E agora, Brasil?

 

por Tiago Mota Saraiva/ Jornai I/ Portugal

 

Se os governos de Dilma e Lula não tiverem pactuado com esquemas de corrupção, seriam os primeiros governos brasileiros em 50 anos a não o fazer.

Não pretendendo arrancar este escrito com uma prévia condenação sem julgamento – como tem sido vulgar na imprensa portuguesa, atingindo uma lamentável expressão na capa deste jornal da passada sexta-feira -, a principal acusação que tenho a fazer aos governos liderados pelo PT é a de não ter rompido com a oligarquia do país de coronéis brancos que agora pretende recuperar o poder, num golpe muito semelhante ao que derrubou o governo democraticamente eleito liderado por João Goulart para instalar a ditadura militar.

Se há conclusão a retirar destes últimos dias é a de que não estão reunidas as condições para que se apure a verdade e se faça justiça.

Veja-se, por exemplo, que na comissão que apreciará o impeachment de Dilma, 40 dos 65 membros receberam dinheiro de empresas investigadas ou subsidiárias para a campanha de 2014 e que um deles é Paulo Maluf, político dos tempos da ditadura e com inúmeras acusações e condenações por práticas de crimes de colarinho branco.

Na prática, o que está sob ameaça são as conquistas obtidas nos últimos anos pelas classes mais desfavorecidas, e não a casta que detém o poder financeiro e alimenta o sistema de corrupção.

Defender o afastamento de Dilma e Lula, nestas circunstâncias, significa a condenação dos progressos sociais e, muito provavelmente, ou o regresso a um poder hegemónico encabeçado pelos filhos dos coronéis, transformados em gestores financeiros, banqueiros e playboys, ou a definitiva ascensão da obscurantista Igreja Evangélica.

O sinal de fraqueza que representa a ida de Lula para o governo – que, ao contrário do que despudoradamente é repetido, não o torna inimputável – só poderá ser revertido se o governo retomar os planos da reforma agrária, do combate à pobreza ou da casa para todos, alargando a sua base social de apoio que, atualmente, está longe de subir à favela, entrar no mato ou caminhar ao lado dos sem-terra.

Começou hoje o aquecimento para o Ato Nacional de amanhã

Contra os golpistas, os inimigos do Brasil e os traidores da Pátria

 

Mais de mil mulheres

mais de 2

Mais de mil mulheres da Via Campesina de Rondônia protestam em frente ao Palácio do Governo. Dentre as pautas, estão a educação no campo, a saúde, a reforma política e a defesa da Petrobras

 

Alagoas

Em Jornada de Lutas, movimentos sociais do campo reúnem-se com o governador de Alagoas

 

porto alegre

Nesta quinta, as diversas organizações que compõem a CMS se mobilizaram em defesa da classe trabalhadora, da Constituinte e da Petrobras

 

13 demarço

As ações de hoje se desembocarão nas mobilizações de amanhã, em defesa da Petrobras, da reforma política, dos direitos trabalhistas e contra qualquer tentativa golpista

 

 

Os grandes temas tabus esquecidos do debate

Por medo de perder votos, Dilma e Aécio ignoram temas importantes para os eleitores

 

dilma aécio

 

por Juan Arias/ El País/ Espanha

O penúltimo debate entre os candidatos presidenciais, Dilma Rousseff e Aécio Neves, no qual se sentia no ar o medo de ambos de cair de novo nas cenas de boxe vistas no encontro anterior, ocorreu sem grandes destaques, quase como um decalque dos primeiros embates deste segundo turno, com temas já abordados e, de novo, deixando no esquecimento assuntos fundamentais, como por exemplo, os referentes à sexualidade, ao meio ambiente e ao racismo que atinge os brasileiros negros e mulatos.

[Um debate visa desmascarar os santos de pau oco, os príncipes encantados, os falsos salvadores da pátria, os demagogos amigos do povo, criados pela propaganda política que lava mais branco, que pede para votar no melhor. Quando quem tem uma vida suja não deve ser candidato.

Propostas são promessas. A garantia de que promessa é dívida para ser, realmente, paga, depende do passado de quem faz. Daí a necessidade do eleitor conhecer a vida de quem lhe deve, de quem lhe dá esperanças, oferece probabilidades de um futuro melhor]

Já às vésperas da votação, os temas tabu, dos quais os dois candidatos fogem como o diabo da cruz, continuam sendo os grandes ausentes, como se eles não interessassem aos cidadãos ou por temor dos candidatos de perder votos ao se comprometerem com essas questões.

Dilma e Aécio mantiveram silêncio, por exemplo, em relação ao aborto, que segue matando milhares de mulheres, geralmente as mais pobres e vulneráveis. É um assunto que os assusta, assim como as questões relativas aos direitos dos homossexuais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de adotarem crianças. Ou a homofobia, que continua provocando mortes a cada dia, frutos da intolerância e do preconceito. Esse medo tem um nome: o terror de perder os votos dos milhões de evangélicos.

E com os assuntos relativos à sexualidade, os candidatos também ficaram gravemente calados em relação à proteção da Amazônia, que permanece sendo sacrificada e que representa uma das maiores riquezas ecológicas do planeta, um orgulho dos brasileiros.

Esqueceram-se do meio ambiente [a seca de São Paulo] e das energias alternativas, que hoje são assuntos universais e importantíssimos. Como é possível que Marina Silva, que deu seu apoio a Aécio, não tenha pedido a ele para colocar a defesa da Amazônia como prioridade no debate?

[Que a Amazonia é do Brasil]

E o racismo perpetrado diariamente contra os brasileiros negros e mulatos, que são maioria no país mas continuam como os grandes excluídos da sociedade?

E o problema da desigualdade social? Será que os candidatos não lamentam ou não se preocupam com o fato de o Brasil, rico em quase tudo, continuar apresentando um dos maiores índices de desigualdade entre os países em desenvolvimento?

[Exemplo: a reforma agrária]

Entre as bandeiras do medo levantadas nesta campanha sempre esteve presente a comparação entre o PT que se interessaria pelos pobres e o PSDB que preferiria os ricos. Mas será que nenhum dos candidatos considerou importante explicar por que, apesar de tantos avanços sociais, o Brasil mantém esse abismo perverso da desigualdade, que vai desde a riqueza, que continua acumulada por poucos, às oportunidades para todos abrirem um caminho na vida?

Por que ninguém fala em taxar as grandes fortunas, de acabar com essa injustiça de que os ricos paguem, por exemplo, o mesmo coeficiente de impostos que a castigada classe média? E essas diferenças gritantes de salários entre os políticos e os professores, para citar um exemplo? A reforma política, mãe de tantas corrupções, com essa loucura de dezenas de partidos sem ideologia e a falta de credibilidade dos cidadãos nos políticos, foi outra das grandes ausentes do debate.

[Por ninguém fala nos sem terra, nos sem teto?]

E por fim, a política externa, um assunto que pode não trazer votos, pois a maioria dos cidadãos não o vê como uma urgência para sua vida cotidiana, tampouco mereceu uma só menção.

Curiosamente, no entanto, Neves foi bastante aplaudido quando mencionou a predileção que o Governo Rousseff tem tido com os países mais ditatoriais da América Latina.

[Esta é uma referência implícita ao Uruguai, Argentina, Bolívia, Venezuela, países que realizaram eleições diretas para presidente e, coisa que o Brasil não faz, ouviram a voz do povo em plebiscitos e referendos] 

De fato, é fundamental para um país da importância geopolítica do Brasil saber como quer se posicionar no cenário internacional, quem serão seus parceiros, com quem prefere negociar política e economicamente.

[O medo do Mercosul, do BRICS; e a defesa do FMI, da dolarização, do Brasil quintal, eterna colônia]

Trata-se justamente de um assunto que poderia claramente diferenciar ambos os candidatos. Por que Aécio não explicou como pretende mudar a tão criticada política externa do país?

[A política de Aécio é a mesma de Fernando Henrique, privatista e entreguista, tendo Armínio Fraga como ministro da Economia]

Os brasileiros têm o direito de saber com quem o país deseja jogar em um futuro próximo.

[Temas como nacionalismo, patriotismo e brasilidade permanecem esquecidos.  E para combater a corrupção e os privilégios das elites: as reformas do judiciário, do legislativo, do executivo.

As reformas de base, que motivaram o golpe de 64, continuam banidas do cenário político]

Falta apenas um debate antes do pleito. Se esses assuntos até agora tabus permanecerem como os grandes ausentes, pelo medo dos candidatos de perder votos, os brasileiros poderão ir às urnas votando às cegas e no vazio.

 

[Os comentários entre colchetes são do editor deste blogue]

 

 

Adeus Dom Balduíno

Aos 91 anos, completados em dezembro passado, Dom Tomás Balduino, o bispo da reforma agrária e dos indígenas, nos deixa seu exemplo de luta, esperança e crença no Deus dos pobres. Ficamos, hoje, todos e todas um pouco órfãos, mas seguimos na certeza de quem Dom Tomás está e estará presente sempre, nos pés que marcham por esse país e nas bandeiras que tremulam por esse mundo em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

Dom Tomás faleceu em decorrência de uma trombo embolia pulmonar, às 23h30 de ontem, 02 de maio de 2014. Ele permaneceu internado entre os dias 14 e 24 de abril último no hospital Anis Rassi, em Goiânia. Teve alta hospitalar dia 24, e no dia seguinte foi novamente internado, porém desta vez no Hospital Neurológico, também em Goiânia. (CPT)

 

POR QUE O PESO DA ENLUTADA ESTÁTUA DA LIBERDADE NA CABEÇA DE DOM BALDUÍNO? UMA HOMENAGEM AOS BRASILEIROS RETIRANTES QUE VIVEM EM NOVA IORQUE?
POR QUE O PESO DA ENLUTADA ESTÁTUA DA LIBERDADE NA CABEÇA DE DOM BALDUÍNO? UMA HOMENAGEM AOS BRASILEIROS RETIRANTES QUE VIVEM EM NOVA IORQUE?

 

Biografia de Dom Tomás Balduino

 

Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922. Ele é filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de Felicidade de Sousa Ortiz, paulista. Seu nome de batismo é Paulo, Paulo Balduino de Sousa Décio. Foi o último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres. Ao se tornar religioso dominicano recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume.

 

Até os cinco anos de idade viveu em Posse. Depois a família migrou para Formosa, onde seu pai se tornou promotor público, depois juiz e se aposentou como tal.

 

Fez o Seminário Menor – Escola Apostólica Dominicana – em Juiz de Fora, MG. Fez os estudos secundários no Colégio Diocesano, dirigido pelos irmãos maristas, em Uberaba. Cursou filosofia em São Paulo e Teologia em Saint Maximin, na França, onde também fez mestrado em Teologia.

 

Em 1950, lecionou filosofia em Uberaba. Em 1951 foi transferido para Juiz de Fora como vice-reitor da então Escola Apostólica Dominicana e lecionou filosofia, na Faculdade de Filosofia da cidade.

 

Em 1957, foi nomeado superior da missão dos dominicanos da Prelazia de Conceição do Araguaia, estado do Pará, onde viveu de perto a realidade indígena e sertaneja. Na época a Pastoral da Prelazia acompanhava sete grupos indígenas. Para desenvolver um trabalho mais eficaz junto aos índios, fez mestrado em Antropologia e Linguística, na UNB, que concluiu em 1965. Estudou e aprendeu a língua dos índios Xicrin, do grupo Bacajá, e Kayapó.

 

Para melhor atender a enorme região da Prelazia que abrangia todo o Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, fez o curso de piloto de aviação. Amigos solidários da Itália o presentearam com um teco-teco com o qual prestou inestimável serviço, sobretudo no apoio e articulação dos povos indígenas. Também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela Ditadura Militar.

 

Em 1965, ano em que terminou o Concílio Ecumênico Vaticano II, foi nomeado Prelado de Conceição do Araguaia. Lá viveu de maneira determinante e combativa os primeiros conflitos com as grandes empresas agropecuárias que se estabeleciam na região com os incentivos fiscais da então SUDAM, e que invadiam áreas indígenas, expulsavam famílias sertanejas, os posseiros, e traziam trabalhadores braçais de outros Estados, sobretudo do nordeste brasileiro, que eram submetidos, muitas vezes, a regimes análogos ao trabalho escravo.

 

Em 1967, foi nomeado bispo diocesano da Cidade de Goiás. Nesse mesmo ano foi ordenado bispo e assumiu o pastoreio da Diocese, onde permaneceu durante 31 anos, até 1999 quando, ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia e mudou-se para Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, a maior parte do tempo, com a Ditadura Militar (1964-1985).

 

Dom Tomás, junto à Diocese de Goiás, procurou adequar a Diocese ao novo espírito do Concílio Ecumênico Vaticano II e de Medellín (1968). Por isso sua atuação, ao lado dos pobres, no espírito da opção pelos pobres, marcou profundamente a Diocese e seu povo. Lavradores se reuniam no Centro de Treinamento onde Dom Tomás morava, para definir suas formas de organização e suas estratégias de luta. Esta atuação provocou a ira do governo militar e dos latifundiários que perseguiram e assassinaram algumas lideranças dos trabalhadores. Em julho de 1976, Dom Tomás foi ao sepultamento do Padre Rodolfo Lunkenbein e do índio Simão Bororo, assassinados pelos jagunços, na aldeia de Merure, Mato Grosso. Em sua agenda estava programada uma outra atividade. Soube depois, por um jornalista, que durante esta atividade programada, estava sendo preparada uma emboscada para eliminá-lo.

 

Alguns movimentos nacionais como o Movimento do Custo de Vida, a Campanha Nacional pela Reforma Agrária, encontraram apoio e guarida de Dom Tomás e nasceram na Diocese de Goiás.

 

Dom Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Nas duas instituições Dom Tomás sempre teve atuação destacada, tendo sido presidente do CIMI, de 1980 a 1984 e presidente da CPT de 1999 a 2005. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou Conselheiro Permanente.

 

Depois de deixar a Diocese, além de ser presidente da CPT, desenvolveu uma extensa e longa pauta de conferências e palestras em Seminários, Simpósios e Congressos, tanto no Brasil quanto no exterior. Por sua atuação firme e corajosa recebeu diversas condecorações e homenagens Brasil afora. Em 2002, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás lhe concedeu a medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira. No mesmo ano recebeu o Título de Cidadão Goianiense, outorgado pela Câmara Municipal de Goiânia.

 

Foi designado, em 2003, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, CDES, do Governo Federal, cargo que deixou por sentir que pouco ou nada contribuía para as mudanças almejadas pela nação brasileira. Foi também nomeado membro do Conselho Nacional de Educação.

No dia 8 de novembro de 2006, Dom Tomás recebeu da Universidade Católica de Goiás (UCG) o título de Doutor Honoris Causa, devido ao comprometimento de Dom Tomás com a luta pelo povo pobre de Deus.

 

No dia 18 de abril de 2008 recebeu em Oklahoma City (EUA), da Oklahoma City National Memorial Foudation, o prêmio Reflections of Hope. A organização considerou que as ações de Dom Tomás são exemplos de esperança na solução das causas que levam a miséria de tantas pessoas em todo o mundo. A premiação Reflections of Hope foi criada em 2005 para lembrar o 10º aniversário do atentado terrorista de Oklahoma – quando um caminhão-bomba explodiu em frente a um edifício, matando 168 pessoas – e para homenagear aqueles que representam a esperança em meio à tragédia e dedicam suas vidas para melhorar a vida do próximo.

De 22 até 29 de março 2009 foi em Roma para participar das palestras em homenagem de Dom Oscar Romero e dos 29 anos do seu assassinato.

 

Em 2012 a Universidade Federal de Goiás (UFG) também lhe outorgou o título de Doutor Honoris Causa. Em dezembro do mesmo ano, durante as comemorações dos seus 90 anos, a CPT homenageou-o dando o seu nome ao Setor de Documentação da Secretaria Nacional, que passou a se chamar “Centro de Documentação Dom Tomás Balduino”.

 

NÃO É TUA PÁTRIA

por Talis Andrade

indignados trabalhador mercadoria

Tua Pátria não é tua Pátria
se não tens um pedaço de chão

Se na imensidão dos latifúndios
não tens espaço
para plantar uma árvore

Se nas florestas e matas
todos os frutos são proibidos

Se na selva de pedra das cidades
não tens nenhum abrigo

Tua Pátria não é tua Pátria
não é tua Pátria
se não tens sete palmo de terra
para teu sono eterno

A perereca da justiça avaliou uma fazenda por R$ 5,39

Guadêncio Torquato, jornalista e professor (escreveu os principais livros que introduziram a propaganda política, a comunicação governamental e o marketing nos cursos de Jornalismo), revela quanto estão desvalorizadas as terras no Piauí. Uma fazenda, avaliada pelo Estado e pela justiça, custa R$ 5,39 (não é engano. É isso aí: cinco reais e trinta e nove centavos). Com terras assim baratinhas, baratinhas, o governo poderia realizar a prometida reforma agrária desde os tempos da Campanha Abolicionista, no Século Dezenove. Mas fico pensando: se essa fazenda fosse herança ou propriedade de um governador – Mão Santa, Kléber Dantas Eulálio, Hugo Napoleão do Rego Neto,  José Wellington Barroso de Araújo Dias, Wilson Nunes Martins – o preço seria mais camarada, mais justo?

Insensatez e desfaçatez


Gaudêncio Torquato

Não dá para acreditar, mas esta verdade é bem brasileira: a União ofereceu a um pobre agricultor do Piauí, Nelson Nascimento, de 67 anos, R$ 5,39 (isso mesmo) pela indenização de sua propriedade, que corta o traçado da ferrovia Transnordestina, uma das principais obras do PAC.

A ferrovia, promessa do governo Lula, começou com orçamento de R$ 4,5 bilhões, as obras estão pela metade, e o custo hoje seria de mais de R$ 8 bilhões. A Secretaria de Transportes do Piauí, responsável pelas desapropriações, garante que o preço da indenização segue “as normas à risca”. O Dnit, que firmou o convênio com a secretaria, confirma que o cálculo de R$ 5,39 obedeceu “a parâmetros usados em todas as desapropriações”.

A trombeta da Justiça anuncia o veredito: o Estado de direito vence por nocaute o estado do bom senso. Pior é ver que a balança dos justiceiros não raro pende para um lado, desequilibrando o sistema de freios e contrapesos, engenhosa construção que o barão de Montesquieu criou para harmonizar os Poderes.

Um exemplo? O “palpitômetro” montado para combater o PL 4.330/2004, que trata da terceirização de serviços, em debate na Câmara dos Deputados, e visa formalizar a situação de 15 milhões de trabalhadores, hoje sob a égide da ultrapassada Súmula 331 do TST. Pois bem, o verbo contra esse projeto legislativo não só foi encampado pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, como recebeu o endosso de 19 ministros do TST, cuja assinatura em manifesto público escancara a tese de um prejulgamento.

Imagine-se como se comportaria a plêiade de altos juízes ante a eventual aprovação de uma lei pelo Poder ao qual, de direito, cabe legislar. Sua decisão seria justa? Não estamos diante de um flagrante de controle prévio de constitucionalidade?

A insensatez faz-se presente na vida de outros figurantes da vida institucional. Entorta seus passos em variadas instâncias. Veja-se o caso do Ministério Público, com sua função essencial à justiça, constituído por um batalhão de guerreiros em defesa da sociedade, muitos ainda jovens, mas tocados pela chama cívica.

AÇÕES DO MP

Projetos de magnitude, vitais para o desenvolvimento do país, são retardados ou mesmo se tornam inviáveis por ações impetradas pelo MP, com base em irregularidades apontadas na concessão de licenças ambientais. Recorrente indagação: os processos não estariam contaminados por vieses ideológicos, visões ortodoxas, erros de análise ou mesmo falta de informações?

Multiplicam-se queixas contra o Ibama, o órgão de licenciamento ambiental. Recorde-se o caso da perereca de dois centímetros encontrada na Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica, entre a Via Dutra e a antiga Rio-São Paulo, que atrasou em um ano e meio as obras do Arco Metropolitano – 77 km de pistas que ligam Itaboraí ao porto de Itaguaí. Solução? Um viaduto sobre o lago das pererecas. Há mais de 1.600 processos de licenciamento em curso, o que cria suspeitas sobre as razões da excessiva morosidade.

Da insensatez para a desfaçatez o salto é menor que o da perereca fluminense. A questão é saber se um Estado carente de serviços básicos pode esbanjar seus parcos recursos. Ora, no Brasil, tudo é possível. (transcrito de O Tempo)

Governador Wagner defende subsecretário que atirou em camponeses e diz que ‘manifestantes exageram’

Antes da ditadura militar os trabalhadores do campo eram chamados de camponeses. Durante o regime militar: rurícolas. Rurícula tem os seguintes sinônimos: aldeãocampôniomaloio e vilão.

Hojemente: sem terra, no país que ninguém defende a reforma agrária, e que virou um imenso latifúndio, dizem que nossa vocação é agrícola, desde 1536, quando teve início a primeira plantação de cana em Pernambuco.

Lá na Bahia, publica o Jornal da Chapada, a atitude do subsecretário de Segurança Pública  Ary Pereira, que disparou três tiros para dispersar a invasão de integrantes do Movimento dos Sem-Terra à sede da pasta, não desagradou o governador Jaques Wagner. Em entrevista ao jornalista Samuel Celestino, no programa Bahia Notícias no Ar, da Rede Tudo FM 102.5, nesta quarta-feira (11), o petista, embora tenha dito que vê “com preocupação” o caso, definiu a ação como um “ato-limite”, ao criticar o posicionamento dos manifestantes na SSP.

O governador seu pistoleiro (foto montagem)
O governador & seu pistoleiro

“Os movimentos exageram. Não acho razoável que eles cheguem à secretaria às 8h da manhã, com foices e facões. Eles já tinham praticamente entrado no saguão, quando Ary, que estava na casa dele, atirou para intimidar o pessoal. Daqui a pouco eles iam estar sentados na cadeira do secretário”, reclamou.

De acordo com o líder do Executivo baiano, a porta do governo “nunca esteve fechada” para os movimentos sociais, mas muitos protestos têm confundido democracia com baderna. “Para muita gente que está de fora, é simples dizer que o subsecretário está errado, mas ninguém estava na pele dele. Em um ambiente de violência, você age com violência ele correspondeu a uma atitude extrema com outra atitude extrema”, protegeu. Extraído do Bahia Notícias.

Nota do redator do blogue: Em 1964, foram republicadas fotografias de comício de Jango, no Recife, onde aparecem camponeses com foices e facões.

Os golpistas justificaram a deposição: Jango tinha “um exército de cem mil camponeses armados de foice e facões”.

Brasil: Marcha en Paraná abre la XII Jornada de Agroecología

Soberanía alimentaría y comercio

b_350_0_16777215_00___images_12jor.jpgMás de tres mil agricultores, investigadores y estudiantes marcharon este miércoles por Centro de Paraná, Brasil  para dar  inicio da XXII Jornada de Agroecología de Paraná. La marcha tuvo inicio en la Universidad Estatal de Maringá, pasando por el centro de la  ciudad y terminando en la Plaza Raposo Tavares.

Esta  marcha tuvo como objetivo dialogar con la ciudade sobre la importancia de la agroecología frente a los males del agronegocio. “Trabajadores del campo y de la ciudad necesitan juntar fuerzas para luchar por un modelo de producción sin agrotóxicos, transgénicos y que respete el medio ambiente”, afirma Salete Mariane, de la dirección nacional del  Movimiento Sin Tierra.

La Jornada de Agroecología se desarrolla en la Escuela Milton Santos hasta el  sábado (10/08). Durante este período, todos los presentes participarán de seminarios y talleres sobre la coyuntura agraria brasileña y latinoamerica, intercambiando experiencias concretas en el área de la agroecología.

“Denunciamos la utilización de los transgénicos  y agrotóxicos por el agronegocio, mas anunciamos el modelo agroecológico  y de agricultura familiar. Los movimientos campesinos de Brasil marchan en esta XXII  jornada por un campo justo y solidario”, señala Diego Moreira del MST.

Durante la marcha, otros movimientos y organizaciones manifestaron el apoyo y compromiso con la lucha contra el modelo que supere el agronegocio. Hellen Lima del Levante Popular de la Juventud, habla sobre el papel protagónico de los  jóvenes en esta jornada y en la transformación social del campo y la ciudad.

“Solo la juventud organizada es capaz de llevar a cabo un proyecto de transformaciones de nuestro país”, indica Hellen Lima, integrante del Levante Popular de la Juventud. Entre los cambios necesarios para Brasil Hellen señala la Reforma Agraria, la  democratización de la comunicación y el  acceso a la  educación pública y de calidad para la población.

 

“La tecnología debe estar al servicio del agricultor, y no imponer la exclusión del campo, además, la producción de alimentos que hacen mal a la salud, destruyen el medio ambiente y la diversidad, dice José María Tardin, coordinadora de la Escuela Latino Americana de Agroecología.

Cartum Steve Greenberg
Cartum Steve Greenberg

Otro paso para Fortalecer la lucha por la Soberanía Alimentaria

Comunicación Vía Campesina

recorte%20web.jpgLuego de un proceso  de casi una década de discusión y construcción llegamos a la I Asamblea Continental de la Alianza por la Soberanía Alimentaria de los Pueblos de América Latina y el Caribe, instancia desde la que esperamos lograr mayor coordinación de luchas y acciones en torno a la construcción de la Soberanía Alimentaria como un eje estratégico, imprescindible para fortalecer el proceso de integración Latinoamericana con carácter popular, con Soberanía popular y democracias fortalecidas ante las arremetidas de las transnacionales y el imperio.

El contexto, requiere de máximos esfuerzos de articulación y unidad del campo popular, las crisis, sobre todo la crisis alimentaria y la ambiental están estrechamente ligadas al modelo de la agricultura Industrial y de los agronegocios.

Este modelo presenta las consecuencias de la ofensiva del capital financiero y las transnacionales en la agricultura que tuvo comienzo en la pos guerra con la Revolución Verde, pretexto para lograr que las transnacionales bélicas que fabricaron armamentos, maquinarias y químicos puedan obtener mercados en el mundo agrícola. Desde ese momento vemos el desenlace de diversos mecanismos  de destrucción de sistemas locales de producción de alimentos, de desplazamientos de millones de campesinos y campesinas, de mercantilización de la tierra, los bienes naturales y los alimentos. La globalización y la consecuente hegemonía del capital financiero aceleró este proceso, surgieron tecnologías funcionales a las transnacionales como las semillas transgénicas y resistentes a agrotóxicos. Por primera vez en la historia de la humanidad llegamos a tener mayor población urbana que rural, muchas ferias y mercados locales fueron reemplazados por hipermercados, y los comoditties subordinando territorios nacionales a las transnacionales, los alimentos cotizando en bolsa y sus precios en un aumento sostenido por la presión de los fondos especulativos. El mercado global de alimentos en manos de un puñado de corporaciones que dominan todos los eslabones de la misma.

En la cumbre mundial de la Alimentación de 1996 , la cifra de 800 millones de hambrientos resultó un escándalo, sin embargo, el lobby empresario, instaló la idea de que el problema era falta de tecnología, proponiendo multiplicar las acciones de promoción y desarrollo de la Agricultura Industrial y su paquete destructor.  En cuanto a la urgencia del hambre, esta tendencia de lucro por encima de la vida, propone alcanzar la Seguridad Alimentaria, es decir, terminar con el hambre por medio de donaciones caritativas de alimentos desde los países ricos a los subdesarrollados.

En ese momento, en la misma Cumbre se alzó la voz de La Vía Campesina Internacional.
En completo desacuerdo con estas “propuestas de la FAO”. Los pueblos tienen el derecho de producir sus propios alimentos, las campesinas y campesinos han alimentado a la humanidad durante 10 mil años, y aun hoy con tan solo 1/3 de la tierra, alimentamos al 75% de la población mundial, difícil que exista justicia y democracia en pueblos que no tienen autonomía alimentaria. Allí surgió la propuesta de la Soberanía Alimentaria, como respuesta a las evidentes mentiras del capital. La Soberanía Alimentaria, es un plateo político, que considera que los pueblos tienen derecho a producir y consumir sus propios alimentos. Para ello la tierra debe estar en función del bien común, es un bien social y son campesinos, campesinas, pueblos originarios, trabajadores quienes pueden garantizarlo.

La crisis ambiental, también está directamente relacionada al modelo agropecuario, casi el 50% de las emisiones de gases con efecto invernadero provienen de la cadena agroindustrial, por el enorme consumo de combustibles fósiles, agrotóxicos y fertilizantes, y plásticos para el packing. Por eso sostenemos que la Agricultura campesina Enfría en planeta.  Nos encontramos en un momento más que interesante en América Latina, con un proyecto de integración , de construcción de la patria grande, bajo principios antimperialistas, anticolonialista, con horizonte al socialismo,  que se enfrenta en una disputa sin cuartel con  proyecto del imperialismo yanqui, del capital reinando con su lógica egoísta  y donde todo tiene su precio.

En ese marco entendemos que la Soberanía Alimentaria es una piedra fundamental del proyecto popular. Y entonces la disputa de Agricultura campesina vs Agricultura Industrial – Agronegocios hace parte de las contradicciones fundamentales.

En el continente, se ha agudizado el acaparamiento de Tierras, los desalojos y asesinatos de dirigentes campesinos, indígenas, millones de hectáreas de bosques y selvas son destruidas, aguas contaminadas, pueblos enteros fumigados.  Empiezan a morir las abejas… y como dijera Albert Einstein, «Cuando se muera la última abeja, cuatro años después, desaparecerá la especie humana».

Según la FAO 1000 millones de hambrientos aproximadamente hay en el mundo hoy, sumando a 500 millones de obesos, esto se acompaña también según la FAO, con que más del 40% de los alimentos de la cadena agroalimentaria industrial se desperdician por descomposición.

La soberanía Alimentaria es una propuesta política, económica social y cultural, que solo puede ser alcanzada en el marco del avance del proyecto popular.

Así, esperamos que la Alianza por la Soberanía Alimentaria, permita darle mayor vitalidad a la confluencia de distintos procesos de articulación y lucha, Amigos de la Tierra, El Consejo de Tratados de Pueblos Indios, MAELA, COPROFAM, son algunas de las redes que forman parte de esta iniciativa junto a la CLOC Vía Campesina.

El año 2014 ha sido declarado el año mundial de la Agricultura Familiar, y será muy importante dar la lucha ideológica en cuanto a los conceptos y significancias. Para algunos agricultura familiar se refiere a agronegocios de pequeña escala y “dirigidos” por miembros de una familia. Para nosotros no, por eso insistimos con el término Campesino, que hace referencia a una forma de vida, que tiene una memoria histórica,  en la cual predomina el espíritu del bien común, el trabajo digno como un valor fundamental para el desarrollo de los pueblos, con una fuerte relación con los mercados locales y una práctica productiva basada en la armonía con la naturaleza. Sintiendo a la Tierra como nuestra madre, por eso los campesinos y campesinas vivimos en la tierra, trabajamos, producimos alimentos sanos y diversos,  hacemos nuestros hijos, festejamos y morimos en la tierra.

Por eso hablamos de una propuesta clara:  Agricultura campesina, con base agroecológica y hacia la Soberanía Alimentaria.

Claro que consideramos aliados a todas y todos aquellos que se identifican con este modelo pero lo denominan agricultura familiar, como con los pastores, los pescadores artesanales, los indígenas.

En estos últimos tiempos la FAO está cambiando el rumbo, muy a pesar de su burocracia, ya ha reconocido que para revertir el hambre es necesario fortalecer la agricultura familiar, aprobó en conjunto con el CSA las directrices de la Tierra, donde recomienda a los gobiernos a generar políticas de acceso a la tierra para agricultura familiar y campesina. Sin embargo, la gran mayoría de gobiernos progresistas continúan con políticas agrarias funcionales a la agricultura industrial, donde la tierra queda subordinada a los intereses transnacionales y de oligarquías locales.

Por eso otro objetivo de esta Alianza es promover cambios en las políticas agrarias para favorecer políticas publicas orientadas a la Soberanía Alimentaria, Reformas Agrarias Integrales, Créditos a los campesinos, educación y salud de calidad en el campo, fortaleciendo de mercados locales etc…, es decir lograr instalar en las agendas de UNASUR, CELAC y ALBA estas políticas, además de poder establecer más acciones  con organizaciones urbanas y de trabajadores.

Nace la Alianza por la Soberanía Alimentaria, para sembrar más esperanza, sembrar más luchas esperando  cosechar  conquistas populares y nuevos desafíos.

Diego Montón

Secretaría Operativa

CLOC -Vía Campesina

 

pesticidas verde plantação alimento latifúndio

Las caras ocultas del milagro brasileño

por José Manuel Rambla
Público.es

KAP
KAP

En realidad, tan sorprendente como la irrupción de la protesta es la facilidad con que la pobreza reaparece en Brasil pese a la bonanza económica y los maquillajes estadísticos. Fijada la línea de la miseria en 2009 en una renta per cápita de 70 reales mensuales (unos 28 euros), el gobierno de Dilma Rousseff presenta como uno de los grandes logros sociales de su gestión haber acabado con la pobreza extrema.

Sin embargo, la prensa le recordaba recientemente que sólo aplicando la desviación inflacionaria que situaría el límite de ingresos mensuales en 86,46 reales (34,5 euros), 27,3 millones de brasileños regresarían estadísticamente a una pobreza que, en la realidad, nunca abandonaron.

La cifra es, en cualquier caso, más que significativa: todos esos millones de personas sobreviven en el Brasil del milagro económico con menos de tres reales al día, menos de lo que cuesta un billete de autobús en São Paulo que la última subida fijó en 3,20 reales.

Son la otra cara del neodesarrollismo impulsado primero por el derechista Fernando Henrique Cardoso y proseguido, con algunos matices populistas, por los gabinetes de Lula y Rousseff.

Gobiernos que apostaron por la expansión del agronegocio transgénico como motor económico o por unas políticas de bajos tipos de interés para mantener a una pujante clase media en el espejismo consumista a costa del endeudamiento privado.

O que, paralelamente, renunciaron a atajar problemas endémicos de la democracia brasileña como la corrupción o a impulsar un proyecto que transformase las injustas estructuras socioeconómicas brasileñas, tal y como como evidencia, por ejemplo, una reforma agraria más olvidada que nunca como viene denunciando el Movimiento Sin Tierra.

Mientras tanto, el Brasil borracho de éxito sigue proyectando su imagen de triunfo, con unos macroeventos deportivos que se presentan como una gran catarsis de triunfo colectivo. Frente a ello, no son pocos los que llevan tiempo cuestionando la forma en que se están preparando la claudicante sumisión a las imposiciones de la FIFA, el desalojo de más de 170.00 personas -en su mayoría residentes en favelas- para las obras del Mundial y las Olimpiadas, o las inversiones millonarias de dinero público que, sin embargo, sigue sin llegar en la cuantía necesaria a sectores clave para el futuro del país como la educación. Son las caras ocultas del poliédrico milagro brasileño que estos días, entre bombas de humo, se empeñan en salir a la luz en las calles de São Paulo, Rio o Brasilia.

Elihu Duayer
Elihu Duayer