
“As pesquisas apontam para as mesmas conclusões. ‘A gente não quer só comida, a gente não quer só dinheiro. A gente quer comida, diversão e arte. A gente quer dinheiro e felicidade’. O que a música indicava sintetiza bem a resposta. A problemática não se esgota apenas com dinheiro, ainda que seja muito importante. Se fosse, todos com pior condição econômica se perderiam na violência. O que está além é o afeto. Antes de matar alguém, tem que acabar algo dentro de você. Quem está mais vulnerável é quem viveu uma rejeição afetiva forte, desde a família até a comunidade. É a invisibilidade social”.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares fala sobre a violência no Brasil.
Grande parte da violência está ligada às drogas. O que você tem a dizer sobre isso?
“Sou defensor da legalização de todas as drogas. Quando se tem a legalização, há um controle de qualidade, regras e uma disciplina. Veja o álcool, que é uma das drogas que mais matam. São mais de 15 milhões de alcoólatras no Brasil. Ninguém discute a criminalização, pois imagine o tráfico dessa substância. Contra ela há várias forma de tratamentos e campanhas educativas para evitar os abusos. As sociedades que melhor se relacionam com o álcool são as que trabalham com a autogestão e estabeleceram limites, como Israel, Itália e França. O melhor caminho para combater os abusos não é criminalizando, mas transformando em um problema de saúde. O mundo todo mostra que é impossível controlar o tráfico de drogas, mesmo com as melhores polícias. Se é inevitável o acesso, em que contexto seria mais adequado vivenciar isso? O de prisão ou o de discussão de saúde e educação? O criminal já se provou ineficaz. Outros países já mostraram que o caminho é mais racional, como na Holanda”.
Muita gente esquece. Pobre tem direito a ser feliz.
Por que uns tem de sofrer, outros não?
Não quer trabalhar, não tem. Não estudou, não tem. Duas respostas nefastas da direita, dos racistas, dos nazistas, das elites, dos fariseus.
Quem mais trabalha, ganha menos. Quem pega no pesado, recebe o salário mínimo do mínimo.
Quem mais estuda, depois de formado termina recebendo o salário piso.
Como diz a canção: “que mundo é este que, para ser escravo é preciso estudar”. Escute a música