Justiça condena governo de Alckmin a indenizar mãe de rapaz assassinado pela PM

por Camila Boehm/ Agência Brasil

 Oleg Dergachov
Oleg Dergachov

“Esse dinheiro para mim não importa, o que eu queria era meu filho aqui comigo”, disse Vera Hilda dos Reis Santos sobre a sentença que condenou o Estado de São Paulo a indenizá-la em R$ 50 mil pelo assassinato do filho, cometido por policiais militares, em 14 de outubro de 2009.

Na sentença, a juíza da 2ª Vara da Fazenda Pública, Lais Helena Bresser Lang, afirmou que houve violência exacerbada por parte dos policiais, o que impossibilitou qualquer defesa da vítima: “Ressalto que apesar de haver decisão transitada em julgado reconhecendo legítima defesa e o estrito cumprimento do dever legal, os documentos apresentados comprovam que houve um excesso de tiros”.

Além disso, a sentença reconheceu o sofrimento que a morte violenta causou à mãe da vítima, que apresentou ainda quadro depressivo. “Não resta dúvida de que a autora sofreu e sofre dor, angústia, com sentimentos que alteraram seu bem-estar psicofísico, principalmente quando a perda do filho é de forma abrupta e violenta como ocorreu no caso”, acrescentou a juiza.

Ricardo dos Reis Santos, de 25 anos, foi atingido por 15 disparos de arma de fogo dos policiais. De acordo com o boletim de ocorrência, os PMs foram acionados para atender a uma ocorrência de roubo envolvendo Ricardo. A vítima, segundo a versão registrada, teria atirado contra os policiais e acabou atingido.

A Defensoria Pública, que acompanha o caso, afirmou que não foi encontrado vestígio de pólvora nas mãos de Ricardo e que nenhum policial ficou ferido na ação. Os disparos tiveram ainda características duvidosas, segundo o órgão. “O que eu posso dizer é que 15 tiros, a maioria em região vital e vários de cima para baixo não são propriamente de uma conduta de preservação de vida, que é a função da Polícia Militar”, disse a defensora Daniela Skomov Albuquerque.

Na decisão da juíza, ela coloca também que “não há nos autos prova de que o Sr. Ricardo tenha efetivamente efetuado disparos contra os agentes públicos, ao contrário, há fortes indícios de que não teria efetuado disparo nenhum”, já que não foi encontrado resíduo de pólvora.

De acordo com a Procuradoria Geral, “o Estado interpôs recurso contra a sentença e espera a apreciação do mesmo por parte do magistrado”.

Reparação

“Essa sentença é uma resposta mínima do Estado para essas vítimas e também [serve] como repúdio do sistema de Justiça a esse tipo de fato que é tão comum”, afirmou a defensora. A sentença traz à tona a existência de casos como o de Ricardo, que são frequentes.

Daniela lembra do caso do rapaz, rendido por policiais militares, que foi jogado de cima de um telhado e morto em seguida por disparos de arma de fogo dos PMs, em 7 de setembro deste ano, no bairro do Butantã, na capital paulista. Após ser registrado como confronto, um vídeo mostrando que ele já estava rendido e não oferecia resistência foi divulgado na imprensa.

“O fato de o roteiro ser repetido mostra que tem algo estranho por trás disso como, por exemplo, revelaram aquelas imagens do telhado, daquele flagrante que era um auto de resistência, mas [na verdade] não era. Tem uma realidade que esses autos de resistência encobrem, que é uma realidade seríssima de extermínio”, disse a defensora.

Outra questão importante, segundo Daniela, é questionar a legalidade desses casos. “A terceira coisa de importante é dar o mínimo de suporte para as vítimas, porque, além de perderem seus entes queridos, elas ainda são criminalizadas”, disse. A defensora explicou que os parentes sofrem com a falta de resposta e com o descaso demonstrado.

A sentença da juíza acrescentou que “se o agente público, no exercício de suas funções, pratica dano a terceiro não provocador do evento, há de ser o Estado responsabilizado pelos prejuízos causados”.

Procurada pela Agência Brasil, a Polícia Militar não comentou a sentença. [A polícia mata. A polícia do governador Geraldo Alckmin, com cerca de cem mil homens – um exército que poucos países possuem -, não prende, trucida inocentes, e já executou várias chacinas, pelos motivos mais torpes. Usa o mesmo esquema de vingança, de intimidação, de legenda do medo da SS nazista: para cada soldado morto, a morte de dez civis, em um bairro, em uma cidade. É a mesma política direitista, racista, homofóbica, machista, corrupta da ditadura militar de 64. Uma polícia política que elege a bancada da bala]

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CHACINA Polícia de Alckmin mata

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As execuções ocorreram num período de três horas, entre 20h30 e 23h30, em nove locais. Uma das linhas de apuração aponta para crimes de vingança que teriam sido cometidos por policiais militares. Os ataques seriam uma retaliação ao assassinato de um policial militar, na semana passada em Osasco.

Os assassinatos seguiram um padrão: homens encapuzados em carros e em motos desciam dos veículos perto de bares, perguntavam para as pessoas quem já havia tido ficha criminal e atiravam nelas.

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Hoje mais um incêndio em favela. A justiça contra os pobres realiza despejo em São Paulo

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O Tribunal de Justiça de São Paulo mais uma vez realiza um despejo. Contra os moradores pobres de uma das duas mil favelas de São Paulo.

Quando não é a frieza da justiça – São Paulo possui o maior tribunal do Mundo, com 360 desembargadores – é o calor infernal dos incêndios criminosos promovidos pela ganância imobiliária, pelos grileiros, os coronéis do asfalto.

Para realizar despejo não falta polícia. A polícia do governador Geraldo Alckmin não falha, sempre está de prontidão contra o povo. Nem tarda a justiça dos ricos.

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Despejo, a imprensa chama de reintegração de posse de terreno invadido. A justiça e a imprensa escondem a mão que assinou o despejo, e o nome do milionário beneficiado com a evacuação na marra, no prende e arrebenta da polícia militar que continua a mesma da ditadura.

Uma polícia nada social. Uma polícia repressiva e assassina.

Despejo judicial, a imprensa chama de desocupação involuntária, e justiça nada social, não quer saber quantas famílias vão ser separadas, desagregadas.

Despejo separa os filhos dos pais, e condenam jovens a uma vida ainda mais miserável. São os filhos da rua que terminam no crime desorganizado e na prostituição.

Ninguém investiga quantos suicídios provocam um despejo de centenas, de milhares de pessoas.

Elena
Elena

O incêndio nos barracos que passaram por reintegração de posse no Bairro do Limão, na zona norte da capital paulista, foi extinto por volta das 9h de hoje (11). O espaço próximo à Marginal Tietê tem 10 mil metros quadrados e era ocupado por famílias em 114 barracos.

A desocupação da área, na Rua Coronel Euclídes Machado, começou por volta das 7h30, quando houve um incêndio. A Polícia Militar (PM) informou que um adolescente de 17 anos, morador da ocupação, foi apreendido por atear fogo no local.

De acordo com o tenente-coronel da PM Carlos Henrique Martins Navarro, no momento da prisão desse adolescente um grupo de moradores se revoltou e tentou bloquear a Marginal Tietê, mas foram impedidos pelos policiais.Moradores reclamaram da apreensão do jovem.

“Prenderam o rapaz sem nem saber o porquê. Colocaram ele na viatura e não quiseram nem falar o que tinha acontecido para a mãe dele. A mãe dele está passando mal. Isso não acho justo porque nós estamos aqui querendo moradia. Não foi ele quem colocou fogo lá”, disse Milena Américo da Silva, estudante.

Com bombas, tiros e gás, PM de Alckmin tenta conter manifestação na USP

Trabalhadores e estudantes da USP aderiram ao Dia Nacional de Paralisação e Manifestações, convocado por centrais sindicais, e realizaram, na manhã desta sexta-feira (29), uma paralisação do campus. De forma pacífica e organizada, eles não poderiam imaginar o tamanho da repressão policial que estava por vir.

Vários manifestantes ficaram feridos, duas mulheres foram espancadas
Vários manifestantes ficaram feridos, duas mulheres foram espancadas

Ao chegar no lugar a PM promoveu um verdadeiro cenário de guerra. A repressão dura ao ato foi feita com bombas, balas de borracha, gás lacrimogênio e muita pancadaria. De acordo com a nota emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP, dezenas de estudantes e funcionários foram agredidos e muitos ficaram feridos, duas mulheres foram espancadas, levaram socos no rosto, foram jogadas no chão e pisoteadas pelos policiais.

A manifestação foi criminalizada e um estudante do curso de Ciências Sociais foi detido por participar do ato. Ele precisou ser levado ao hospital, já com a cabeça enfaixada, devido aos ferimentos causados pela polícia.

Neste momento a polícia mantém detido um estudante do curso de Ciências Socais da USP, por participar do ato, criminalizando a manifestação. Ele está sendo levado agora do hospital, com a cabeça enfaixada em função dos ferimentos causados pela polícia, para o 34º DP.

Fonte: Portal Vermelho

Legenda do jornal A Tarde, Bahia: "Policial atira com bala de borracha em protesto contra terceirização em SP". E acrescenta: "É absurdo o que fazem com o trabalhador".
Legenda do jornal A Tarde, Bahia: “Policial atira com bala de borracha em protesto contra terceirização em SP”. E acrescenta: “É absurdo o que fazem com o trabalhador”.

Pedreiro, negro e executado pela PM: a farsa de um crime revelada

Arrependido, sargento da PM, que é evangélico, revelou como foi montada a farsa para tentar esconder crime

 

Pedreiro Vagner de Sousa Ribeiro, negro e morador da zona leste de São Paulo, foi executado por PMs quando estava dominado e desarmado (Imagem: Pragmatismo Político)
Pedreiro Vagner de Sousa Ribeiro, negro e morador da zona leste de São Paulo, foi executado por PMs quando estava dominado e desarmado (Imagem: Pragmatismo Político)

Primeira hora de 1º de janeiro de 2015. Rua Erva de Ovelha, Vila Jacuí, periferia da zona leste de São Paulo. O pedreiro Vagner de Sousa Ribeiro, um homem negro de 32 anos, vestindo camiseta regata de uma torcida uniformizada do Palmeiras, está em pânico.
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Acuado, atrás de uma cama de casal em um quarto escuro, Lápis, como é conhecido desde a infância nas ruas do bairro, implora para não ser morto por dois policiais do 2º Batalhão da Polícia Militar que, a pouco mais de dois metros de distância, o têm sob a mira de suas armas.
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Os PMs gritam para que o pedreiro saia de trás da cama e, com as mãos para o alto, se renda. Ribeiro reluta, grita não estar armado e implora para que os PMs não atirem. Quando decide deixar o escudo da cama, Ribeiro é jogado ao chão por dois tiros de uma submetralhadora Famae, calibre .40.
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Após breve silêncio, Ribeiro recebe mais quatro disparos. Dessa vez eles partem de uma carabina CT, calibre .30. O cheiro da pólvora se mistura ao do sangue que escorre do corpo do pedreiro enquanto o sargento da PM Marcos Akira Rodrigues Teixeira, 35 anos, responsável pelos dois primeiros tiros, se aproxima do homem estirado.
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A luz do quarto é acesa quando o soldado Djalma Aparecido do Nascimento Junior, 25 anos, autor dos outros quatro tiros contra Ribeiro, os de carabina .30, se aproxima do seu superior imediato, o sargento Akira, e entrega para ele um revólver calibre 32.
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Assim que pega o revólver da mão do soldado Djalma, o sargento Akira dá três tiros com a arma. Dois acertam as paredes do quarto onde Ribeiro já está morto e o terceiro, a porta. Em seguida, a arma é colocada perto do corpo do pedreiro.
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Simultaneamente à morte de Ribeiro, a 170 metros de distância, na rua Erva de Carpinteiro, outra equipe de PMs cerca Vitor Lofte Barbosa, 22 anos. Moradores do lugar ouvem quando Barbosa grita “pelo amor de Deus” para não ser morto e, em seguida, sete tiros são ouvidos.
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Quatro dos sete tiros contra Barbosa são disparados pelo sargento Antonio Eduardo Prado, 46 anos. Os outros três são dados pelo cabo Luis Alberto Almeida Lima, 49. Os dois PMs são da Força Tática (suposta tropa de elite de cada batalhão da PM paulista) do 29º Batalhão.
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Levado para o Hospital Santa Marcelina, Barbosa morre. O corpo de Ribeiro fica no quarto onde foi baleado, à espera da perícia. Logo após as mortes, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, é acionado para investigá-las.
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A farsa sobre a morte de Ribeiro continua quando os PMs Akira e Djalma prestam depoimento ao delegado Manoel Fernandes Soares, do DHPP. Eles inventam uma versão fantasiosa para a morte de Ribeiro: ele estava armado, atirou vezes contra os PMs e morreu no revide.
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Os PMs afirmam que Ribeiro e Barbosa, vizinhos na Vila Jacuí, integravam uma quadrilha de ladrões que, no Reveillon de 2014 para 2015, usou explosivos para atacar os caixas eletrônicos de uma agência do Banco do Brasil, distante cerca de 500 metros das casas de ambos.

Veja imagens da reconstituição da execução cometida pelos PMs contra o pedreiro aqui

O primeiro caso de “morte sob intervenção policial” ou “resistência seguida de morte” de 2015 começou a mudar três dias depois (04/01) quando o sargento Akira procurou um pastor evangélico para revelar que a morte de Ribeiro havia sido a execução de um homem desarmado e já rendido.

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Orientado pelo pastor, o sargento Akira, acompanhado de seu irmão, Paulo, decide ir à Corregedoria (órgão fiscalizador) da PM. Lá, ele revela em detalhes a farsa montada juntamente com o soldado Djalma para tentar justificar a morte de Ribeiro.

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Assim que a Akira revela a verdade sobre a morte de Ribeiro, o juiz Luiz Alberto Moro Cavalcante, corregedor do Tribunal de Justiça Militar de SP, determina a prisão temporária, por 30 dias, do sargento Akira e do soldado Djalma.

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Até a confissão de Akira, a Corregedoria da PM tratava as mortes de Ribeiro e de Barbosa como “resistência à prisão seguida de morte” ou “morte sob intervenção policial” — que é quando o morto consta na apuração como “autor” e o PM, responsável pela morte, a “vítima”.

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Ao tentar justificar a execução de Ribeiro, o sargento Akira disse “ter perdido a cabeça e ficado com raiva”.

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“Se os PMs ficarem em liberdade, eles prejudicarão e dificultarão a apuração da verdade. Ademais, os crimes são graves e as autoridades constituídas têm o dever de investigar com seriedade, utilizando todos os meios legais disponíveis, para transmitir à sociedade o sentimento de segurança e de credibilidade nas instituições Polícia Militar e Justiça Militar Estadual”, escreveu o juiz Cavalcante, na ordem de prisão contra os dois PMs.

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Comenta Marcos Simões, jornalista on line: “É a pena de morte institucionalizada no Brasil ou não? Mas só contra pobres, quando sabemos que os mentores e piores marginais estão nas camadas mais ricas, que usam os marginais pobres como empregados ou funcionários para o cometimento de diversos delitos. Limpar só a parte de baixo não resolve. É enxugar gelo. É preciso destruir a indústria do crime (fraude, sonegação, tráfico de drogas, desvios de dinheiro público etc.) das camadas mais ricas e/ou poderosas com mandato político. E ainda tem que limpar o Judiciário dos bandidos togados. Meu Deus!”

Primeiro trecho de parte do depoimento no qual o sargento Akira, da PM de SP, confessa execução de pedreiro e diz ter atirado por “ter perdido a cabeça e ficado com raiva” (Reprodução)
Primeiro trecho de parte do depoimento no qual o sargento Akira, da PM de SP, confessa execução de pedreiro e diz ter atirado por “ter perdido a cabeça e ficado com raiva” (Reprodução)
Segundo trecho de parte do depoimento no qual o sargento Akira, da PM de SP, confessa execução de pedreiro (Reprodução)
Segundo trecho de parte do depoimento no qual o sargento Akira, da PM de SP, confessa execução de pedreiro (Reprodução)

Kit flagrante

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Após as mortes de Ribeiro e de Barbosa, vários policiais militares integrantes da Força Tática do 2º Batalhão da PM, alguns deles de folga e de férias, vão até os locais onde ambos foram baleados e se juntam aos policiais de serviço e envolvidos diretamente nos homicídios.

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A disposição dos PMs de folga ou férias em deixar os parentes em casa, em plena noite de Réveillon, chama a atenção da Corregedoria da PM e o capitão Rodrigo Elias da Silva solicita ao juiz Cavalcante autorização para realizar buscas na casa de 17 policiais militares — sendo três deles oficiais — do 2º Batalhão.

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Na manhã de 20 de janeiro, dezenas de policiais da Corregedoria da PM entram na casa dos 17 PMs e apreendem armas e munições irregulares e, na sede na Força Tática do 2º Batalhão, também localizam papelotes de cocaína, maconha e pedras de crack.

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As armas, munições e drogas, segundo suspeita dos integrantes da Corregedoria da PM, são parte do “kit flagrante”, ou seja, materiais utilizados por PMs para forjar crimes contra pessoas que são paradas por eles nas ruas e também para justificar assassinatos, como no caso do pedreiro Ribeiro.
Quatro PMs da Força Tática do 2º Batalhão foram presos administrativamente pela Corregedoria da PM pelo porte dos materiais ilegais.

 

Capitão da Corregedoria da PM de SP pede autorização judicial para buscar materiais ilícitos nas casas de 17 PMs. Drogas e armas seriam parte do “kit flagrante” usado por PMs para justificar prisões irregulares e até mesmo homicídios (Reprodução)
Capitão da Corregedoria da PM de SP pede autorização judicial para buscar materiais ilícitos nas casas de 17 PMs. Drogas e armas são parte do “kit flagrante” usado por PMs para justificar prisões irregulares e homicídios (Reprodução)

Um dia após a operação no 2º Batalhão da PM, localizado na zona leste de São Paulo, a Corregedoria da PM realizou buscas por “kits flagrante” nos armários dos PMs da 2ª Companhia do 35º Batalhão, em Itaquaquecetuba, na área leste da Grande São Paulo.
Em cinco armários foram apreendidos quatro revólveres calibre 38, uma metralhadora Beretta 9 mm, duas pistolas .380, cinco carregadores, munições diversas, quatro granadas, duas toucas ninjas, quatro telefones celulares, além de centenas de papelotes de cocaína e maconha e 321 pedras de crack.

André Caramante, in Ponte,
reproduzido por Pragmatismo Político

PM versus famílias sem-teto não é confronto. É massacre!!!

por Jessica Santos de Souza – Coletivo AJA – Fotógrafos Ativistas

Foto Ponte Jornalismo
Foto Ponte Jornalismo

 

Reintegração de posse é sempre triste.

A PM sempre foi truculenta, mas nos últimos tempo não tem cumprido o combinado com os movimentos.

Não há mínimas condições de retirar as famílias e os policiais atacam senhoras e crianças sem nem piscar os olhos.

Até quando veremos imagens de crianças chorando e policiais fortemente armados. Até quando ouviremos nosso “nobres” colegas jornalistas tentando falar em vandalismo quando há uma legítima revolta?

O que você faria se estivesse indo para o trabalho e fosse atacado sem nem saber o porquê? Talvez corresse, talvez pegasse o primeiro objeto e tacasse de volta.

Solidariedade as famílias (FLM fala em pelo menos 800 pessoas) que só queriam um teto para morar e tiveram que passar horas cercadas por uma instituição que precisa ser desmilitarizada e repensada já que serve aos poderosos e não a população.

 

FOTO: Zanone Fraissat. Comenta Fotógrafos RESERVAMOS O DIREITO DE NÃO PUBLICAR NENHUM TEXTO COM ESSA FOTO. ESSE CLIQUE CAPTURA A REALIDADE.  O QUE VOCÊ VÊ?:
FOTO: Zanone Fraissat.                                                                                                                                                                  Comenta Fotógrafos Ativistas:                                                                                                                                        RESERVAMOS O DIREITO DE NÃO PUBLICAR NENHUM TEXTO COM ESSA FOTO.
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FOTÓGRAFOS ATIVISTAS 

Editorial

 

SOMOS A POLICIA MILITAR…
E assim escutamos o refrão dessa música.
Isso se considerarmos isso uma música.

O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos sofrendo repressões a cada ATO, a cada voz esbravejada da sociedade.
O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos presos a cada AÇÃO, a cada caminhada em prol da Liberdade.
O FASCISMO nunca morreu, e nós estamos morrendo a cada REPRESSÃO, a cada luta a favor da MUDANÇA.

Sim, “isso” é a nossa Policia, aliás é a policia de quem aceita ter uma policia militar e despreparada…

Nunca apoiaremos a REPRESSÃO em todos os seus níveis.

 

 

 

 

 

 

Por dentro da engrenagem da indústria de aprisonamento em massa. O caso Hideki

 

Já foi dito que as perguntas certeiras são o ponto de partida para boas reportagens e pesquisas. Concordo e já coloco uma questão que há tempos me intriga: como São Paulo (e o Brasil) consegue mandar tanta gente para a prisão se possui uma polícia civil com sérias dificuldades para investigar? Já somos o terceiro País do mundo no ranking de pessoas […]

 

por Bruno Paes Manso

 

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Já foi dito que as perguntas certeiras são o ponto de partida para boas reportagens e pesquisas. Concordo e já coloco uma questão que há tempos me intriga: como São Paulo (e o Brasil) consegue mandar tanta gente para a prisão se possui uma polícia civil com sérias dificuldades para investigar? Já somos o terceiro País do mundo no ranking de pessoas presas, sendo que nas prisões paulistas há um terço do total de presos nacionais. Como produzimos provas para condenar tanta gente?

As respostas ajudam a decifrar como funcionam as engrenagens dessa fábrica de aprisionamento em massa que estamos construindo em São Paulo e no Brasil. O caso das prisões de Fábio Hideki e de Rafael Marques, detidos sob a acusação de prática de crimes durante os protestos em São Paulo, servem para mostrar a lógica desse mecanismo.

Os dois foram presos no dia 23 de junho numa manifestação na Avenida Paulista durante a Copa do Mundo. A Secretaria de Segurança Pública paulista defendeu a legitimidade das prisões afirmando ter provas de que eles portavam explosivos. Diversas testemunhas afirmaram, no entanto, que o flagrante foi forjado, incluindo o padre Julio Lancelotti, vigário do Povo da Rua, que estava ao lado dos jovens quando eles foram detidos. A SSP rebate e diz que o Ministério Público acompanha de perto as investigações e que os promotores denunciaram Hideki e Marques à Justiça.

Na semanas que se seguiram às prisões, campanhas foram feitas para que os dois fossem soltos, entidades contestaram a legitimidade da ação, o diretor da Politécnica da USP escreveu carta aberta, mil origamis de tsurus (pássaro da sorte) foram confeccionados para libertá-lo, houve manifestações em São Paulo, Guarulhos e Rio, juristas e juízes democráticos reclamaram, funcionários da USP marcharam, uma página no Facebook foi criada e recebeu mais de 6 mil curtidas, além de inúmeros memes que se espalharam pelas redes sociais.

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Mesmo com a pressão legítima, baseada em depoimentos e vídeos que contestavam a credibilidade das ações da segurança pública e as decisões da Justiça, nossas instituições não se deram o trabalho de apresentar as supostas provas ou de justificar seus atos de força. Como se não se sentissem obrigadas a prestar contas de seus atos aos cidadãos que pagam suas contas. Talvez porque se sentem intocáveis. Porque acham que somos todos cegos, que não enxergamos os erros que eles cometem.

Mas já é possível juntar as peças. A figura do quebra-cabeças está ficando cada vez mais visível. A prisão de Hideki e de Marques é apenas a ponta de um profundo iceberg do frágil mecanismo de encarceramento de pobres moradores das periferias. Hideki e Marques foram exceção à regra.

Sem estrutura para realizar investigações competentes, o sistema de Justiça vem condenando faz tempo com base em frágeis evidências. Essa foi uma das principais conclusões da pesquisa feita por Maria Gorete Marques do Núcleo de Estudos da Violência (USP) sobre a aplicação da Lei de Drogas em São Paulo. Boa parte do crescimento do total de presos decorre do aumento da prisão de pequenos traficantes.

Em 2006, havia cerca de 17 mil presos por tráfico. Cinco anos depois, já era 52 mil. Conforme a pesquisa, quase nove entre cada dez prisões feitas no Estado foram ocorrências em flagrante, quando a maioria estava circulando na rua. A maioria (52%) não tinha antecedentes em sua ficha criminal e eram negros e pardos (59%). Na primeira etapa do processo de aprisionamento em massa, a polícia vê um negro em atitude suspeita andando na rua. Ele é abordado e preso em flagrante.

No Judiciário, o depoimento do policial militar que prendeu o suspeito acaba sendo sobrevalorizado. O que ele fala é considerado verdade, mesmo quando a vítima acusa o flagrante de ser forjado. Isso ocorre porque são depoimentos que gozam de fé pública, termo que define juridicamente os documentos e testemunhos que são dados por autoridades públicas no exercício de sua função. São presumivelmente considerados verdadeiros, o que acaba dispensando a necessidade de provas robustas para a condenação.

Na prática, isso significa que, depois de acusado pelo policial, o suspeito passa a ter que provar a sua inocência. As provas materiais do crime ou outros testemunhos de acusação acabam sendo meros complementos em muitos processos. O que não impede o promotor de acusar e o juiz de condenarem o réu. Na pesquisa do NEV-USP, as autoridades explicaram que a gravidade do crime justificaria a decisão de condenar com base em depoimentos de PMs e em provas frágeis.

Não foi o caso do crime Hideki e Marques. Não eram graves. Eles eram meros bodes expiatórios para que a segurança pública e o judiciário dessem uma resposta aos protestos durante a Copa do Mundo. Eles são black blocs? Só dando risada. Acompanhei o movimento e sei sobre os dois presos. Essa afirmação é ridícula. Mas qual é o ponto nevrálgico da questão? Depois de anos e anos prendendo e condenando por nada, nosso sistema já estava acostumado a engolir acusações mal feitas. Qual o problema em condenar mais dois sem que haja provas?

Será que eu estou sendo injusto com nosso sistema de segurança e de Justiça? Há apenas dois meses, eu me deparei com um caso emblemático que foi publicado neste blog em maio. Foi a história de José, um jovem negro de 17 anos que estava em seu apartamento num sábado à noite. A PM perseguia quatro assaltantes de carro pelas ruas. O grupo bateu em um poste durante a fuga, mas tiveram tempo de descer do carro e correr dos policiais. Os PMs acharam que um dos jovens havia subido em um edifício que ficava perto do local da batida. Era onde José morava. Falaram com o porteiro, invadiram o apartamento do garoto às 2 horas da manhã e o prenderam.

José tinha provas de que havia saído de casa somente para fumar no portão. As imagens das 19 câmeras do edifício eram claras. Batom na cueca. Mesmo assim, José continuou preso. O promotor pediu sua condenação e o juiz bateu o martelo. No processo, sobre as imagens que provavam a inocência do acusado, foi afirmado que o “condomínio não tinha fé pública”. O testemunho dos policiais foi suficiente para prendê-lo e condená-lo. As imagens de nada adiantaram. José foi solto apenas depois que a reportagem mostrou neste blog as provas de sua inocência. A Justiça foi forçada a soltá-lo no mesmo dia.

A sociedade merece respostas sobre o flagrante e as provas contra Hideki e Marques. As polícias demandam reformas urgentes. O Estado pode nos tirar os olhos, mas isso não significa que estamos cegos. Segue abaixo, aliás, o belo vídeo feito pela Ponte sobre Alex e Sérgio, fotógrafos baleados durante manifestações. (Transcrito do Estado de S. Paulo)

ABERTURA DA COPA 2014 EM SÃO PAULO. Jogo sob sangue

por Fotógrafos Ativistas

Nesse jogo um jogador se machucou

A primeira bomba sinaliza que o jogo começou cedo nas ruas.

Estilhaços para quem quer cobrir.
Mas a grande mídia não mostra.
Um jogador foi expulso do jeito que a Polícia gosta.

Depois do jogo, é pela rua que o torcedor vai voltar, ainda com o cheiro da repressão dos que se acham juízes da vida.

 

Policiais Militares do Estado de São Paulo prendem pacifista que nada fez do que se por a frente da formação. O pacifista é um professor, com seu ato de coragem acabou sofrendo escoriações e dois tiros de bala de borracha no peito, quase a queima roupa. FOTO Giovana Meneguim
Policiais Militares do Estado de São Paulo prendem pacifista que nada fez do que se por a frente da formação. O pacifista é um professor, com seu ato de coragem acabou sofrendo escoriações e dois tiros de bala de borracha no peito, quase a queima roupa. FOTO Giovana Meneguim

DEMOCRACIA MILITAR

por Kelly Araújo
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D-eturparam o direito de ir e vir do povo
E-nquanto a bola rolava, a policia se descontrolava
M-ilitares com sede de guerra nas ruas
O-primiam pessoas com fome de insubmissão
C-entros sitiados pais à fora
R-epressão do Estado e pancada de todos os lados
A-rbitrariedade em prisões infundadas
C-acetetes, balas e gás eram os donos da rua
I-mprensa brutalmente impedida de mostrar
A-tivistas estupidamente impedidos de manifestar

M-ostraram tirania, coesão, cólera, coação
I-nibiram jornalistas, coletivos, a mídia séria
L-iberdade posta à prova e retirada ferozmente
I-mpetuosidade nos olhos de cada homem de farda
T-raduziram o óbvio: a ditadura nunca morreu
A-inda dizem que vivemos em uma democracia
R-evolução virá com a DESMILITARIZAÇÃO já
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Audiodescrição dos Fotógrafos Ativistas: Dois policiais militares e um manifestante. Um dos PMs empurra o manifestante para trás enquanto o outro em primeiro plano, aponta o caminho que devem seguir em tons autoritários
Audiodescrição dos Fotógrafos Ativistas: Dois policiais militares e um manifestante. Um dos PMs empurra o manifestante para trás enquanto o outro em primeiro plano, aponta o caminho que devem seguir em tons autoritários

AÇÃO TRUCULENTA DA PM NA ABERTURA DA COPA DO MUNDO
REDE FOTÓGRAFOS ATIVISTAS

Vídeo feito pelo fotógrafo ativistas da nossa rede (Flavio Freire), capta a ação agressiva e sem critérios da Policia Militar do Estado de São Paulo durante a manifestação de 12/06, dia da abertura da Copa do Mundo:

Seus olhos serão os juízes dessa ação.

 

 

 

 

 

 

O PLANEJAMENTO DA CHACINA DA FAMÍLIA PESSEGHINI

por George Sanguinetti

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“CAMPANA” DURANTE A SEMANA POR POLICIAIS FARDADOS. DOIS POLICIAIS FARDADOS VISTOS, ALTAS HORAS DA NOITE, PULANDO O MURO DA RESIDÊNCIA. GRITOS FORAM OUVIDOS. “CALA A BOCA! FICA QUIETO!’ NÃO OUVI OS TIROS, NÃO SEI SE USARAM SILENCIADOR”.

O relatado acima, transcrição de um audio gravado, consta no inquérito, mas o declarante não aceitou servir de testemunha, nem também aceitou ficar sob proteção, no programa de proteção a testemunha. Justificou ter visto a circulação dos policiais, durante a semana e como viu policiais fardados entraram pelo muro (saltaram o muro) na noite anterior a descoberta dos corpos. Estes mesmos policiais que estavam fardados, durante a semana fizeram “campana “, praticamente todos os dias, na frente da casa do sargento PM Luis Marcelo Pesseghini.

“Na noite que pularam o muro ouvi gritos e ‘cala a boca e fica todo mundo quieto’. E ficaram todos em silêncio; foi do sábado para o domingo; não ouvi tiros, também não posso responder se usaram ‘silenciador’, para ocasionar as mortes. Nesta ocasião o menor Marcelo não estava lá; ele dormiu na casa de Guilherme, um coleguinha da escola. Pode confirmar; eu tenho filhos que estudam com eles. Eu vi os dois policiais fardados pularem o muro de sábado para domingo e ouvi os gritos e depois o mais completo silêncio. Estava próximo, na casa de familiar e outras pessoas, os vizinhos, também, viram a ‘campana’, e depois a noite quando pularam o muro; era bem tarde da noite; eram policiais, mas os vizinhos não quiseram testemunhar porque têm medo da polícia. Eu mesmo informo ao senhor, mas não assino nada, não sou testemunha de nada, não quero morrer. Eu conheço um dos policiais que faziam a ‘campana’ na casa e que saltou o muro com o outro policial fardado, ele é da ROCAM. Vi várias vezes, eles vigiando a casa, passavam na frente, davam uma volta; os vizinhos também viram e acharam estranho, eles querem falar, mas têm medo. E muitos ouviram os gritos, ‘cala a boca ‘, e ‘fica quieto’. Ficaram lá de 2 a 3 horas e saltaram o muro, para sair. Só 36 horas após a polícia chegou e encontrou os corpos”.

O que é real: o depoente estava na casa de irmã, que é vizinha da família Pesseghini; que seus filhos estudavam com o menor Marcelo; que havia coerência nas informações. Por não aceitar ser testemunha, foi gravado o audio, cuja transcrição consta no inquérito que apura a autoria das mortes.

Como até hoje, realidade e ficção, fazem parte do inquérito, e minha área é Medicina Legal e Criminologia, não tenho elementos para formar juízo. Aos Promotores de Justiça, Delegados a necessária investigação do relatado, na transcrição do audio. Folhas 434 a 438 do inquérito.

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