Urariano Mota: Dilma e a seca humana em Cabrobó

 

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O jornalista e escritor pernambucano Urariano Mota, em sua coluna Prosa, Poesia e Política, fala sobre a chegada de água com as obras de transposição do Rio São Francisco numa das regiões mais secas do Brasil, Cabrobó (PE). Urariano também questiona a postura da grande mídia que não faz a cobertura que deveria para um acontecimento desse porte.

“E ninguém fez (o combate à seca), desde o império, desde as lagrimas de crocodilo choradas pelo ditador Médici, quando visitou o Nordeste na seca. Mas por enquanto, até esta hora, Dilma não apareceu na notícia nem as obras existem. Que venham as águas para distribuir a verdade”, disse o escritor.

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Ouça Urariano Mota

Tá chegando a hora da salvação do Nordeste

BRA_OPOVO chuva esperança

Todo o Nordeste depende da chuva. Chuva é vida. No livro Sertões de Dentro e de Fora, escrevi:

XOTE

Chuva é bem
que dura pouco
é ouro
é prata
que corre
para o mar

Quando a chuva
vai embora
seca o rio
seca o chão
seca o verde
de repente
seca tudo
no sertão

 Siham Zebiri
Siham Zebiri

Exclusivamente os industriais da seca permanecem contra a Transposição do Rio São Francisco, que tem o profético nome de Rio da Redenção.

BRA_OPOVO chuva seca

Com a transposição, vamos ter rios e açudes cheios o ano inteiro. E água no imenso de-sertão. Em lugares nunca sonhados.

 Miguel Villalba Sánchez
Miguel Villalba Sánchez

Açudes

O projeto de integração – maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e uma das 50 maiores do mundo – construído em dois eixos (Norte e Leste) para atender um maior número de municípios, propiciando, assim, melhor distribuição de água para o Norte e o Nordeste brasileiro.

Por meio do Eixo Norte, a água será levada para os rios Brígida (PE), Salgado (CE), do Peixe e Piranhas-Açu (PB e RN) e Apodi (RN), garantindo o fornecimento para os açudes Chapéu (PE), Entremontes (PE), Castanhão (CE), Engenheiro Ávidos (PB), Pau dos Ferros (RN), Santa Cruz (RN) e Armando Ribeiro Gonçalves (RN).

Já o Eixo Leste, levará agua para os reservatórios de Areias (PE), Barro Branco (PE) e Poções (PB) e abasteceráos açudes Poço da Cruz, em Pernambuco, e o Rio Paraíba, responsável pela manutenção dos níveis do açude Epitácio Pessoa (PE), também conhecido como Boqueirão. Além disto, está previsto atender as bacias do Pajeú, do Moxotó e do rio Ipojuca, na região agreste de Pernambuco.

tunel

 

tunel 2

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tunel dentro

52,2% das obras já foram executadas. Estão em construção, no Eixo Norte com 260 km de extensão, 3 estações de bombeamento, 9 aquedutos, 3 túneis e 17 reservatórios de pequeno porte. Já no Eixo Leste, com 217 km de comprimento, 6 estações de bombeamento, 4 aquedutos, 1 túnel e 14 reservatórios.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Orçado em R$ 8,2 bilhões, o empreendimento prevê recursos de quase R$ 1 bilhão para programas básicos ambientais, o que representa cerca de 11,8% do investimento total. Trata-se do mais significativo volume de investimentos nas questões socioambientais e arqueológicas do semiárido setentrional.

Tais investimentos estão proporcionando conhecimentos aprofundados do bioma caatinga, não só no que se refere à fauna e à flora, mas também em diversos aspectos econômico-sociais, arqueológicos e na melhoria de condições de vida de comunidades indígenas e quilombolas, existentes na área de impacto do projeto.

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finalmente água

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água até o fim do mundo

Transposição do São Francisco

Rio da Integração

São Francisco
BRA_OPOVO seca CearáBRA^MG_EDM seca MG
A maior obra hídrica da América Latina, que vai levar água para 12 milhões de nordestinos, teve hoje o último contrato (da chamada Meta 3Norte) assinado. Agora, 100% das frentes de serviço do Projeto de Integração do Rio São Francisco estarão remobilizadas em muito breve.

As atividades do empreendimento que estavam suspensas passando por Mauriti, no Ceará, e em São José de Piranhas, na Paraíba, serão retomadas. A proposta, no valor de R$ 587,5 milhões, apresentada pela empresa Queiróz Galvão SA foi vencedora da licitação. Com a assinatura deste contrato, todas as frentes de serviço da maior obra de infraestrutura do país estarão em atividade.

Atualmente, o Projeto de Integração do Rio São Francisco já emprega 6,3 mil funcionários. Sendo que mais de 2,3 mil postos de trabalho foram criados neste ano de 2013. O empreendimento conta ainda com 1,8 mil máquinas e quatro trechos da obra que atuam 24 horas por dia: Salgueiro (PE), Cabrobó (PE), São José de Piranhas (PB) e Jati (CE).

#IntegraçãoSãoFrancisco #Pernambuco #Ceará #Paraíba #RioGrandedoNorte

Fonte José Truda Jr.

BRA^MA_OEDM seca Maranhão

OS RIOS DE FOGO

por Talis Andrade

Oito rios correm pela terra
Quatro conduzem as almas
ao inferno
Quatro rios de fogo
o Cete
o Cocito
o Aqueronte
o Flegetonte
Os quatro rios
em que serão derramadas
as setes taças da ira divina

Nas ondas agitadas ferventes do Aqueronte
o atazanamento dos industriais da morte
que negam o alívio a cura os medicamentos
para as epidemias do Terceiro Mundo
doença de chagas malária dengue
filariose tuberculose esquistossomose
leptospirose leishmaniose
cólera tifo antraz

Nas ondas ardentes do Flegetonte o flagelo
eterno para os industriais da seca
que matam de fome e sede
os retirantes do Sertão
Nas ondas ardentes do Flegetonte
as queimaduras que supliciarão os governantes
que roubam o leite das crianças
esvaziam os celeiros de trigo
os fundos de pensão

No rio Cocito o padecer
pelo fogo e pelo enxofre
dos televisivos falsos profetas
vendedores de milagres
mercadores de indulgências
No rio Cocito as lamentações
dos vendedores de ilusões
os ditadores os demagogos os políticos
mercadores da esperança

No Lete arremessados os demônios
os que ordenam os genocídios
os que anunciam a morte de Deus
No rio Lete o infinito tormento
dos que fabricam os armamentos atômicos

Ilustração Siham Zebiri
Ilustração Siham Zebiri

Veja para onde irá a água do rio São Francisco após a conclusão da transposição

ÓRFÃOS DA SECA

por Mauri König

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Em Salgueiro (PE), água bombeada do reservatório passará 180 metros acima do leito do São Francisco e dali a força da gravidade vai distribuí-la para 4 estados. Alexandre Mazzo
Em Salgueiro (PE), água bombeada do reservatório passará 180 metros acima do leito do São Francisco e dali a força da gravidade vai distribuí-la para 4 estados. Alexandre Mazzo

A RESPONSABILIDADE DO VELHO CHICO

Metade da transposição do rio São Francisco está pronta, para socorrer os flagelados da seca. Vozes contrárias acham o projeto inócuo

Esvaído em seu leito minguado, ao Velho Chico caberá uma responsabilidade maior do que as riquezas dele subtraídas. A mata ciliar escasseou, os minerais sumiram, os peixes desapareceram, e ainda assim as águas amansadas pelo assoreamento terão a missão de aplacar a sede no sertão nordestino. A transposição do rio São Francisco, que transpôs governos desde d. Pedro II, há século e meio, tem conclusão prevista para 2015. É o grande orgulho do governo brasileiro no combate às secas que assolam o semiárido, mas há quem diga ser uma sangria desnecessária do Velho Chico.

INFOGRÁFICO: Veja para onde irá a água do rio São Francisco após a conclusão da transposição

FOTOS: Confira mais imagens das obras da transposição

Maior obra de infraestrutura em andamento no Brasil, a transposição se arrasta há cinco anos. Deveria ter sido concluída em 2012, mas só 45% estão prontos, em trechos que não se conectam. Em alguns deles as obras estão paradas. O projeto começou orçado em R$ 4,7 bilhões e está em R$ 8,2 bilhões. O Tribunal de Contas da União encontrou R$ 734 milhões em irregularidades. O rio corta o sertão de Minas Gerais a Alagoas, e, concluída a transposição, 600 quilômetros em canais de concreto vão levar a água para quatro estados, passando pelas regiões mais secas do Brasil.

Discrepâncias

Responsável pela transposição, o Ministério da Integração Nacional diz ter havido muita discrepância entre o projeto básico, concluído em 2001, e o projeto executivo realizado em campo. Não houve revisão ou atualização no início das obras, em 2007. Ao mesmo tempo, houve falhas no estudo geológico. Daria para ter desviado pedreiras, que encarecem a obra, ou ter evitado determinadas escavações em terreno macio, como no caso do desabamento de um túnel de 120 metros em abril de 2011. Para o ministério, esses contratempos retardaram e encareceram a obra.

Um dos pontos mais adiantados do projeto fica em Salgueiro, Pernambuco, onde está sendo construído um grande reservatório de onde a água será bombeada para o ponto mais alto da transposição. A água passará 180 metros acima do leito do São Francisco e dali para frente a força da gravidade vai fazê-la percorrer mais de 100 quilômetros, distribuindo-a por canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Ao longo do caminho, o projeto prevê a construção de nove estações de bombeamento de água.

A polêmica nasceu junto com a ideia da transposição. Para grupos contrários, o desvio das águas põe o rio em perigo, não resolve o problema da seca e só beneficiará o grande capital, em especial os carcinicultores (criadores de camarão), industriais e empreiteiras. O professor de recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, João Abner Guimarães Júnior, considera um erro apostar num programa de desenvolvimento regional a partir da transposição do São Francisco. “É um programa inócuo”, avalia Abner, doutor em hidráulica e saneamento pela Universidade de São Paulo.

Primeiro, a transposição terá alcance restrito, a área de influência chega a apenas 5% do semiárido. Segundo, na prática a obra só irá transferir estoques de água do rio para grandes reservatórios já abastecidos. Para o agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco João Suassuna, grandes obras não darão cabo do sofrimento imposto pela estiagem. O problema não é a falta de água, mas a má distribuição.

O governo entre obras e ações emergenciais

Além do projeto de transposição do rio São Francisco, que ambiciona levar água para 12 milhões de pessoas em quatro estados do Nordeste, o governo federal, junto com os governos estaduais, financia centenas de empreendimentos que buscam gerar soluções para a falta de água na região do semiárido. Serão R$ 26 bilhões pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 2. As obras de infraestrutura hídrica para expandir a oferta de água no semiárido incluem barragens, adutoras e canais. A meta até 2015 é ampliar a capacidade de armazenagem de água em 7 bilhões de metros cúbicos com novas barragens.

Até a conclusão das obras estruturais, o governo investe em ações emergenciais. Desde janeiro de 2012, destinou R$ 563 milhões para a Operação Carro-Pipa. Sob a coordenação do Exército, foram contratados 4.649 carros-pipa para levar água a mais de 3,5 milhões de pessoas em 763 municípios. Além disso, para a garantia de abastecimento imediato em regiões comprometidas pela seca, o governo federal autorizou um incremento de R$ 202 milhões para contratar 30% a mais de carros-pipa, totalizando 6.170 veículos. O recurso é liberado mediante solicitação dos estados.

Até dezembro do ano que vem, o governo vai instalar 750 mil cisternas para consumo no semiárido. Serão entregues 130 mil até julho deste ano e 240 mil até dezembro. As demais 750 mil serão entregues até dezembro de 2014. Serão instaladas, ainda, 91 mil cisternas para produção.

O Serviço Geológico do Brasil investirá R$ 40 milhões do Ministério da Integração Nacional na perfuração de 20 novos poços profundos de grande vazão. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e o Departamento Nacional de Obras contra as Secas investirão R$ 93,3 milhões na perfuração de 1,1 mil novos poços e na recuperação de 1,4 mil outros. Além disso, o Exército investirá R$ 75 milhões na aquisição de equipamentos para perfuração de 30 poços por mês.

Desigualdade
Água existe, mas falta política de distribuição para quem precisa

O problema não é a falta de água, mas a má distribuição. Não serão grandes obras que darão cabo do sofrimento imposto pela seca, diz o agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco João Suassuna. As 70 mil represas existentes no Nordeste acumulam 10 bilhões de metros cúbicos de água, com capacidade para represar 37 bilhões, o maior volume de água represada em regime semiárido do mundo. “Mas não existe uma política para captar essa água e levar para quem precisa”, observa o pesquisador.

Suassuna é contra a transposição do São Francisco porque ela foi “vendida” como a obra que vai resolver o problema da seca no Nordeste. A água chegará aonde já existe em abundância. “A população no entorno dessas represas vai continuar passando sede e sendo abastecida por caminhões-pipa mesmo depois da transposição”, avalia. Somando-se o Norte de Minas Gerais, apenas 2% do território atingido pelas secas são passíveis de irrigação. O problema é o que fazer com os 98% restantes.

Para o pesquisador, o que está claro é que a transposição vai abastecer as represas, vai abastecer o grande capital. Não está claro como a água vai chegar à população, que continuará sendo atendida por caminhões-pipa. “É aí que está a verdadeira ‘indústria da seca’”, pondera Suassuna. Em 1994, durante congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), hidrólogos reunidos em Recife alertavam para a necessidade de uma melhor distribuição da água no semiárido. “Todos os alertas já foram feitos”, diz o agrônomo.

Socorro
Agricultores atingidos pela seca terão suas dívidas renegociadas

A presidente Dilma Rousseff anunciou em abril novas medidas para apoio a produtores rurais afetados pela estiagem no semiárido brasileiro. Os investimentos totalizam R$ 9 bilhões. Somados aos R$ 7,6 bilhões já aplicados em ações estruturantes e emergenciais de enfrentamento à seca, o governo federal está investindo R$ 16,6 bilhões em medidas para mitigar os efeitos da estiagem. Uma das principais ações diz respeito à renegociação da dívida dos agricultores afetados pela seca.

Outra medida anunciada é a manutenção dos programas Garantia-Safra e Bolsa Estiagem enquanto durar o período da seca. Serão incorporados um total de 361.586 novos beneficiários ao Bolsa Estiagem, que beneficia atualmente 880 mil agricultores em 1.311 municípios. Da mesma forma, o Garantia-Safra atende hoje 769 mil agricultores em 1.015 cidades.

Estiagem castiga o interior da Paraíba

por Valéria Sinésio

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“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Foi com essa frase que Euclides da Cunha classificou o homem do campo quando escreveu a obra “Os Sertões”, em 1902. Mais de um século depois, o sertanejo continua forte na luta pela sobrevivência diante da seca que assola a Região Nordeste desde o ano passado e deixa marcas de destruição por onde passa. O cenário desolador da estiagem na Paraíba será mostrado a partir de hoje em uma série de reportagens.

Para conhecer de perto as consequências da estiagem no interior do Estado, o JORNAL DA PARAÍBA percorreu 1,5 mil quilômetros e visitou oito cidades no Sertão e no Cariri durante três dias. Em cada lugar foi possível encontrar histórias emocionantes de paraibanos que perderam tudo o que foi construído ao longo da vida por conta da falta de chuvas. São histórias que misturam dor e sofrimento, mas que ao mesmo tempo revelam a bravura do homem do campo. Nessa luta desigual, o sertanejo perde tudo, menos a esperança de dias melhores.

A estiagem no Semiárido secou barragens, açudes e rios, acabou com lavouras e matou o rebanho. Para o homem do campo, pouco restou diante dessa realidade. A Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa) estima que já houve redução de 50% do rebanho, levando em conta as mortes e a venda precoce dos animais. A falta de crédito para recuperação e manutenção, segundo a Faepa, agrava ainda mais a situação.

Esta seca já é considerada a pior dos últimos 50 anos por técnicos de órgãos ligados à agricultura, pecuária, economia e meteorologia, além de historiadores. A falta de água e alimentos vem dizimando o rebanho em vários municípios paraibanos. A carcaça do gado sendo atacada por urubus às margens das estradas é um sinal de que a situação é grave no interior. Em muitas cidades, a reportagem encontrou cemitérios clandestinos a céu aberto, como em Pedra Branca, São José de Piranhas, Monteiro, Zabelê e Sousa. Para evitar mais mortes, o Governo estadual distribuiu variedades de palma forrageira, resistentes à cochonilha.

Mas não foi só o rebanho que sofreu com fome e sede. A realidade da seca na Paraíba consegue ser ainda mais cruel.

Na zona rural do município de Pedra Branca, por exemplo, uma família teve que matar um tamanduá para comer assado no almoço. O desespero tinha um motivo fácil de ser entendido: a carne do animal era a única alternativa à mesa da família composta por cinco pessoas.

No Alto Sertão da Paraíba, como em São José de Piranhas, a 500 quilômetros de João Pessoa, a fome e a sede assombraram a vida de dezenas de famílias, como a do aposentado José Bento da Silva, 67 anos. Segundo ele, faltou água até para beber. “A gente só não morreu de sede porque meu genro foi comprar água em garrafa de refrigerante em Cajazeiras, mas nem todo dia eu tinha dinheiro para isso”, contou.

Na zona rural de Aparecida, a população teve que tomar água esverdeada e barrenta, intragável em condições normais de vida, mas essencial para quem luta contra a sede.

Em Patos, moradores do sítio Retiro também foram castigados pela seca e tiveram que tomar a água suja do açude Jatobá.

Esse problema se repete em outras cidades da Paraíba, onde a população clama por providências e padece diante da estiagem.

 

A SECA CONTINUA

 

por Maria Lívia Cunha
Considerada a pior dos últimos 50 anos, a seca que atinge o Nordeste já provocou, pelo menos, R$ 3,5 bilhões em perdas diretas nas lavouras da região. O número faz parte de um balanço organizado pelo economista-chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Natal, Aldemir Freire, com base na produção das principais lavouras nordestinas de 2012 e do ano anterior.

Para se ter uma ideia do impacto desta estimativa, o montante calculado é quase a metade do valor total da obra de Transposição do Rio São Francisco – a mais importante da região e que está orçada em R$ 8,2 bilhões. Segundo o levantamento, as safras nordestinas que mais deram prejuízo foram a do feijão (-68,46%), da castanha de caju (-66,52%) e a do arroz (-39,37%).

“A grande questão é que a seca continua porque as chuvas que tivemos foram escassas e insuficientes. O primeiro semestre ainda conta com o alívio das chuvas, mas no segundo deveremos ter um problema agudo na região. Deveremos ter uma nova perda de safra, os rebanhos passarão por mais dificuldades – inclusive porque o milho doado pelo governo federal não chega com facilidade para alimentá-los – e a pior repercussão é que o abastecimento urbano de água começa a ser prejudicado”, alertou.

No Nordeste, a Paraíba tem a segunda maior taxa de municípios em situação de emergência. O percentual paraibano (89,23%) perde apenas para o do Ceará (96,19%) e, hoje, dos 223 municípios do Estado, 195 fazem parte da lista da seca.

Aqui, a estiagem vem derrubando a economia aos poucos. O saldo de empregos no campo sofreu uma grande queda chegando ao menor nível dos últimos dez anos. A exportação de produtos, a exemplo do mel, caiu pela metade, e a seca elevou, em muitas centenas de reais, a dívida do produtor rural.

 

CONSEQUÊNCIAS PODEM DURAR ANOS

O pesquisador Pedro Gama, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disse que as consequências da seca podem perdurar por muito tempo depois, pois após o período da seca chegará a vez dos agricultores e criadores tentarem recuperar o que foi perdido, o que nem sempre é possível. “Isso geralmente leva anos. Ninguém consegue repor o rebanho de um mês para o outro”, afirmou o pesquisador.

No Semiárido nordestino, conforme Gama, a produção de leite foi reduzida a 1/3 do que era obtido antes, o que representa uma queda brusca na renda de centenas de famílias. Houve redução também no efetivo bovino. “Isso se deu não apenas pela morte dos animais, como também pelo abate”, explicou.

“Podemos dizer que houve uma sangria muito forte desse rebanho”, completou. Segundo ele, a categoria mais afetada foi a de bovinos, seguida dos ovinos e, em menor proporção, a de caprinos.

O pesquisador também apontou a morte das pastagens como outro problema sério, que leva tempo para ser recuperado. “Em muitos campos a pastagem precisa ser completamente reimplantada”, disse. “As consequências da seca variam dependendo de quem a observa. O meteorologista e o homem do campo têm conceitos distintos sobre a estiagem, porque cada qual a analisa conforme sua realidade”, explicou.

De acordo com Gama, o grande problema da seca no Nordeste é a falta de investimento permanente. “Se o Nordeste tivesse programas consistentes de convivência com a seca, o impacto não seria tão forte. Seria preciso a implantação de programas de apoio a atividades produtivas, a exemplo da agricultura irrigada, que de certa forma apresentou êxito”, comentou.

Iniciativas como o Bolsa Família e abastecimento por carros-pipa são, segundo o pesquisador, medidas emergenciais que não resolvem, apenas amenizam a situação das famílias que sentem os efeitos da seca. “Também é necessário o investimento hídrico e novas pesquisas para buscar novas alternativas econômicas”, considerou. “O mais indicado seria uma combinação de fatores, e não medidas isoladas”, disse. (Valéria Sinésio)

 

 

Nordeste. Estiagem afeta cultura da vaquejada

por MAURI KÖNIG

Prova de vaquejada em Cabrobó no sertão do estado de Pernambuco Alexandre Mazzo
Prova de vaquejada em Cabrobó no sertão do estado de Pernambuco Alexandre Mazzo

Seca histórica mata o gado no semiárido e começa a faltar animais para a secular tradição dos sertanejos. Eventos estão sendo cancelados

No final do século 18, o gado passou a ser criado solto nas matas dos sertões do Brasil, dando origem à figura do peão encarregado de recolher o rebanho dos coronéis. Desse ofício derivou a vaquejada, atividade recreativa-competitiva com um século de tradição. Hoje o Nordeste tem 110 parques de vaquejada, fora as raias em propriedades rurais no sertão. É justamente nesses pontos mais remotos que a tradição está por um fio devido ao flagelo da seca que dura três anos. Está faltando boi para a disputa, mortos pela sede e pela fome.

Ronaldo Ramos Reis, o Ronaldo Galo, de 59 anos, organiza vaquejadas há 30 anos em Coração de Jesus, cidade de 26 mil habitantes no Norte de Minas Gerais. Seus últimos sete circuitos tiveram 15 eventos por ano, e a final de 2012 reuniu 40 mil pessoas na vizinha São João da Lagoa. O oitavo circuito foi cancelado. Até estava dando para driblar as exigências dos Bombeiros e as pressões dos protetores dos animais, mas a chuva deixou de comparecer. “A seca atinge todos os segmentos da área rural, e a vaquejada é rural”, explica Ronaldo.

O sertanejo ainda buscou meios para manter a tradição. Reduziu de 10 para 7 metros a raia até o ponto em que o gado tem de ser tombado pelo rabo, extensão proporcional ao tamanho do boi, minguado em tamanho e quantidade. Mas os rebanhos estão cada vez mais sendo vendidos ou abatidos antes do tempo por causa da estiagem. As prefeituras do Norte de Minas, que sustentam a vaquejada, veem seus cofres esvaziarem na mesma proporção dos reservatórios de água. “Por insistência e paixão de alguns que têm mais condições, vão acontecer cinco vaquejadas neste ano, se acontecerem”.

Estratégia onerosa

Em Cabrobó, cidade de 30 mil habitantes na região mais árida de Pernambuco, a 600 km da capital Recife, sedia 12 vaquejadas por ano em pequenas e médias propriedades rurais. Por causa da falta de gado, uma delas deixou de ser realizada ano passado e outra foi suspensa neste ano. Fabrício Barros dos Santos, de 36 anos, que em março organizou sua sétima festa, diz que em 2012 não encontrou boi forte o suficiente para a vaquejada. Neste ano ele teve de recorrer a uma estratégia bastante onerosa para manter a tradição herdada do bisavô.

Antes da seca, pecuaristas da região emprestavam parte do rebanho para a organização do evento. Desta vez, Fabrício teve de recorrer ao rebanho da Ilha de Assunção, uma reserva indígena dentro do Rio São Francisco, em Cabrobó. Os índios trucás estão alugando as terras com pasto para pecuaristas de muitas cidades do Polígono da Seca. A ilha de 3,5 mil habitantes e 5.700 hectares se tornou a UTI do gado que está morrendo de fome e de sede. A vaquejada foi realizada dia 13 de março, mas a experiência não foi muito promissora.

Fabrício e o sócio Paulo Reginaldo alugaram 50 cabeças a R$ 80 cada uma. Entre aluguel de bois, custo de transporte e de pessoal, mais a premiação aos vencedores, a organização gastou R$ 12,8 mil dos R$ 15 mil arrecadados. Um resultado pífio para dois meses de trabalho. Além de desmotivar outro evento, o perfil do gado também compromete a qualidade da vaquejada. O boi da caatinga é mais arisco, o que tornava a prova mais difícil. “Se a gente continuar, só mesmo pra reunir os amigos e pra manter a tradição. Mas é difícil”, diz Fabrício.

Ilha do Rio São Francisco vira a UTI do gado

A Ilha de Assunção, uma das maiores do Rio São Francisco, tinha até recentemente o cultivo de arroz, feijão, cebola, goiaba, coco, maracujá e banana como principal atividade produtiva. Mas a seca que há três anos castiga o semiárido brasileiro mudou o perfil da ilha dos índios trucás, de 3,5 mil habitantes. Essa rara mancha verde no Polígono da Seca, com seus 5.700 hectares cercados por água, tornou-se a UTI do gado que está morrendo de fome e de sede nos arredores de Cabrobó (PE), um dos núcleos de desertificação no Brasil.

Pela ponte estreita que leva à ilha passam os caminhões com boiadas esquálidas vindas de muitas cidades do sertão pernambucano. Os índios passaram a alugar suas terras a pecuaristas desesperados com as perdas de rezes, cujas carcaças se multiplicam em meio à caatinga. Um deles é Joseílson Ramos dos Santos, 45 anos. Dono de 16 hectares em Parnamirim (PE), perdeu 11 das 30 cabeças de gado por inanição.

Joseílson vendeu dois bois pela metade do preço e levou os 17 sobreviventes para a UTI do Rio São Francisco. Alugou dois hectares de pasto por R$ 2 mil e pagou R$ 400 pelo transporte até a ilha, distante 75 quilômetros. Ao desembarcar o gado, mês passado, notou que Carinhosa, a mais velha do rebanho, estava desmantelada na carroceria. A fome cobrava as últimas forças do xodó da família.

Joseílson recorreu então a uma engenhoca muito recorrente no sertão para animais à beira da morte. O equipamento é basicamente o mesmo em todo lugar, feito com estacas de madeira, cordas e saco de nylon. O propósito é ajudar o gado a se manter de pé, pois se ficar prostrado morre logo.

Joseílson fincou as estacas, aprumou as cordas e pediu ajuda para suspender Carinhosa. Um morador da ilha sugeriu inovações. Eles cavaram sob uma árvore um buraco profundo e largo o suficiente para caber as pernas do animal e instalaram as estacas ao redor, de modo a mantê-la suspensa por cordas com os membros inferiores metidos na cavidade. O sobrinho, Éverson, de 11 anos, ajuda a dar água e comida na boca de Carinhosa. Ela passou a responder bem aos cuidados.

A família de Joseílson teve de dar uma cota extra de sacrifício para tentar salvar o parco rebanho, único patrimônio depois de a seca fustigar o plantio de milho, feijão e algodão. Ele foi com os filhos de 18 e 19 anos para cuidar do gado na ilha, enquanto a mulher ficou em Parnamirim com o menino de 16 e a menina de 14 anos. A família teve de se dividir na esperança de saldar as dívidas, cujo valor a vergonha impede Joseílson de revelar.

Sobrevivência
Fustigado pela estiagem, sertanejo se vê entre a doença e a dependência

Salgueiro (PE), a 520 quilômetros de Recife, é o retrato da dependência governamental em decorrência da seca prolongada. O município de 57 mil habitantes, cuja economia está centrada na agricultura, tem três mil produtores rurais mantidos por programas oficiais de transferência de renda. São 1.478 agricultores recebendo o Garantia Safra, no valor de R$ 760 anuais divididos em parcelas, e outros 1.500 auxiliados pelo Bolsa Estiagem, de R$ 80 por mês.

O Bolsa Estiagem começou a ser pago pelo governo federal em junho do ano passado e atendeu 880,6 mil pessoas, em 1.316 municípios, totalizando R$ 569 milhões. O pagamento é feito em parcelas de R$ 80,00 a agricultores de baixa renda que vivem em municípios atingidos pela seca. Já o Garantia Safra repassou R$ 953,5 milhões a 769 mil agricultores de 1.015 municípios desde 2011.

O benefício destina-se a agricultores que contraíram empréstimo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e tiveram prejuízo com a estiagem. O valor chega a R$ 1,2 mil, em parcelas que variam de R$ 135,00 a R$ 140,00 mensais. O governo de Pernambuco socorre ainda com o Programa Chapéu de Palha. Seis mil agricultores são beneficiados com um valor mínimo de R$ 100, válido para o período da entressafra que vai de abril a agosto.

A família de João José da Costa, de 66 anos, é uma das beneficiadas com os programas oficiais. Ele vive com a mulher, duas filhas, dois genros e três netos em dois terrenos, de 66 e 39 hectares, onde criam gado e cultivam a terra. João tinha 16 cabeças de gado. Vendeu uma e outras sete morreram. As demais ninguém quis, estavam muito magras. Uma tímida chuvinha em janeiro animou, e ele plantou milho e feijão. Perdeu tudo. Teve de se contentar com o Seguro Safra e Chapéu de Palha. Ele e a mulher são aposentados rurais.

A filha, Neuza, recebe o Bolsa Família. O marido dela, Pedro Expedito da Cruz, de 44 anos, foi diagnosticado com depressão e não pode trabalhar. Vítima da seca, passou a manifestar problemas neurológicos decorrentes das sucessivas perdas agrícolas causadas pela estiagem. Ele, a mulher e os três filhos passaram a ficar dependentes do Seguro Safra e do Chapéu de Palha.

O outro genro de João, Joaquim Josias Gomes, não teve igual sorte. Ele fez o cadastro no Garantia Safra, pagou a taxa de R$ 9,50 há dois meses, mas ainda não teve resposta. Antes, havia feito inscrição no Bolsa Família, mas não pôde receber o benefício porque tinha uma moto em seu nome. A moto, no entanto, não é um luxo. É o único meio de locomoção da família até a cidade, distante 14 quilômetros, a maior parte em estradas de terra.

Socorro
Fundo constitucional garante R$ 2,7 bilhões de ajuda ao semiárido

Por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o governo federal oferta crédito com juros baixos para agricultores familiares, produtores rurais e pequenas e médias empresas das regiões afetadas pela seca. Desde maio de 2012, foram contratadas 300 mil operações pelas linhas emergenciais de crédito, no valor de R$ 2,4 bilhões. O apoio chegou a produtores de mais de 1,3 mil municípios do semiárido. O Tesouro Nacional fará, ainda, um aporte adicional de R$ 350 milhões de recursos do FNE para as linhas de crédito emergenciais, elevando os valores para R$ 2,75 milhões. A medida vai assegurar a continuidade da assistência de crédito com juros baixos para produtores rurais afetados pela seca.

FOTOS: Veja slideshow da seca no Nordeste

Água do Rio São Francisco e de novos açudes para acabar com a indústria da seca

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Verba para Pernambuco
Verba para Pernambuco

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Custo da transposição do São Francisco aumenta 71% e vai superar R$ 8 bilhões

Esta denúncia é do Estadão.

A transposição é necessária. E deve ser apressada. É a solução mais compensadora.

Escreve hoje Carlos Chagas:

OMISSÃO DA CIÊNCIA

A presidente Dilma passou o dia de ontem no Ceará, anunciando iniciativas para minorar os efeitos da seca. Recursos públicos serão outra vez distribuídos pelas regiões assoladas pela falta de chuva, espera-se que sem ser desviados como sempre tem sido.

Há, no entanto, uma questão maior e ainda inconclusa. A ciência avançou como nunca, desde que o mundo é mundo. Na Medicina, nem se fala. Mas também na Física, na Química, na Astronomia, com lugar de destaque para as indústrias bélicas, nucleares e tudo o mais. Por que diabo, então, não se investe num setor que beneficiaria a Humanidade mais do que todos? Fala-se da possibilidade de fazer chover onde não chove. Senão de contestar, ao menos de colaborar com a natureza para combater a seca. Impossível não será.

Só que falta empenho às forças científicas, certamente pela falta de lucro explicito e imediato numa atividade dessas. Os laboratórios produzem remédios fantásticos, ganhando muito dinheiro com sua comercialização. Os reatores nucleares preparam cada dia mais mortíferos artefatos atômicos, forma de manutenção da segurança das nações para, pelo menos, intimidar o adversário.

De fazer chover, porém, através de pesquisas profundas na atmosfera e investimentos maciços no setor, não cogitam. Realizações desse tipo só ajudariam países e regiões assoladas pela seca, geralmente pobres. Sem retorno financeiro imediato.

Houve tempo, já se vão quase cem anos, que apareceu no Brasil um certo professor Janot Pacheco, apregoando uma solução hoje considerada primária, de bombardear as nuvens com cobalto ou coisa que o valha. Virou objeto de curiosidade e de chacota na imprensa, sequer conseguiu ser recebido pelos políticos capazes de apóia-lo.

Seu espírito bem que poderia iluminar universidades, pesquisadores, empresas e governos. Agora, lucro, mesmo, no caso de sucesso na arte de fazer chover, só para os pobres camponeses do agreste nordestino. Melhor destinar-lhes verbas que raramente verão…

O “Imperador” Eduardo Campos e a Indústria da Seca

por Ricardo Antunes, ante de ser preso (*)

O governador Eduardo Campos adora falar da “indústria da seca” em seus discursos, e a exploração política do “coronelismo” que teria atrasado a vida dos sertanejos.

Pois bem, o nosso “Imperador” – maldade criada pelos seus poucos adversários – poderia refletir mais sobre o assunto.

Depois de uma década de governo federal do PT, a indústria da seca mudou apenas de mãos, mas continua essencialmente a mesma.

Ou alguém acha que R$ 80,00 [40 dólares] por família, no melhor estilo petista de “dar o peixe sem ensinar a pescar”, resolve alguma coisa?

Em Pernambuco, a contradição teima em desaprumar a pose oficial.

Como um Estado, que se gaba de estar em uma “época de ouro”, não consegue nem dar os primeiros passos para resolver um problema que põe dezenas de municípios em estado de emergência e milhares de pessoas com pires na mão?

Tem algo errado aí.

Bem eu sei que são perguntas chatas, mas elas teimam em me fustigar.

Com a palavra ou a resposta, os seus súditos.

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(*) Ricardo Antunes foi preso, no dia 5 de outubro último, antevéspera das eleições, pela polícia do governador Eduardo Campos
 Eduardo Campos, em maio último, estado de emergência nos 56 municípios sertanejos do estado por causa da estiagem.O decreto, publicado no Diário Oficial de Pernambuco neste sábado, facilitará às prefeituras a obtenção de recursos e serviços para diminuir os danos causados pela seca nas cidades.
Eduardo Campos, em maio último, decretou estado de emergência nos 56 municípios sertanejos do estado por causa da estiagem.O decreto visou facilitar às prefeituras a obtenção de recursos e serviços para diminuir os danos causados pela seca nas cidades.
Considerada a pior dos últimos 50 anos em alguns estados do Nordeste, a seca está provocando um confronto que só se imaginaria no futuro: a guerra pela água. Em Pernambuco, essa luta já começou com tiros, morte e exploração da miséria. Leia mais
Considerada a pior dos últimos 50 anos em alguns estados do Nordeste, a seca está provocando um confronto que só se imaginaria no futuro: a guerra pela água. Em Pernambuco, essa luta já começou com tiros, morte e exploração da miséria. Leia mais
O senador Armando Monteiro critica a burocracia na liberação de recursos em socorro ao pequeno agricultor e pecuarista.
O senador Armando Monteiro critica a burocracia na liberação de recursos em socorro ao pequeno agricultor e pecuarista. Leia mais

Numa casa de barro, levantada no seco chão, milhões de sertanejo esperam o milagre da chuva e a transposição das águas do Rio São Francisco
Numa casa de barro, levantada no seco chão, milhões de sertanejo esperam o milagre da chuva e a transposição das águas do Rio São Francisco.