Quem são os 26 brasileiros citados por ora no Panama Papers

  • Ângelo Marcus de Lima Cota, diretor financeiro da empreiteira Mendes Júnior
  • Carlos de Queiroz Galvão, sócio controlador da construtora Queiroz Galvão
  • Carlos Eduardo Schahin, empresário e ex-diretor do Banco Schahin
  • Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, na ditadura militar
  • Edison Lobão, senador (PMDB-MA)
  • Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ)
  • Etivaldo Vadão Gomes, ex-deputado federal PP
  • Gabriel Nascimento de Lacerda, filho do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB)
  • Jefferson Eustáquio, superintendente da empreiteira Mendes Júnior,
  • Jésus Murilo Vale Mendes, presidente da empreiteira Mendes Júnior
  • João Augusto Rezende Henriques, empresário
  • João Lyra, ex-deputado (PSD-AL)
  • José Augusto Ferreira dos Santos, ex-banqueiro e amigo do Senador Edison Lobão
  • Luciano Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA)
  • Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  • Milton de Oliveira Lyra Filho, empresário
  • Newton Cardoso, ex-governador de MG (PMDB-MG)
  • Newton Cardoso Jr, deputado federal (PMDB-MG)
  • Olívio Rodrigues Júnior, sócio da empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira
  • Saul Sabbá, diretor presidente do Banco Máxima
  • Sérgio Guerra, ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB

Veja quem são os personagens com offshores:
* Gabriel Junqueira Pamplona, filho de Paulo Skaf, presidente da FIESP, patrocinadora do golpe e do seminário de Gilmar Mendes em Portugal
* Max Roberto Bornholdt, advogado na Bornholdt Advogados e ex-secretario de Estado da Fazenda de Santa Catarina
* Paulo Octávio, ex-governador do DF
* Rodrigo Meyer Bornholdt, adovgado na Bornholdt Advogados – foi candidato a deputado estadual em Santa Catarina pelo PDT
* Família Feffer, controladora do grupo Suzano

A pá de cal na carreira política de Aécio

por Luis Nassif

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[ESPOSA, FILHA, IRMÃO E MÃE DE AÉCIO NEVES ABRIRAM “OFFSHORE” EM LIECHENSTEIN. TUDO INDICA QUE A JUSTIÇA DIRÁ QUE AÉCIO “NÃO SABIA”, “NÃO ERA O TITULAR” E NÃO QUEIRA SABER A ORIGEM DO DINHEIRO]

A carreira política de Aécio Neves – ou ao menos suas pretensões de voltar a se candidatar à presidência da República – terminará nos próximos dias.

Sua declaração recente, apresentando o governador de São Paulo Geraldo Alckmin como o próximo candidato do PSDB, foi mais que um gesto de elegância: respondeu a uma avaliação realista do que o espera pela frente.

Não se sabe bem o que virá da Lava Jato.

Autoridade com acesso integral ao inquérito informa o seguinte:

Não há como conter vazamentos, que partem dos advogados, delegados e procuradores e do próprio juiz, que está dando publicidade a todos os depoimentos. Especificamente no caso da capa da Veja, o vazamento foi do advogado do doleiro Alberto Yousseff.

Até agora, os vazamentos foram seletivos, aliás “completamente seletivos”, diz ele. Quando o inquérito total vier à tona, haverá “bombas de hidrogênio”, supõe que envolvendo próceres da oposição. Não avançou sobre quem estaria envolvido, portanto não se sabe se a bomba atingirá Aécio ou não.

Mesmo que não atinja, o fantasma que persegue Aécio atende pelo nome de “ação penal 209.51.01.813801-0”.

Em 8 de fevereiro de 2007 foi deflagrada a Operação Norbert, visando apurar denúncias de lavagem de dinheiro na praça do Rio de Janeiro. Conduzida por três jovens brilhantes procuradores – Marcelo Miller, Fabio Magrinelli e José Schetino – foi realizada uma operação de busca e apreensão nos escritórios de um casal de doleiros do Rio de Janeiro.

No meio da operação, os procuradores se depararam com duas bombas.

A primeira, envolvia o corregedor do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Carpena do Amorim.

Carpena foi peça central no assassinato de reputação da juíza Márcia Cunha, trabalhando em parceria com a Folha de S. Paulo no período em que o jornal se aliou a Daniel Dantas. Coube a Carpena endossar um dossiê falso preparado por um lobista ligado a Dantas, penalizando uma juíza séria.

Ao puxar o fio da meada de uma holding, os procuradores toparam com Carpena. O caso foi desmembrado do inquérito dos doleiros, tocado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e resultou na condenação do ex-juiz a três anos e meio de prisão.

O segundo fio foi puxado quando os procuradores encontraram na mesa dos doleiros uma procuração em alemão aguardando a assinatura de Inês Maria, uma das sócias da holding Fundação Bogart & Taylor – que abriu uma offshore no Ducado de Lichtenstein.

Os procuradores avançaram as investigações e constataram que a holding estava em nome de parentes de Aécio Neves: a mãe Inês Maria, a irmã Andréa, a esposa e a filha.

Como o caso envolvia um senador da República, os três procuradores desmembraram do inquérito principal e encaminharam o caso ao então Procurador Geral da República Roberto Gurgel. Foi no mesmo período em que Gurgel engavetou uma representação contra o então senador Demóstenes Torres.

O caso parou na gaveta de Gurgel.

No próximo mês deverá ser apreciado pelo atual PGR Rodrigo Janot. Há uma tendência para que seja arquivado. Alega-se que Aécio não seria titular da conta – que está em nome de familiares – mas apenas beneficiário. Certamente não se levantará a versão jabuticaba da “teoria do domínio do fato”, desenvolvida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Arquivado ou não, certamente será a pá de cal nas pretensões políticas de Aécio.

Imagem do google simbolizando cena típica do então PGR Roberto Gurgel
Imagem do google simbolizando cena típica do então PGR Roberto Gurgel
O casamento da mãe de Aécio

Comentário de Clever Mendes de Oliveira

Luis Nassif,

O problema desta história de dinheiro no estrangeiro da família de Aécio Neves é porque quem a propaga desconhece a particularidade do casamento de Inês Maria, a mãe de Aécio Neves, com o banqueiro Gilberto Faria, filho do fundador do Banco da Lavoura, Clemente Faria.

O Banco da Lavoura foi o maior banco do país no final da década de 40 e do Banco da Lavoura surgiram dois bancos, o Banco Real com Aloysio Faria e que depois foi incorporado pelo ABN AAMRO que depois foi vendido para o Santander e o Banco Bandeirantes com Gilberto Faria. Gilberto Faria era pai de Clemente Faria Neto que faleceu em 12/07/2012 em um acidente aéreo e era grande empresário dividindo com o irmão Gilberto Faria Júnior a direção de um grupo empresarial que reunia cerca de 20 empresas entre elas a Minasmáquinas, revendedora de caminhões, máquinas pesadas e automóveis de luxo da marca Mercedes-Benz, e das rádios Alvorada, em Belo Horizonte, Sulamérica Paradiso, do Rio, e Jovem Pan, de Santos. Além disso, Clemente Faria Neto antes do segundo casamento dele fora casado com Ângela Gutierrez. Não é de se estranhar que o grande empresariado brasileiro se encaminhou para apoiar Aécio Neves. E é interessante ver que esses empresários todos investem em meios de comunicação. O pai de Clemente Faria Neto, Gilberto Faria, padastro de Aécio Neves era dono (ou detinha parte) da Transamérica.

Enfim, os milionários não são muito de abrir mão do dinheiro de seus antepassados, mas os quase trinta anos de casamento da mãe de Aécio Neves com o banqueiro Gilberto Faria e que perdurou até a morte do banqueiro em 01/10/2008 formaram vínculo forte para permitir essas contas ainda mais em um paraíso fiscal como é o do Ducado de Linchestein.

O problema de Aécio Neves será permanecer durante quatro anos apresentando atestado de bom comportamento. E não basta isso para o sucesso dele. É preciso que o PT fracasse no segundo governo da presidenta Dilma Rousseff [Transcrevi trechos. T.A.]

BH, 02/01/2015

aécio corrupção mídia

O juiz Moro e o caso Banestado, aquele das contas CC5. Diz que os inquéritos “se desdobraram em cerca de 3.600 procedimentos criminais”

Joen Yunus
Joen Yunus
Choque de propósitos

por Janio de Freitas

As posições contrárias do Supremo e da Lava Jato quanto à jurisdição apropriada para os processos não ligados aos desvios na Petrobras azedou com inconveniência para os dois lados.

Desagradados com a decisão do Supremo de encaminhar para outro juízo um inquérito que não inclui Petrobras, mas está na Lava Jato, o juiz Sergio Moro e procuradores fazem afirmações agudas. É da regra judicial brasileira, porém, que os inquéritos e processos corram onde teria havido o fato em questão, deslocando-se os julgamentos em casos de extrema excepcionalidade. O Supremo transferiu, de Curitiba para o judiciário federal em São Paulo, o processo sobre pagamentos da empresa Consist que a Lava Jato supõe retribuírem um contrato de gerenciamento do crédito consignado.

Os comentários mais simbólicos da argumentação e da carga forte da Lava Jato contra o decidido pelo Supremo foram postos por Moro em sua sentença condenatória de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Escreveu ele que a “dispersão das ações penais não serve à causa da Justiça, tendo por propósito pulverizar o conjunto probatório e dificultar o julgamento”.

Sendo quem são, no caso, os imaginados portadores de tal propósito, não há como ver sensatez na afirmação do juiz Sergio Moro, descreditada ainda por valer-se do que deveria ser só uma sentença.

Mas, já que se trata da distribuição de inquéritos, pode-se dispor de um outro trecho de texto. É do balanço feito pelo Ministério Público Federal sobre a ação da sua força-tarefa que se ocupou do grande caso Banestado, aquele das contas CC5. Diz que os inquéritos “se desdobraram em cerca de 3.600 procedimentos criminais, que foram distribuídos para as subseções judiciárias do domicílio dos representados, permanecendo cerca de 600 procedimentos criminais na capital paranaense”.

Foi distribuição como a atacada na sentença, e em outras situações, por Sergio Moro, e em diversas ocasiões por procuradores da Lava Jato. Mas os procuradores da Lava Jato estavam na força-tarefa do Banestado. Tanto que o autor do balanço foi Januário Paludo, procurador nas duas forças-tarefas. E quem procedeu à distribuição dos inquéritos para as jurisdições “do domicílio dos representados”, em qualquer parte do Brasil, foi o juiz Sergio Moro.

moro doleiro banestado lava FHC

Via CPMF polícia federal descobriu os grandes sonegadores

CURITIBA
CURITIBA
PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE

Por que os tucanos hoje são contrários a CPMF criada na administração do ex-presidente Fernando Henrique, do PSDB, que governou aliado ao PFL – atual DEM, que na época também era favorável à cobrança?
Comportamento estranho

Em uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, em 8 de agosto de 2007, com a participação do advogado-geral da União, José Antônio Toffoli; do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Brossard, e do representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Antônio Carlos Rodrigues do Amaral, o deputado Carlito Merss (PT-SC) considerou estranho que parlamentares do PFL e do PSDB queiram acabar com a CPMF. “Foi uma das boas coisas que o governo FHC deixou. A CPMF é um dos impostos mais justos do país, pois é voltado para a saúde pública. Somente os traficantes e os sonegadores de impostos são contrários à manutenção deste imposto”, afirmou.

Safadeza da imprensa

Na época, José Eduardo Cardozo destacou a CPMF como importante mecanismo de fiscalização nas transações bancárias, que tem sido usado no combate à sonegação fiscal. De acordo com o parlamentar, cerca de 99% das investigações da Polícia Federal é resultado do cruzamento das informações da CPMF.

Por que antigos defensores da CPMF, hoje realizam um combate de vida e morte? Os barões da mídia mudaram de lado. Obviamente, os principais inimigos da CPMF são os grandes sonegadores e traficantes de moedas para os paraísos fiscais.

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Senadores protegem os traficantes de moedas do HSBC

CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito no Brasil sempre foi uma lavanderia de fichas sujas. Sempre lava mais brancos.

Ladrões do Brasil terminam todos com atestados de honestidade. Daí se diz que as CPIs acabam em pizza. Mais do que isso. Legalizam todo dinheiro chantageado, desviado, roubado, contrabandeado.

As CPIs terminam em festa nos paraísos fiscais.

imprensa mídia vendida HSBC

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“Nunca vi uma vergonha tamanha na história do Congresso”, diz Randolfe sobre CPI do HSBC

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Embora tenham sidos aprovados diversos requerimentos para a quebra de sigilos bancários de empresários poderosos, a CPI do HSBC resolveu voltar atrás. Isso despertou a fúria do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que diz estar avaliando seu futuro na CPI e a própria existência do grupo. Mesmo depois de o Supremo Tribunal Federal ter dado sinal verde para as quebras, os senadores resolveram não fazê-lo.

“O que aconteceu foi o sepultamento de uma CPI da forma mais escandalosa que poderia ser vista”, diz Randolfe. “Só pode ser isso, num jogo de compadres reveem a quebra de sigilo anterior. Ou seja, não querem investigar, querem o sepultamento da comissão”, critica ele. “Nunca vi uma vergonha tamanha na história do Congresso Nacional”, acrescentou o senador.

Na sessão do dia 30 de junho, A CPI havia aprovado requerimentos de quebras de sigilo bancário, mas na deliberação desta quinta-feira, a um dia do início do recesso parlamentar, alguns desses requerimentos foram revistos. Entre eles, o do empresário Jacob Barata, que controla parte significativa do transporte público do Rio de Janeiro. Outros três familiares dele foram poupados pelos senadores. Rosane Ferreira Barata, Jacob Barata Filho e David Ferreira Barata.

Também escaparam de ter seus sigilos bancários quebrados Jacks Rabinovich, ex-proprietário do Grupo Vicunha, e Paula Queiroz Frota, membro do Grupo Edson Queiroz, dono da TV Verdes Mares e do Diário do Nordeste. O aval do STF para as quebrar solicitadas pela CPI vieram justamente depois da análise de um mandado de segurança impetrado por Rabinovich.

“O que assisti hoje foi lobby de advogados na CPI. E o lobby ser vitorioso. O parlamento ser derrotado hoje. Os lobbies e o poder da pressão econômica. Não tem outro nome para isso, é pressão econômica. Um dos argumentos, pasmem, foi o de que grandes empresários não podem ter sigilo quebrado. Como se fossem intocados no estado democrático de direito”, declara Randolfe.

Em entrevista ao iG no dia 8 de junho, o vice-presidente da CPI do HSBC disse que não seria o entregador de uma pizza. “A pizza já está pronta”, afirma ele. “Ninguém tem vergonha de nada. Adverti, disse que não aceitaria isso, mas o que acontece hoje? Entregam (a pizza). Hoje chegou a ser proposta a suspensão da CPI. Não dar continuidade à investigação”, declara o vice-presidente. Transcrito do IG

HSBC mulher roberto marinho e mídias

Sonegação de impostos é sete vezes maior que a corrupção. Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País

O custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais

sonegação campeão corrupção roubo fiscal

por Carlos Drummond

Nenhum assunto rivaliza com as notícias sobre corrupção na cobertura e no destaque dados pela mídia, um sinal da importância devidamente atribuída ao problema pelos cidadãos. Males de proporções maiores, porém, continuam na sombra. A sonegação de impostos, por exemplo, tem sete vezes o tamanho da corrupção, mas recebe atenção mínima da sociedade e do noticiário.

Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, calcula o presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo. O custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais, informa José Ricardo Roriz Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, com base em cálculos recentes.

Para alertar a sociedade da importância de se combater a sonegação, Camargo, inaugurou na quarta-feira 18, em Brasília, um sonegômetro e uma instalação denominada lavanderia Brasil. Na inauguração, o medidor mostrava um total sonegado de 105 bilhões desde janeiro, dos quais 80 bilhões escoados por meio de operações de lavagem ou manipulação de recursos de origem ilegal para retornarem à economia formal com aparência lícita.

Em um exemplo citado pelo Sindicato, um comerciante simula a compra de 50 milhões de litros de combustível, adquire só 10 milhões de litros físicos e obtém, mediante pagamento, notas fiscais falsas no valor de 40 milhões. Ele negociou de fato só aqueles 10 milhões, mas trouxe para a economia formal os 40 milhões de origem ilícita por meio desse mecanismo de lavagem, sem recolher os impostos devidos. Tanto a parcela superfaturada, os recursos de propinas, tráfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando, falsificações, corrupção e renda sonegada precisam retornar à economia com aparência de origem lícita, para as atividades criminosas prosseguirem.

A livre atuação no Brasil das empresas off shores, ou registradas em paraísos fiscais, agrava a sonegação. Há laços fortes do País com esses redutos de burla dos fiscos dos estados nacionais, na prática nossos grandes parceiros comerciais. A principal razão é o tratamento preferencial dado ao capital externo, subtaxado quando da sua remessa de lucros ao exterior, afirma-se no site Tax Justice Network.

“Todos os países que não taxam ganhos de capital, ou o fazem com base em alíquota inferior a 20% são considerados paraísos fiscais no Brasil. Ironicamente, esse país tem diversas situações de ganhos de capital taxados em menos de 20%.” Não é bem assim, explica a Receita Federal. “A definição de paraíso fiscal na legislação brasileira não leva em conta apenas a tributação de ganhos de capital, mas sim a tributação da renda. A tributação da renda das pessoas físicas é de 27,5% e das pessoas jurídicas é de 25% de imposto de renda, mais 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.” Mas a taxação de ganhos de capital, “em regra de 15%”, é baixa em termos mundiais e o trânsito do dinheiro é facilitado pela parceria comercial com os paraísos fiscais.

Pessoas físicas recorrem também aos paraísos fiscais para não pagar impostos sobre os seus ganhos, lícitos ou não. No caso das 8.667 contas de brasileiros descobertas no HSBC da Suíça (4.º maior número de correntistas no mundo), Camargo vê “com certeza indícios de conexão com paraíso fiscal, porque essas contas eram secretas, só vazaram porque um ex-funcionário do HSBC divulgou a sua existência. Há indícios a serem investigados pelas autoridades brasileiras, de evasão de divisas e crime de sonegação fiscal.”

Os impostos mais sonegados são o INSS, o ICMS, o imposto de renda e as contribuições sociais pagas com base nas declarações das empresas. Os impostos indiretos, embutidos nos produtos e serviços, e o Imposto de Renda retido na fonte, incidentes sobre as pessoas físicas, são impossíveis de sonegar. A pessoa jurídica cobra os tributos, mas algumas vezes não os repassa ao governo.

A sonegação acompanha a concentração de renda. Os processos envolvem 3,54 milhões de devedores, mas os chamados grandes devedores são apenas 18.728. Para dar conta dos 7,48 milhões de processos em tramitação, há só 2.072 procuradores, auxiliados por 1.518 servidores, menos de dois por procurador. O sindicato reivindica o preenchimento urgente dos 328 cargos vagos de procurador da Fazenda Nacional abertos.

Quem tem mais, deve pagar mais, estabelece a Constituição, em um preceito tão desobedecido quanto o do Imposto sobre Grandes Fortunas, à espera de regulamentação. Nesse assunto, o Brasil está na contramão. A partir de 2012, com a piora da economia e da arrecadação, países europeus que haviam concedido desonerações tributárias e cortado gastos, voltaram a aumentar o imposto de renda nas alíquotas mais altas e elevaram os impostos sobre propriedade, diz a professora Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“Aqui, não conseguimos fazer isso porque o IPTU não é arrecadado pela União, mas pelos municípios, então você não mexe na propriedade. Impostos que tratam da concentração da renda, do patrimônio, deveriam estar nas mãos da União. A reforma tributária, segundo algumas visões do Direito, é tratada como uma questão de simplificação. Não é o caso, muito pelo contrário, tem que complexificar mais, dentro de uma estrutura adequada em termos de progressividade, de taxar realmente o patrimônio, os ativos, essa coisa toda.”

A estrutura do nosso sistema tributário, diz a professora, “é uma tragédia, regressiva, picada, os impostos não vão para as mãos que deveriam ir. Por que não se consegue repensar o IVA, o ICMS? Porque são dos estados. Impostos e medidas que poderiam favorecer uma progressividade, não se consegue adotar, por conta do nosso caráter federativo.”

A sonegação é uma possibilidade aberta para as empresas pela estrutura tributária, conforme mencionado acima, e quando pegas, são beneficiadas pela discrição das autoridades. Também nesse quesito, o Brasil segue na contramão. Nos Estados Unidos, por exemplo, os próprios políticos tratam de alardear os nomes das empresas flagradas em irregularidades.

Por que o Brasil, não dá publicidade aos nomes dos grandes sonegadores, o que possivelmente contribuiria para desestimular o não recolhimento de tributos e impostos? Segundo Camargo, há divulgação, mas ela não é satisfatória. “Existe um sítio na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que enseja a consulta dos CNPJs ou CFPs dos devedores, mas sem informar quais são os valores devidos. Não temos uma cultura de transparência no Brasil. Essas restrições são inaceitáveis e nós devemos caminhar para uma maior transparência, com a divulgação dos nomes e respectivos valores devidos.” In Carta Capital

 

 

Papa Francisco: Muitos suportam todos os dias o peso de uma sistema econômico que explora o homem, impondo-lhe um ‘jugo’ insuportável, que os poucos privilegiados não querem carregar»

indignados rico banqueiro corrupto

 

«Como a indiferença humana faz mal aos necessitados!». Mais uma vez o Papa Francisco invocou a solidariedade de quantos possuem riquezas em relação a quem não tem do que viver; fê-lo dirigindo-se aos fiéis presentes no domingo 6 de Julho na praça de São Pedro para a recitação do Angelus.

Ao comentar, como de costume, as leituras do dia, o bispo de Roma estigmatizou sobretudo a «indiferença dos cristãos», evidenciando que «às margens da sociedade estão muitos homens e mulheres provados pela indigência, mas também pela insatisfação da vida e pela frustração. Muitos são obrigados a emigrar da sua pátria, pondo a própria vida em perigo. Muitos outros suportam todos os dias o peso de uma sistema económico que explora o homem, impondo-lhe um «jugo» insuportável, que os poucos privilegiados não querem carregar». É «a cada um destes filhos do Pai» – acrescentou o Pontífice – que Jesus repete: «Vinde a mim, vós todos». Mas «diz o mesmo também a quantos possuem tudo», e no entanto têm «o coração vazio e sem Deus». Porque, foi a conclusão, «o convite de Jesus é dirigido a todos. Mas de modo especial a quantos mais sofrem».

Definitivamente, concluiu o Papa, aceitar o convite de Jesus significa imitar a sua atitude mansa e humilde, porque a «mansidão e a humildade do coração nos ajudam não só a suportar o peso dos outros mas também a não pesar sobre eles com as nossas visões pessoais, os nossos juízos, as nossas críticas, a nossa indiferença».

Partindo do convite de Jesus no Evangelho: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos alivierei”, o Santo Padre recordou que esta mensagem de Jesus era essencialmente dirigida à todas as pessoas que Jesus encontrava diáriamente pelas estradas da Galileia: tanta gente simples, diz o Papa, pobres, doentes, pecadores e marginalizados.

Estas pessoas, disse ainda Papa Francisco, procuraram sempre jesus para ouvir a sua palavra, uma palavra de esperança e para tocar ainda que fosse só uma parte das suas vestes.

Mas o próprio Jesus procurava estas pessoas, estas multidões cansadas e que vagueavam quotidianamente como ovelhas sem pastor, para lhes anunciar o Reino de Deus e para curar muitos no corpo e no espírito.

Daí, disse o Papa, o convite de Jesus se estende até aos nossos dias para atingir tantos irmãos e irmãs oprimidos pelas condições de vida precárias, pelas situações existenciais difíceis e às vezes privadas de válidos pontos de referência.

À todas essas pessoas, recorda o Papa Francisco, Jesus promete hoje de dar refúgio, mas faz também um pedido que é ao mesmo tempo um imperativo e um mandamento: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” .

O Papa Francisco conluiu o Ângelus pedindo mais uma vez aos presentes, de continuarem a rezar por ele.

 

Robert Garcia
Robert Garcia

 

Os paraísos da Siemens com dinheiro brasileiro

O caso da Siemens comprova quanto continua fácil traficar dinheiro do Brasil para o exterior. O dinheiro de obras e serviços super, super faturados. Tem mais: com as privatizações e desnacionalizações, o lucro das empresas e indústrias também é remetido para o exterior, por vias legais e ilegais. E depois, e depois, como nada é brasileiro, quanto o Brasil paga de royalties?  De juros da dívida externa? Some as botijas de ouro e prata das propinas. Além do tráfico de moedas, a pirataria ganha com o tráfico de minérios, de água, de pessoas, de drogas, de órgãos etc. O Brasil é um país roubado.

Terra informa: O gerente-geral da área de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, declarou em depoimento à Polícia Federal que foi instruído a destruir “todo e qualquer documento” relativo à conta bancária secreta que ex-diretores da empresa mantinham em Luxemburgo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A conta foi descoberta pela matriz da empresa na Alemanha durante auditoria interna, após o escândalo de corrupção mundial na empresa, o que resultou na demissão do então presidente da empresa no Brasil, Adilson Primo, em outubro de 2011.

Primo era um dos proprietários da conta bancária, que recebeu cerca de US$ 7 milhões de dinheiro da Siemens na Alemanha e nos Estados Unidos.

Em depoimento à PF, o vice-chefe do setor de compliance da Siemens na Alemanha, Mark Gough, disse que há suspeitas de que a conta era utilizada para pagar propina a agentes públicos no Brasil.

De acordo com De Bona, executivos da Siemens o pressionaram a aceitar a incumbência de encerrar a conta no exterior. O gerente afirmou também à PF que, em 2004, quando o quadro de sócios da empresa que era dona da conta foi alterado e Adilson Primo foi incluído entre eles, o ex-presidente da Siemens lhe entregou, em sua própria sala, cópia de seu passaporte e assinou documentos relativos à conta.

O executivo contou ainda que Romero lhe disse que a conta existia para despesas do plano de pensão para funcionários alemães que trabalhavam no Brasil.

A Siemens negou conhecer a existência da conta e disse que colabora com as autoridades na apuração do caso.

Fuga de capitales sin declarar en países en desarrollo llega a cifras astronómicas

Amr Okasha
Amr Okasha
IPS
Los países en desarrollo pueden perder más de un billón de dólares al año, procedentes de delitos y corrupción. Este flujo ilegal va en veloz aumento y ya es 10 veces mayor que el monto total de ayuda extranjera que estas naciones reciben.Entre 2002 y 2011, los gobiernos del mundo en desarrollo perdieron casi seis billones de dólares, principalmente por la debilidad de las normas y por una pobre gobernabilidad, según Global Financial Integrity (GFI), una organización de vigilancia con sede en Washington.En sus estimaciones se incluye la riqueza obtenida mediante facturación inexacta o adulterada, sociedades fantasma y paraísos fiscales, entre otros montajes contables.

“Esto suministra evidencias para demostrar que la fuga de capitales ilícitos son el problema económico más devastador para el Sur global”, señaló el presidente de GFI, Raymond W. Baker, en la introducción de un informe divulgado el miércoles 11. Los números son “un llamado de atención para que los gobernantes entiendan la urgencia” de abordar este problema, agregó.

Lo preocupante es la velocidad con que está creciendo este negocio.

En 2002, el primer año que analizaron los investigadores de GFI, los flujos financieros ilícitos rondaron los 270.300 millones de dólares. Para 2011, el último año con estimaciones disponibles, habían aumentado a 946.700 millones de dólares. Y han continuado creciendo.

Con un ajuste por la inflación, se percibe un crecimiento promedio de más de 10 por ciento al año. El monto de 2011 constituyó un aumento de 13,7 por ciento respecto del de 2010.

“La fuga de capitales ha ido en aumento”, dijo Dev Kar, economista jefe de GFI y coautor del nuevo informe, en diálogo con IPS.

“Durante la crisis económica (que comenzó en 2008) se redujeron tanto las importaciones como las exportaciones, pero a medida que se ha recuperado la actividad, también lo han hecho estas salidas de fondos”, agregó.

Kar advirtió que las estimaciones de GFI pueden ser conservadoras. Por ejemplo no consideran las transferencias informales de dinero (como la “hawala”) ni las grandes transacciones de efectivo, por lo tanto no dan pistas sobre las dimensiones de negocios inmensos como el narcotráfico o el tráfico de personas.

Asia representa alrededor de 40 por ciento de las salidas ilegales de fondos procedentes de países en desarrollo. Aunque África constituyó apenas siete por ciento en 2011, el continente tuvo la mayor proporción de flujos ilícitos respecto del producto interno bruto, con alrededor de 5,7 por ciento.

Como África también es la región que más depende de la ayuda extranjera, frenar al menos en parte esta fuga de recursos sería clave para incrementar las inversiones públicas de salud, educación e infraestructura.

Sistemas paralelos

Instituciones dedicadas a promover el desarrollo empiezan a prestar atención a estas desigualdades. La organización humanitaria Oxfam estima que hay unos 32 billones de dólares en paraísos fiscales de todo el mundo. Si estuvieran gravados, se podrían recaudar casi 190.000 millones de dólares al año.

“Los gobiernos deberían ponerse de acuerdo en poner fin al hambre para 2025 y a los paraísos fiscales, así podrían pagar esto y mucho más”, señaló Stephen Hale, de Oxfam, en un comunicado.

“La evasión fiscal quita alimentos de la boca a los hambrientos”, añadió.

El año pasado la comunidad internacional adoptó importantes medidas para cerrar ciertas vías usadas para esconder riqueza no declarada ante los estados.

El Grupo de los Ocho (G-8) países más poderosos y el Grupo de los 20 (G-20) industrializados y emergentes pusieron el abuso fiscal entre sus prioridades.

Este verano boreal, un panel de alto nivel de la Organización de las Naciones Unidas que negociaba la próxima fase de los Objetivos de Desarrollo para el Milenio, cuyo plazo está fijado para 2015, indicó que una de sus prioridades es hacer frente al abuso de los paraísos fiscales de ultramar y a los flujos financieros ilegales.

Poco después, casi una decena de países miembros de la Unión Europea (UE) acordaron el primer sistema multilateral de intercambio de información tributaria del mundo, que se basa en requisitos bilaterales similares de Estados Unidos, aprobados hace tres años.

“El hecho de que estos flujos sean mencionados por el G-20 y otras organizaciones internacionales es nuevo”, dijo Brian LeBlanc, economista junior en GFI y coautor del nuevo informe, entrevistado por IPS.

“Estos asuntos se veían antes como problemas de los países en desarrollo, pero ahora vemos que los países industrializados están tomando medidas. Estamos avanzando en algo”, agregó.

Pero urge hacer mucho más, indican las fuentes. Kar, de GFI, cree que las medidas adoptadas hasta ahora tendrán poco impacto a corto plazo.

“El G-20 no ha abordado el sistema financiero paralelo, en gran medida intacto. No hubo medidas para mejorar la transparencia, ni se ha hecho mucho a propósito de los paraísos fiscales o los fideicomisos ciegos”, dijo.

“Es importante que buena parte de la conversación se centre en los países industriales. Creemos que la debilidad de la gobernanza es una fuerza motriz de las fugas de capital y flujos ilegales, y en los grandes países la gobernanza simplemente no está mejorando y en muchos se está deteriorando”, agregó.

Kar señaló que las fabulosas sumas del informe del GFI parecen haber tenido poco impacto en los funcionarios gubernamentales en muchos países en desarrollo, incluso cuando las arcas públicas de esas naciones todavía resienten la crisis financiera mundial.

“En la mayoría de los países tuvo impacto cero, y las autoridades se negaron incluso a reconocer que hay un problema. Malasia, por ejemplo, apenas sostuvo que nuestras estimaciones son exageradas”, expresó Kar. Ese país asiático está cuarto en la lista de mayores exportadores de capitales ilícitos del GFI.

“Hay un nexo poderoso y corrupto entre políticos y empresas que abarca la financiación de las campañas electorales, la falta de transparencia en el comportamiento empresarial y los sobornos en contratos del gobierno”, agregó.

“Estos son asuntos enormes, y falta recorrer un largo camino hasta que los países acepten que los flujos ilícitos son un problema y luego apliquen políticas que hagan frente a la situación”, concluyó.

¿Dónde reina el secreto financiero? En Latinoamérica, Panamá, Brasil y Uruguay encabezan el ranking

por Alejandro Rebossio

 

paraiso fiscal

Tax Justice Network (TJN), la red de justicia tributaria que agrupa a expertos de todo el mundo, difundió este jueves su índice de secreto financiero. Es un indicador que mide qué países promueven de forma más activa y agresiva el secreto de las finanzas frente al escrutinio de las agencias tributarias. Este año, el índice demostró otra vez que Reino Unido es el actor global más importante en el mundo del secretismo financiero porque, pese a que ocupa el puesto 21° en la clasificación, apoya y controla gran parte de una red de jurisdicciones opacas, desde las islas Caimán y Bermuda hasta Jersey y Gibraltar. Si se suma toda la red británica, supera a los líderes del indicador, Suiza, Luxemburgo y Hong Kong. En Latinoamérica, Panamá, Brasil y Uruguay encabezan el ranking.
Panamá ocupa el puesto 11° en el mundo. Brasil, el 29° y Uruguay, el 30°. República Dominicana está 42°; Costa Rica, 46°; Guatemala, 51°; España, 56° y Portugal, 69°. No hay otros países iberoamericanos evaluados en esta lista de 82 territorios.

Un subíndice se refiere a los países menos transparentes en la materia, más allá del tamaño del flujo de fondos que manejan. Allí lideran en el mundo Samoa y Vanuatu, en Oceanía, y Seychelles, en Asia. Los latinoamericanos figuran así: Guatemala, 28°; Panamá, 37°; República Dominicana, 39°; Uruguay, 41°; Costa Rica, 43° y Brasil, 64°. Aquí España aparece 80°, mejor que Portugal (78°).

Si se mide la cantidad de fondos opacos que cada país opera, EE UU, Reino Unido, Luxemburgo y Suiza son los primeros. España está 13°, por delante de Brasil (17°), Uruguay (46°), República Dominicana (52°), Costa Rica (56°), Guatemala (59°) y Panamá (60°). Veja vídeos