está previsto na Constituição”, declarou Amorim. “Estaremos lá [no leilão], com esse objetivo, é uma situação excepcional”, reforçou, após palestra no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Apesar dos protestos que questionam a participação de empresas estrangeiras no leilão, o ministro Amorim disse durante a palestra que o leilão foi aprovado democraticamente. “É legítimo ter opinião diferente da maioria do Congresso Nacional. Vivi 21 anos em governo autoritário e acho que a existência do Congresso é importante. Minha resposta se baseia no respeito à lei”, pontuou, sob vaias da plateia.
Dos cerca de 1,1 mil homens que integrarão as forças de segurança no dia da licitação do Campo Libra, na Barra da Tijuca, cerca de 700 são do Exército. A Força Nacional e as polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal também foram convocadas. As ações de segurança serão coordenadas pelo Comando Militar do Leste, que fica no Rio de Janeiro e é subordinado ao Ministério da Defesa.
Na próxima segunda-feira (21), o governo brasileiro promove o leilão do campo de Libra, no Rio de Janeiro, o primeiro após a descoberta do pré-sal.
A área que fica a 183 km da costa carioca será disputada por empresas de 10 nacionalidades: as chinesas CNOOC International Limited e China National Petroleum Corporation-CNPC, a colombiana Ecopetrol, a japonesa Mitsui & CO, a indiana ONBC Videsh, a portuguesa Petroga, a malasiana Petronas, a híspano-chinesa Respsol/Sinopec, a anglo-holandesa Shell, além da própria Petrobrás*.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o campo tem capacidade de produção entre 12 e 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a toda a reserva nacional – em torno de 14 bilhões – e renderia mais de dois trilhões de dólares ao país.
Diante de tamanho potencial, a FUP comanda uma mobilização para suspender a licitação e cobrar que a riqueza fique em território nacional.
Como parte da mobilização, iniciou uma greve por tempo indeterminado no último dia 16, que atinge 90% de todo o sistema Petrobrás.
“A realização deste leilão é descabida e o governo deveria ter utilizado o artigo 12 da Lei da Partilha nº 12.351, de 2010, aprovada pelo presidente Lula, que deixa claro: todas as vezes em que houver risco ao interesse da nação e à política energética, o governo poderá contratar a Petrobrás sem necessidade de leilão”, afirma o presidente da FUP, João Antônio Moraes, em vídeo gravado para o portal da entidade.
O dirigente refere-se a uma lei aprovada durante o governo do ex-presidente Lula e que vale exclusivamente para a exploração do pré-sal.
A legislação altera o antigo modelo de concessão, de Fernando Henrique Cardoso (FHC), em que as empresas vencedoras tinham a propriedade do petróleo e do gás natural extraídos, para um sistema de partilha em que a União é a dona do petróleo e recebe da empresa vencedora parte da produção, já sem os custos.
A Petrobrás terá participação mínima de 30% no consórcio vencedor.
O ganhador do leilão ainda terá de pagar R$ 15 bilhões de bônus por um contrato de exploração da área de 35 anos, que podem ser prorrogados.
Moraes destaca também que a experiência de quebra do monopólio por parte do governo tucano de FHC e a entrada de empresas estrangeiras no país trouxe prejuízos para a economia.
“Trinta empresas estrangeiras operam nos campos graças às 11 rodadas de leilões anteriores. Esses grupos, ao contrário da Petrobrás, não fazem compras de material no país e não investem na cadeia produtiva do petróleo como um todo para gerar emprego e renda, tanto na aquisição de navios e plataformas, quanto de petroquímicos e derivados plásticos. Apenas se apropriam da nossa riqueza. Se foi assim até aqui, por que mais uma rodada?”, questiona.
Para o diretor da secretaria de Seguridade Social e Políticas Sociais da FUP, Paulo César Martin, nem mesmo uma possível justificativa de falta de capacidade financeira para exploração é justificável.
“A partir do momento em que a Petrobrás se torna a única empresa a operar o pré-sal, as ações sobem e aumentam o capital. Além de abrir linha de crédito para o Brasil em qualquer lugar do mundo. E se a Petrobrás detém a tecnologia de extração, sem depender de qualquer outra empresa, não precisa fazer leilão”, defende.
Para o dirigente, o governo brasileiro adota uma visão equivocada de que este recurso não será estratégico nas próximas décadas.
“O governo acredita que o petróleo não terá papel central nos próximos anos, como tem agora, então, avalia que, quanto mais cedo tirar da terra e explorar, melhor. Porém, ao menos nos próximos 50 anos, será fundamental para as áreas de energia e petroquímica. Por exemplo, se hoje a indústria automobilística deixasse de produzir um motor de combustão interna, levaria 15 anos para ser substituído por outro que não utilizasse derivado de petróleo”, aponta.
Batalha jurídica – Em paralelo à greve, a FUP e seus sindicatos ingressaram com ações populares na Justiça Federal para suspender o leilão por conta do ataque aos interesses nacionais.
O professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, e o jurista Fábio Konder Comparato, além da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) também protocolaram ações populares contra o leilão.
* A CUT grafa Petrobrás, com acento, em repúdio à tentativa de mudança de nome da estatal pelas mãos do ex-presidente FHC, em 2000. Ele queria transformar a empresa em Petrobrax para tornar o nome mais palatável e vender ao capital estrangeiro um dos maiores patrimônios brasileiros. Graças à mobilização da classe trabalhadora e ao fim do governo tucano, felizmente, só perdermos o acento.
Manifestantes fizeram um protesto nesta quinta-feira no centro do Rio contra o leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal, marcado para o próximo dia 21. A passeata começou na Candelária e seguiu para a Cinelândia.
O ato contou com o apoio de diversas categorias, principalmente petroleiros e integrantes da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), além de representantes de sindicatos e de estudantes.
O protesto teve o apoio de um caminhão de som e o policiamento era discreto, com poucos policiais militares e alguns agentes da Guarda Municipal, que organizavam o trânsito.
Contrários ao leilão, os petroleiros entraram em greve na terça-feira (16). Eles querem que o Campo de Libra, uma das principais descobertas de petróleo na história do país, fique apenas em mãos de brasileiros. O leilão será pelo sistema de partilha, e não mais em concessão, o que garante um percentual mínimo de 30% à Petrobras, que será a operadora do campo.
Descoberto em 2010, o Campo de Libra fica na Bacia de Santos, a cerca de 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e representa uma área de 1,5 mil quilômetros quadrados dos 149 mil quilômetros quadrados do chamado polígono do pré-sal. (R-7)
Perda
Ildo Sauer apresentou um estudo que afirma que o Brasil deixará de arrecadar até R$ 331,3 bilhões em 35 anos com o leilão do pré-sal.
O cálculo considera o modelo de partilha previsto para o leilão. São 15% de royalties de 15% e 34% de imposto de renda sobre o lucro, além de bônus de assinatura de R$ 15 bilhões. No estudo, o preço do barril de petróleo está em US$ 160 e o dólar vale R$ 2,20. O cálculo não leva em conta nem a taxa de juros nem a variação da inflação.
Justiça
A 21ª Vara Federal Cível em São Paulo negou na noite desta sexta-feira, em caráter liminar, a ação popular que pedia a suspensão do leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal, marcado para a próxima segunda-feira.
Em seu parecer, a juíza federal Carla Cristina de Oliveira Meira afirma que manterá o leilão:
“A visão unilateral da questão, ainda que fundamentada em robustos argumentos, não pode assegurar a abrupta substituição do trabalho do poder público que culminou na promoção do leilão”.
O fim dos leilões do petróleo é uma reivindicação da Pauta Trabalhista unitária das Centrais Sindicais, que ganha maior atualidade e relevância após a revelação de uma das últimas façanhas do governo do senhor Barack Obama: a espionagem à Petrobras, feita com o objetivo de acessar informações privilegiadas sobre o pré-sal.
A CTB sempre manteve uma posição firme contra a entrega do nosso petróleo à exploração do capital estrangeiro. Os expedientes ilegais usados por Washington para tirar vantagens no leilão do campo de Libra, na Bacia de Santos, é mais um fato que prova os interesses de rapina do imperialismo na riqueza que o oceano nos reserva e que o governo brasileiro tem a obrigação de defender da ganância alienígena.
A denúncia de espionagem, feita com base nos documentos divulgados pelo jovem Edward Snowden, tem o mérito de expor à luz do dia os interesses espúrios que orientam a conduta das transnacionais e do imperialismo, que se vale de métodos criminosos, bem como usa e abusa da mentira e da demagogia para mascarar seus objetivos.
“A tática do governo americano desde o 11 de setembro [data do atentado às Torres Gêmeas, em 2001] é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo, assustando o povo para que ele aceite essas medidas como necessárias. Mas a maior parte da espionagem que eles fazem não tem nada a ver com segurança nacional. É para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio, bem como em acordos econômicos”, denunciou Snowden.
INTERESSES ECONÔMICOS
Neste caso, conforme salientou a presidenta Dilma, o pretexto do combate ao terrorismo não cola, pois transparecem claramente interesses “econômicos e estratégicos” do império. Na última segunda-feira (9), a presidente da CPI da Espionagem, recentemente instalada no Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), contestou em plenário a oportunidade do leilão marcado para o próximo dia 21 de outubro.
“Se há um mínimo de insegurança, não é possível manter o leilão onde as cartas já seriam conhecidas por alguns dos concorrentes”, afirmou a senadora. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também classificou como de “extrema gravidade” a espionagem contra a petroleira brasileira. “Isso que está acontecendo é realmente dramático. Parece que a espionagem do governo dos Estados Unidos é usada como pirataria, inclusive para favorecer as empresas norte-americanas”, salientou, ao propor a suspensão do leilão.
Até mesmo o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, anda criticando os termos do leilão. Libra tem potencial de reserva de óleo estimado entre 8 a 12 bilhões de barris, o que pode quase dobrar o potencial do Brasil na área. Naturalmente, “isto desperta a atenção e a cobiça de empresários de vários países”, alertou o senador gaúcho.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) reitera neste momento sua enérgica posição contra a entrega do nosso petróleo ao capital estrangeiro e apela ao governo pelo imediato cancelamento do leilão do campo de Libra. É também imprescindível cobrar uma apuração rigorosa do atentado contra a soberania nacional que vem sendo praticado de forma descarada e cínica pelo governo do senhor Barack Obama.
Dilma Rousseff fez um discurso de dar inveja aos tucanos Fernando Henrique, José Serra, Geraldo Alckmin, Sérgio Guerra, Antônio Anastasia, Teotonio Vilela Filho, Marconi Perillo, Simão Jateme, Beto Richa, José de Anchieta Júnior e Siqueira Campos. De deixar babando a elite tucana. Proclamou que vai vender o que resta do Brasil. Entregar nossas riquezas aos piratas de várias bandeiras.
Anunciou Dilma, a esquerdista, a revolucionária e guerrilheira do PT, e espionada de Obama:
“Ainda este mês, vamos fazer novos leilões de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Esses leilões vão injetar bilhões e bilhões na economia, gerando centenas de milhares de empregos”.
E acrescentou: Vamos também leiloar, em outubro, um imenso campo de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra. Para vocês terem uma ideia, ao longo dos últimos cem anos de exploração do petróleo no Brasil, acumulamos, de reservas, 15 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Vejam vocês, só o Campo de Libra tem um potencial de reserva entre 8 a 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Para sua exploração será exigida grande mobilização de recursos, como, por exemplo, a construção de 15 a 17 plataformas. Assim, vamos estimular toda a cadeia produtiva e gerar milhares e milhares de empregos”.
Até, agora, nenhuma palavrinha contra dos presidenciáveis Marina Silva, Joaquim Barbosa, Aécio Neves e Eduardo Campos. E todo apoio, incondicional, da grande imprensa e dos partidos liberais e da direita.
Hoje favorito, Maduro terá votos graças à unção por Chávez, mas contará só com a efígie do padrinho para lhe dar lastro, insuficiente para conter por muito tempo as disputas das facções chavistas, principalmente entre civis e militares.
Acuada pelo paroxismo emocional e reincidindo em antigas fraturas, a oposição tem como desafio de curto prazo voltar a unir-se em torno de um candidato forte, provavelmente o mesmo Henrique Capriles Radonski que obteve respeitáveis 44% dos votos em outubro.
Depois disso, terá de formatar uma campanha que aponte os graves problemas –criminalidade sem controle, infraestrutura em pedaços, política econômica desastrosa– sem levantar a suspeita de que refrearia, caso eleito, os programas assistenciais custeados com receitas do petróleo.
Admiradores do modelo cubano, Chávez e aliados sempre trombetearam que não aceitam uma “volta ao passado”, ou seja, deixar o poder. A história recente, de opositores presos ou forçados a se exilar e mudanças contínuas nas regras do jogo, alimenta o temor de que o regime não terá pudor de recorrer a métodos antidemocráticos.
O Estado hoje é o paraíso da “boliburguesia”, a elite de funcionários e empresários “bolivarianos”, que naturalmente resistirão a abrir mão de privilégios. Mais difícil ainda será reverter a crença no “Estado mágico”: para milhões de venezuelanos, o governo é o curador de todas as mazelas, com seu poder de dispensar o maná dos dividendos do petróleo.
[A Folha nunca nomeou os deuses que comem o petróleo brasileiro. Que maná é comida divina. Quando os árabes chamam o petróleo de excremento do diabo.]