A Polícia Militar tem mania de matar menor sadio. Dá pra desconfiar. Será encomenda dos traficantes de órgãos? Ou um sádico prazer?
COMPLEXO DO ALEMÃO: MORADORES ACUSAM A POLÍCIA PELO ASSASSINATO DO MENINO EDUARDO
O menino Eduardo Jesus Ferreira, de 10 anos, foi baleado e morto com um tiro de fuzil na porta de casa, na favela da Grota, Complexo do Alemão.
Estudante do CIEP, Franscisco Mignone estava sentado na escada que dá acesso à sua casa, quando foi atingido por um tiro de fuzil no rosto.
Fontes de AND que têm acesso a policiais da UPP do Complexo do Alemão confirmaram que o autor do disparo foi um policial militar. Além de todos os PMs da Unidades terem ciência da informação, a família de Eduardo também acusa a polícia. Um vídeo divulgado pela página “Alemão Morro” mostra os minutos após a morte do menino.
Os policiais aparecem nas imagens desnorteados, sem reação, fugindo dos berros de desespero e repúdio da população.
Segundo informações do Coletivo Papo Reto, depois que foi feita a perícia no local do crime pela polícia civil, o corpo de Eduardo foi levado do Complexo em um carro da polícia com bombeiros debruçados sobre ele, ao invés de ser transportado em uma ambulância, com um mínimo de dignidade e como manda a lei. Mas o que é a lei, senão um pedaço de papel elaborado pelas classes dominantes para incriminar e matar os pobres?
Os costumeiros assassinatos de crianças por policiais ou balas perdidas não têm muita explicação.
As execuções de jovens podem ser mortes encomendadas pelos traficantes de órgãos, neste Brasil que rico não entra em fila de transplantes.
O V Simpósio Internacional para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, marcado para os dias 16 e 17 de abril, em Fortaleza/CE, vai discutir o combate a quadrilhas que exploram 2,4 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). No Brasil, a atuação desses grupos criminosos levou a Polícia Federal a abrir, de janeiro de 2010 a março deste ano, 374 inquéritos para investigar o tráfico doméstico e internacional de pessoas para fins de exploração sexual, sendo que 35 deles foram instaurados neste ano.
A polícia social do Rio de Janeiro divulga: “Em legítima defesa, a patrulha que vigiava a fronteira da favela em guerra, foi forçada a atirar, até que quatro tiros acertassem o corpo do perigoso bandido, traficante, e serial killer Patrick Ferreira de Queiroz. Era matar ou morrer”.
Patrick Ferreira de Queiroz, criança de 11 anos, considerado perigoso bandido, que sempre andava armado
Um, dois, três, quatro tiros em uma criança de onze anos. É muita covardia e crueldade
Hoje o jornal “O Dia” desmente a polícia. Escreve Helio Almeida: O ajudante de caminhão Daniel Pinheiro de Queiroz, de 48 anos, negou nesta sexta-feira que seu filho, Patrick Ferreira de Queiroz, de 11 anos, estava armado quando foi morto por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Camarista Méier, na quinta-feira. No Instituto Médico Legal (IML) para a liberação do corpo, ele defendeu o menor e disse o filho não estava envolvido com o tráfico de drogas.
“Escutei os tiros e dez minutos depois um menino disse que o Patrick tinha sido baleado. Vi o corpo do Patrick com a mochila e radinho. O PM me mostrou a arma dizendo que era do Patrick, só que mais tarde me mostrou outra arma”, disse Daniel, pai de mais seis filhos.
Daniel Pinheiro de Queiroz, de 48 anos, negou nesta sexta-feira que seu filho, Patrick Ferreira de Queiroz, de 11 anos, estava armado quando foi executados por PMs assassinos
Segundo o pai da criança, Patrick estava brincando, soltando pipa, quando foi baleado. Daniel Pinheiro disse ainda não acreditar na morte da criança. “Quando lembro do meu filho, acho que nada disso aconteceu”.
A prima de Patrick, que não quis se identificar, afirmou que ele foi executado. “Deram um tiro e ele caiu sentado. Quando chegaram perto, eles deram mais três tiros. Meu primo disse que tava com sede e o policial pegou água e jogou na cara dele”, afirmou.
As armas utilizadas pelos policiais militares foram apreendidas e foi aberto um inquérito para apurar a morte do garoto. O inquérito decidirá que os militares devem ser condecorados como heróis. Pela coragem de enfrentar o perigoso menino de 11 anos. Que bem merecia a pena de morte decidida pela Polícia Militar de Pezão. De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o policiamento está reforçado na Camarista Méier e o clima na comunidade é de tranquilidade nesta manhã.
Como acontecia na ditadura militar, para evitar qualquer manifestação, ainda não se sabe o local, dia e hora do sepultamento de Patrick, cujo corpo não foi ainda liberado.
Prisão do coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Alexandre Fontenelle, nesta semana: PABLO JACOB
por Francho Barón/ El País/ Espanha
Enquanto o Governo do Rio de Janeiro luta com todas as forças para recuperar a confiança da sociedade em sua Polícia Militar e investe enormes somas de dinheiro em Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), com a finalidade de conquistar os moradores das favelas, o câncer da corrupção parece manter-se vivo no cerne da instituição. A detenção esta semana do coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, número três na pirâmide hierárquica da Polícia Militar e principal responsável pelo Comando de Operações Especiais (COE), que aglutina o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), o Grupo Aeromarítimo (GAM) e o Batalhão de Choque, três das corporações de elite mais firmes e respeitadas do Rio, confirma que as máfias continuam agindo nas fileiras da polícia carioca e que o problema está longe de ser resolvido.
Fontenelle e outros 24 policiais, entre os quais cinco oficiais, foram capturados durante a operação Amigos S.A., sob a acusação de formar um grupo criminoso que cobrava grandes quantias de dinheiro de comerciantes, mototaxistas, transportadores e motoristas de vans ilegais de passageiros em troca de fazer vista grossa e permitir que continuassem operando irregularmente. A operação representa um novo golpe na credibilidade da polícia do Rio.
O fato é que Fontenelle se uniu há seis anos ao grupo de 24 policiais que tentou proibir judicialmente a exibição do premiado filme Tropa de Elite, no qual as torpezas da Polícia Militar carioca são apresentadas cruamente. O já ex-comandante do COE argumentou que o longa metragem ofendia a honra e a dignidade da instituição. A denúncia foi rejeitada por uma juíza, que a considerou improcedente.
O mesmo policial que outrora alardeou de forma persistente a decência e a ética profissional de sua corporação saiu na segunda-feira passada pela porta de sua residência no rico bairro carioca do Leme escoltado por vários agentes e em meio a uma nuvem de fotógrafos que não perdiam detalhes de sua cara inexpressiva. A operação Amigos S.A. foi o ponto culminante de meses de investigações e escutas telefônicas que levaram à detenção de Fontenelle e 24 comparsas. No momento da captura, o oficial se encontrava em seu apartamento acompanhado da mãe e irmã. Segundo fontes policiais, no interior do imóvel havia objetos ostensivos. Fontenelle, com camiseta esportiva, tinha em sua carteira um papel simplório com rabiscos do que claramente era a contabilidade e a partilha de uma propina. “Eu 10.000”, dizia uma linha do documento. A polícia também apreendeu uma escritura de um imóvel na turística e glamorosa cidade costeira de Búzios, em seu nome.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, os 25 acusados criavam obstáculos ao trabalho da polícia no bairro periférico de Bangu, “deixando de servir à população”. A promotoria garante que o 14º Batalhão da Polícia Militar, que opera em Bangu, se transformou em uma “vitrine de negócios” ou numa “verdadeira sociedade anônima na qual os lucros provinham da arrecadação de subornos por parte de diversas equipes de policiais responsáveis por patrulhar a área”. Grande parte dos lucros era destinada ao que a promotoria denomina “a Administração”, que em português claro seria a cúpula policial encarregada de comandar a tropa, dar exemplo e manter a paz e a ordem nesse bairro pobre. Comerciantes, transportadores, mototaxistas e vans piratas pagavam semanal ou mensalmente quantidades de dinheiro que oscilavam entre 50 reais e 10.000 reais em troca de obter uma licença oficiosa para continuar com as atividades ilegais.
Da Operação Amigos S.A. se extraem três conclusões imediatas: primeiro, que a cruzada contra a corrupção policial lançada há anos pelo secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, continua em vigor. Com suas luzes e sombras, a gestão de Beltrame à frente das polícias do Rio não dá margem a dúvidas sobre sua determinação de limpar uma imagem historicamente manchada por inumeráveis episódios de corrupção. Em segundo lugar, a detenção de Fontenelle e seus comparsas deixa um sabor amargo, pois confirma fielmente que nem o mais alto escalão policial está livre de suspeita. Ainda assim, Beltrame declarou que não fará mudanças no comando da Polícia Militar, pelo menos de momento. Por último, o golpe da máfia policial de Bangu ocorre a pouco menos de três semanas das eleições presidenciais e para governador, algo que poderia interpretar-se como um sinal do atual governador, Luiz Fernando Pezão, para o eleitorado carioca, cansado dos frequentes casos de corrupção e amedrontado pela insegurança.
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, quase todos os indicadores de criminalidade pioraram no Estado durante os primeiros oito meses do ano, comparados com o mesmo período de 2013. Os aumentos mais significativos ocorreram nos seguintes indicadores: homicídios dolosos (11,4%), tentativas de homicídio (31%), roubos a comerciantes (23,5%), roubos de transeuntes (40,3%) e furtos de veículos (31%).
Nem os padres escapam
O crime no Rio de Janeiro não distingue classes, raças nem crenças. Isso ficou evidente na noite da segunda-feira passada, quando o carro oficial do arcebispo da cidade, o cardeal Orani João Tempesta, foi interceptado no bairro de Santa Teresa por três homens armados. No interior do veículo estavam o máximo representante do Vaticano no Rio, um seminarista, o fotógrafo da Arquidiocese e o motorista. Segundo o cardeal, um dos assaltantes o reconheceu imediatamente e pediu desculpas pelo roubo, mas isso não serviu para que a quadrilha reconsiderasse sua ação. Com as armas apontadas para os religiosos, os delinquentes levaram o anel, o colar, o crucifixo, a caneta e o telefone celular do arcebispo. Levaram também todo o material de trabalho do fotógrafo.
Tempesta, que é próximo ao Papa Francisco, conhecido pelo seu trabalho pastoral permanente e muito próximo aos estratos sociais mais humildes, não interrompeu sua agenda após o incidente. No entanto, os ladrões sim alteraram seus planos. Os pertences do religioso foram abandonados em plena rua, em um ato que pode ser interpretado como um posterior arrependimento. O cardeal recuperou tudo. Seu fotógrafo, porém, não teve a mesma sorte.
Quais candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual vão lembrar os trucidamentos da Polícia Militar do Rio de Janeiro. São milhares de desaparecidos.
Onde estão os assassinos de Márcia? Onde enterraram Amarildo?
Continuam soltos os covardes milicianos da Polícia Militar do Rio de Janeiro que assassinaram a doméstica Cláudia Silva Ferreira, favela, negra, casada, mãe de quatro filhos, sendo dois adotivos. Depois os torpes bandidos arrastaram o corpo de Cláudia pelas ruas da ex-Cidade Maravilhosa, capital do decadente rock, e destruída pelos governadores Sérgio Cabral e Pezão.
A polícia até agora não investigou ninguém, nem a justiça tarda e falha, que passa a ser cúmplice.
Mas o povo não esquece Cláudia. Dirá não nas urnas aos governadores Cabral e Pezão e à bancadas da bala.
HARETE
ESTHER MARIA PASSOS
E eu que nem sei o que é ser Claudia Silva… E nem sei o que dizer…
Mas uma reverência tem de ser feita. Um não tem que ser dito. E a memória, cravada.
Claudia Silva Ferreira. Um dia ela volta com a força de um milhão.
JÚLIA LIMAJORDANA MIRANDA
A gente se indigna com isso tudo porque realmente deseja o bem.
Na verdade o que ‘deveria ser’ vai além disso, pois não deveria existir nem tiroteios.
Mas enfim, para a questão, fico sonhando em como os policiais deveriam ser, realmente, humanos.
A favela se manifesta com timidez. Apenas cerca de 40 pessoas participaram de um protesto contra o despejo de alguns moradores. Por medo, talvez. Estamos na favela original, a primeira de todas: há pessoas vivendo no Morro da Providência desde 1897, muito antes do que em vários bairros do Rio de Janeiro. Os primeiros moradores, veteranos de guerra, se instalaram aqui para trabalhar no porto próximo, agora praticamente abandonado. E justamente para “regenerar” a zona portuária, a Prefeitura decidiu instalar um teleférico que conecta a base da comunidade com o seu ponto mais alto, a mais de 80 metros de altura: uma obra de 16 cabines, três estações e 90 milhões de reais. E o mais importante: cerca de 670 famílias que serão despejadas para dar lugar à infraestrutura. Nenhuma delas foi consultada; espera-se que todas recebam uma moradia, em teoria equivalente.
A riqueza e a pobreza no Brasil podem ser notadas claramente em uma cidade como o Rio de Janeiro. À beira-mar, os bairros de classe média e alta; sobre as montanhas de granito que emolduram a baía de Guanabara, as favelas. Os turistas que molham os pés nas praias de Copacabana, Ipanema ou Leblon só precisam levantar os olhos para ver a pobreza que está a pouca distância e o Cristo Redentor, que parece olhar em volta, incrédulo. Nesta cidade, a segunda maior do Brasil, cerca de 1,7 milhão de pessoas vive na favela: quase 15% da população. Rocinha, Dona Marta, Complexo do Alemão, centenas de manchas escuras no mapa com várias ruas sem nome. E é nesta cidade que vai acontecer a final da Copa do Mundo, em julho, e os Jogos Olímpicos, em 2016.
Durante décadas, os morros foram territórios sem lei nas mãos de grupos mafiosos e, depois, do narcotráfico. Mas o aumento da violência e a necessidade de arrumar a cidade para os turistas estrangeiros levaram o Governo do Rio a criar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), um setor da polícia dedicado exclusivamente a intervir nas áreas mais perigosas. Após grandes operações, em grande parte orquestrada para a imprensa, as UPPs conseguiram pacificar 28 favelas. Em muitas delas, os traficantes de drogas não ofereceram resistência alguma. Alertados com antecedência sobre a intervenção da polícia, eles simplesmente fugiram para outros bairros mais distantes do centro.
Mas, apesar das belas palavras e intenções, o medo continua. A Polícia Militar do Rio de Janeiro, que controla as UPPs, é tristemente conhecida pela sua corrupção e violência, especialmente contra os pobres. As favelas pacificadas vivem em um permanente estado de exceção, com policiais fortemente armados vigiando cada esquina. E, como as ONGs denunciam constantemente, muitos moradores que antes tinham medo dos traficantes, agora temem a polícia.
Ambos os lados fazem o que podem para aterrorizar os manifestantes no morro da Providência. Em frente às escadas que levam ao topo, guardas armados com fuzis formam um cordão de isolamento. “Se você quiser subir, suba, mas lá em cima as balas não são de borracha”, adverte um policial. A poucos metros de distância, narcotraficantes mostram a sua rejeição à manifestação. “Não é bom para o negócio”, dizem. O negócio, claro, é o tráfico de drogas, que ainda está ativo, apesar – ou com a conivência – da polícia O protesto acaba se dissolvendo.
Esta é a pax carioca: uma trégua tensa, um jogo de cartas marcadas sob o interesse de uns e de outros. Uma paz que, espera o Governo, dure pelo menos até os Jogos Olímpicos de 2016. Mas o status quo está sendo desafiado onde menos se espera: uma população cansada de sofrer sob a tirania conjunta de policiais e narcotraficantes e que, lentamente, mas de forma decisiva, está recuperando a sua voz. E quer ser ouvida.
O silêncio começou a ser quebrado quando em 16 de julho Amarildo de Souza Lima, de 43 anos, um pescador e peão de obra e o que fosse necessário para sustentar a sua mulher e os seus seis filhos, foi levado para o posto da UPP na favela da Rocinha, a maior do Rio de Janeiro, para “questionamentos”. Ele nunca mais foi visto desde então. A Rocinha está a menos de 10 minutos de carro do bairro do Leblon, onde o metro quadrado residencial é o mais caro da América Latina. Aqui, milhares de barracos de tijolos estão grudados parede com parede na encosta. É preciso a ajuda de um parente ou vizinho para andar pelo labirinto de vielas e escadas. Antes, também, é necessária a permissão do narcotráfico.
A casa de Amarildo é um barraco entre milhares, com piso de concreto e uma porta sempre aberta para a rua. Dentro, Elizabeth Gomes da Silva, a mulher de Amarildo, conversa enquanto seus filhos brincam com o som da televisão ao fundo. “Nós só queremos justiça”, diz. Ela não está sozinha. Alguns vizinhos chegam para ajudá-la a organizar uma manifestação exigindo uma explicação da polícia. Na marcha, que aconteceu em 3 de novembro, dezenas de pessoas percorreram as ruas da Rocinha com um manequim simbolizado o cadáver de Amarildo. Depois, fizeram um enterro simbólico.
Uma investigação interna da Divisão de Homicídios mostrou que os policiais da UPP submeteram Amarildo a choques elétricos. Depois, eles o sufocaram com um saco plástico e mergulharam a sua cabeça em um balde de água. Então, apagaram as luzes do quartel provisório e retiraram o seu corpo. Cerca de 25 policiais foram acusados pelo Ministério Público de tortura e assassinato. A única coisa que falta é saber onde está o corpo.
O destino de Amarildo não é a única razão que revoltou uma grande parte da sociedade civil brasileira. Em julho, milhares de pessoas tomaram as ruas de São Paulo, a maior cidade do país, para protestar contra um reajuste de 20 centavos nas tarifas do transporte público, o que afetaria o orçamento de muitas famílias que vivem com menos de 770 reais por mês.
O protesto, que se espalhou para outras cidades, foi essencialmente pacífico. Houve apenas alguns grupos de manifestantes que entraram em confronto com a polícia, os chamados black blocs, mas receberam toda a atenção da imprensa. Usando esses grupos como uma desculpa, a repressão foi desproporcionalmente violenta, com centenas de detidos, o que fez reacender os protestos que continuam intermitentemente até hoje. “E eles vão continuar crescendo à medida que se aproxima a Copa do Mundo”, disse Paula Daibert, colaboradora do grupo de comunicação coletiva Mídia NINJA.
Como pano de fundo, uma parte substancial da classe média urbana está descontente com algumas autoridades públicas, que afirmaram que os grandes eventos – Copa e Olimpíadas – seriam a oportunidade de resolver os muitos problemas das cidades brasileiras. As promessas não foram cumpridas e, a menos de 100 dias do Mundial, as maiores cidades do país continuam com graves problemas na educação, na saúde e especialmente na infraestrutura. A única coisa que foi feita – e com atraso – são os grandes estádios de futebol que, como se fosse o suficiente, custaram muito mais do que o previsto nos seus já superfaturados orçamentos.
Em 31 de outubro, uma manifestação com o lema O Grito da Liberdade percorreu o centro do Rio. Cerca de 3.000 pessoas marcharam de forma festiva até o bairro financeiro da cidade para exigir a libertação dos detidos nos protestos. Lá, a atmosfera estava carregada de tensão e o silêncio tomou a região. Só era possível ouvir o eco do rufar dos tambores em meio aos grandes edifícios de aço e vidro. Algumas pessoas gritavam o nome dos encarcerados.
O Brasil tem vivido nos últimos 15 anos um crescimento econômico espetacular que já serviu para reduzir as diferenças sociais, como confirmou um relatório da organização não-governamental Oxfam. Mas, em um dos 12 países mais desiguais do mundo, ainda há muito a ser feito. Atrás das grades de um apartamento no Leblon – quase indispensáveis em uma cidade onde os roubos são comuns – as luzes da Rocinha piscam à noite. De repente, várias explosões são ouvidas na favela. Fogos de artifício? Tiros? Não se sabe. Trata-se de mais uma evidência de que a pax carioca é frágil, ou talvez inexistente. O Rio de Janeiro espera atrás das grades que passe um espetáculo que poucas pessoas poderão desfrutar.
UMA BATALHA NA ZONA NORTE DO RIO. O PRENDE E ARREBENTA DA POLÍCIA VIROU EVENTO
Para lembrar a impunidade e reverenciar a dona de casa, esposa, mãe de quatros filhos, sendo dois adotivos, e cidadã carioca Cláudia Silva Ferreira, que foi cruel, bárbara, covardemente assassinada pela famigerada Polícia Militar do Rio de Janeiro, no mês terminal do governo Sérgio Cabral, o blogue Olga criou uma página para “alguns artistas gentilmente criaram imagens sensíveis, que se dispõe a resgatar a dignidade roubada por criminosos. Este projeto se chama 100 VEZES CLÁUDIA e é aberto para que qualquer um possa enviar suas homenagens. Ou seja, esperamos publicar aqui novas artes com frequência. Quem sabe não chegamos a 100? Por fim, gostaríamos de imprimir algumas das ilustrações e enviar à família de Cláudia. Quer participar? Escreva para olga@thinkolga.com.”
A campanha conta com mais de cem obras de arte. Vai ser a única, e eterna condenação dos policiais assassinos: o grupo que atirou duas vezes no doce e santo coração de Cláudia, e o grupo que arrastou seu corpo pelas ruas do Rio de Janeiro. É uma polícia que faz a limpeza do sangue impuro, o sangue negro nas favelas, e que viola cadáveres. Tudo indica que o corpo de Cláudia estava sendo levado para algum cemitério clandestino, onde foi enterrado o pedreiro Amarildo. Quando os PMs vão revelar o lugar macabro que enterraram Amarildo? Este cemitério clandestino foi usado pela ditadura militar?
110) AMANDA SALAMANDA109) GABRIELA BISCÁRO108) FERNANDA GUEDES107) ANA BARCELLOS
105) PROFESSORA CRISTIANE SCHIFELBEIN E ALUNOS Patrícia, Tainá, Pamela, Paola e GabrielaAndersonEdvan, Mateus, Matheus, Diego e AnaLethyciaLindsay. Luiza, André, Everton, Helena e MárcioPaulaKelvinMarvinSenira
Minha turma de Composição Visual, composta por alunos dos cursos superiores de Design de Produto, Design de Moda, Design Gráfico e Produção Multimídia da FTEC Faculdades de Caxias do Sul/RS, parou hoje para participar e somar no movimento 100 vezes Claudia que vocês propuseram.
Seguem alguns dos trabalhos dos brasileiros que não querem mais ver e nem viver preconceito de qualquer tipo e se unem para dizer basta!
Na cidade dos megaeventos, onde será realizada a “Copa das Copas”, o sonho de muitas famílias foi atropelado por um contingente de mil policiais militares.
Os PMs chegaram ao local às 4h da madrugada para cumprir a ordem de reintegração de posse a “mando” da Oi, e do Estado reacionário. Foram registrados momentos de pânico dos moradores da ocupação, que não se intimidaram e enfrentaram a repressão. Em inúmeros momentos, jornalistas e midiativistas flagraram policiais disparando tiros de munição letal contra moradores com pedras e paus.
Policiais do Bope com touca ninja por baixo do capacete, armados com fuzis; agentes do Batalhão de Ação com Cães; bombeiros e guarda municipal. Muitas viaturas estacionadas e outras fazendo o transporte dos agentes. Muitos disparos de bala de borracha, mas também, (irresponsavelmente) foi possível ouvir som de disparo de arma de fogo.
Moradores da ocupação relataram que mesmo enquanto passavam crianças, a repressão continuava. Os sem teto gritavam: “criança passando, criança passando”, mas os agentes continuavam utilizando spray de pimenta muito perto e bombas de efeito moral. Um morador que foi atingido por bala de borracha foi para o hospital Salgado Filho e perdeu o olho.
Um menino de 9 anos ficou ferido, também atingido por bala de borracha. Há diversos relatos de moradores que havia muitas mulheres grávidas na ocupação e também crianças recém nascidas. Seres humanos em pânico, covardia, truculência, crueldade, irresponsabilidade, violência, terror. Parece que esse será o único legado da Copa do Mundo no Brasil para o povão. “A rua agora é a nossa única casa!”, veja o vídeo produzido pelo jornal A Nova Democracia:
“Copa das Copas’, pra quem?
No estado autoritário de direito “vivemos” o drama secular da exclusão e da falta de políticas públicas de qualidade, em função disso, a partir dessa semana, as manifestações em torno de um dos maiores megaeventos do planeta vão explodir com mais intensidade por todo o Brasil.
Os protestos contra a Copa do Mundo representam a luta pelos interesses do povo e a defesa da dignidade humana, ferida por leis de exceção e pelo processo covarde de construção da Copa do Mundo da FIFA. Mas segundo Dona Dilma Rousseff: “Os brasileiros estão prontos para mostrar que sabem receber bem os turistas e contribuir para que esta seja a Copa das Copas”.
Copa das Copas pra quem? Para os turistas, as empreiteiras e a corrupção, para a mídia corporativa (Globo e similares). Para o povão, certamente que NÃO!
ATO Pelo fim das UPPs! Pelo fim das Remoções. Sem Saúde, Educação, Transporte e Moradia, Não Vai Ter Copa! Será na próxima terça feira, 15 de abril, às 18h na Candelária. Em apoio às lutas e manifestações, transcrevo a seguir o chamado e as reivindicações da Frente Independente Popular – RJ. Vamos pra rua!
PELO FIM DAS UPPS! PELO FIM DAS REMOÇÕES!
O futebol é o esporte das multidões; esporte das mais intensas paixões dos povos ao redor do planeta. Não negamos a importância do futebol para o povo brasileiro nem mesmo o papel do esporte e do lazer em uma sociedade. Entretanto, a Copa do Mundo da FIFA não se resume a um evento esportivo.
O grito ‘NÃO VAI TER COPA’ surgiu nas ruas, no levante popular de junho de 2013, quando milhares de pessoas em diversas cidades do país lutaram por melhores condições de vida e de trabalho. Gritar ‘NÃO VAI TER COPA’ é se posicionar contra o total domínio do poder econômico e de seus interesses nas decisões políticas, que devem ser determinadas pelo povo e voltadas única e exclusivamente às suas reais necessidades. Não podemos fechar os olhos para os crimes que estão sendo cometidos em nome da Copa do Mundo. Calar-se para o ‘NÃO VAI TER COPA’ é trair o povo pobre, é trair a luta contra a desigualdade social. É TRAIR as ruas!
Por que gritamos NÃO VAI TER COPA?
REMOÇÕES
Em nome da Copa do Mundo e das Olimpíadas, despejos ilegais e graves violações aos direitos humanos foram e estão sendo cometidos. Comunidades inteiras foram e estão sendo riscadas do mapa, acabando com a vida de milhares de pessoas.
As remoções geram dor, tristeza, abandono e morte. Todo o processo é uma tortura. Desde a pichação para marcar as casas (que lembram práticas nazistas) que serão demolidas, a pressão covarde – com intimidação e ameaças – dos agentes públicos da SMH (Secretaria Municipal de Habitação), até a retirada à força, muitas vezes, com a polícia empunhando armas de fogo para as pessoas saírem de suas próprias casas.
O Estado Burguês brasileiro, conhecido como Estado Democrático de Direito, nega o direito de toda a pessoa a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família os serviços sociais indispensáveis à dignidade humana – saúde, educação, limpeza urbana, transporte e HABITAÇÃO. O direito à moradia é completamente negado pelo Estado Burguês.
A Copa reproduz a exclusão social e racial. Aprofunda problemas sociais e ambientais nunca solucionados.
Mais de 250.000 famílias foram removidas e/ou vivem ameaçadas de remoção. Os gastos para a Copa do Mundo no Brasil passam os incríveis R$ 30 Bilhões (até o momento). Em comparação, as últimas três Copas do Mundo somadas chegam a R$ 25 bilhões.
ENORMES GASTOS PÚBLICOS E ELEFANTES BRANCOS
O que são os Elefantes brancos? São obras extremamente caras, grandiosas e, no entanto, TOTALMENTE INEFICIENTES. Na linguagem popular é o famoso “jogar dinheiro no lixo”.
Os estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não deverão sair por menos que três bilhões de reais no total. A verba será financiada via BNDES e pelos governos estaduais, que são composições de verbas públicas, portanto, o nosso dinheiro.
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, tem capacidade máxima para 71 mil pessoas. A contradição salta aos olhos quando olhamos para o público do primeiro jogo da final do campeonato brasiliense do ano passado: 1.956 pagantes. O mesmo cenário se repete nas outras três cidades mencionadas.
Em Manaus, o absurdo é ainda maior! O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, ligado ao Tribunal de Justiça do Amazonas, levantou a hipótese de transformar o recém-construído estádio em um ‘presídio’ temporário.
A reforma do Maracanã custou quase dois bilhões de reais e apenas três jogos da Copa do Mundo serão realizados no estádio. Gastou-se um valor maior do que construir um novo! O novo estádio, agora “arena”, apagou a identidade histórica do Maracanã. Torcedores e até jogadores da seleção espanhola e italiana tiveram essa sensação ao entrar no novo estádio: “Cadê a geral?” “É muito europeu.” “Igual aos outros estádios, perdeu a mística…”
OPRESSÃO DE GÊNERO E RAÇA
A Copa do Mundo da FIFA reproduz as antigas práticas machistas e incentiva a mercantilização do corpo.
Um exemplo são as camisetas vendidas pela Adidas, uma das multinacionais que patrocinam o megaevento. As camisetas estampam bundas de mulheres, e numa alusão grosseira reforçam a opressão de gênero e, em especial, as cotidianas agressões sexistas contra as brasileiras.
Somado a isso está o racismo: a FIFA se cala sobre inúmeros casos de racismo nos campeonatos europeus e pelo mundo; por ser negro, um casal foi recusado pela FIFA, com respaldo do governo, de apresentar o sorteio dos grupos da Copa – com o discurso de que o casal não se enquadra aos “padrões europeus”.
A Copa só fará aquecer ainda mais as redes de aliciamento que se beneficiam do mercado da exploração sexual. Na África do Sul, por exemplo, o número estimado aumentou de 100 para 140 mil, durante o megaevento de 2010.
O Brasil possui um dos maiores níveis de exploração sexual infanto-juvenil do mundo. Há denúncias do aumento de exploração sexual, incluindo crianças e adolescentes, nos arredores dos estádios e das grandes obras urbanas da Copa, que revelou, por exemplo, que garotas de 11 a 14 anos estão se prostituindo na região do Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
ELITIZAÇÃO = SEGREGAÇÃO NOS ESTÁDIOS
Os novos estádios ou arenas, só ficam ao nível da aparência. Na prática, há um trágico efeito colateral em curso: os custos das novas “arenas” (pagos com o dinheiro público, sendo assim, nosso dinheiro) são embutidos no preço dos ingressos, que ficam mais caros, gerando uma elitização do futebol. É o resultado da privatização dos espaços públicos – empresas capitalistas que só visam o próprio lucro passam a controlar espaços públicos.
Os tradicionais torcedores, a classe trabalhadora, os mesmos que construíram os estádios ou arenas, são excluídos de seus direitos, pois um trabalhador(a) não tem como pagar um ingresso que chega a custar 50% (ou mais) do salário mínimo.
Uma recente pesquisa apontou que no atual Campeonato Brasileiro os ingressos das novas arenas estão em média 119% mais caros que os nos estádios antigos.
REPRESSÃO
Mais preocupante que a campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a Copa do Mundo é o movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para expandir o aparato repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento – e muito provavelmente, depois.
Este movimento tem atuado em duas frentes: uma legislativa e outra ostensiva (policial e militar). Os projetos de lei que visam tipificar o crime de terrorismo no Brasil criam subterfúgios jurídicos para que o Judiciário possa enquadrar movimentos sociais e manifestantes como terroristas.
O governo federal agora envia Tropas Federais ao Rio de Janeiro com o discurso de conter o tráfico de drogas. O tráfico sempre existiu, nunca acabou. Por que agora? É uma ação dos governos (federal, estadual e municipal) para justificar a vinda das tropas federais, auxiliando na invasão das favelas, na instalação ou reforço das UPPs, ampliando o domínio e repressão do Estado e aumentado o lucro capitalista, já que a primeira ação do Estado é abrir as portas para que empresas privadas consigam novos consumidores.
Em um contexto de indignação e protestos, aumentam as forças repressivas para sufocar, reprimir e controlar as lutas populares, especialmente as seguidas revoltas que têm ocorrido nas favelas, locais de inúmeros focos de resistência. Pois é nas favelas que cotidianamente o povo pobre e negro é perseguido, torturado e assassinado.
O que aconteceu em Manguinhos foi mais uma revolta popular! Pois cerca de cem famílias ocuparam um galpão (vazio) atrás da biblioteca Parque de Manguinhos. A polícia militar tentou retirar as famílias à força. Diante da resistência dos moradores, os policiais atiraram bombas de gás e de efeito moral; a população respondeu com uma chuva de pedras e garrafas. Em seguida, os policiais começaram a atirar com armas de fogo. Várias pessoas ficaram feridas. Quatro jovens foram baleados. Um está em estado grave. É a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, das lutas e ocupações.
PROTESTOS
Diante de tantas arbitrariedades, violações de direitos humanos, processos de total exclusão social, apropriação do patrimônio público, desvio de verba pública, entre outros vários crimes contra o povo, protestar contra a realização da Copa da FIFA no Brasil não só é legítimo – é também um dever. Portanto, não se deixe intimidar por discursos mentirosos e por um patriotismo cego e incoerente com as necessidades do povo ou ainda por artigos escritos por jornalistas e intelectuais cujo verdadeiro compromisso é com determinado partido político ou com o próprio bolso.
A atuação da polícia contra as manifestações se intensifica, fato que ficou claro no protesto do último dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus Chaves foi baleado à queima roupa (quase o levando a morte) por policiais militares. Este covarde episódio que apenas representa a rotina nas favelas e periferias do Brasil, nos coloca em alerta para futuras manifestações.
Nem a violência policial nem o discurso mentiroso da desqualificação nos fará parar. Somos parte do povo e lutamos pelo povo e com o povo. Nada impedirá de desfrutarmos do direito constitucional de protestar, sobretudo contra uma Copa do Mundo mergulhada em podridão e crimes – que inclusive levou à prisão e morte pessoas que sofreram com as truculentas remoções ou pelo processo de “limpeza” social.
Os protestos contra a Copa do Mundo no Brasil representam a luta pelos interesses do povo e a defesa da dignidade da pessoa humana, ferida por leis de exceção e pelo processo covarde de construção desta Copa do Mundo da FIFA.
O ATO será nesta terça feira, 15 de abril, às 18h, Candelária – Pelo fim das UPPs! Pelo fim das Remoções. Sem Saúde, Educação, Transporte e Moradia, Não Vai Ter Copa!
Fotos da equipe do jornal A Nova Democracia, com destaque para Patrick Granja.
Talis Andrade: Policial de calça apertada. Tanto que se vê o vinco da calcinha. Onde ela porta a pistola que carrega na mão? Na cintura? Não há como introduzir a arma na calça mais do que apertada e sem bolsos. Ela, loura, ameaça os jovens negros… Em nome de quem?
Fernando Muniz: Essa mulher está mais para madame ou dondoca que qualquer outra coisa!
Pernas roliças em calça muito apertada, e usando sapato com salto alto e fino. Que perigo! Bastava a ponta desse calçado se quebrar para haver um acidente, um disparo e possivelmente uma morte!
Talis Andrade: É a nova polícia de salto alto e fino
Alyson Fonseca: Se ela morre, de uma coisa teríamos a certeza, não estava no exercício de sua atribuição. Pois a loira em tela é uma major, que estava a caminho do trabalho.
Fábio José de Mello: Kate Mahoney tapuia.
André Falavigna: Por que diabos a cor do cabelo dela – se é que é essa mesmo – seria relevante?
Fernando Muniz: Parece mentira uma “coisa” dessa!
Advogados Ativistas: “Uma cena chamou a atenção de quem passava pela Avenida Leopoldo Bulhões, na altura da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, na manhã desta sexta-feira, logo após o tumulto em que se transformou a desocupação de um terreno da Oi no Engenho Novo, também na Zona Norte. Depois de passar por um trecho da via onde havia um ônibus em chamas, uma loira saltou de um carro, arma em punho, para conter um grupo que saía da comunidade. Ela se identificou como policial e impediu, sozinha, que os jovens seguissem caminho, pois suspeitava que fossem realizar depredações.
Logo depois, alguns policiais militares se aproximaram da mulher – que vestia camiseta, calça branca e sapatos vermelhos de salto alto. Ela, então, passou a conversar com eles e determinar onde deveriam ficar posicionados. Perto dali, eram ouvidas explosões de bombas e barulhos semelhantes ao de tiros. A loira deixou o local sem se identificar.”
Matéria publicada originalmente por: Extra – Fotos:Bruno Gonzalez/Extra
Comentário AA: Não é possível reconhecer se esta mulher é realmente uma policial, pois não apresentou a sua identificação. Supondo que ela seja policial militar, visto que deu ordens à outros policiais militares, ela deveria ter obrigatoriamente apresentado a sua identificação funcional quando realizou abordagens sem o devido fardamento. Não é permitido à coorporação militar realizar e coordenar missões sem farda, na figura de policial infiltrado, cabendo essa possibilidade apenas à Polícia Civil. A figura do agente militar infiltrado é inconstitucional. É completamente desmedida a ação da mulher que se identificou como policial e apontou uma arma para a população apenas por suposição de que determinado grupo iria realizar depredações.
O jornalista Carlos Tautz, coordenador do Instituto Mais Democracia, revelou em artigo publicado na coluna de Ricardo Noblat, que um agente do serviço reservado da PM, devidamente nominado, tentou coagir a presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Rio, Paula Mairan, a lhe conceder um registro profissional de fotógrafo com o qual poderia “espionar” jornalistas sem chamar a atenção. Negado o pedido, ele fez ameaça a dirigente sindical. Saiba mais.
A PM do Rio espiona jornalistas, por Carlos Tautz
Se espionar jornalistas e manifestantes é ato antidemocrático, o espião apresentando-se publicamente, é, além de tudo, digno de um capítulo do Agente 86, aquele seriado de tevê dos anos 70. Mas, apesar de parecido com a série cômica, foi muito sério o ocorrido em 17 de março no Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro.
Naquele dia, à tarde, esteve na sede da entidade o subtenente Joaquim Ferreira, lotado na Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro (depois, confirmou-se que o homem trabalha mesmo neste serviço secreto da PM, o que envolve de muito perto a instituição) para solicitar registro de repórter fotográfico.
Ferreira alegou que já trabalhava em um jornal na Baixada Fluminense e fotografava manifestações infiltrado, sob ordem do seu comando, porém sentia vontade de “se integrar” aos demais fotógrafos – e para isso precisava da identidade profissional. Mas, avisou: embora desejasse ser jornalista, se presenciasse um crime voltaria a ser policial e prenderia o criminoso!
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Como o registro foi-lhe negado, o subtenente Ferreira ameaçou a presidente, Paula Máiran, e uma funcionária do sindicato: “jamais vou esquecer os rostos de vocês”. No mesmo dia, o caso foi informado à assessoria de imprensa do Comando-Geral da PM, que negou ter dado ordem de espionagem sobre jornalistas.
A ameaça foi registrada no relatório sobre violências cometidas contra jornalistas no Brasil e enviado à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 27 de março, a Comissão Internacional de Direitos Humanos (CIDH) da OEA a incluiu no debate sobre ameaças à liberdade de imprensa na América Latina – o Brasil é um dos campeões mundiais desse tipo de barbaridade.
Em janeiro, Paula Máiran havia sido alertada por jornalistas que trabalham próximos à área de segurança que ela mesma já estava sendo monitorada. Com efeito, dois meses depois, Paula flagrou dois homens em um carro cinza escuro, estacionado na rua Senador Dantas, que a filmavam quando ela saía do sindicato tarde da noite.
O sentimento de angústia que essa situação causa é ainda maior no ano em que se completam cinco décadas do golpe empresarial-militar de 64. Mais de 400 sindicalistas foram presos no Brasil inteiro já no segundo dia do golpe, provando que vinham sendo acompanhados há tempos. Jornalistas foram perseguidos por defenderem a ordem constitucional (vários também aderiram ao golpe, mas isso é uma outra estória).
Agora, é o caso de perguntar ao governador Pezão, ao secretário de segurança Beltrame e ao comandante-geral da PM Menezes: ainda se espiona jornalistas no Rio? O subtenente Ferreira estava a serviço de seu comando? Se estava, porquê? Se não estava, servia a quem? Por que continua solto?
Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.
Atualização das 21:31 – Recebi do Sr. Gustavo de Almeida, Assessor de Imprensa Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a nota que segue:
1- A Polícia Militar esclarece que em nenhum momento houve ordem de qualquer oficial da corporação para o comparecimento de integrante da Inteligência à sede do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio. Cabe ressaltar que este é um comportamento totalmente repudiado pelo comando da Corporação.
2- Depois de comunicado extra-oficial do Sindicato à Coordenadoria de Inteligência, foi feita uma busca que resultou na identificação do subtenente Joaquim Carlos Ferreira dos Santos. Quando identificado, recebeu uma punição disciplinar de repreensão.
3- O subtenente trabalhava no setor de protocolo, sem qualquer vínculo com a área operacional da Coordenadoria de Inteligência.
4- O acompanhamento das manifestações pelo setor de Inteligência da PM não é segredo e foi divulgado no ano passado
5 – Ao tomar conhecimento da denúncia feita no Blog do Noblat, o comandante-geral da PM, coronel José Luis Castro Menezes, decidiu descredenciar o subtenente, e movimentá-lo para outra unidade da corporação. Além disto, abriu um novo procedimento disciplinar contra o subtenente.
6 – A Polícia Militar volta a reiterar seu compromisso com o direito de manifestação e com a missão de preservação da vida e do patrimônio público e privado
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[Os sem terra, os sem teto, os sem nada não possuem patrimônio privado. Fica explicado porque a PM não cuida da preservação da vida das Cláudias, dos Amarildos]