Brasil: no limiar da legalidade

por BRUNO ARAÚJO
Público/ Portugal

No presidencialismo, não se pode destituir um governo simplesmente porque o seu chefe já não é capaz de construir consensos.

É amplamente conhecida a definição que Winston Churchill uma vez deu de democracia. Para esse político notável, trata-se da pior forma de governo à exceção de todas as demais. É que somente em democracia o povo é soberano para expressar sua vontade política em eleições livres. Só a democracia permite que se estabeleça uma rotatividade no poder, com partidos políticos e grupos de pressão a representar a variedade de vontades que constituem a sociedade. Apenas a democracia permite que carências e necessidades se transformem em direitos – que não são concedidos, mas conquistados pelo conjunto das lutas sociais. Isso significa, na senda da concepção de Churchill, que a democracia não é um regime acabado: ele precisa de tempo e de muitas lutas para ser mantido e aperfeiçoado.

É nesse contexto que analiso a atual crise política no Brasil cuja jovem democracia está prestes a interromper o seu ciclo de aperfeiçoamento. Essa crise pode ser analisada sob diversos primas. Neste espaço, chamo a atenção para um em particular: os perigos da insegurança jurídica. Um sistema juridicamente estável e seguro é aquele que observa, sem reservas, o que dispõem as leis, em especial o que está explícito na Carta Magna, a maior de todas as leis, aquela que expressa a vontade emanada de um Poder Constituinte originário que, no Brasil, se formou em meados nos anos 1980, para marcar o fim de um período negro da nossa história e abrir um novo capítulo nesta odisseia política brasileira.

Várias questões, nos planos jurídico e político da atual crise, são elucidativas de um atentado claro à segurança jurídica no país. A lista de exemplos é longa, mas o principal deles é o que envolve o processo de impeachment contra a Presidente Dilma Rousseff. Aceito como vingança política por um Presidente da Câmara formalmente acusado de gravosos crimes contra o Erário, a principal denúncia contra Dilma é a de que ela cometeu “pedaladas fiscais”. Em bom português, trata-se de um procedimento contábil, no qual o governo determina que bancos públicos façam os pagamentos de recursos de programas sociais. De seguida, o mesmo governo sana a dívida que contraiu temporariamente com os mesmos bancos. É isso e ponto. Correta a postura? Não, certamente, mas jamais suscetível de enquadramento nos chamados crimes de responsabilidade, os quais a Constituição Federal prevê como pressuposto bastante ao processamento e ao eventual afastamento do Chefe do Executivo.

A figura do impeachment de fato está na Constituição e é instituto jurídico relevante, porque permite que os representantes do povo e da federação autorizem processar e julgar um Presidente enredado em crimes de responsabilidade. Não é o caso atual, muito diferente do que ocorreu em 1992, quando o ex-presidente Fernando Collor de Melo era elemento central de um escândalo de corrupção. Em 2016, Dilma Rousseff não é sequer investigada pelos órgãos de controle e investigação.

Embora reprováveis, as pedaladas também não são crime, porque, em direito, prevalece sempre o princípio segundo o qual nullum crimen sine legis, isto é, não há crime sem lei anterior que o defina. E por lei, entenda-se aqui o texto constitucional expresso, a letra da lei ordinária, e, ainda, a jurisprudência que se constitui em função de decisões anteriores. Ora, não há lei que proíba a realização das chamadas pedaladas, cometidas por todos os demais anteriores presidentes da República e, todos os dias, cometidas por prefeitos e governadores Brasil afora. Não é, portanto, um crime. Outro dado: o Tribunal de Contas da União, órgão parecerista do Poder Legislativo nacional, nunca condenou as práticas. E, por fim, o Congresso Nacional, órgão julgador, aprovou todas as contas dos governos anteriores, mesmo aparentemente estando elas “maculadas” pelas tais pedaladas. Onde está, portanto, o crime de Dilma? Apenas na mente dos que, derrotados em eleições livres, resolveram testar os limites da democracia brasileira.

Em meio a essa vastidão de evidências, incomoda-me sobremaneira o modo como os principais meios de comunicação no país têm tratado essas questões. Nos últimos dias, diversas frases de que “impeachment não é golpe”, proferidas por juristas notáveis, apareceram como manchetes jornalísticas. É evidente que um ministro com a seriedade de Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, só poderia dizer isso mesmo. Eu também concordo com o fato de que o impedimento é um instituto com força constitucional, portanto, não se confunde com golpe. Resta saber, porém, se a pergunta foi feita da forma correta: o impeachment é válido mesmo sem um crime de responsabilidade que o justifique? É provável que o mesmo magistrado, diante de uma questão assim, tivesse opinião divergente.

As tacadas que derrubam Cunha

SEGUNDO O GLOBO, CUNHA PODE IR PRESO AINDA NESTA SEMANA

Paixão
Paixão

Em sua coluna “Quem cai primeiro?”, publicada nesta segunda-feira, o jornalista Ricardo Noblat antecipa que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve pedir o afastamento e a prisão preventiva do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Rodrigo Janot, procurador-geral da República, está pronto para denunciar Eduardo Cunha ao Supremo Tribunal Federal e pedir sua prisão preventiva”, diz Noblat.

O título de Noblat indica que depois de Cunha cai Dilma, Isso não passa de propaganda política.

Cunha, cassado, é carta fora do baralho, e seus aliados, desde os tempos da Telerj de Collor e PC Farias, haverão de tremer na corda bamba.

Desde a apuração das urnas que consagraram a reeleição de Dilma, ninguém discute idéias, apenas a degola de Dilma, se por impeachment, se por golpe militar.

Ninguém discute os resultados das últimas ações de tomada do poder presidencial – os golpes de Honduras, do Paraguai, da Primavera Árabe, do separatismo da Ucrânia, territorialmente, o maior pais da Europa.

Noblat argumenta que Cunha pode tentar se vingar. “O segundo na linha direta de sucessão do presidente da República resistiria à tentação de usar os poderes do cargo para defender-se? Uma das maneiras de proceder assim seria facilitar a queda de Dilma. Por que não facilitaria?”, indaga.

Pater
Pater

Propiciar, descomplicar (criar um rito para simplificar) o impeachment isso Cunha vem fazendo desde a posse, este ano, na presidência da Câmara. Mas nada existe de convincente para o povo, apesar do TCU ter votado as enigmáticas pedaladas, que precisam ser explicadas.

Pior que andar de bicicleta passou a ser viajar para os Estados Unidos para aprender a jogar tênis. A esposa de Cunha gastou 59,7 mil dólares com o cartão de crédito de uma das contas suíças na IMG Academies, academia de tênis do treinador Nick Bollettieri, na Flórida. Mais danoso para o Brasil são as tacadas da mulher de Cunha. Quantas aulas teve por quase 60 mil dólares? Durou quantos dias de aprendizado? Quantas viagens realizou? Quem pagou as passagens e hospedagens do(s) acompanhante(s) marido e/ou filha(s)?

Noblat diz ainda que a oposição, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), mantém sua aliança com o presidente da Câmara, que está atolado em denúncias e possui várias contas secretas na Suíça, por onde passaram mais de R$ 23 milhões.

“Falsa, como uma nota de três reais, a nota distribuída no último sábado pela oposição em que pede o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados”, diz ele. “A oposição precisa da sua boa vontade [de Cunha] para derrubar Dilma. Sem a sua boa vontade, tudo será mais difícil e demorado”.

As pedaladas não derrubam ninguém. As tacadas sim. Elas indicam uma vida maneira, volúvel e de luxo com dinheiro fácil, gasto nas lonjuras da Flórida. Fontes Globo/ Plantão Brasil/ Justiça da Suíça

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Oposição usará baloeiro para entregar todo poder ao PMDB: Temer presidente, e Cunha vice

Aroeira
Aroeira

É isso aí. O PMDB ficará com todos os poderes se vingar o golpe articulado por Eduardo Cunha, para escapar da prisão como sonegador, traficante de moedas, comedor de propinas etc.

Cunha espera contar com o apoio dos trabalhadores, pela Força Sindical, propriedade de Paulinho, que acumula os cargos de presidente da central sindical e do Partido Solidariedade.

Com a derrubada de Dilma, Michel Temer assume a presidência, e Eduardo Cunha acumula os cargos de presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente da República. Na presidência do Senado está outro pmdebista: Renan Calheiros.

É isso aí. Todo poder aos três mosqueteiros que são quatro. Que José Sarney é o presidente de honra do PMDB.

Pausinho da Força só é solidário no CUnha

Iotti
Iotti

por  Gilmar Crestani


O escritor e cronista Otto Lara Resende escreveu que mineiro só é solidário no câncer. Se vivo fosse, diria que Paulinho da Força só é Solidário na corrupção. Depois de tudo o que já se sabe a respeito de Eduardo CUnha tentar fazer de conta que não há nada de mais prova que pior do Cunha são seus apaniguados.

Não havia entendido o nome Solidariedade para um partido nascido de uma Força Sindical, onde há de tudo, mas de menos solidariedade. Erro meu. Na minha ingenuidade pensava que o dirigente do sindicato dos pelegos fosse, com base na prisão da cunhada do Vaccari, cobrar a prisão da mulher do Cunha, que não tem foro privilegiado. Até porque a Suíça se encarregou de produzir as provas que a grampolândia das araucárias se nega.

Aliás, por falar em corrupção, Paulinho também é solidário às centenas de viagens do Napoleão das Alterosas para namorar nos fins de semana no Rio e em Florianópolis.

Prova-se assim que Pausinho só é solidário com corruptos.

Nota da oposição pedindo afastamento deixou Cunha “puto”

Cau
Cau

A nota divulgada pela oposição, no sábado (10), defendendo que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se afastasse do cargo de presidente da Câmara foi “um erro, uma besteira. Não acrescentou nada e só criou dificuldade para o nosso lado”, diz o deputado Paulinho da Força (Solidariedade), um dos líderes do movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff.

O texto foi assinado por PSDB, DEM, PPS, PSB e até pelo Solidariedade, do próprio Paulinho.

As legendas já tinham combinado com Cunha uma forma de fazer o processo de impeachment contra Dilma Rousseff andar na Câmara, mas a iniciativa estaria colocando o plano em risco.

“O Eduardo ficou puto”, diz Paulinho. “Agora temos que consertar a m. que fizemos.”

marta pt dilma temer cunha

Ele diz que a reação do presidente da Câmara o assustou. “Eu achei que tínhamos jogado a criança fora junto com a água, fiquei com essa impressão”, diz.

ADVERTISEMENT – O deputado, no entanto, acha que ainda há tempo de reparar o erro, já que Cunha estaria chateado mas não a ponto de romper com a oposição. “Vamos fazer uma reunião agora, vamos ver como consertar isso.”

Paulinho credita “o problema” ao PSDB, “que tem medo da opinião pública”.

Winner de Cunha pode iniciar uma guerra civil

pedaaladas folha

Veja como um jornal golpista – a Folha de São Paulo – trata a farsa de um impeachment como uma grande crise política, sem informar ao povo o que seja “pedaladas”, ou que político civil assume o lugar de Dilma com um golpe parlamentar.

A manchete da Folha é uma fria, que na gíria jornalística chamamos de balão de ensaio. É mais um caso de propaganda marrom, de apologia do golpe.

Todo mundo sabe: é inaceitável um indicado do morto PC Farias, Eduardo Cunha, seja vice ou presidente do Brasil.

Isso acontecendo seria o começo de uma verdadeira crise política e constitucional, que pode iniciar uma intervenção militar e/ou guerra civil.