Paulo Magalhães, membro da Quercus, investigador em Sociologia na Universidade Nova de Lisboa e autor do livro “O condomínio da Terra – Das alterações climáticas a uma nova concepção jurídica do Planeta”, alerta:
– Temos de inverter valores. Uma floresta só entra no PIB de um país quando é transformada em madeira, quando está viva vale zero.
É o que acontece em São João da Barra com as matas e bosques e propriedades rurais desapropriadas pelo governador Sérgio Cabral e a prefeita Carla Machado. Trata-se de uma doação para Eike Batista construir uma siderúrgica e um porto, em Barra do Açu.
BELEZA ROUBADA POR EIKE BATISTA



Com a cumplicidade do governador corrupto Sérgio Cabral e da prefeita bandida Carla Machado, Eike Batista vai destruir praias, poluir o mar e o Rio Paraíba do Sul, devastar o que resta da Floresta Atlântica. Matas e bosques vão passar pela serra elétrica.
Formado em Direito, Paulo Magalhães integra a equipa da associação ambientalista Quercus que está a ultimar a proposta que vai levar à próxima conferência das Nações Unidas sobre Ambiente, a Rio+20. O nome é tudo: esta conferência (que se realiza em Junho de 2012) acontece 20 anos depois da famosa Cimeira da Terra, também no Rio de Janeiro. Foi nessa altura que se abordou pela primeira vez à escala das Nações Unidas a questão das alterações climáticas.
Uma Cimeira de Copenhaga (2009) falhada depois, a economia verde deixou de ser uma ideia para se ir pensando e tornou-se uma urgência. O que a Quercus sugere é que se tome medidas à escala global para mudar o paradigma econômico, reorientando o Mundo para a economia verde, à luz de um princípio de justiça universal. Um sistema em que se lucra ao contribuir para o bem comum e se paga pelo prejuízo causado – o chamado eco-saldo.
“Tem de haver um suporte jurídico global que seja a base para esta contabilidade”, refere Paulo Magalhães. No final do processo, a Terra seria gerida como um condomínio, isto é, um lugar que é de todos, com a vigilância das regras a caber a uma Organização Mundial do Ambiente. Isto contraria a competitividade histórica da Humanidade, admite. “O grande desafio deste século é organizar a interdependência ecológica”, refere.
Esperamos que Eike Batista e Sérgio sejam denunciados na Rio + 20. Se a política do arrasa da natureza, do aniquilamento do meio-ambiente de Eike bundinha de ouro e do governador Sérgio Cabral não for discutida, para que realizar a Conferência, particularmente no Rio de Janeiro?
Que São João da Barra seja salva! De que vale uma São João da Barra de Ferro, da Barra de Aço e da Barra de Cimento? Uma São João da Barra de Ouro apenas faz Eike Batista mais rico.