
Artistas, escritores, poetas, jornalistas e educadores da rede pública morrem na miséria em Pernambuco, notadamente no Recife.
O poeta Carlos Pena Filho, termina assim seu Guia Prático da Cidade do Recife:
“Recife, cruel cidade,
águia sangrenta, leão.
Ingrata para os da terra,
boa para os que não são.
Amiga dos que a maltratam,
inimiga dos que não
este é o teu retrato feito
com tintas do teu verão
e desmaiadas lembranças
do tempo em que também eras
noiva da revolução”
Um prefeito não faz nada que preste para o povo, principalmente pela Cultura.
Que realiza um prefeito, se o Recife não tem museu, biblioteca, editora, universidade, cinema, tv educativa e passeio público?
As festas tradicionais – Carnaval, São João, Natal e Virada do Ano Novo – são animadas por artistas de fora, contratados a peso de ouro.
Que diabo um prefeito do Recife empreende com os bilhões que arrecada?
Constrói e varre os caminhos dos shoppings.
PALACETE PARA 50 ARTISTAS EM SÃO PAULO
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, inaugurou nesta sexta-feira (12) o edifício Palacete dos Artistas, destinado a moradia popular de artistas com mais de 60 anos e renda familiar de um a três salários mínimos.
Os 50 artistas beneficiados terão que pagar de 10% a 12% da renda mensal deles pelo apartamento. O contrato será renovado a cada quatro anos.
O imóvel permanecerá como propriedade pública. “Uma locação social a um preço bastante módico para permitir que o prédio seja sempre destinado a artistas que dependam de locação”, explicou Haddad.
SÃO 50 HABITAÇÕES COMO HOMENAGEM E RECONHECIMENTO PELOS SERVIÇOS PRESTADOS ÀS ARTES
A Prefeitura de São Paulo entregou nesta sexta-feira (12) 50 apartamentos do Edifício Palacete dos Artistas, o antigo Hotel Cineasta, localizado na Avenida São João, a poucos metros do seu cruzamento com a Avenida Ipiranga. O edifício foi revitalizado e adaptado para ser o novo endereço de 50 artistas ligados a diversas entidades do meio, entre as quais o Sindicato dos Artistas, a Cooperativa Paulista de Teatro o Balé Stagium e o Movimento de Moradia dos Artistas e Técnicos.
“São 50 habitações, mas este número não expressa a importância do gesto. O nosso programa habitacional é mil vezes maior, mas [este gesto] significa muito mais do que isso. A sua dimensão quantitativa não retrata a dimensão qualitativa do projeto. Vocês certamente vão alegrar o centro, vão enriquecer a vida do centro e suas próprias vidas. Este é o reencontro da cidade com seu centro histórico. Requalificar o centro não é só reformar prédios. É, sobretudo, um gesto em direção às pessoas. E acho que o gesto não poderia ser mais significativo”, afirmou o prefeito Fernando Haddad na cerimônia onde foram entregues aos artistas as chaves de seus apartamentos.
A cantora aposentada Penha Maria, de 74 anos, é uma delas. Nesta sexta-feira (12), ao visitar o que será sua residência, não conteve a emoção. “Não tenho nem palavras. É um sonho. Achei o apartamento lindo”, disse com a voz embargada. O ator e diretor de teatro Kokocht, de 66 anos, elogiou a vista. “É maravilhosa, uma vista para a Avenida São João. Amei o apartamento. Está lindo”, afirmou.
O cantor Valdemar Farias, 85, popularmente conhecido como Roberto Luna, será um dos novos maradores do palacete. Atualmente, ele vive com sua companheira na casa de uma amiga no Horto Florestal, zona norte da capital. Nesta manhã, ele não escondia o seu contentamento pela conquista. “Sou da Paraíba e, quando cheguei em São Paulo, na década de 50, foi para o centro que eu vim. Fui morar no Hotel Excelsior. Hoje posso dizer que estou voltando às origens”, afirmou.
“Esta é a luta de nós artistas. Nós lutamos com a nossa alma, com a palavra, com a emoção e com o coração. E a nossa luta de tantos anos vai cada dia conquistando mais espaço”, afirmou a atriz Vicencia Militello, 71. Após receber a chave do apartamento que habitará, Vic, como é chamada pelos colegas, chamou atenção para a questão dos idosos e afirmou que o projeto contribui para uma melhoria da qualidade de vida dessa população. “Trazer para o Centro os idosos é importante, pois desobrigaremos eles a terem de andar de ônibus e atravessar a cidade frequentemente”, disse, lembrando que nem sempre os mais jovens são generosos de modo a facilitar suas vidas.
A INCRÍVEL HISTÓRIA DE PENHA MARIA, A SAPOTI DO NORDESTE
por Germano Barbosa

Ela foi a maior cantora do Norte e Nordeste do Brasil, de todos os tempos. Brilhou no Rio, em shows do rei da noite, Carlos Machado, foi aplaudida e elogiada pela imprensa em mais de 10 países da antiga cortina de ferro, representando a Varig. Trabalhou com Abelardo Figueiredo, no Beco e nas melhores casas noturnas de São Paulo, até que resolveu parar, em 1972, para cuidar da família. Agora, 42 anos depois, eu a encontrei, pobre e doente, mas completamente lúcida, em um lar para idosos, na periferia da capital paulista.
Simpática e muito educada, ela quer dar a volta por cima e voltar a cantar.
Eu a procurei, incansavelmente, durante mais de 10 anos.
Nascida em 22 de dezembro de 1939, em João Pessoa, Paraíba, com o nome de Maria da Penha Soares, desde cedo seus pais, Antônio e Hercília, lhe deram uma educação religiosa, tendo ela começado a cantar na igreja aos 10 anos.
Com 18 anos, depois de ganhar um concurso de calouros, estreou profissionalmente na Radio Tabajara, a melhor da capital paraibana, e aí começou a sua trajetória de sucesso.
Dois anos depois, em 1959, o grande maestro Giuseppe Mastroianni a descobriu e levou-a para a Rádio Jornal do Comércio de Recife. No ano seguinte, ela inaugurou a TV Jornal do Comércio, onde sua voz, maravilhosa, aliada a sua beleza e elegância, deslumbrava os espectadores, participando dos famosos programas da época, Você Faz o Show, de seu grande amigo Fernando Castelão, Noite de Black-Tie e Bossa 2, de Nair Silva.
Durante cinco anos, foi eleita a melhor cantora de Recife, sendo conhecida como “a sapoti do nordeste”.
Penha era convidada para cantar para as grandes personalidades da época que passavam por Recife, como o governador de São Paulo Ademar de Barros e o presidente Juscelino Kubitchek, e cantou ao lado de grandes ídolos, como Cauby Peixoto e Angela Maria. Transcrevi trechos. Leia mais
RECIFE QUEIMA DINHEIRO NO RÉVEILLON
No Palacete dos Artistas de São Paulo foram investidos cerca de R$ 8,2 milhões, sendo R$ 1,3 milhão em restauro; R$ 5,1 milhões em reformas e adequações em geral e R$ 1,8 milhão em reforços da estrutura do prédio e adequação e instalação dos elevadores. Outros R$ 4,2 milhões foram gastos com a desapropriação do edifício.
A fonte de recurso foi do governo federal, por meio do Programa Especial de Habitação Popular (PEHP), que previa o financiamento para esse tipo de empreendimento a fundo perdido por meio da Caixa Econômica Federal.
No Recife gasta-se muito mais com qualquer festança. Como acontece no Réveillon, com a queima de fogos e carnaval à baiana.
Os palacetes e casarões do Recife, reservados para a especulação imobiliária, deveriam ser transformados em museus, biblioteca de bairros, asilos, casas de artistas, de educadores, de jornalistas, ateliês, escolas de arte como a de João Pernambuco na Várzea, cinemateca, sede de bandas de música, galerias de arte etc