Ter ou não ter Copa. Prisão de vice em protesto expõe racha da UNE

Katerine Oliveira
Katerine Oliveira

Apesar da posição favorável da UNE à realização da Copa no Brasil, a 1ª vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, Katerine Oliveira, de 23 anos, foi detida durante o protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil realizado no sábado, 25 de janeiro, no centro de São Paulo.
Katerine Oliveira participa do grupo Rebele-se, um dos coletivos de oposição à atual direção da entidade. Ao contrário da posição oficial da UNE, o grupo se coloca contra a realização da Copa da forma como está sendo feita: os gastos são considerados abusivos e mal coordenados. “Em dez anos, foram feitas duas reformas no Maracanã” exemplifica a vice-presidente, em entrevista à CartaCapital. E emenda: “eles chegaram a postar na página da UNE uma mensagem defendendo o trabalho voluntário durante a Copa. Achamos que a instituição não deveria se prestar a isso.”

Postado na página de Katerine Oliveira no Facebook
Postado na página de Katerine Oliveira no Facebook

Normalmente a UNE apoia as ações do governo federal. O Ministério dos Esportes é presidido por Aldo Rebelo, do PCdoB, partido domina a UNE há cerca de duas décadas e tem entre seus filiados sua atual presidenta, Virgínia Barros, de 27 anos. Virgínia defendeu a realização do evento e diz que na UNE discute-se, contando com os diversos coletivos, o legado deixado pela Copa, que na sua visão é positivo. “Falamos do legado social da Copa, que vem promovendo a criação de cidades melhores. Não temos uma visão unilateral do evento, vemos como uma oportunidade para o País.” Quanto à oposição dentro da UNE, Virgínia reforça que a instituição é formada por diversos coletivos, e que as articulações se dão sempre por encontros, debates e votações.

Virgínia Barros
Virgínia Barros

Virgína diz que a UNE condena a detenção de sua vice-presidente Katerine e a ação da polícia em protestos, independente da pauta dos mesmos. “Defendemos a desmilitarização da polícia e também repudiamos a criminalização de movimentos sociais. As manifestações são legítimas e, neste caso, fica claro o despreparo da polícia em lidar com isso.”
A UNE teve em uma semana três prisões de seus membros. Além de Katerine, dois diretores, Mateus Weber e Igor Mayworm, foram detidos pela polícia por estarem acampados em frente ao Palácio do Planalto, em protesto quanto ao descredenciamento, acontecido no dia 13 de janeiro, das universidade Gama Filho e da UniverCidade.

Ação policial
Katerine narrou os acontecimentos de sábado, quando foi detida. Junto a um grupo de outros manifestantes, ela entrou em um hotel na Rua Augusta para se proteger das bombas de efeito moral e balas de borracha que estavam sendo lançadas pela polícia. O recepcionista do hotel acabou permitindo que os jovens ficassem por lá até que a situação se acalmasse.
No entanto, a polícia entrou no estabelecimento e, com ameaças, obrigou os manifestantes a se agacharem. “Não quebramos nada na recepção. Os policiais gritaram e usaram insultos para coibir os manifestantes, que não reagiram em nenhum momento. Um deles chegou a dizer ‘Levanta, vadia’ para uma das meninas. O comandante era o mais alterado, e ele não tinha nenhuma identificação” diz Katerine, que viu apenas um dos policiais utilizando o nome no uniforme.
O que chamou a atenção de Katerine foi a insistência em apagar qualquer registro que pudesse ter sido feito. Aos manifestantes, ela conta, foi pedido que entregassem os celulares ou câmeras, enquanto eram apagadas as filmagens e os aparelhos desligados. “Ouvi os policiais perguntando ao recepcionista aonde ficavam as câmeras de segurança. Não sei se elas foram apagadas, mas ouvi perguntarem por elas. Percebi que estavam preocupados com as gravações”.

OS PRESOS DA POLÍCIA DE SÉRGIO CABRAL. "Olha a gente aí", escreveu Katerine Oliveira na página do Facebbok.
OS PRESOS DA POLÍCIA DE SÉRGIO CABRAL. “Olha a gente aí”, escreveu Katerine Oliveira na página do Facebbok.

O grupo de Katerine foi encaminhado a 78º DP dos Jardins para fazer ocorrência. Às 3 da manhã, estavam liberados. Um rapaz de 22 anos, Fabrício Proteus Nunes, que não estava no grupo de Katerine mas participava da manifestação, está em estado grave na Santa Casa, em Higienópolis, depois ser atingido por três tiros disparados por um policial. Oficialmente, a PM alega legítima defesa na ação.

Katerine Oliveira promete não parar com os protestos: “Não fugimos da luta! Semana que vem tem mais!“ . E indica a página #copapraquem na internet

Presidente da França manda a polícia maneirar com os estudantes

Depois da revolta estudantil contra a deportação de uma cigana, François Hollande estende a bandeira de paz. Aqui no Brasil os soldados estaduais, acostumados a bater nos favelados, escancara a brutalidade dos tempos da ditadura militar contra os estudantes. Isso até que é bom: mostra para os jovens de hoje como era o Brasil nos tempos de chumbo, após o golpe de 64.

 

Los secundarios ocuparon decenas de colegios para reclamar el regreso de Dibrani y del armenio Khatchik Kachatryan, de 19 años, también deportado.
Los secundarios ocuparon decenas de colegios para reclamar el regreso de Dibrani y del armenio Khatchik Kachatryan, de 19 años, también deportado.

Luego de la polémica por la expulsión de dos estudiantes inmigrantes y tras las masivas marchas de repudio encabezada por miles de secundarios, el presidente francés autorizó a la joven kosovar Leonarda Dibrani a regresar al país “pero sola”, es decir sin su familia. La propuesta fue rechazada por la joven de 15 años: “No quiero estar sola en Francia, no dejaré a mi familia”, respondió.

“No era la única que iba a la escuela, mis (cinco) hermanos y hermanas también iban”, dijo la niña de etnia gitana había sido detenida en París cuando estaba en una excursión escolar y fue deportada a Kosovo.

Durante una corta alocución ante los medios en el Palacio presidencial del Eliseo, Francoise Hollan dijo: “Si ella lo solicita, se organizará su regreso, para ella sola”, y criticó la “falta de discreción” de los policías que realizaron la deportación, pero aclarando que no hubo ningún error en determinar su expulsión.

Hollande aseguró que prohibirá las detenciones en los entornos escolares, de modo que seguirá la recomendación de un informe encargado por el gobierno que le aconseja concretar las reglas vigentes para evitar en el futuro acciones en el ámbito escolar. El mismo texto de 24 páginas, presentado por ministro del polémico Interior, Manuel Valls, respalda sin embargo la controvertida deportación, aunque critica la actuación desproporcionada de la policía.

El informe señala que la deportación tuvo lugar “en consonancia con las leyes”, aunque considera que la acción no debía haberse llevado a cabo en el entorno escolar. Valls fue muy criticado, incluso dentro de su gobierno socialista por esa acción y por su posición contra los extranjeros que viven en situación ilegal en Francia.

“Ninguna regla de derecho nos obliga a rever la expulsión familiar, pero teniendo en cuenta las circunstancias y la legítima emoción que esta expulsión generó en la juventud realizamos este gesto de humanismo”, agregó Hollande. (Página 12)