Agora é guerra! Impeachment é golpe e chantagem

por Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre

 

Não há como Dilma Rousseff governar o Brasil sem enfrentar a oposição de direita, de frente, olho no olho, cara a cara, e dizer-lhe: “Quer me derrubar por meio de um impeachment mequetrefe? Quer dar golpe? Então pago para ver! É guerra!”

 

O golpe de direita, à moda paraguaia, com atores conhecidos e vinculados aos status quo, a explicitar toda sua irresponsabilidade e desrespeito com o Brasil, com a democracia, com o Estado de Direito e com a Constituição. O golpe de direita ovacionado nos plenários do Congresso por golpistas de baixa estatura política, a exemplo de Aécio Neves, Paulinho da Força, Eduardo Cunha, Ronaldo Caiado, Cássio Cunha Lima, Rodrigo Maia, José Agripino Maia, Carlos Sampaio, Roberto Freire, Mendonça Filho, Onyx Lorenzoni, Álvaro Dias, José Serra, dentre muitos outros, além de Fernando Henrique Cardoso, que, medíocre, transformou-se em um anão político, como, inclusive, vai ser retratado pela História.

Políticos de direita que desejam conquistar o poder da forma como puder, mesmo à revelia do que é justo e legal, com o apoio irrestrito de juízes e procuradores, servidores políticos e partidários, que sempre demonstraram ter lado e cor ideológica à direita, como os senhores Gilmar Mendes, Sérgio Moro, Deltan Dellagnol e Rodrigo Janot, um procurador-geral da República que mais uma vez não cumpriu com suas responsabilidades, a permitir que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ficasse no poder, mesmo a ser um cadáver político acusado de se envolver com corrupções até a medula.

Um procurador que rapidamente pediu o afastamento do senador do PT, Delcídio Amaral (MS), que ora está preso, juntamente com o banqueiro, André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, apoiador contumaz do senador Aécio Neves, bem como o financiador de sua lua de mel em hotel de luxo, em Nova Iorque. Não se compreende o porquê de os tucanos do PSDB, do DEM e do PPS serem inimputáveis no Brasil. Porém, compreende-se, sem sombra de dúvida, que funcionários públicos que ocupam cargo de poder e mando tem lado, e este lado fica à direita do espectro político.

Talvez seja porque a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal, sem generalizar, consideram o povo brasileiro idiota, que não percebe que algo está errado nos bastidores da Justiça, que não prende, de forma alguma, os tucanos que cometeram crimes, pois protagonistas de dezenas de escândalos de corrupção, de crimes de responsabilidade e tráfico de influência, conforme comprovam os milhares de processos que estão de maneira oportuna e, politicamente, engavetados.

É porque somos todos idiotas, e não percebemos o que está a acontecer no Brasil. Isto mesmo. Somos cegos, mudos, surdos e idiotas, ao ponto de o Brasil ficar submetido a um chantagista da pior espécie, que esperava por votos favoráveis a ele de três deputados do PT, membros da Comissão de Ética. Como não foi possível, bem como a oposição liderada pelo PSDB o jogou para o espaço, com estacas à espera de sua queda, Eduardo Cunha resolveu encaminhar o pedido de impeachment, assinado por um jurista conhecidíssimo e de direita, que responde pelo nome de Miguel Reale Jr. (Transcrevi trechos)

 

 

Evo Morales alerta sobre ofensiva contra governos progressistas

golpistas

O presidente da Bolívia, Evo Morales, alertou, que está em marcha uma campanha contra os governos populares e progressistas da América do Sul, em uma entrevista publicada pelo jornal Página 12.

Nela, expressou sua preocupação pela “ofensiva contra os governos anti-imperialistas” que acontece através dos ataques de fundos abutres contra a Argentina, dos movimentos golpistas na Venezuela e das operações opositoras contra a presidenta brasileira, Dilma Rousseff.

Ele disse que agora não podem fazer golpes de Estado militares, tampouco conspirações com o império norte-americano, “mas sinto que há outras formas de agressão política, como as chantagens e os condicionamentos à Venezuela”.

Na Argentina, por exemplo, o litígio dos fundos abutres é uma agressão econômica, afirmou e advertiu que, “quando um governo anti-imperialista é sólido, querem destroçar pelo lado econômico”.

Diante dessa situação destacou que “o trabalho conjunto da região é importante. E quando não podem nem militar nem economicamente, fazem um golpe político como contra (Fernando) Lugo no Paraguai”.

Morales opinou que “a agressão a Dilma é política, um golpe através do Congresso. E muito também depende de nossos movimentos sociais, e claro, sinto que o império quer tirar o patrimônio político do Partido dos Trabalhadores. “Já não é só contra Dilma, também é contra Lula. Usam o tema da corrupção”, avaliou.

A uma pergunta sobre se os Estados Unidos estão por trás dessa ofensiva, afirmou: “é muito claro com a Venezuela. E os fundos abutres de onde vêm? Os fundos abutres têm suas estruturas econômicas para chantagear-nos nos Estados Unidos”.

Em suas declarações elogiou Luiz Inácio Lula da Silva, Néstor Kirchner e Hugo Chávez, por terem dignificado a América Latina. Comparou a Bolívia instável e a Bolívia de agora. Morales chegou à presidência em janeiro de 2006 e foi eleito pela terceira vez em outubro do ano passado. Em uma década, a extrema pobreza baixou de 38,3 por cento a 17,8 por cento.

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Posse de Evo, primeiro governante índio depois de 500 anos de apartheid
Posse de Evo, primeiro governante índio depois de 500 anos de apartheid

Fonte: Prensa Latina

O vôo golpista dos tucanos no Brasil e Venezuela

AviaoTucanos

A imprensa brasileira noticia:

GOVERNO DA VENEZUELA PROÍBE QUE AVIÃO DE AÉCIO E ALOYSIO SOBREVOE OU POUSE NO PAÍS

De acordo com informações do Ministério da Defesa, o governo da Venezuela negou autorização para que avião militar com uma comitiva de Aécio Neves e companhia possa sobrevoar e pousar naquele país, no próximo dia 17.

O fato foi confirmado pelo senador tucano Aloysio Nunes Ferreira e pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves .

O Itamaraty disse que ainda não tem informações sobre o assunto. Aécio, Aloysio e Fernando Henrique e outros líderes da direita e da extrema-direita anunciaram viagem à Venezuela na próxima quinta-feira, para dar apoio a golpistas da oposição, que defendem uma intervenção militar dos Estado Unidos naquele país.

“Eu tenho dito que quando se fala de democracia e de liberdade não há que se respeitar fronteiras. Vamos, portanto, em um grupo suprapartidário, de forma absolutamente respeitosa, dizer que na nossa região o tempo do autoritarismo já passou”, proclamou Aécio.
Questionado sobre se temia alguma reação contrária do governo venezuelano à visita do grupo, alegando uma possível “intromissão” do Senado brasileiro em um assunto interno do país sul-americano, Aécio negou e disse que “não há mais espaço para presos políticos” no mundo atual.
“Eu espero que o governo venezuelano entenda essa nossa ida como uma manifestação do Congresso brasileiro em nome da esmagadora maioria brasileira, em nome da democracia e da liberdade”, complementou o tucano.
“Nós estaremos na verdade suprindo com o nosso gesto a omissão do governo brasileiro em relação a essa questão. Não estamos falando de apoio a A ou B, estamos falando de respeito à democracia”, concluiu o senador.

É entranhável que a Aeronáutica, com o dinheiro do povo brasileiro, banque essa viagem de conspiradores e inimigos da democracia, e que viola a autodeterminação dos povos.

Por que o Brasil mandar uma avião militar para a Venezuela, com dois notórios golpistas, para desestabilizar um governo democrático, eleito pelo voto direto e democrático do povo?

O golpismo e o retorno da ditadura militar motivaram Aécio e Aloysio, candidatos derrotados a presidente e vice nos primeiros e segundos turnos das eleições de outubro último, a convocar várias passeatas e marchas fracassadas nas capitais do Brasil. Os dois fazem parte do movimento para derrubar os presidentes Dilma Rousseff no Brasil, Nicolás Maduro na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Cristina Kirchner na Argentina, Rafael Correa no Equador.

Um movimento patrocinado pela extrema-direita, pelo colonialismo e pelo imperialismo para minar a União dos Países da América do Sul.

 Sponholz
Sponholz

A Venezuela impedir a invasão de Aécio constitui uma medida de precaução. Aécio faz pregação golpista. E depois é bom ter cuidado. Não se sabe se o senador Zezé Perrella faz parte da comitiva. Perrella é mineiro e amigo íntimo de Aécio e do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, que responde a processos de contrabando no Brasil, e denunciado pelo envolvimento com o tráfico de drogas. Perrella é o dono do helicóptero, pego com meia tonelada de cocaína originária do Paraguai.

Tem mais: Foi encontrada cocaína em uma das duas fazendas de Aloysio. Cada fazenda, ele revelou para o cego tribunal eleitoral, vale um mísero real. Repetindo: dois reais o valor das duas fazendas. Ou latifúndios.

Para entender essa conspiração internacional leia:

A crônica de um desastre anunciado

Por Frederico Füllgraf

Jorge Alarminos
Jorge Alarminos

Finalmente Felipe González, advogado e ex-primeiro-ministro da Espanha (1982-1996), desembarcou na Venezuela para conseguir a liberdade de Antonio Ledezma e Leopoldo López, dois políticos acusados de conspiração e incitação ao golpe contra o governo Nicolás Maduro.

Em maio passado, as audiências nos tribunais venezuelanos foram adiadas, motivando o cancelamento provisório da “missão González”, cujo anúncio, em março, lançou mais lenha à fogueira desatada em 2014 pelo ex-presidente José Maria Aznar e pela recente “Declaração do Panamá sobre a Venezuela”, com a qual, à margem da última Assembleia Geral da OEA, 31 ex-presidentes ibero-americanos cobraram medidas internacionais contra o governo venezuelano.

González desembarcou, mas já retornou à Espanha após o veto da Justiça venezuelana de sua visita aos presos. No entanto, sua reunião com o oposicionista MUD – Mesa de la Unidad, cujas lideranças criticou pelas disputas internas em detrimento da unidade do movimento, deixa entrever a indisfarçada ingerência do líder espanhol na contenda entre governo e oposição, advertida por González para cerrar fileiras em torno da plataforma de Leopoldo López: exigir eleições parlamentares com observadores internacionais, o fim da perseguição aos opositores e a libertação dos presos políticos.

Deixando a Venezuela “pela porta dos fundos”, a bordo de um avião da Força Aérea Colombiana – especialmente enviado a Caracas pelo presidente Juan Manuel Santos –, Felipe González articulou seu protesto ao tratamento de persona non grata que lhe fora atribuído, abandonando a agenda do diálogo, agora trocada pela da confrontação.

Com a mobilização dos ex-presidentes Andrés Pastrana (Colômbia), Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Ricardo Lagos (Chile), que deveriam acompanhá-lo em comitiva a Caracas – mobilização na qual embarcou o candidato derrotado do PSDB, Aécio Neves, que viajará a Caracas em 17 de junho –, González definitivamente internacionalizou a queda de braço com o governo Maduro, simultaneamente articulando uma frente conservadora na América Latina e instigando a União Europeia para sanções contra a Venezuela – sanções esperadas durante a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia, ocorrida em Bruxelas, até 11 de junho.

Uma dramaturgia sem dúvida exitosa, mediante um arranjo orquestrado com a imprensa espanhola e o discreto movimento de peões do maior conglomerado da mídia venezuelana, o Grupo Cisneros.

O eixo Espanha-Chile

Em fins de março deste ano, os correspondentes estrangeiros oficialmente credenciados no Chile fomos convidados a uma entrevista coletiva do ex-presidente Ricardo Lagos, na sede de sua Fundação Democracia y Desarrollo, em Santiago.

De início, desconfiamos que a pauta “aberta” escondia a intenção de Lagos de “vender-nos” sua recém-lançada página interativa na internet, que estimula a participação cidadã na coleta de propostas para a reforma constitucional prometida pela presidente Michelle Bachelet.
Ricardo Lagos (Foto: Frederico Füllgraf)

Com meia hora de conversa trivial, então o astuto Lagos surpreendeu-nos com um “furo”. Confidenciou-nos que em breve o ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, empreenderia uma missão politica à Venezuela, à qual teria convidado os ex-presidentes Andrés Pastrana e Fernando Henrique Cardoso. Ele, Ricardo Lagos, sentia-se honrado como o terceiro na lista do espanhol, que cobrava representatividade continental à sua missão.

Politico calejado, o socialista Lagos não teve papas na língua, acusando o “regime bolivariano” de violar os direitos humanos e justificando uma ação concertada em nível internacional para “restabelecer a constitucionalidade” ultrajada – palavras que poderiam ter sido pronunciadas por seu conterrâneo e também ex-presidente, o conservador multibilionário Sebastián Piñera, que em janeiro viajara a Caracas em companhia de Pastrana para visitar Leopoldo López na prisão de Ramo Verde. Barrados pela polícia, os dois ex-presidentes foram reconduzidos ao centro de Caracas sob escolta do Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (Sebin).

Em defesa de Piñera, no final de janeiro, outro ex-presidente chileno, o democrata-cristão Eduardo Frei Tagle, partiu para o ataque frontal, afirmando que a Venezuela é “um país que não respeita a democracia”.

Nem mesmo Isabel Allende – filha do mitológico presidente chileno e presidenta simultânea do Senado e do Partido Socialista – se conteve. “O governo do Chile deve manifestar sua preocupação pela detenção de Ledezma na Venezuela”, disparou pelo Twitter, na ocasião da prisão. Em seguida endureceu o discurso: “O governo da Venezuela não é socialista, é uma ditadura militar, com tudo o que isso significa (…)”, disparate do qual finalmente recuou, corrigindo-se: “Eu não qualifico Maduro de ditador, ele foi eleito democraticamente (…) Não o comparo com Pinochet, nada que ver, são situações radicalmente diferentes”.

O “golpe baixo” de Ricardo Lagos e o cerco conservador a Bachelet

A certa altura da coletiva de Lagos, perguntei-lhe sobre o papel mediador das missões da Unasul em Caracas, que cobraram o diálogo entre o governo Maduro e a oposição. A resposta do ex-presidente, reverberada no dia seguinte pela mídia internacional, foi que admitia, sim, um “esforço significativo” de Ernesto Samper – ex-presidente colombiano e secretário-geral do organismo – mas que não era o suficiente.

Poucos dias depois, Lagos posava para foto da imprensa chilena, ladeado por Mitzy Capriles Ledezma e Lilian Tintori – respectivamente esposas de Antonio Ledezma e Leopoldo López – durante escala em Santiago do Chile de sua turnê pela América do Sul, em busca de apoio político à libertação de seus maridos.

E então Lagos cravou a seguinte comparação: “Há mais de 80 presos políticos [na Venezuela], creio que deve-se cobrar ao governo Maduro que a Cruz Vermelha seja aceita para visitar as prisões e ver as condições dos detentos… Não sei se direi uma impertinência, mas em seu momento Pinochet aceitou que a Cruz Vermelha viesse ao Chile”.

Foi a “bomba”.

Com o destemido título “El golpe bajo de Ricardo Lagos”, no Diario Radio Universidad de Chile (14/4/2015), a socióloga e colunista Antonia Garcia Castro assestou um agravo demolidor, aqui citado no original espanhol:

“Ricardo Lagos debe saber si se trata o no de una impertinencia. No puede no saberlo. No puede no conocer el valor que tiene cada palabra que se pronuncia en el espacio público, con toda la fuerza simbólica que otorga, además, el hecho de ser un ex Presidente de la República. ¿Qué está diciendo Ricardo Lagos? ¿Que “hasta” Pinochet tuvo un gesto “humanista” y/o “democrático”?”

E dirigindo-se diretamente ao ex-presidente, fulminou:

“Que usted lo cite a Augusto Pinochet para desarrollar un argumento supuestamente democrático y respetuoso del derecho es algo más que una impertinencia. Es una vergüenza. Es un golpe bajo. Es no haber entendido la propia historia”.

Entre coletivas com Lagos e abraços com Piñera, as esposas dos dois políticos venezuelanos acusados de conspiração tentavam forçar a agenda de Michelle Bachelet para recebê-las, mas a presidente permaneceu firme e seu então porta-voz, Alvaro Elizalde, foi taxativo: “O governo do Chile tem um compromisso com o roteiro traçado pela Unasul para fortalecer o diálogo entre o governo e a oposição venezuelanos” – ponto.

hitler pinochet indignados

Com nova escala em Buenos Aires – onde sua recepção festiva pelo prefeito Mauricio Macri, ferrenho adversário conservador de Cristina Fernández de Kirchner, foi ruidosamente repudiada por centenas de intelectuais, artistas e círculos simpáticos ao “chavismo” – finalmente, no dia 5 de maio, Mitzy Capriles Ledezma e Lilian Tintori concluíam seu tour com uma recepção no Brasil. Por Fernando Henrique Cardoso.

No Chile, a mais alta esfera do poder político as deixara de mãos abanando, mas em 20 de maio – véspera do “Dia das Glórias Navais” e com Michelle Bachelet distraída com a preparação do discurso de prestação de contas de seu primeiro ano de governo –, por 66 votos a favor, 26 contra e 10 abstenções, em Valparaíso, a Câmara de Deputados aprovava uma resolução cobrando da presidente retirar da Venezuela o embaixador Pedro Ramírez para consultas, “até que se resolva a situação do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma; e do líder opositor, Leopoldo López”.

Extrema e hostil, com a medida as forças conservadoras do Legislativo chileno pretendem estremecer as – até agora – tranquilas relações oficiais entre Chile e Venezuela, agravando a polarização buscada pelo espanhol Felipe González, ao montar sua “frente de ex-presidentes” à margem das missões da Unasul, respeitada até mesmo por Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e candidato à presidência derrotado em 2013 por Nicolás Maduro pela margem mínima de 1,5% dos votos.

Tramas paralelas: Teodoro Petkoff, El País e o “fator Cisneros”

Contudo, no tabuleiro do xadrez político venezuelano operam dois “bispos” com notável poder de articulação dentro e fora do país, ambos vinculados aos meios de comunicação não oficialistas: Teodoro Petkoff e Gustavo Cisneros.

O primeiro, um ex-comunista, ex-guerrilheiro, dublê de ex-ministro de Economia do governo Carlos Andrés Perez, na década de 1980 e, há alguns anos, publisher do jornal oposicionista Tal Cual. O segundo, o homem mais rico e poderoso da Venezuela, dono do Grupo Cisneros de Comunicação, de oposição ao “chavismo”, mas considerado “intocável”.

Longe de Caracas, no dia 4 de maio, Petkoff deveria receber em Madri o Prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset (15 mil euros e uma obra do artista plástico Sebastián Eduardo Chillida), outorgado a profissionais que se destacam na “defesa das liberdades, da independência e do rigor, como virtudes essenciais do jornalismo”.

Criado em 1984 pelo jornal El País, do Grupo Prisa – que na comercialização de conteúdo audiovisual é parceiro do Grupo Telefónica e que na Espanha lidera a campanha midiática contra o chavismo, com colunistas ultraconservadores como o argentino Héctor E. Schamis, da Universidade de Georgetown (EUA) – o prêmio foi para o venezuelano de descendência búlgara, porque seus jurados o consideram “símbolo da resistência democrática”.

Mas Petkoff não tinha permissão para deixar a Venezuela, porque enfrenta uma ação judicial protocolada pelo presidente da Assembleia (Congresso) Nacional, o “chavista” duro Diosdado Cabello, que se sente difamado por um artigo de opinião publicado pelo Tal Cual em janeiro de 2014.

Quem recebeu o prêmio em nome de Petkoff foi Felipe González.

Embora taxado à esquerda como “privatizador agressivo” – que em 1989 adotou medidas de austeridade e silenciou o levante dos pobres da capital, massacrados por Andrés Pérez no temível episódio conhecido como “Caracazo” –, hoje Petkoff poderia ser definido como socialdemocrata com tentações neoliberais, “un izquierdista a modo”, segundo línguas ferinas, porém jamais como articulador da direita golpista. No entanto, como ironiza o também ex-privatizador Felipe González e em seu momento lobista de empresas espanholas na América do Sul, quando opina Teodordo Petkoff “treme o regime” de Nicolás Maduro.

Já Cisneros, “cubano por nascimento e venezuelano de coração” – proprietário dos conglomerados Venevisión e Venevisión Plus, da operadora de TV por satélite DirecTV, da franquia da Pepsi Cola na Venezuela e um dos mais requintados colecionadores de arte do mundo, dono de patrimônio líquido de 4 bilhões de dólares (Forbes, 2015) depositados nos EUA – comportou-se sempre como aliado de plantão de vários poderosos, entre os quais cita Carlos Andrés Pérez, George Bush pai e Felipe González.

Anticastrista figadal, por outro lado Cisneros tem se desempenhado como articulador de laços estratégicos da Venezuela com a Espanha e os Estados Unidos, sobretudo como facilitador das recentes reuniões-relâmpago do subsecretário de Estado dos EUA Thomas Shannon com Nicolás Maduro, em Caracas.

É nas mansões de Cisneros em Nova York, Madri e Aspen (Colorado) que costumam juntar-se líderes conservadores do mais alto coturno, como os espanhóis José María Aznar e Felipe González e o colombiano Alvaro Uribe, para sofisticadas tertúlias nos campos da arte, mas obviamente com um olho no mercado financeiro e outro no tabuleiro político.

Já em Caracas, no dia 14 de fevereiro, durante o lançamento do “Plano de Paz” – cujo objetivo é reduzir a criminalidade e a violência que assolam a Venezuela –, Nicolás Maduro surpreendeu a assistência abraçando Gustavo Cisneros como copatrocinador do programa. Episódio inusitado, indicando que para Cisneros é útil acomodar-se a “novas maneiras de fazer negócios”, enquanto que para Maduro o ombro a ombro com o mais poderoso dos empresários funciona como munição publicitária.

Felipe González e a internacionalização da crise venezuelana

Assinada pelo argentino Fernando de la Rúa, o brasileiro Fernando Henrique Cardoso, o chileno Ricardo Lagos, os mexicanos Felipe Calderón e Vicente Fox, os uruguaios Luis Alberto Lacalle e Julio María Sanguinetti e os espanhóis José María Aznar e Felipe González, a Declaração do Panamá faz um alerta à “grave alteração institucional, política, econômica e social que afeta sem distinções os nossos irmãos venezuelanos” , e denuncia a “ausência de independência da Justiça, a perseguição judicial dos que se manifestam e se expressam politicamente como dissidentes frente ao referido Governo [além da] presença reiterada de atos de tortura por funcionários do Estado, a existência de grupos paraestatais armados e de apoio ao próprio Governo, em um ambiente de total impunidade”.

Neste tom, os signatários afirmam promover “um clima de paz e de negociações”, a rigor desprezando esforços para o reatamento do diálogo e, figurativamente, jogando mais gasolina na fogueira.

A iniciativa para a declaração partiu de González e do atual primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, escolhido pelo Parlamento Europeu para tomar “todas as iniciativas pertinentes” e conseguir “a libertação imediata” de Ledezma, López y Ceballos. Com a delegação à Espanha do papel de trator, o Legislativo europeu finalmente dá pernas à sua resolução de 21 de dezembro de 2014, aprovada com esmagadora maioria de 476 votos contra 109 e 49 abstenções, mediante a qual condenou a “prisão de manifestantes pacíficos, estudantes e líderes políticos” – resolução que Nicolás Maduro desancou como “medida de despiste da crise europeia”.

O modus operandi de González em sua recente visita a Caracas não deixa dúvidas: para muito além da preocupação retórica com os direitos humanos dos presos, a estratégia hispano-europeia visa mesmo a interferir no processo eleitoral venezuelano, com a escolha de um lado.

Os crimes de López e Ledezma e o coro da tergiversação

Não é preciso ser “chavista”, mas apenas profissional em busca “da independência e do rigor, como virtudes essenciais do jornalismo”, como reza o Prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset, para perceber um fenômeno perturbador: um poderoso coro político-midiático-internacional tenta transformar Ledezma, López e Ceballos em heróis da resistência democrática, omitindo do noticiário e do debate a gravidade de seus atos.

Quais são as efetivas transgressões dos dois ex-prefeitos?

Em primeiro lugar, Antonio Ledezma não está mais encarcerado e, sim, usufruindo de prisão domiciliar, após submeter-se a uma cirurgia. Detido em 19 de fevereiro, é acusado pela Promotoria venezuelana de conspiração e associação criminosa ocorrida em setembro de 2014. Pano de fundo é seu contato com os paramilitares Lorent Gómez Saleh e Gabriel Valles, segundo o ex-ministro do Interior venezuelano Miguel Rodríguez Torres, associados ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe. Ledezma confirmou conhecer os dois agentes, mas negou envolvimento em planos de desestabilização do governo Maduro.

Ex-governador do Distrito Federal, eleito em 2008 com 52% dos votos para o cargo de prefeito de Caracas – cargo cujo poder Hugo Chávez esvaziou, criando a figura do “Chefe de Governo de Caracas” – Ledezma é antigo desafeto do “chavismo”, contra o qual já protestou com greves de fome e manifestações públicas.

A acusação de sua vinculação aos paramilitares do ex-presidente ultradireitista colombiano Uribe é grave, e soma-se à denúncia do colombiano como autor intelectual do assassinato do jovem deputado “chavista” Robert Serra, ocorrido em 2014, logo atribuído pela oposição venezuelana a “acertos de contas” entre os próprios “chavistas”.

As acusações contra Uribe – encarniçado desafeto do “chavismo” – não são invencionices ou mais uma “madurada” do presidente venezuelano, que desde sua posse, em 2013, denunciou mais de 12 conspirações golpistas. Cabe lembrar que em agosto de 2014, a Segunda Comissão do Senado da Colômbia deu início a demorado ciclo de debates sobre o eventual envolvimento de Uribe com o narcotráfico e a manutenção de bandos paramilitares clandestinos; debates que deverão gerar investigações.

Conterrâneo de Uribe, o secretário-geral da Unasul Ernesto Samper advertiu ao The Guardian (9/10/2014) que “o assassinato do jovem legislador Robert Serra, na Venezuela, é um sinal preocupante da infiltração do paramilitarismo colombiano”.

Já Lepoldo López encarna sem dúvida a facção mais agressiva da oposição venezuelana, cuja liderança disputa com Henrique Capriles, tentando atrair os seguidores deste para uma plataforma mais radical, de aberta ruptura com a institucionalidade democrática. Contra ele pesam graves acusações, envolvendo a marcha oposicionista de 12 de fevereiro de 2015, em Caracas, durante a qual López conclamou a massa pela derrubada de Maduro, ocasionando a morte de três e o ferimento de dezenas de pessoas.

Segundo Luis Vicente León, diretor do instituo de pesquisa de opinião Datanálisis, simpatizante da oposição, “López tinha perdido terreno, pois já não era prefeito (do distrito de Chacao) e estava inabilitado politicamente”. Uma vez que Capriles fora consagrado como líder inquestionável da oposição, segundo León, “o radicalismo foi a única saída enxergada por López para recuperar sua suposta liderança”.

Como derradeiro lance, ao entregar-se voluntariamente López apostou em sua martirização, mas a conta não fechou. Preso, as acusações da Promotoria foram do homicídio ao terrorismo, logo atenuadas para “instigação ao delito, danos materiais, incêndio de edificação pública e associação criminosa”.

Projetada sobre esse cenário, a intenção de Felipe González – com sua mirada de soslaio para a conjuntura espanhola e na ressurreição eleitoral do PSOE – de “reinserir os direitos humanos no topo da agenda latinoamericana” merece toda a desconfiança como manobra demagógica.

Nicolás Maduro em seu labirinto

Marcando distância da direita, mas também do “chavismo” empedernido, ganha credibilidade e respeito a posição da presidente Dilma Rousseff, quando adverte em recentes entrevistas à TV francesa e à Deutsche Welle TV que o Brasil não incentiva o golpismo, nem é intervencionista, mas aposta na garantia das liberdades individuais e insiste no diálogo como método imperativo para dirimir conflitos e salvaguardar a prevalência do Estado de Direito – um recado para a direita gorila e sua imprensa, mas também ao governo Maduro.

Na Venezuela não impera uma ditadura. Talvez o estilo “chavista” de governar possa ser descrito como “hegemonismo radical” com tinturas autoritárias; intransigente e pouco criativo.

Ao Brasil não interessa o prolongamento da interminável crise venezuelana, mas seu governo não se tem deixado pressionar pela “missão González”, preferindo agir cautelosamente, por vezes, nos bastidores.

Tentativas golpistas para varrer do mapa os governos do PSUV na Venezuela foram notórias, com Hugo Chávez vítima de uma delas, em 2002. Porém, não escapa à observação da diplomacia brasileira que, tanto Chávez como Maduro têm apelado à “Ley Habilitante” para governar por decreto; decisões que soem provocar urticária no Planalto

São notórias também duas inabilidades de Nicolás Maduro. Primeiro, sua impaciência ou inapetência para insistir no diálogo com a oposição, ainda que setores desta se revelassem embirradas e recalcitrantes. Denunciando seu confrontacionismo, Maduro e o núcleo duro do PSUV teimam em cair na armadilha, apostando, eles mesmos, na confrontação e desse modo engessando o diálogo genuíno . Foi o que advertiu José Pepe Mujica, durante sua presidência pro tempore da Unasul, cansado de insistir na necessidade de paciência e crença no diálogo.

A segunda e catastrófica imperícia de Maduro consiste em não articular a divisão da oposição e investir em pactos pontuais com Henrique Capriles, afastando-o dos setores abertamente golpistas. Sem falar de sua boquirrotice e seu destempero no tratamento de personalidades do cenário internacional, que ao invés de impulsionarem a solidariedade mais contribuíram, se não para o isolamento da Venezuela, pelo menos para a ridicularização de seu mandatário.

Em Caracas continua o jogo da polarização e não há sinal de que seus atores queiram mudar a tática de seus times.

Infelizmente, o tempo não corre a favor de Nicolás Maduro.

***

Frederico Füllgraf é jornalista em Santiago (Chile). Transcrito do Observatório da Imprensa.

Renan e Cunha instalam o parlamentarismo à brasileira

De iniciativa do Congresso não foi votada nenhuma lei que beneficie o povo. E sim contra o pobre povo pobre brasileiro.

Terceirização = Servidão

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Pretendem deputados e senadores a terceirização ampla, geral e irrestrita para o retorno do emprego precário, do emprego sem nenhum direito trabalhista. É o retorno das tempos da escravidão, quando o negro tinha o direito de descansar aos 70 anos.

Fim da Lei do Sexagenário 

O senador José Serra pretende aumentar a idade de aposentadoria do trabalhador brasileiro, que bate o ponto e trabalha de 10 a 14 horas todo santo dia. Quando um senador trabalha apenas três dias por semana, e tem mais férias que um togado. Uma vida mansa no luxo e na luxúria. Pela vontade de Serra, aposentadoria só depois dos 75 anos, sem oferecer ao brasileiro da classe média baixa, e a grande maioria dos que ganham o salário mínimo, nenhuma garantia de emprego, que a estabilidade foi cassada pelo ditador Castelo Branco.

Shopping de artigos de luxo

shopping camara

Eduardo Cunha vai construir um shopping de um bilhão, com o dinheiro da crise. Tudo para a vida secreta das madames. Artigos de comes e bebes. De cama e mesa. Tudo a preço bem baratinho. Que a Câmara não paga impostos. Vive dos impostos diretos e indiretos.

Parlamentarismo 

pec bengala

Estava previsto um golpe à Honduras e Paraguai. Mas Renan Calheiros e Eduardo Cunha, inspirados no modelo militar que deu posse a Jango, criaram coisa parecida, um parlamentarismo nada legal.

Leis contra o povo e contra o Brasil estão sendo votadas, visando o fim do presidencialismo, com o apoio silencioso da justiça absolutista, que receberá, em troca, a Lei da Bengala para beneficiar o ministro Gilmar Mendes e foder  de vez os brasileiros sem nenhum poder.

Pelo parlamentarismo caboclo, os senadores pretendem nomear os ministros do STF e os presidentes das estatais e empresas de economia mista.

Dentre outra safadezas, para ajudar os banqueiros, nomear e dar autonomia ao presidente do Banco Central.

esposa deputado

Morte de radialista expõe riscos na fronteira entre Brasil e Paraguai

“O estado é fraco. Traficantes e outros criminosos dominam mais de 600 quilômetros de uma fronteira sem lei”

Radialista e jornalista Gerardo Seferino Servian Coronel
Radialista e jornalista Gerardo Seferino Servian Coronel

A região de fronteira entre Brasil e Paraguai é uma das mais perigosas para jornalistas na América do Sul. Pedro Juan Caballero, principal cidade do lado paraguaio da fronteira, encontra-se no centro de rotas de contrabando entre os dois países. Estima-se que, entre traficantes brasileiros e paraguaios, haja mais de 100 gangues atuando na região. Desde o início de 2014, quatro jornalistas haviam sido mortos ali.

No dia 5/3, este número aumentou com o assassinato, na cidade brasileira de Ponta Porã, do radialista paraguaio Gerardo Ceferino Servían Coronel. Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, o crime está sendo tratado como execução. “Duas pessoas atiraram seis vezes nas suas costas e cabeça”, disse o policial.

De acordo com o analista político paraguaio Ignacio Martinez, a situação de segurança na região parece saída de uma obra de ficção. “O estado é fraco. Traficantes e outros criminosos dominam mais de 600 quilômetros de uma fronteira sem lei”, explica.

Servían, que trabalhou nos últimos anos em diversas estações de rádio em Pedro Juan Caballero, começou, no início de 2015, a apresentar um programa matinal de notícias em uma pequena estação de rádio comunitária baseada em Zanja Pytã, cidade localizada a cerca de 16 quilômetros dali. Ele havia se mudado recentemente para Ponta Porã por causa das filhas, que estudam na cidade brasileira. Seu irmão, o também jornalista Francisco Servían, afirmou à Associated Press que Gerardo não havia relatado ter recebido ameaças de morte. Ele ressaltou, entretanto, que “nessa área do país é normal que silenciem jornalistas com tiros”.

Um jornalista que não quis se identificar afirmou ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) que Servían tinha feito críticas ao prefeito da cidade de Zanja Pytã, Marcelino Rolón, que irá tentar a reeleição neste ano. A polícia ainda não tem suspeitos do caso.

“As autoridades de ambos os países precisam trabalhar em conjunto para investigar a morte de Gerardo Ceferino Servían Coronel e levar os responsáveis para a justiça para demonstrar que não permitirão que a imprensa seja aterrorizada”, declarou Sara Rafsky, pesquisadora associada para as Américas do CPJ.

Corpo do radialista paraguaio Gerardo Coronel caído em rua do bairro da Granja, em Ponta Porã (Foto: Ponta Porã Informa)
Corpo do radialista paraguaio Gerardo Coronel caído em rua do bairro da Granja, em Ponta Porã (Foto: Ponta Porã Informa)

Tradução: Pedro Nabuco, edição de Leticia Nunes. Informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas [“Paraguayan journalist gunned down in Brazil”, 6/3/15] e da Associated Press [“Paraguayan radio journalist shot dead in Brazilian border city”, The Guardian, 6/3/15]. Transcrito do Observatório da Imprensa

175 personas poseen el 90% del PIB de Paraguay

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En Paraguay, un reciente análisis del exministro de Hacienda Dionisio Borda valora los buenos números del crecimiento en 2014, pero dice que la concentración en pocos sectores es la constante. El 90 por ciento del Producto Interno Bruto (PIB) está concentrado en 175 multimillonarios, según dice. La situación se acarrea desde hace tiempo.

La información de la concentración de la riqueza en Paraguay no es reciente y es un dato que se mantiene desde hace muchos años. Los expertos dicen que se requiere de políticas públicas de impacto para redistribuir esta riqueza en toda la población.

Un aumento de la presión tributaria en forma progresiva es una alternativa a corto plazo, dicen los analistas. En el caso de Paraguay, el Estado no opera lo suficiente para revertir la situación preocupante actualmente.

Según el análisis del exministro de Hacienda, las empresas del Estado todavía poseen muchas falencias. La brecha de desigualdad, que ha sido promesa electoral para su eliminación en varios periodos, todavía sigue siendo enorme y con esto, gran parte de la población sigue sufriendo la falta de oportunidades. (Video)

 

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Nunca mais. Toda ditadura provoca revolta. A guerrilha paraguaia liberou jovem sequestrado

Os jornais do Paraguai hoje lembram a imprensa brasileira nos 21 anos de ditadura militar.

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Quem pede o retorno da ditadura militar de 64, que durou 21 anos, deseja a volta dos sequestros, da tortura, da corrupção censurada, e da morte.

A campanha golpista da direita e tucanos ladrões está camuflada em diferentes apelos: terceiro turno, impeachment da presidente Dilma Rousseff, intervenção militar estrangeira, governo provisório de dois meses = medidas de exceção que podem provocar uma revolução sangrenta, uma guerra civil, uma guerra de secessão, e inevitáveis guerrilhas.

Os inimigos pretendem transformar o Brasil em um novo Paraguai que, depois do putsch que derrubou Fernando Lugo, em junho de 2012, hoje sofre a anarquia, o caos.

Existem guerrilhas no Paraguai em ação, e nenhuma notícia na mídia do Brasil. É uma luta interna escondida pela imprensa vendida ao Império dos Estados Unidos.

 

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Arlan Fick, de 17 años, que estaba en poder del Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP), fue liberado anoche y ya está con su familia.

Arlan estaba en poder del EPP desde el 2 de abril, cuando un grupo de esa guerrilla ocupó su vivienda, en un ataque en el que murieron un militar y dos de los insurgentes.

La familia de Fick -hacendados de origen brasileño- había cumplido con el pago de 500.000 dólares de rescate y con el reparto de mercaderías por otros 50.000 dólares en zonas de campesinos pobres, como había exigido el EPP.

El EPP se define como una organización política, el Gobierno suele considerarla una simple banda criminal, a la que le atribuye 38 asesinatos, entre civiles, militares y policías desde su aparición, en 2008. Este año sufrió la escisión de un grupo, que ahora actúa bajo el nombre de Agrupación Campesina Armada (ACA).

Solidaridad con los campesinos presos políticos de la masacre de Marina Kue – Curuguaty en Paraguay. 54 días de huelga de hambre

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Desde la Coordinadora Latinoamericana de Organizaciones del Campo- CLOC en la Vía Campesina, reiteramos nuestra solidaridad permanente con las hermanas y hermanos del Pueblo de Paraguay. Reafirmamos nuestra solidaridad con los compañeros campesinos, presos políticos de la masacre de Marina Kue – Curuguaty, que llevan 54 días de huelga de hambre.

Las organizaciones campesinas venimos difundiendo lo sucedido previamente a la Masacre de los campesinos y campesinas en el Paraguay, así como los diversos informes de violaciones a los Derechos Sociales, Economicos, Culturales, alimentarios de la población y en especial de los campesinos acompañados con una sistemática violencia por grupos de sicarios que han venido asesinando a líderes campesinos.

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Míra su video de promoción en: ViaCampesina TV

Leer más: Próximamente: “El llamado de Yakarta”, en su…

Paraguay: A 50 días de la huelga de hambre por…

Jornalista Chiqui Ávalos estaria exilado no Brasil, para se livrar das máfias de contrabando e tráfico de Cartes

La cara de HC

Transcreverei trechos de entrevista de Chiqui Ávalos a Lucas Rohãn, quando anunciou seu exílio no Brasil, depois da eleição de Horacio Cartes presidente de Paraguai.

Chiqui escreveu o livro La otra cara de HC (Horacio Cartes), uma biografia não autorizada, que revela a vida do presidente e os nomes dos seus parceiros de crimes, notadamente, evasão de divisas e tráfico.

Talvez Chiqui esteja noutro país. Que o Brasil passou a ser local de risco. Que começou este ano com dois jornalistas exilados. Um ainda está no exterior, Mauri König, ameaçado por uma máfia de delegados do Paraná, que tem ligação com o Paraguai.

No mais, Horacio Cartes possui fortes ligações com o crime organizado no Brasil e nos meios políticos da direita.

Eis o texto de Lucas Rohãn: Poucas semanas antes das eleições presidenciais no Paraguai, o jornalista Chiqui Ávalos lançou um livro polêmico. La outra cara de HC fala sobre o passado obscuro de (…) Horacio Cartes. Empresário do ramo de cigarros e dirigente esportivo, ele já foi condenado por evasão de divisas e convive com a eterna suspeita de envolvimento com o contrabando de cigarros para o Brasil. Além disso, no livro, Ávalos apresenta documentos e depoimentos que comprovariam a ligação de Cartes não só com o contrabando, mas também com o tráfico de drogas.

Em entrevista exclusiva ao Terra, o escritor confirma que “fontes diplomáticas” brasileiras ajudaram na construção do livro. Ele também conta que se refugiará na casa de amigos no Brasil (…) porque teme por sua segurança. Após o lançamento da obra, Ávalos recebeu ameaças anônimas e convive com o que chama de “histórias folclóricas que circulam na fronteira sobre vinganças contra alguns adversários”. Confira a entrevista na íntegra:

Terra – Por que o senhor resolveu lançar o livro, perto das eleições?
Chiqui Ávalos – É uma tendência mundial, assim como acontece nos Estados Unidos, no Brasil ou na Argentina, que a oportunidade para conhecer os candidatos faz com que a indústria editorial insista nessas datas como as mais importantes nas edições. Seis meses atrás ou seis meses depois, teria menos valor para que o leitor faça suas avaliações.

Terra – Quanto tempo o senhor trabalhou para juntar todo o material? Como foi essa pesquisa?
Chiqui Ávalos – A primeira investigação que fiz foi para um jornal (Hoy) em 1985 sobre a evasão de divisas do Banco Central, nas quais para dinamizar a produção agrícola foi habilitada uma cotização especial para quem importava insumos por um valor abaixo do dólar nas ruas. Inventaram operações, houve cumplicidades dos controles, das empresas e do próprio banco, além das financeiras que compravam os dólares a 240 guaranis (câmbio da época) oficialmente e se beneficiavam com a diferença de câmbio ao vender a 400. O que em 35 milhões de dólares representou o início de muitas fortunas. Horacio Cartes trabalhava na Cambios Humaitá nessa época, empresa dos filhos do chefe de polícia do Stroessner (Alfredo Stroessner, general que governou o Paraguai de 1954 a 1989), e depositavam os fundos em uma conta especial em Nova York.

Terra – O senhor tem medo das reações que essas denúncias podem causar? Teme por sua segurança?
Chiqui Ávalos – Dizer que não tenho medo seria uma irresponsabilidade. De fato, por histórias que circulam e o relacionam com a máfia, com narcotraficantes conhecidos do Brasil (Fahd Yamil, que está na lista da DEA [agência norte-americana que combate o tráfico de drogas], doleiros como Dario Messer) o fazem temível, além das histórias folclóricas que circulam na fronteira sobre vinganças contra alguns adversários. Tenho o apoio e a ajuda não só em alguns documentos, mas também na discreta proteção de algumas embaixadas (…). Mas tudo “off the record” para não comprometer ninguém diplomaticamente.

Terra – Qual o motivo de sua viagem ao Brasil?
Chiqui Ávalos – Vou visitar alguns amigos, jornalistas e diplomatas que me recomendaram não ficar no Paraguai. [Que] eu correria perigo, tanto se ganham os colorados, quanto se perdem, poderiam procurar um bode expiatório e não quero ser o pato do casamento.

Terra – O seu livro contou com a ajuda de fontes diplomáticas e de meios de comunicação do Brasil. O que o senhor conseguiu com esses contatos? Essas “fontes diplomáticas” demonstram preocupação pelo futuro do Paraguai?
Chiqui Ávalos – Sim. Apesar de não poder revelar as fontes, tive acesso a alguns documentos graças a “mãos amigas”. Pessoalmente acredito que depois de ter falado com referências importantes, não é do agrado do governo brasileiro ter Cartes como presidente do Paraguai, com todas as acusações de lavagem de dinheiro, narcotráfico, contrabando de cigarros e etc. Inclusive, já fiz contatos com editoras brasileiras para lançar o livro [ no BRasil] com o título O perigo mora ao lado.

Terra – O senhor já teve alguma conversa com Cartes sobre essas acusações?
Chiqui Ávalos – Não, nenhuma. O comuniquei que estava escrevendo o livro, seus amigos e seus companheiros políticos de rua sabiam que eu estava fazendo, mas jamais falamos sobre o assunto.

Terra – Se tudo é verdade, por que Cartes não está preso?
Chiqui Ávalos – Ele já esteve na prisão por evasão de divisas em 1985. Foi condenado em três oportunidades e finalmente, em uma das mais estranhas decisões da Corte Suprema, foi absolvido em… 2008! Vinte anos depois.

Terra – Desde o dia do lançamento do livro até agora, como o senhor avalia a repercussão em seu país?
Chiqui Ávalos – Um amigo me disse que vender a quantidade de livros como La otra cara de HC no Paraguai, um país que não lê, é como vender picolés aos pinguins. Tive dificuldades? Claro. Três editoras rechaçaram o material, outras duas não se animaram a publicar e tive que arcar com todos os custos. Os dois maiores jornais “independentes” do país não quiseram publicar um anúncio pago adiantado e vários hotéis negaram abrigar a apresentação do livro, além do silêncio de outros meios aliados ou temerosos a Cartes.

Houve ameaças, pressões nos meus colaboradores, mas, sobretudo, há um ambiente rarefeito de […] que, infelizmente, nos faz voltar no tempo em que vivíamos no “stronismo” (período no qual o Paraguai foi governado pelo general Stroessner), do qual Cartes é admirador, quando o medo era o pão nosso de cada dia, aniquilando a liberdade de várias gerações. Esse é o pior dano.

 

Horacio Cartes ingressou no futebol como um negócio

por Iuri Müller

O jornalista César Ávalos acompanha a trajetória do empresário – e agora presidente – Horacio Cartes desde 1985. Em 2013, pouco antes das eleições, lançou o livro “La otra cara de HC”
O jornalista César Ávalos acompanha a trajetória do empresário – e agora presidente – Horacio Cartes desde 1985. Em 2013, pouco antes das eleições, lançou o livro “La otra cara de HC”

O novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, alcançou mais de um milhão de votos nas eleições de 21 de abril , cerca de 46% do total. Com ele, retorna ao poder o velho Partido Colorado, sigla que passou sessenta anos consecutivos na presidência – até o dia em que Fernando Lugo rompeu com o domínio que certa vez pareceu eterno. Mas Lugo não pôde terminar o seu mandato: foi destituído, e um dos entusiastas do impeachment de 2012 foi justamente Horacio Cartes. A eleição do novo mandatário se conecta com outros capítulos políticos da história recente do país, e contra Cartes não faltam acusações e denúncias.

O jornalista paraguaio César “Chiqui” Ávalos organizou parte delas no livro “La otra cara de Horacio Cartes”, lançado em Assunção antes do processo eleitoral e hoje um sucesso de vendas. Em entrevista para o Sul21, Ávalos buscou esmiuçar a atuação do novo presidente em diferentes lados. O jornalista responde sobre os supostos privilégios que o presidente obteve durante a ditadura militar, o papel como dirigente de futebol no Club Libertad, as negociações como empresário do tabaco e da bebida e os processos judiciais que Cartes responde na América Latina.

Sul21 – Ávalos, antes das eleições surgiram diversas acusações contra Horacio Cartes, muitas delas inclusive foram denúncias detalhadas. E, assim mesmo, Cartes foi eleito presidente do Paraguai com uma grande votação. A que se deve o prestígio de Horacio Cartes no país?

Ávalos – O fato de que a votação tenha se definido a favor de Cartes não se deve a seu prestígio, por sinal bastante questionado, mas pela estrutura do Partido Colorado, o maior do país, e que regressa para a presidência em que esteve por sessenta anos. De maneira que a tarefa de reconstrução do partido, apontada pelo dinheiro de Cartes, tem a ver com este resultado.

Sul21 – Cartes é acusado de receber milhares de hectares de terra destinados à reforma agrária nos anos oitenta. Há informações sobre isso no livro “La otra cara de Horacio Cartes”?

Ávalos – Na verdade, houve uma decisão mediante a qual foram repassados a Cartes 4.000 hectares. É uma irregularidade, pois a reforma agrária é apenas para os cidadãos que vivem da produção da terra. O livro conta que já naquela época (eram os anos 80) Cartes fora privilegiado, ou seja, Cartes foi privilegiado desde a época Alfredo Stroessner.

Sul21 – Sobre o mesmo tema, e já que o Paraguai é um país com enormes conflitos no campo, como o novo presidente deve manejar o diálogo com os campesinos?

Ávalos – O problema com os campesinos exigirá alguma vez uma definição política, e não econômica, considerando as irregularidades cometidas durante sessenta anos na concessão das terras. Em vinte anos, não se pôde fazer uma avaliação dos cadastros porque não convém a ninguém perder os privilégios já concedidos.

Sul21 – As últimas eleições ocorreram no momento em que o país ainda se recuperava do golpe de Estado que resultou na queda de Fernando Lugo. Como foi possível garantir eleições limpas no Paraguai?

Ávalos – A destituição de Lugo, mais além da sua legitimidade (que creio correta de acordo com a Constituição), se deveu à falta de manejo de Lugo para governar e a uma corrupção sem limites nas concessões do Estado, que possivelmente ele até desconhecia, dada a sua ausência no poder. Por isso, a esquerda que sustentava o luguismo não chegou a 13% dos votos nas últimas eleições.

Sul21 – Quais são os negócios que Horacio Cartes mantém fora da América Latina? Como ele negocia tabaco e bebida para o exterior?

Ávalos – A explicação é complexa e para entender é preciso ler o livro, mas as negociações estão relacionadas com liberações de todo tipo e flexibilidade na aplicação das medidas de controle. E, sobretudo, a uma estrutura criada para facilitar o desenvolvimento dos seus negócios, ilícitos principalmente nos países limítrofes, como Brasil e Argentina.

Sul21 – O novo presidente paraguaio também gerou notícias pela sua atuação frente ao Club Libertad, que em uma década se tornou uma força do futebol de Assunção. Como dirigente de futebol, que artifícios se utilizou Horacio Cartes?

Ávalos – Cartes ingressou no futebol como um negócio, gerenciando um clube tradicional, o que permitiu vantagens na transferência de jogadores que não estavam permitidas normalmente. Ele incrementou o orçamento, criou um sistema de promoção de jogadores, trazendo de clubes menores, do interior, e transferindo a preços multiplicados para a Europa, com grandes benefícios.

Sul21 – O livro “La otra cara de Horacio Cartes” foi feito a partir de uma longa pesquisa. Cartes, como empresário, já despertava a desconfiança da imprensa paraguaia?

Ávalos – O trabalho no livro começou em 1985, quando se produziu o primeiro delito de Cartes, o da evasão de divisas, operação mediante a qual se simulava a importação de produtos agrícolas subsidiados por um preço do dólar menor que o oficial. O dinheiro chegava sem que se houvesse feito as importações, e se vendia na rua com os benefícios lógicos. A partir daí, esteve envolvido em outras operações, especialmente com o Brasil, há denúncias até de contrabando de diamantes, etc.

Sul21 – Com Cartes, o Partido Colorado irá retornar à presidência do país que governou por sessenta anos, cerca de trinta deles com Stroessner. Quais as heranças da ditadura que ainda são visíveis na estrutura do partido?

Ávalos – O governo de Stroessner fundou uma dinastia em que as pessoas próximas enriqueceram mediante privilégios como a concessão das terras, o contrabando, a corrupção, as prebendas públicas (só tinham direito aos cargos do Estado os colorados, e para ser professor ou membro das Forças Armadas, por exemplo, era preciso ter um papel de filiação). Esse costume se estendeu até agora, e ainda existem vestígios dessas práticas, que curiosamente foram repetidas por gente de outros partidos no poder (como com Lugo e o Partido Liberal).

Sul21 – Quais os processos mais importantes pelos quais Cartes ainda responde na Justiça do Paraguai? No Brasil, também há um processo registrado contra ele – a empresa Souza Cruz entrou na Justiça do Rio de Janeiro contra a Tabacalera del Este, de propriedade de Cartes. De que maneira essa empresa atua no mercado brasileiro?

Ávalos – Por agora, Cartes não tem juízos pendentes com a Justiça dentro do Paraguai, ainda que seja possível que sim no Brasil. Sua organização foi demandada centenas de vezes como proprietária do Banco Amambay, e das quatro causas que teve na justiça ordinária (evasão, homicídio doloso), houve extinção da causa.

Sul21 – Como o público recebeu o livro “La otra cara de Horacio Cartes” em Assunção? E fora do país, houve interesse e curiosidade pelos negócios de Horacio Cartes?

Ávalos – É um orgulho para mim que o livro tenha batido todos os recordes de venda conhecidos até agora no país, o que demonstra a sua seriedade e confiabilidade. Recebi ameaças e, é claro, questionamentos pessoais, mas nenhum relacionado com a veracidade dos documentos apresentados na obra. No exterior, os colegas me brindaram uma ampla cobertura em todo o mundo, e houve notas em jornais como The New York Times, The Guardian, Clarín e Página 12. Creio que é o suficiente para explicar a repercussão.