por Talis Andrade
Pastoril, por Irene Medeiros
Dançavam as pastorinhas
num tablado
no azul
o azul estrelado
de um circo mágico
armado
por Ferreira Itajubá
Márcio Marinho
Navarro e Berilo
bebiam vinho
Um coro de anjinhos barrocos
esculpidos por Aleijadinho cantava
uma sinfonia de Hildegard de Bingen
Auta de Souza e Walflan pareciam
Santa Tereza e San Juan de la Cruz
enlevados
em êxtase
Eu sei porque me foi revelado
como começou a Acta Diurna
Em uma noite dos Reis Magos
os eleitos proclamados
Metade do século escreve Cascudo
Outra metade Woden escreve
– Eu começo disse Cascudo
E firmou o consagrado trato
com um gole de conhaque
Assim continua escrita
a história de Natal uma saga
que se desconhece o início
porque os registros
permanecem selados
em um altar encoberto
Eu sei porque me foi revelado
por Manoel Onofre Jr
nos Salvados
No Jornal de Woden Madruga
cronista maior
do eterno reisado
do Deus Menino
a permitida parte
para que o povo
conheça
a gente os bichos
as coisas da terra
o preciso
precioso dia
em que floresce o cajado
de São José
anunciando a chuva
tardia
Da terra encantada
Jaime Wanderley
Veríssimo
Luís Carlos Guimarães
mandam recados
– Natal um dia
o retorno
do perdido reino
da poesia
Para tanto a cidade
possui seus encantos
bem guardados
o paraíso escondido
o caminho secreto
descrito
nos livros santos
cifrados livros
Woden escreve